Testemunhas do Cristo (EFC)

No episódio da libertação de um endemoniado, tiramos a lição que tudo é menos importante que o ser humano e que nem todos somos chamados a deixar tudo. Podemos testemunhar Jesus no lugar onde vivemos.

Marcos 5,1-20

 “Espírito imundo: sal deste homem!”

Os Evangelhos destes três dias – ontem, hoje e amanhã – nos apresentam quatro grandes prodígios de Jesus que poderíamos dizer, em ordem de importância:

(1) Jesus que vence as forças da natureza (4,35-41);

(2) Jesus que vence as forças do mal (5,1-20);

(3) Jesus que vence a enfermidade (5,21-34); e,

(4) Jesus que vence a morte (5,35-43).

Jesus que vence as forças da natureza (4,35-41), foi o Evangelho de sábado passado, onde vimos Jesus  que acalma a violenta tempestade que já ameaçava virar o barco enquanto Ele dormia.

Hoje nos deteremos em Jesus que cura um endemoninhado (5,1-20), vencendo o mal que, com frequência, se aninha no coração do homem. Neste caso trata-se do assim chamado “endemoninhado de Gerasa”.

O primeiro que faz o evangelista ao iniciar o relato é uma apresentação bastante detalhada do endemoninhado: quem é o homem, onde vive que haviam feito por ele e qual era seu comportamento. São os cinco primeiros versículos (vv.1-5). Trata-se de um homem com um espírito imundo que tem sua morada nos sepulcros. Como se nos quisesse assegurar que ao estar sob o espírito do mal já está morto e sua lógica morada é o cemitério.

Ao que parece já haviam feito muitos esforços para poder dominá-lo e fazê-lo voltar à razão, mas a força do mal é mesmo difícil de dominar. Ademais, ele já havia rompido com seus familiares e semelhantes; inclusive, como adiante diz, nem sequer podia consigo mesmo, pois “dava gritos e se feria com pedras” (v.5).

Ante esta situação de incomunicabilidade com os outros e consigo mesmo, é muito lógico que a relação com Deus tampouco funcionaria. O endemoninhado, ao ver Jesus não foge como seria de esperar, mas “corre, se prostra ante ele e diz com forte voz” (v.6). Ao mal só o submete o bem. Fugir não serviria de nada. Prostra-se, porém para reconhecer que ele não tem nada a ver com Jesus; outra relação que se rompeu.

A expressão dele revela a identidade de Jesus. Aquela que muitas vezes os próprios discípulos não compreenderam: “Que tenho eu contigo, Jesus Filho de Deus Altíssimo?” (v.7). Satanás o reconhece. E não só isso; a frase que se segue é muito especial e significativa: “Conjuro-te por Deus que não me atormentes” (v.7).

Jesus sabe que ante qualquer tipo de mal, o melhor é identificá-lo bem para logo poder vencê-lo. É por isto que lhe pergunta o nome. O demônio lhe responde que seu nome é legião, pois são muitos, e lhe suplica que não os lancem fora da região; preferem ir parar em uma piara de porcos que estava próxima. O mal a todo custo resiste a ser eliminado e prefere seguir subsistindo em uns porcos.

Para nós é difícil imaginar dois mil porcos despencando e caindo ao mar. É menos difícil imaginarmos ao endemoninhado como o descreve o texto “sentado, vestido e em são juízo” (15). Isto foi o que encontraram os que chegaram ao lugar, alertados pelos que cuidavam de porcos.

De todos os modos, uma situação desta causa muito temor. Assombra o pensamento de que as pessoas, ainda que, constatando o milagre, peçam a Jesus que se afaste da região. Muitas vezes não estamos preparados para reconhecer, nos outros, a ação de Deus e preferimos seguir como antes.

Jesus decide partir dali e sobe numa barca. Então, o que havia sido curado pede a Jesus que lhe permita ir com Ele, quer dizer, lhe pede que o deixe segui-lo; porém, Jesus tem para ele outros planos e o texto nos diz: “Não o concedeu” (v.19).

Deu-lhe a missão de ser, entre os seus, testemunha de tudo que lhe havia acontecido; tudo que o Senhor havia feito a ele. É uma missão bela, ainda que não seja fácil, devido às circunstâncias anteriores em que se encontrava. De todos os modos, o texto nos diz que assim aconteceu e que ao soar de suas palavras todos ficavam maravilhados.

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