Estudo Bíblico na 16ª Semana do Tempo Comum ano B 2021

ESTUDO BÍBLICO NA 16ª SEMANA COMUM ANO B 2021

Comunidade Católica Paz e Bem

SEGUNDA-FEIRA

Mateus 12,38-42

O SINAL DE JESUS EXIGIRÁ UMA DECISÃO FRENTE A ELE

“Não se dará outro sinal que o sinal do profeta Jonas”

Seguimos lendo o Evangelho de Mateus. A última cena que lemos (12,14-21) deixou claro que Jesus não pretende resistir aos dominadores apresentando-se como Messias político, mas como “Servo”, na humildade e na mansidão. Seu projeto é mais profundo: como o de limpar uma casa (12,22-32).

A blasfêmia contra o Espírito (12,31-32) consiste em, intencionalmente, não deixar Jesus entrar na casa, para ser liberto de todo mal e deixar o Reino agir. Por isso, a estratégia de quem rejeita Jesus é negar que n’Ele há o poder de Deus. Sem dúvida Jesus demonstra o contrário: sob a aparência humilde do Filho-homem-Deus, está transformando o homem.  Para isso deve olhar os “frutos” (12,33-37).

Agora voltam a aparecer em cena os fariseus, junto com os doutores da Lei: “Mestre, queremos ver um sinal feito por ti” (12,38). Como se pode ver, a pergunta pretende indagar pelos “frutos” de Jesus (“pelos frutos se conhece a árvore”,12,33). Eles pedem a Jesus que lhes dê mostras palpáveis de que é o Filho de Deus. A situação é grave: os doutores da lei e os fariseus conhecem a lei, porém, não são capazes de reconhecer nas obras de Jesus a presença de Deus, que é o Senhor da Lei. A resposta de Jesus é forte: “Geração malvada e adúltera! Pedis um sinal, e não se dará outro sinal que o do profeta Jonas” (12,39). Para eles não era desconhecido o livro de Jonas: quando o profeta rebelde chegou a Nínive, foi acolhido pela cidade inteira e esta fez penitência por seus pecados.

Ao contrário, estes que são israelitas conhecem bem qual é o querer de Deus, não foram capazes de levar a sério o profeta que é ”maior que Jonas” (12,41). Porém, Jesus se detém em um sinal particular que Deus realizou no profeta Jonas: quando sofreu o naufrágio, uma baleia o reteve em seu ventre durante três dias e logo o lançou por terra (12,40).

Esta figura do mistério pascal será a palavra definitiva de Jesus, na qual o poder de Deus se manifestará com todo seu esplendor e, frente à qual, eles deverão optar (“porque por tuas palavras serás declarado justo e por tuas palavras serás condenado”, 12,37). Mais significativo ainda é o comportamento da rainha do Sul, que fez uma longa viagem para escutar a sabedoria de Salomão, enquanto estes, os escribas e fariseus, tendo Jesus na frente deles, não são capazes de levar a sério sua sabedoria, certo que “aqui há alguém maior que Salomão” (12,42).

Uma vez mais, nos encontramos com a dureza de coração dos adversários de Jesus, que são, exatamente, os representantes da maioria dos religiosos. Os argumentos de Jesus são contundentes e já anunciou que o fruto se verá no mistério pascal. Porém, este “sinal” se converterá em julgamento para eles (“Levantar-se-ão em juízo contra eles…”, 12,41.42).

Quando Jesus os chama “geração malvada e adúltera”, não se pode deixar de ver ali uma referência ao que, verdadeiramente, habita no coração dos adversários. Neles se faz verdadeiro o ensino anterior: “A boca fala daquilo que o coração está cheio” (12,34).

Aprofundemos com os nossos pais na fé

Santo Efrém (c. 306-373), diácono da Síria, doutor da Igreja 

O sinal de Jonas

Após todos os sinais que o Senhor tinha dado, estes cegos diziam-lhe: “Queremos ver um sinal teu.” Nosso Senhor deixou de lado os reis e os profetas, Suas testemunhas, e apelou aos ninivitas.[…]

Jonas tinha anunciado a destruição aos ninivitas, inspirando-lhes temor e semeando neles o estupor; e eles apresentaram-lhe a colheita da contrição da alma e os frutos da penitência. As nações foram, pois, eleitas e os incircuncisos aproximaram-se de Deus. Os pagãos receberam a vida, e os pecadores converteram-se.[…] “Eles reclamam um sinal do céu”, por exemplo um trovão, como no caso de Samuel (cf 1Sam 7, 10). […] Tinham ouvido uma pregação proveniente do alto, e não tinham acreditado nela; então a pregação subiria das profundezas. […] “O Filho do Homem estará no coração da terra como Jonas esteve dentro da baleia” […] Jonas emergiu do mar e pregou aos ninivitas, que fizeram penitência e foram salvos; assim também Nosso Senhor, depois de ter ressuscitado o Seu corpo do Sheol, enviou os Seus apóstolos para o meio das nações, que se converteram e receberam a plenitude da vida.

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

  1. Temos pedido a Jesus alguma vez um “sinal”, uma “prova” de sua existência ou sua divindade?

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  • Que pode haver por trás deste tipo de solicitude?

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  • Em que consiste o sinal de Jonas?

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Que consequências tem o não levar a sério a Jesus?

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TERÇA-FEIRA

Mateus 12,46-50

SOMOS FAMÍLIA DE JESUS QUANDO VIVEMOS SEGUNDO A VONTADE DO PAI CELESTIAL

“Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”

Estava falando à multidão… ” (12,46) quando, de repente, chegaram os familiares de Jesus, “ sua mãe e seus irmãos ”, e ficaram esperando fora (12,16a).

Quando Jesus toma conhecimento do propósito de sua família, responde: “Estes são minha mãe e meus irmãs, pois todo o que cumpre a vontade de meu Pai celestial, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (12,49b-50).

Bem sabemos que, na maneira de falar daquele tempo, aos parentes próximos, também se chamava “irmãos” (Lv 10,4). Por essa razão não haveria que buscar aqui motivos para por em discussão se a Virgem Maria teve mais filhos.

O certo é que, segundo o texto, a menção da palavra “irmãos” dá ocasião para que Jesus se pronuncie sobre qual é sua verdadeira família.

Para isso, Jesus faz uma distinção entre a família natural (biológica) e a família espiritual que nasce do discipulado, onde os laços que geram vínculos são mais estreitos e fortes que os da família natural.

Segundo o texto, Jesus não sai ao encontro deles, mas, que, ao assinalar dentro da casa em que está, qual é sua verdadeira família, os convida a entrar, a tomar parte dela.

O parentesco biológico com Jesus é insuficiente, pois, ter parte com Jesus leva a reconhecer a sua verdadeira identidade e não aprisioná-lo nos conceitos que se tenham dele pela simples convivência na infância. Em outras palavras, se requer a aprendizagem do Evangelho.

A família de Jesus é a comunidade dos “pequenos” que, mediante a escuta da Palavra e a conversão a ela, vai crescendo, levada pela mão do Mestre e conduzida para a plenitude de toda família, que é a relação trinitária (28,19).

A comunidade de Jesus personifica a todas as pessoas que optam de coração por Ele e elegem viver segundo os critérios de seu Evangelho, encarnando as bem-aventuranças e todos os ensinamentos de Jesus, fazendo presente, desta forma, sua obra salvadora em suas vidas.

O núcleo da passagem encontra-se na frase: “cumprir a vontade de meu Pai Celestial” (12,50). Mateus menciona, expressamente, o termo “Pai” e não, simplesmente, “Deus”, já que a captação da vontade de Deus está intrinsecamente relacionada com esta revelação da paternidade divina, da qual Jesus faz derivar todo o Evangelho.

É a comunhão com este Pai que permite falar, com certeza, de uma “verdadeira família”. A vida desta nova família encontra seu sentido no mistério do Reino que se realiza na história, assim como veremos amanhã nas Parábolas de Jesus.

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

  1. Para que buscam os familiares (biológicos) a Jesus?
  2. Como se entende a palavra “irmãos de Jesus” nesta passagem?
  3. De que maneira uma pessoa se faz “familiar” de Jesus?

“Quando oramos, nunca devemos perder-nos em tantas considerações, tentando saber o que temos de pedir e temendo não conseguir orar como nos convém. Por que não dizer com o salmista: ‘Uma coisa peço ao Senhor e é o que busco: habitar na casa do Senhor por toda minha vida, contemplar a beleza do Senhor examinando seu templo’ (Salmo 26,4)?” (Santo Agostinho)

QUARTA-FEIRA

Mateus 13,1-9

A Parábola do Semeador

 “Saiu um semeador a semear…”

Começa uma nova seção do Evangelho de Mateus. Trata-se do terceiro grande discurso formativo de Jesus a seus discípulos. Os dois primeiros, o Sermão da Montanha (5-7) e o Manual da Missão (10), constituem como dois degraus no caminho de maturidade dos discípulos.

Este novo discurso se centra em um aspecto importante do discipulado: Jesus não só disse o que deve fazer, mas, tendo em vista a maturidade da fé dos seus, também os ensina a discernir a vontade de Deus em cada circunstância da vida. Para isto usa parábolas, as quais são verdadeiros exercícios de discernimento espiritual que tratam de captar o acontecer discreto do Reino em meio às diversas circunstâncias da vida e motivam para fazer a eleição correta da vontade de Deus. É assim como se descobre a natureza surpreendente do Reino.

O ensino de Jesus se desenvolve ao longo de sete parábolas bem ordenadas. Após breve introdução iniciam as parábolas: a do semeador; do joio e o trigo; do grão de mostarda; do fermento; do tesouro escondido; da pérola; da pesca. Finalmente, encontramos outra breve conclusão.

Observemos que:

  • As 4 primeiras são baseadas em tema de vegetação e educam no discernimento propriamente dito;
  • As outras 3 são para motivar a decisão. É que é possível ter claro o que fazer mas não se faz;
  • A última parábola confirma que estas estão apresentadas em chave de discernimento: é como o pescador que a cada dia senta a beira do mar a recolher da rede o que lhe serve e devolver ao mar o que não serve ou ainda não está maduro.

Assim, a vida do discípulo, todos os dias e neste esforço contínuo, deve perseverar para conduzir uma vida segundo a vontade do Deus do Reino.

Notemos o ambiente do discurso: “Aquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se a beira do mar” (13,1). Sai da casa onde estava e vai à beira-mar. A multidão que se reúne ao redor é grande (13, 2). Ele sentado em uma barca e a multidão de pé à beira-mar. Neste belo cenário inicia o seu ensinamento.

A parábola do semeador, a primeira, distingue diversos tipos de terrenos onde caem as sementes, destacando, ao fim, um terreno apto para a imensa produção que é capaz uma simples semente. Para penetrar o sentido desta parábola, tenhamos em conta esta e a explicação que vem mais adiante (que é muito mais que uma explicação, é quase outra parábola), na realidade constituem as duas faces de uma moeda: a primeira enfatiza a “graça” de Deus e a segunda a “responsabilidade” humana.

O modo do semeador, que é um profissional na matéria, certamente, parece estranho quando deixa cair sementes em terreno impróprio para o cultivo. Sem dúvida, isto corresponde à realidade do Evangelho: mais que a qualidade da terra, o que vale é a qualidade da semente. Assim fazia Jesus: lançava sua semente nos corações sobre os quais os fariseus já haviam dado seu ditame negativo e consideravam excluídos da salvação.  Então a imagem de um semeador lançando as sementes nos três primeiros terrenos é um retrato da obra de Jesus que não veio “chamar justos, mas pecadores” (9,13).

Sobretudo se proclama a bondade de Deus, que não tem limites para oferecer suas bênçãos (6,45), porém, isto implica, da parte de cada homem, o fazer de si mesmo “boa terra” para que a semente da Palavra possa crescer.

Aprofundemos com os nossos pais na fé

Para alcançar esta vida bem aventurada, a própria verdadeira Vida, em pessoa, nos ensinou a orar, não com muitas palavras, como se por isso, fossemos melhor escutados quanto mais prolixos sejamos (…). Pode parecer estranho que Deus ordene fazer petições quando Ele já conhece, antes que o peçamos, o que necessitamos. Devemos, sem dúvida, considerar que a Ele não importa tanto a manifestação de nossos desejos, coisa que conhece perfeitamente, mas que estes desejos reavivem em nós mediante a súplica para que possamos obter o que já está disposto a conceder-nos (…) (Santo Agostinho).

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

  1. Em torno a qual ideia fundamental gira a exposição das sete parábolas de Mt 13?

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  • Qual é a mensagem da parábola do semeador?

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  • Como aparece retratado o ministério profético de Jesus nesta primeira parábola?

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Atrevo-me a fazer as mesmas ações nas quais todos crêem que não há esperança de mudança?

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QUINTA-FEIRA

João 20,1-2.11-18

ENCONTRO COM O RESSUSCITADO (II): NA AUSÊNCIA DE UMA PLENA COMUNHÃO NA ALIANÇA.

“Mulher, por que chorar? A quem buscas?”

Maria Madalena foi a primeira a descobrir o túmulo vazio e a levar, aos discípulos, a notícia, dando sua própria explicação: “Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o puseram” (Jo 20,1-2).

Ela também tem o privilégio de ser a primeira a encontrar o Senhor (20,11-18). Sua notícia então será diferente: “Eu vi o Senhor” (20,18). É assim que Maria passou das sombras da madrugada à luz radiante do dia da Páscoa. Hoje faremos com Maria de Magdala este caminho.

(1) As lágrimas de Maria (20,11ª)

Enquanto os dois discípulos voltam para casa, deixando atrás a tumba vazia com suas vendas pelo solo (20,10), Maria permanece em lágrimas junto à tumba, fechada a última recordação tangível que lhe resta de Jesus: “Estava Maria junto ao sepulcro chorando” (20,11ª). Maria está agarrada ao que de alguma maneira lhe transmite uma proximidade com Jesus. Porém, agora a dor é dupla: segundo ela, roubaram o corpo do Senhor (20,2.13.15).

Nos primeiros versículos se repete a palavra “chorar” quatro vezes. Porém, cada vez é diferente: Maria, já fazendo um caminho pascal, que tem seu momento cume no reconhecimento do Amado e se projeta ainda muito além, na nova comunhão de vida à qual a convida o Jesus glorioso.

(2) Um progressivo reconhecimento de Jesus (20,11b-16)

Maria dá um passo importante em seu caminho de fé quando é capaz de olhar dentro do sepulcro, saindo, assim, de sua paralisia emocional e quando começa a dizer o que sente. Primeiro a interrogam os dois anjos que estão sentados sobre o sepulcro: “Mulher, por que choras?” (20,13).

Em sua resposta (20,13b) se nota um fio de esperança: crer que o assunto vai se solucionar apenas recupere o corpo. Logo a interroga Jesus Ressuscitado, a quem ela não reconhece a primeira vista: “viu a Jesus, de pé, porém não sabia que era Jesus” (20,14). Maria o confunde com o jardineiro.

Desta vez a pergunta tem um novo elemento: “A quem buscas?” (20,15a). Esta pergunta é conhecida no Evangelho: aparece no começo e ao final do caminho do discipulado (1,38 e 18,4.7). O assunto não é um “que”, mas um “quem”, uma pessoa, uma relação viva, que faz falta.

Maria vai sendo, pouco a pouco, conduzida ao núcleo do mistério. A resposta de Maria reflete, então, todo seu amor: “eu o buscarei!” (20,15b). E é aqui onde se revela Jesus, chamando-a, como o Bom Pastor (10,3), por seu próprio nome: “Maria!”. Ela compreende e o reconhece: “Mestre!”, um título que, em João, somente os discípulos usam para dirigir-se a Jesus (1, 38.49; 4,31;9,2; 11,8).

Jesus e Madalena se chamam reciprocamente segundo a maneira como o faziam antes da sua morte. A relação entre Jesus e seus amigos não muda internamente, mas sim, pelo novo estado do Ressuscitado, muda sua forma externa. A experiência do Ressuscitado é a resposta a um chamado. É na sua voz que se dá o verdadeiro reconhecimento de Jesus. Esta voz nos chama em todas as circunstâncias e encontros da vida, nos quais temos viva a chama do amor, estaremos em capacidade de ler, nos sinais, um toque do esplendor de Jesus em todas as coisas.

(3) Maria e seu novo estilo de relação com Jesus (20,17-18)

Maria cai aos pés de Jesus para abraçá-lo, porém Jesus lhe diz: “Não me toques, não subi ao Pai” (20,17ª). O intento de reter Jesus parece indicar a vontade de permanecer aferrada ao Jesus que conheceu em sua etapa terrena. Porém, Jesus a leva a olhar para o futuro da relação: “Vai aos meus irmãos e diz-lhes: Subo a meu Pai e vosso Pai, a meu Deus e vosso Deus” (20,17b). Jesus dá a entender, a Maria, que não está vivendo sua existência terrena e que ela não o terá como antes: Ele regressa ao Pai onde tem seu lugar próprio. Está na última etapa de seu caminho.

Maria e os discípulos estão convidados a percorrê-lo, para isto devem compreender que significado tem para eles a plena comunhão de Jesus com o Pai: Pela primeira e única vez Jesus os chama “meus irmãos”; Pela primeira e única vez Jesus declara que Deus é o “Pai” dos discípulos. Eis aqui uma nova revelação do Ressuscitado: os discípulos sabem que Deus também é seu Pai e que através deste Pai eles estão unidos a Jesus como irmãos.

Chega-se, assim, ao cume da Aliança. A antiga fórmula Eu serei vosso Deus e vós sereis meu povo”, tem uma nova expressão na Páscoa de Jesus que, por este caminho, insere os discípulos de maneira plena em sua estreita relação com o Pai: “Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”.

Este é o extraordinário dom de amor que os discípulos receberam do sacrifício do Filho na Cruz (3,16): este é o amor que Deus oferece ao mundo… Assim, por meio de sua morte e ressurreição Jesus regressa ao Pai, não para separar-se dos seus, mas para unir-se a eles de modo pleno e definitivo através de sua comunhão com o Pai (14,1-3; 16,7.22;).

Maria Madalena chorava um defunto, porém, Jesus Ressuscitado a orienta pelo caminho correto pelo qual deve agora buscá-lo: a relação viva de amor, que havendo começado com o Jesus terreno se orienta de maneira definitiva para a comunhão total com a Trindade.

A Ressurreição de Jesus não é uma perca, pois agora o Mestre está mais unido que nunca aos seus e os atrai, vigorosamente, para a perfeita aliança.

Aprofundemos com os nossos pais na fé:

Maria é a discípula que fica paralisada frente à tumba e, portanto, frente ao fato da morte. O Evangelho a retrata como a discípula das lágrimas. Pois bem, Maria é cada um de nós ante a dor, as desgraças que nos desanimam. Nas lágrimas de Maria estão as lágrimas de cada um de nós, sinal de nossa debilidade. Choramos porque nos deparamos com a barreira de nossas limitações, com o cruel fato de que há coisas que, por mais que queiramos, não podemos mudar. Choramos porque nos sentimos incapazes dos sinais do ressuscitado, porque não vemos um caminho de saída para nossas angústias, para nossas inquietudes mais profundas, nossas perguntas sérias. Como se vê no texto seguinte, transcender as lágrimas é um dom de Deus. Será Jesus ressuscitado que, com sua sábia pedagogia e sua misericórdia, abrirá os olhos à realidade da ressurreição. O que você viu no caminho, Maria, naquela manhã?  ‘O meu Senhor glorioso, a sepultura abandonada, anjos testemunhas, sudários e mortalha. Ressuscitou Verdadeiramente! Meu amor e minha esperança!’ (Da Liturgia Romana)

Para cultivar a semente da Palavra no coração:

  1. Você já passou por uma experiência que lhe deu esse sentimento de perda e de morte?

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  • Em que se parece o caminho de fé de Maria ao meu?

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O que foi que lhe trouxe vida nova e lhe devolveu a esperança e a alegria de viver?

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  • Maria buscava Jesus dum jeito e o reencontrou de outro. Como isto acontece hoje na nossa vida?

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SEXTA-FEIRA

Mateus 13,18-23

ATENÇÃO AO INTERIOR: AS VICISSITUDES DA PALAVRA NA VIDA DO DISCÍPULO.

“O que ouve a Palavra e a compreende: este sim é que dá fruto e produz”

A parábola do semeador reporta-se muito bem ao que acontece na experiência de uma Palavra.

De fato, o primeiro enunciado da parábola nos fez levar em conta que Deus nos oferece o dom de sua palavra-semente sem fixar-se, inicialmente, que tipo de terreno nós somos. Está claro, desde o principio, que existe um terreno ideal, porém, acontece em cada caso.

A outro lado da moeda que nos apresenta a parábola nos confronta com a seriedade, ou não, com que o dom da semente é acolhido.

A palavra, como força de vida que é (por isso se compara com uma semente), começa a gerar processos na vida de quem a recebe. É aqui onde conta muito nossa responsabilidade: “Acontece a todo o que ouve a Palavra do Reino” (13,19ª). 

(1) O caso de quem não compreende a Palavra do Reino (13,19b) 

Mateus enfatiza o termo “compreender”, que aqui é “fincar” ou “arraigar”, quer dizer, que lhe permitiu um espaço em sua vida e se deixou confrontar por ela.

Algumas experiências de escuta não têm o espaço suficiente para que ela faça seu efeito e então se perde rapidamente ao primeiro esforço.  Há ouvintes distraídos que não se dão ao menos um espaço de oração para assimilar a Palavra ouvida (ou lida), ou, mais exatamente, para “compreendê-la”.

(2) O caso de quem não cultiva processos (13,20-21)

Acontece que as vezes se vive uma vida espiritual feita de momentos pontuais, mas não se cultivam processos. Isto não convém, e muito mais quando se trata de uma experiência da Palavra: a semente necessita de sulco, espaço.

A esta realidade se está aludindo quando se adverte que um dos fatores que provocam fracassos e desilusões é a “falta de raiz em si mesmo”, a qual está acompanhada da “inconstância”. Vive-se de emoções, de momentos luminosos e belos, dai que esta se torna passageira.

Muito mais quando se vivem momentos duros de confrontação, “uma tribulação ou perseguição por causa da Palavra” (13,21), então a pessoa “se escandaliza” porque só quer gloria e não cruz (precisamente aqui se está falando do “escândalo da cruz”, que provoca deserções).

(3) Quem não se deixa tocar profundamente pela força transformadora da Palavra (13,22)

Há pessoas que realizaram um caminho de vida espiritual serio e prolongado, porém descuidam da necessária “vigilância” espiritual.

Existem dois fatores que tem que discernir, constantemente, na vida espiritual, para que o caminho de maturidade seja sempre ascendente e proveitoso: (a) as preocupações do mundo (que é o stress; 6,24-35); (b) a sedução das riquezas (ou os apegos que distraem o coração do essencial).

Ambos os casos já foram tratados no Sermão: temos aqui um sinal claro de uma Palavra que tendo sido ouvida e aceitada com gosto, não purificou, verdadeiramente, o coração.

(4) O ouvinte ideal da Palavra (13,23)

Ao final, no perfil do ouvinte ideal da Palavra, encontramos de novo o termo “compreender”. Este conhecimento profundo, que foi assinalado em 13,14-15, supõe uma experiência vital da Palavra que, enquanto semente, germinou e está em condições de dar os frutos de vida do qual é portadora.

Às vezes nos perguntamos por que, apesar de tantos esforços, seguimos ainda no mesmo ponto, sem perceber avanços reais na vida espiritual. Hoje o evangelho nos explica por que.

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

  1. Que enfatiza a explicação de parábola do semeador?
  2. Qual dos quatro tipos de “ouvinte” se parece mais comigo?
  3. Que decisões vou tomar para fazer possível, no que a mim diz respeito, um caminho de amadurecimento na fé que seja sempre ascendente capaz de dar a minha vida a fecundidade prometida no evangelho do Reino?

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Autor: Padre Fidel Oñoro, CJM

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