Estudo Bíblico na 22ª Semana Comum Ano B 2021

ESTUDO BÍBLICO NA 22ª SEMANA COMUM ANO B 2021

Comunidade Católica Paz e Bem

SEGUNDA FEIRA

Evangelho – Mt 13,44-46

Vende todos os seus bens e compra aquele campo.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 13,44-46

Naquele tempo, disse Jesus à multidão:
44’O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo.
Um homem o encontra e o mantém escondido.
Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens
e compra aquele campo.
45O Reino dos Céus também é como um comprador
que procura pérolas preciosas.
46Quando encontra uma pérola de grande valor,
ele vai, vende todos os seus bens
e compra aquela pérola.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB


Reflexão – Mt 13,44-46

«Vai vender todos os seus bens e compra aquele campo»

Hoje, Mateus põe à nossa consideração duas parábolas sobre o Reino dos Céus. O anúncio do Reino é essencial na prédica de Jesus e na esperança do povo eleito. Mas é notório que a natureza desse Reino não era entendida pela maioria. Não a entendia o sinédrio que o condenaram à morte, não a entendiam Pilatos, nem Herodes, também não a entenderam de início os próprios discípulos. Só se encontra uma compreensão como a que Jesus pede ao bom ladrão, cravado junto dele na Cruz, quando lhe diz: «Jesus, Lembra-te de mim quando estiveres no teu Reino» (Lc 23,42). Ambos tinham sido acusados como malfeitores e estavam quase a morrer; mas, por um motivo que desconhecemos, o bom ladrão reconhece Jesus como Rei de um Reino que virá depois daquela terrível morte. Só podia ser um Reino espiritual.

Jesus, na sua primeira prédica, fala do Reino como um tesouro escondido cuja descoberta causa alegria e estimula à compra do campo para poder gozar dele para sempre: «cheio de alegria, vai vender todos os seus bens e compra aquele campo» (Mt 13,44). Mas, ao mesmo tempo, alcançar o Reino requer procurá-lo com interesse e esforço, ao ponto de vender tudo o que se possui: «Ao encontrar uma de grande valor, ele vai vende todos os bens e compra aquela pérola» (Mt 13,46). «A propósito de que se diz buscai e quem busca. Encontra? Arrisco a ideia de que se trata das perolas e a pérola, pérola que adquire o que deu tudo e aceitou perder tudo» (Orígenes).

O Reino é de paz, amor justiça e liberdade. Alcançá-lo é, por um lado, dom de Deus e por outro lado, responsabilidade humana. Diante da grandeza do dom divino constatamos a imperfeição e instabilidade dos nossos esforços, que às vezes ficam destruídos pelo pecado, as guerras e a malicia que parecem insuperáveis. Não obstante, devemos ter confiança, pois o que parece impossível para o homem é possível para Deus.

Rev. D. Enric CASES i Martín 

(Barcelona, Espanha)

© evangeli.net Associació Cultural M&M Euroeditors 

Quem encontra o Cristo encontra o sentido para a sua vida

HOMILIA

Quem encontra o Cristo encontra o sentido para a sua vida! Encontre este tesouro precioso que se chama Jesus. Ele dará o sentido, o sabor, o valor e o gosto que a sua vida tanto precisa e merece.

“O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola” (Mateus 13, 45-46).

Ao meditar sobre a riqueza e sobre o significado do Reino de Deus em nossa vida, hoje, mais uma vez Jesus mostra-nos qual é o verdadeiro tesouro, porque o Reino dos Céus é um tesouro escondido no campo, é um tesouro que existe, mas não está aí para todo mundo ver ou achar. Ele precisa ser procurado e lapidado; precisamos nos esforçar para encontrar os tesouros escondidos no Reino dos Céus.

Quão precioso é um tesouro escondido, valoroso, de mais valor e importância do que qualquer outro tesouro! Quando alguém procura pérolas, e existem pérolas de vários valores e qualidades, e encontra uma pérola preciosíssima como nenhuma outra, essa pessoa deixa as outras pérolas para cuidar desta pérola preciosa que encontrou. Você vende seus bens e tudo o que você tem para ter aquela única pérola (cf. Mt 13, 45-46).

Nós vivemos a vida inteira em busca de uma “pérola”, em busca de um “tesouro”, ou seja, em busca de um sentido para a nossa vida, uma razão para a nossa existência. Algo que realmente possa nos preencher e dar sabor à nossa vida. Muitas vezes, nós nos enganamos, nos iludimos e vamos por caminhos errados; achamos que os bens e que os tesouros deste mundo dão sentido e valor à nossa vida. Outras vezes, paramos em pessoas e em situações e não descobrimos o tesouro essencial.

Quem encontra o Cristo encontra o sentido para a sua vida! Quem se encontra com Jesus, quem O descobre, quem entra no tesouro precioso, que é o Coração de Jesus, encontra a sua razão de viver. Assim como os apóstolos um dia encontraram o Senhor e tudo deixaram por Ele, quando nós encontramos Jesus deixamos de confiar em outras coisas e deixamos de colocar o nosso coração em outros valores que não são os valores do Reino de Deus.

Permita que o Reino de Deus entre em você, permita ser invadido por esse Reino, por essa pérola preciosa para que ela realmente dê sentido, sabor e valor à sua vida. A alegria que toma conta de um coração que se despoja por Deus, a alegria que toma conta de um homem e de uma mulher que fazem de Jesus o seu tesouro é única, é uma alegria indescritível, que não merece comparação.

Deixe-me dizer a você: Encontre este tesouro precioso que se chama Jesus. Ele dará o sentido, o sabor, o valor e o gosto que a sua vida tanto precisa e merece.

Deus abençoe você!

TERÇA-FEIRA

SEGUNDA-FEIRA

Jo 1,45-51

A ALEGRIA DE DESCOBRIR-SE CONHECIDO PELO SENHOR.

“Quando estavas debaixo da figueira, te vi”

Ao celebrar hoje a festa do Apóstolo Bartolomeu, lemos o Evangelho do primeiro encontro de Jesus com Natanael (a quem a tradição identifica com Bartolomeu). O Evangelho nos remete à sua experiência vocacional. Em seu primeiro dia como discípulo, Natanael percorre um caminho de conhecimento progressivo do Senhor que o leva a fazer o primeiro ato de fé de todo o Evangelho de João (ver 1,50).

Para Natanael, o rosto de Jesus vai se desvelando progressivamente, assim:

  • Primeiro:

Jesus é a Plenitude das Escrituras – o testemunho de Filipe a Natanael. Não o faz usando definições abstratas, mas afirmando que n’Ele se cumpriu o que as Sagradas Escrituras hebreias (Lei e Profetas) haviam anunciado (cf.1,45b). Assim, a mensagem a Natanael é: Se queres ser fiel ao Antigo Testamento, a todo processo histórico da revelação de Deus, deves reconhecer Jesus como sua máxima realização.

  • Segundo

Jesus é o Filho de Deus (“Tu és”, 1,49ª).

  • Terceiro

Jesus é o Rei de Israel (“Tu és”, 1,49b).

De início, a reação de Natanael ante o testemunho de Filipe é de descrença, inclusive de preconceito: “De Nazaré pode vir coisa boa?” (1,46ª). Mas Filipe não se põe a convencê-lo com muitos argumentos e provas; não prossegue no jogo da discussão.

A verdade é que, quando há preconceitos, as palavras são inúteis. Por isso, simplesmente, o convida: “Vem e o verás” (1,46b).

O verdadeiro conhecimento de Jesus não pode vir senão do encontro com Ele. Daí que o convite de Filipe a Natanael pode soar assim: “Deixa de lado tuas ideias e teus preconceitos e confia no encontro com Jesus, depois tira tuas próprias conclusões”.

Chega para Natanael a hora decisiva. Seu encontro pessoal com Jesus é um dom e não conseguirá mais recompor-se do estupor: descobre que Jesus conhece seu coração. Jesus sabe que Natanael é um israelita em quem não há falsidade, um homem “de uma só palavra, honesto”: “Ai tens um israelita de verdade, em quem não há engano” (1,47b).

Então, ouvimos a reação: “De onde me conheces?” (1,48ª). Jesus o faz saber que conhece algumas coisas suas, estritamente pessoais: “Quando estavas debaixo da figueira, te vi” (1,48b).

A expressão “Eu te vi debaixo da figueira” (1,48.50), qualquer que seja a explicação do que foi visto, a verdade é que se trata de algo muito pessoal.

O fato é que Jesus o conhece e isso o une mais estreitamente a Ele. O conhecimento profundo e pessoal é a base de grandes amizades. A reação de estupor de Natanael culmina na sua confissão de fé: “Tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel” (1,49).

Natanael chega mais longe que os discípulos anteriores, só o superará Tomé depois: “Meu Senhor e meu Deus” (20,41).

Ao fazê-lo cair em conta de que aquilo que disse é uma expressão de fé, Jesus Cristo acolhe Natanael como seu discípulo (“vereis coisas maiores”; 1,50) e começa, então, a vivificá-lo, como filho de Deus (reconhece que “crê”, 1,50; cf.1,12: “Aos que creem no seu nome deu poder para se tornarem filhos de Deus”).

O sentir-se conhecido e amado, abriu os olhos de Natanael.  O discipulado é uma dinâmica de vida com base no conhecimento e no amor.

Cultivemos a semente da Palavra de Deus no profundo do coração

  • Como foi meu primeiro encontro com Jesus? Descubro-me conhecido e amado por meu Jesus?
  • Em que se baseia minha relação com Ele?
  • Quais são as “coisas maiores” que Jesus promete que verá Natanael?

QUARTA-FEIRA

Mateus 23,27-32

CONTINUA A DENUNCIA CONTRA OS FARISEUS:

“Sois semelhantes aos sepulcros caiados…”

Continua a denúncia contra os fariseus. Mais duas acusações de Jesus, com as quais termina esta série. Aliás, todo este capitulo 23 do evangelho de São Mateus, é sombrio, desolador, trágico.

Os dois últimos “ais” (vv.27.29) desvelam a presença da morte na classe dos dirigentes farisaicos e, assim, culmina o lamento fúnebre de Jesus que brota da rejeição que sofre ao longo de seu caminho. “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois semelhantes aos sepulcros caiados…” (v.27).

Assim segue Jesus fustigando o pecado da hipocrisia: parecer por fora o que não se é por dentro. Como havia condenado as árvores que só têm aparência e não dão fruto (lembrar o episódio da figueira amaldiçoada), aqui desabona as pessoas que cuidam de ter uma boa imagem ante os demais, porém, dentro estão cheios de malicia e de maldade.

Estas acusações não se constituíam somente em um eco dos conflitos enfrentados por Jesus, mas também os sofrimentos que estavam atravessando as comunidades cristãs primitivas. Com efeito, os fariseus não perseguiram só a Jesus, mas continuaram, de forma até mais acentuada, a perseguição contra os cristãos, na medida em que estes deixaram de ser uma seita do judaísmo e começaram a adquirir a sua própria identidade. De fato, dentro do judaísmo, havia muitas seitas e movimentos religiosos que propunham reformas e remendos às antigas instituições. Nenhuma, porém, no fundo, se atrevia a questionar a legitimidade destas, em si mesmas, como fez o cristianismo.

Os cristãos, ao proclamar que Jesus era o Messias enviado de Deus, punham em dúvida a validade de todas as instituições, inclusive das mais sagradas, como o templo. A pessoa e a palavra de Jesus eram uma alternativa nova e definitiva frente às antigas instituições.

A novidade de Jesus consistia numa valorização incondicional da vida da pessoa humana, sobretudo a sua identidade de filho muito amado de Deus, estava acima de leis e instituições. Para ele, absolutamente, ninguém tinha poder para tirar isso do outro. Pois no momento que alguém se achava neste direito, estava aberto o caminho para a crueldade. A dignidade humana se constituía como o fundamento da nova humanidade.

“Ai de vós escribas e fariseus que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos” (v.29). O evangelho nos convida a que lancemos novos “ais” contra os modernos “túmulos caiados” que encobrem violência e corrupção, e que denunciemos aos que fazem monumentos à suas vítimas para encobrir a impunidade que se perpetua na história.

Aprofundemos com os nossos pais na fé

Epístola dita de Barnabé (cerca de 130)

Afastar-se do caminho da hipocrisia e do mal

Há duas vias para o ensino e para a ação: a da luz e a das trevas. A distância entre estas duas vias é grande… A via das trevas é tortuosa e semeada de maldições. É o caminho da morte e do castigo eterno. Tudo o que pode arruinar uma vida está aí: idolatria, arrogância, orgulho do poder, hipocrisia, duplicidade de coração, adultério, assassínio, roubo, vaidade, desobediência, fraude, malícia, cupidez, desprezo de Deus. Por aí vão os que perseguem as pessoas de bem, os inimigos da verdade, os que são indiferentes à viúva e ao órfão…, sem atenção ao indigente e que esmagam o oprimido. Por isso, é justo instruir-se acerca das vontades do Senhor que estão escritas e caminhar junto delas. O que assim agir será glorificado no Reino de Deus. Mas todo aquele que escolher o outro caminho morrerá com as suas obras. Eis porque há uma ressurreição e uma retribuição. A vós, portanto, dirijo um pedido: estais rodeados de pessoas a quem fazer o bem; não deixeis de fazê-lo.

Cultivemos a semente da palavra na profundidade do coração

Hoje enfrentamos a muitas instituições que, em nome das mais diversas causas, inclusive das religiosas, se dão ao direito de dominar a vida do ser humano. Toda a realidade é reduzida a uma contradição, em benefício de seus interesses econômicos, políticos e sectários. Também convém que nos avaliemos no outro aspecto que Jesus denuncia:

  • Somos dessas pessoas que, de palavra, se distanciam dos maus, como os fariseus de seus antepassados («nós não fizemos isso de nenhuma maneira»), porém, na realidade somos tão maus ou piores que eles, quando se nos apresenta a ocasião?
  • E se poderia dizer algo assim da Igreja, que denuncia, e com razão, os males da sociedade, porém que pode cair nas mesmas faltas, como a ambição, a violência ou o interesse pelo poder?
  • E também de cada um de nós, que nos consideramos os «bons», sempre tentados de crer-nos até como os melhores, os perfeitos, quando, na realidade, talvez sejamos, espiritualmente, mais pobres que os que temos tido por afastados ou não crentes?

QUINTA-FEIRA

Mateus 24,42-51

A ATITUDE ANTE A SEGUNDA VINDA DE JESUS

“Sede sóbrios e vigiai”.

Restam-nos três dias de leitura do Evangelho de São Mateus. E todos têm um mesmo tema: o discurso «escatológico» de Jesus, o quinto e último dos discursos que Mateus nos oferece em seu Evangelho, organizando os ditos de Jesus (cf. o que dizíamos na segunda da décima semana).

O discurso escatológico refere-se aos acontecimentos finais e, em mais concretamente, a atitude de vigilância que temos de ter com respeito à última vinda de Jesus.

Hoje, nos diz isso com duas comparações muito expressivas:

  • O ladrão que pode vir a qualquer momento, sem prévio aviso;
  • O amo que pode retornar na hora que os servos menos esperam.

Em ambos os casos, a falta de vigilância fará com que o ladrão e o amo não estejam preparados.

É de suma importância a recomendação da vigilância em nossa vida. Não é que seja iminente o fim do mundo, com a aparição gloriosa de Cristo. Nem que necessariamente nossa morte esteja próxima. Mas é que a vinda do Senhor às nossas vidas acontece cada dia e é esta vinda, descoberta com fé vigilante, a que nos faz estar preparados para a outra, a final, a definitiva.

Toda a vida está cheia de momentos de graça, únicos, que não se repetem. Os judeus não souberam reconhecer a chegada do enviado. E nós? Desperdiçamos ou não nossas ocasiões de encontro com o Senhor Jesus Cristo?

O estudante estuda desde o início do curso, todos os dias. O atleta se esforça com exercícios diários muito tempo antes de acontecer o campeonato. O camponês pensa no resultado final já a partir de semeadura e cuida diariamente de sua plantação.

Ainda que não sejam iminentes, nem os exames, ou o objetivo final, nem a colheita. Não é insensato, pensar no futuro. É sábio. Dia a dia se trabalha o êxito final. Dia a dia se vive o futuro e, se aproveita o tempo, tornando possível a alegria possível.

«Estejais em vigília»: bom apelo para a Igreja, povo peregrino, povo em marcha, que caminha para a última vinda de seu Senhor e Esposo. Bom apelo para alguns cristãos acordados, que sabem de onde vêm e pra onde vão, que não se deixam arrastar, sem mais nem menos, pela corrente do tempo e dos acontecimentos, que não se põem distraídos pelo caminho.

Estar vigilante não significa viver com medo, nem muito menos, com angústia, mas com sobriedade, com seriedade, os seus dias. Porque todos nós queremos ouvir, no final, as palavras de Jesus: “muito bem, servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor”.

Onde está a raiz do problema hoje? Em contentar-nos com apenas sentir o cheiro do divino.  Não nos deixamos tocar. Não nos deixamos possuir. Não damos espaços ao Espírito Santo, para que possa agir no cotidiano de nossas vidas.

“Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mc 14,38). “Vigiai e orai”, diz, portanto o Senhor.

Não basta ouvir, não basta sentir, não pasta perceber, como acontece a todo vigilante, mas é preciso que se estabeleça “aqui e agora” o reinado de Deus, que começa dentro de nós.

Jesus nos pede: Para “Despertar a aurora” (Sl 108); para “Orar em toda circunstância, pelo Espírito” (Ef 6,18); Para: “Orai sem cessar” (I Ts 5,17).

E por quê? Porque se tem que lutar, constantemente, pela fidelidade à graça, contra as más inclinações e paixões, especialmente contra a tibieza e a sonolência espiritual (Ap 3,15s), que é tão comum no meio de nós.

Não uma oração desde a nossa soberba e presunção espiritual, mas desde o abismo de nossas misérias. Com efeito, já nos disse São Tiago: “Reconhecei a vossa miséria, afligi-vos e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto e a vossa alegria em tristeza” (4,9).

Cultivemos a semente da palavra na profundidade do coração

O Espírito de Deus paira sobre as águas do caos deste tempo em que vivemos e quer produzir vida.

  • Tem Ele em você um aliado pronto e sempre agradecido? Como pode ao certo contar comigo?
  • Que coisas nós devemos renunciar, ou seja, deixar para trás, para começar a ser instrumento nas mãos do Espírito Santo?

SEXTA-FEIRA

Mateus 25,1-13

EM MEIO DA NOITE: SABER ESPERAR COM AS LÂMPADAS ACESAS.

“A meia noite se ouviu uma voz”

Vamos chegando ao final de nossa leitura do Evangelho segundo Mateus. Seguindo o ritmo do Evangelho entramos na etapa das últimas instruções de Jesus a seus discípulos, justo aquelas que são mais importantes para manter fidelidade ao seguimento.

O capítulo 24 de Mateus tem como tema central a vigilância: o discípulo que espera a vinda do Senhor não se lança a dormir, não deixa que a rotina o adormeça, mas está sempre atento ao que ocorre ao seu redor, com uma grande capacidade de discernimento.

No começo do capítulo 25, com a parábola das dez virgens, Jesus educa nesta atitude que deve ser característica de todo discípulo, de todo aquele que vive uma relação estreita, de abandono total a Jesus (expressado na imagem das “virgens”).

Vigiar” significa propriamente abster-se do sonho. Isto é o que precisamente se ilustra no comportamento das virgens. Podemos tirar as seguintes lições:

  • A pertença ao Reino de Deus não se dá por si mesma, mas pressupõe o comportamento intencional, as decisões. Assim como as virgens que se preparam ativamente para a vinda do noivo, é necessário agir sabiamente, com prudente previsão e coerência. O Reino de Deus se ganha com a sabedoria e se perde com a ignorância.
  • As dez virgens começam iguais, nas mesmas condições, porém logo cinco tomam vantagem às outras cinco. Jesus ensina que pessoas que começaram juntas e tiveram muitas coisas em comum podem chegar ao fim de modo distinto, segundo seu comportamento.
  • O ritmo da vida transcorre normal, o tempo passa e caímos na rotina. Jesus ensina a viver intensamente cada dia, não devemos esperar até o fim, tem que estar sempre preparados. Em nossa mente e em nosso coração deve estar sempre presente o Senhor e sua vontade, vivendo a vida como um “entrar” continuamente no Reino.
  • Só se estamos preparados, poderemos entrar no Reino dos céus, no senhorio pleno e bem-aventurado de Deus e acolhido na comunhão definitiva com ele. Quem não está preparado se encontra com uma porta fechada devido sua irresponsabilidade.
  • O futuro se ganha no presente. Tem que tomar a sério o tempo presente. O céu começa na terra.

Aprofundemos com os nossos pais na fé:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja.

«No meio da noite»

As dez virgens quiseram todas elas ir ao encontro do esposo. Que significa ir ao encontro do esposo? É ir com o seu coração, é viver na espera da sua chegada. Mas ele tardava a vir e “todas adormeceram”… Que significam estas palavras: “O sono caiu sobre todas elas”?

Há um sono a que ninguém pode escapar. Lembrem-se daquelas palavras do apóstolo Paulo: “Não queremos, irmão, que ignoreis o que diz respeito aos que dormem” (1 Ts 4,12), isto é, aos que estão mortos… Elas adormeceram todas. Acreditais que a virgem prudente possa escapar à morte? Não, sejam elas prudentes ou loucas, todas devem passar pelo sono da morte… “E eis que, no meio da noite, um grito se ouviu”. Que quer isto dizer? É no momento em que ninguém pensa, em que ninguém espera… Ele virá no momento em que pensarmos menos nisso.

Porque virá ele assim? “Porque, diz ele, não vos compete conhecer o tempo ou a hora que o Pai fixou na sua autoridade” (At 1,7).

“O dia do Senhor, diz o apóstolo Paulo, virá como um ladrão em plena noite“ (1 Ts 5,3). Vigiai, pois, durante a noite para não serdes surpreendidos pelo ladrão. Pois, que o queirais ou não, o sono da morte virá… E, no entanto, isso só acontecerá quando se ouvir um grito no meio da noite.

Que grito é este, senão aquele de que o apóstolo Paulo diz: “Num instante, num piscar de olhos, ao som da última trombeta. Porque a trombeta soará e os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados” (1 Co 15,52). Após aquele grito que ressoará no meio da noite: “Eis que o esposo vem”, que acontecerá? “Todas se levantaram”.

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

  • Em que aspectos de minha vida eu vejo que me descuidei ultimamente? Que se debilitou em mim?
  • Que pode causar em mim – como no caso das cinco virgens insensatas – um adormecimento que leva à irresponsabilidade? (por exemplo, o uso indiscriminado da televisão).
  • Que decisões eu vou tomar para pôr azeite novo em minha lâmpada?

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