Francisco de Assis, o Santo da humildade (EFC)

Evangelho (Lc 10,17-24)

Vamos hoje, neste dia 04 de outurbro refletir sobre duas histórias da vida de São Francisco que remete a graça da humildade.

O TRONO DE LÚCIFER

            Na Legenda de São Boaventura, encontramos o seguinte episódio, narrado por Frei Pacífico, que conta-nos que em 1214, quando acompanhava Francisco, em uma visita a uma igreja abandonada, enquanto rezava, entrou em êxtase e viu no céu muitos tronos, entre os quais, se destacava um, mais elevado e mais luminoso, ornado de pedras preciosas. Encantado com o que via, perguntava-se a quem pertencia. Ouviu, então, uma voz:

            — Este era o assento de Lúcifer e, agora, está reservado para o humilde Francisco. 

            Quando se preparavam para sair da igreja, Frei Pacífico jogou-se aos pés de Francisco, dizendo:

            — Pai, perdoa-me os meus pecados e pede ao Senhor que me perdoe e tenha piedade de mim !

            Francisco deu-lhe a mão, ergueu-o e percebeu que ele havia tido uma visão, enquanto rezava. Parecia todo transfigurado.

            Frei Pacífico, querendo disfarçar para não lhe falar da visão que tivera, perguntou:

            — Irmão Francisco, que pensas de ti mesmo ?

            — Eu penso que sou mais pecador que qualquer homem deste mundo. Respondeu Francisco.

            Logo, frei Pacífico ouviu a voz do Espírito Santo em seu coração que dizia:

            “Fica certo de que tiveste uma verdadeira visão, porque a humildade levará o humilde para o trono que foi perdido pela soberba.”

POR QUE A TI?

            Naquele tempo, Francisco estava sendo acompanhado por Frei Masseu em suas saídas apostólicas. Frei Masseu era um dos Irmãos mais queridos da fraternidade. Os irmãos já sabiam que, quando Frei Masseu saía para pedir esmolas, o dia era de boa colheita. Seus modos agradáveis cativavam a todos.

            Nesse tempo Francisco já era conhecido e amado por todos.

Fazia muitos dias que Frei Masseu estava intrigado e não conseguia entender por que todo mundo ia atrás de Francisco.

            Um dia quando caminhavam em silêncio, soltou a pergunta: “Por que a ti?”

            Francisco não entendeu a pergunta e continuou em silêncio. Um pouco depois, com voz mais forte, veio a pergunta outra vez:

            “Por que a ti mais do que a outro qualquer?”

Francisco perguntou: “Que queres dizer com isso, irmão Masseu?”

Francisco não entendo nada. De acordo com as regras do mundo, tu, Francisco de Assis, não tens nenhum motivo para cativar a atenção popular.

Não és bonito, porque todos querem ver-te? Não és eloqüente, porque todos querem ouvir-te? Não és sábio, porque todos querem consultar-te? Por que é que todo mundo acorre a ti quando não tens nada para atrair? Qual é o segredo do teu fascínio?

Quando ouviu isso Francisco ficou emocionado e louvou o Senhor dizendo: “Obrigado, Senhor, por teres revelado as grandes verdades às almas transparentes”.

Depois respondeu a Masseu: “Queres saber porque todos vêm a mim. Eu vou dizer: é para confundir. Ó Frei Masseu, Deus olhou para terra e não encontrou criatura mais incapaz, inútil, ignorante e ridícula do que eu. Justamente por isso, Ele me escolheu, para ficar bem claro diante de todo mundo que o único Magnífico é o Senhor.

            Pois se eu tivesse uma bela figura, uma eloqüência arrebatadora, o povo ia dizer: é a sua beleza, é a sua sabedoria, é a sua eloqüência. Mas como não tenho nada disso, as pessoas são obrigadas a concluir que é o Senhor.

Em resumo, ele me escolheu para confundir a nobreza, a grandeza, a fortaleza, a beleza e a sabedoria do mundo”.

E concluiu: Frei Masseu, nós nada temos, tudo é dom de Deus. E o homem que se apropria dos dons de Deus é um ladrão. O irmão que se envaidece por suas qualidades (que não lhe pertencem) é um ladrão vulgar.

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