Jesus viu Zaqueu. (EFC)

Lucas 19,1-10

O encontro de Jesus com Zaqueu

“O filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido”

Do encontro vivo de Jesus com o cego que estava à entrada de Jericó, passamos a outro encontro famoso que se realiza dentro da cidade: o encontro com Zaqueu.

Passamos do encontro com um mendigo ao encontro com um rico.  Em ambos os casos, assistimos a uma catequese sobre o que é uma experiência de salvação. Vejamos primeiro a pessoa de Zaqueu. Há pessoas que, às vezes, classificamos como “difíceis” na evangelização. São “duras” para converter-se. 

Zaqueu parece ser uma delas. Tem todos os requisitos:

  • É publicano (15,1-2), inclusive é o chefe deles. Não esqueçamos que Jericó está em um lugar estratégico, é cidade de fronteira, onde devia haver uma alfândega para cobrar os impostos dos mercadores pelo trânsito da região da Judéia até a região de Pereia (do outro lado do Jordão).
  • É rico, Jesus já havia dito: “Que difícil é, aos que têm riquezas, entrar no Reino de Deus!” (18,24).
  • É um “pecador”, diz o povo no v.7. O povo o tem “fichado”. Suas más ações (suas injustiças e extorsões)  parecem ser conhecidas por “todos” (como diz expressamente o texto).
  • É desonesto, no momento de sua conversão ele não exclui ter podido ser isso (v. 8).
  • Estava perdido, o mesmo Jesus se refere a ele como um desses (v. 10).

O relato da conversão de Zaqueu é uma demonstração do poder de Deus para mudar os corações duros, de maneira que eles possam saborear também da salvação. Bem disse Jesus: “O impossível para os homens, é possível para Deus” (18,27).

Como acontece o encontro de Zaqueu com Jesus, que lhe transformou a vida?

  • Zaqueu quer ver Jesus subindo em um sicômoro:O texto disse que “tratava de ver quem era Jesus” (v.3), o qual nos recorda também a atitude de outro homem poderoso, Herodes, quando supõe acerca de Jesus (Lc 9,9).O que chama a atenção não é o improvisado balcão que supriria sua baixa estatura, mas seu profundo interesse por Jesus. Para Zaqueu não é suficiente “escutar” sobre Jesus, mas dar um novo passo adiante no conhecimento d ’Ele: vê-lo.
  • Zaqueu recebe Jesus com alegria: Porém é Jesus quem “vê” Zaqueu e lhe pede hospedagem. É normal que Zaqueu o faça “com alegria”, pois o fato lhe dá importância. Esta valorização da parte de Jesus, que é um sinal de sua misericórdia, é salvífica, pois resgata o melhor que há em seu coração. Por isso sua “alegria” é a “alegria da salvação” que já começa a experimentar. E como aconteceu com a história do cego: não é suficiente ver passar o Senhor, o importante é estar com Ele, entrar em relação estreita com Ele no gozo festivo da mesa.
  • Zaqueu se comporta publicamente como um homem segundo o Evangelho: À “alegria” segue-se outro indicador de salvação: a generosidade.  Ele diz“Darei a metade de meus bens aos pobres; e se defraudei a alguém, devolverei o quádruplo” (v.9).

Desde o começo do Evangelho, na pregação de João Batista, se havia dito que a conversão não era questão da boca para fora, mas gestos de beneficência (3,12-13).

Zaqueu agora tem o coração do Evangelho (“dai e se vos dará”, 6,38; “Dai em esmola o que tens, e assim todas as coisas serão puras para vós”, 11,41). Jesus conclui dizendo “Hoje chegou à salvação a esta casa” (v.9ª). É o “hoje” da salvação que foi anunciada em Lc 4,21. Então Zaqueu é acolhido como membro pleno da comunidade (ver vv.9b-10). O encontro de Jesus com Zaqueu foi como o pastor com a ovelha perdida, que estava desgarrada, ferida, maltratada (como ilustra Ez 34,16). Uma história carregada de profundas emoções que nos surpreende também hoje.

Aprofundemos com os nossos pais na fé:

Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, doutora da Igreja

“Zaqueu, desce depressa; hoje tenho de ficar em tua casa”

Celina, que mistério é nossa grandeza em Jesus… Eis tudo que Jesus nos mostrou ao fazer-nos subir à

árvore simbólica que há pouco falei. E agora que ciência vai Ele ensinar-nos? Não nos ensinou já tudo? … Ouçamos o que Ele nos diz: «Apressai-vos a descer, é preciso que eu fique hoje em vossa casa».

O quê! Jesus manda-nos descer… Então até onde vamos descer? Celina tu sabes melhor que eu, todavia

deixa-me dizer para onde devemos agora seguir Jesus: Outrora, perguntaram os judeus ao nosso Divino Salvador: «Mestre, aonde morais?» e Ele respondeu-lhes: «As raposas têm tocas, as aves do céu ninhos,

e Eu não tenho onde descansar a cabeça». Eis aqui até onde devemos descer para podermos servir de

morada a Jesus. Ser tão pobres que não tenhamos onde descansar a cabeça. Vê, minha Celina querida,

o que Jesus fez na minha alma durante o retiro… Compreendes que se trata do interior…

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