ENQUANTO FAÇO O CAFÉ: Existe sentido para o meu sofrimento?

Os discípulos de Emaús não entenderam a crucificação de Jesus. Sentindo-se entristecidos retornam ao que eram antes, mas Jesus caminha com eles e lhes mostra a verdade.

  • Jesus lhes explica as Escrituras (24,25-27)

A luz da Palavra de Deus é a primeira em começar a acender a esperança na escuridão do coração dos discípulos. Jesus os guia em uma leitura do sentido da Paixão na Escritura. Ali entendem que “era necessário que o Messias padecesse para entrar em sua gloria” (24,26).

O sofrimento pode converter-se em um caminho de gloria. Ou melhor, os discípulos conheciam esses textos da Bíblia, porém acontecia a eles como acontece a nós muitas vezes. Com frequência temos recebido toda uma formação, sabemos os ensinamentos da Bíblia e da Igreja, porém quando chega o momento, não sabemos pô-los em prática. Às vezes oferecemos tudo ao Senhor, os sofrimentos inclusive, porém quando nos vemos em situações penosas nos enredamos em nossos sentimentos negativos, nos ofuscamos, protestamos, não vemos como encaixa isso na experiência de Deus.

  • Jesus aceita a hospedagem que lhe oferecem os discípulos e se dá a conhecer (24,28-31)

Jesus não só partilha a casa deles, mas também sua mesa. Ali lhes renova o gesto da última ceia. Os discípulos o reconhecem na fração do pão, ou seja, no gesto do dom que revela o sentido positivo da paixão: a generosidade de Jesus para nós, seu amor que chegou até o extremo de dar a vida e que tem transformado seu sentido (a morte como doação de si mesmo).  E foi ai, no sentido positivo de sua paixão, onde o reconheceram.

  • Os discípulos regressam a Jerusalém (24,32-35)

Com o coração ardente, com o rosto de Jesus impregnado em suas retinas, com uma nova visão da cruz, com uma nova força, depois de andarem tristes, os discípulos transformados percorrem o caminho inverso: regressam a Jerusalém, ao mesmo lugar da Paixão, que tanta frustração trouxe. Este é também o lugar da comunidade, da qual haviam perdido o gosto, e ai recomeçam seu caminho de fé. É a comunhão na fé pascal que nos leva à comunhão de amor em uma vida ricamente fraterna.

  • Todos os dias se repete este caminho

Todos os dias nós vivemos, na Eucaristia, estes dois momentos: a liturgia da Palavra e a Liturgia da Eucaristia. As duas vão unidas, porque o pão eucarístico é um pão para a fé, para o amor. Por isso tem uma relação estreita com a Palavra de Deus.

Toda a Bíblia tem seu sentido definitivo no mistério eucarístico: ao mesmo tempo que explicita seu mistério, nos deixa ver a riqueza de seus distintos aspectos. A Eucaristia é presença de Cristo ressuscitado, pão vivo e vivificante, pão que revela o sentido da Paixão e a realidade da Ressurreição.

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