“Se nossos gestos não falarem, as palavras não convencerão” (EFC)
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João 5,31-47
Nós podemos dar testemunho de Cristo com nossa vida, sendo, mais do que dizendo:
Se a minha fé, não converter ninguém
Se a minha vida não mudar alguém
Se eu não me esquecer, pra lembrar de te
De que adianta essa fé? Será que isso é fé?
Se eu não estender a minha mão
Se a outra face não te oferecer
Então qual é essa minha religião?
Cristã é impossível ela ser
Eu poso até te adorar
e o teu nome proclamar
Mas se o amor não vigorar, oh não
Vazia minha fé então será
É preciso que se veja além
Se o que eu faço não machuca alguém
Hoje eu tenho que aprender
A amar, a amar
Mas é preciso que minhas atitudes, superem minhas palavras
ACOLHENDO JESUS RECEBEMOS A VIDA DO PAI.
“O Pai que me enviou é o que dá testemunho de mim”
No Evangelho de ontem, que nos apresentou a primeira parte do discurso de Jesus sobre “a obra do Filho”, Jesus nos doou a Revelação de si mesmo, identificando sua obra com a obra de Deus: “o que vê fazer o Pai: isso faz, igualmente, o Filho.” (5,19)
Nesta primeira parte de seu ensino (5,19-30), Jesus vinha falando quase sempre em terceira pessoa. Ao contrário, agora, na segunda parte a qual lemos hoje (5,31-47), notamos como o “Eu” de Jesus aparece em todo o texto (19 vezes).
E frente ao “Eu” de Jesus está, quase sempre, o “vocês”, referindo-se aos ouvintes que se opõem a Ele (11 vezes). Esta disposição da à nossa passagem de hoje um caráter de enfrentamento aberto. Desta maneira, segue o texto de hoje apontando nosso olhar para a Paixão que se aproxima.
Neste contexto, Jesus apresenta alguns testemunhos que fundamentam a validez de seu “testemunho” (5,1). De maneira que a repulsa de Jesus resulta grave, já que é a repulsa do mesmo Deus que seus inimigos professam como seu Deus.
O autêntico testemunho em favor de Jesus é o Pai.
Primeiro de tudo, Jesus quer deixar claro, que seu testemunho é válido, porque não pode estar separado do “Outro”, que é o testemunho do Pai: “Outro é o que dá testemunho de mim” (5,32ª). Sendo Jesus o “enviado”, não atua nunca por sua conta (5,19), mas está sempre determinado pela vontade do Pai (5,30).
Portanto, é incontestável que o testemunho de Jesus seja, ao mesmo tempo, testemunho do Pai; trata-se de um único testemunho que contém a voz unânime das duas pessoas. Isto era, precisamente, o que a lei judaica requeria para dar validez a um testemunho (ver 8,18; 10,38).
- Outros testemunhos:
Jesus cita outros testemunhos, porque o testemunho do Pai pode expressar-se de diferentes maneiras.
- João Batista
O primeiro é João Batista, que sempre apresentou Jesus como: a luz, o Messias, o Profeta, o mais forte, o que existia antes que Ele (ver 1,7-8.15.19.32.34) Jesus faz notar que João não era a luz, mas “a lâmpada”. Não obstante, os judeus se deixaram atrair pela lâmpada “por um instante” (5,35), mais que acolher a Jesus que era a luz (5,35).
- As “obras” encomendadas pelo Pai
Porém, Jesus tem um testemunho maior que o de João Batista. Estas são as obras que realiza em nome do Pai: “Porque as obras que o Pai me encomendou, as obras que eu realizo, dão testemunho de mim” (5,36).
O evangelista dirige, de maneira especial, a sua atenção para estas obras, que tem caráter de “sinal revelador” (ver 8,18;10,38;14,10-11).
As obras de Jesus atestam que Ele é o enviado do Pai (5,36). Jesus, o enviado do Pai, é o testemunho por excelência do seu amor. Negar-se a crer nele é negar-se ao amor de Deus: “não tendes em vós o amor de Deus” (5,42).
- As Sagradas Escrituras
As Escrituras são o último testemunho apresentado por Jesus para que creiamos nele: “…vocês investigam as Escrituras, porque creem ter nelas vida eterna; elas dão testemunho de mim e vocês não querem vir a mim para ter vida”(5,39-40).
Sem o conhecimento do mistério de Deus que só Jesus pode dar-nos, o estudo das Escrituras se torna estéril. E, vice-versa, o conhecimento das Escrituras é para levar ao conhecimento de Jesus: “Se acreditassem em Moisés, acreditariam em mim, porque ele escreveu de mim” (5,46).
Todos os testemunhos apresentados por Jesus fazem referência à obra salvífica do Pai, porém seus interlocutores são incapazes de acolhê-los: “porque não ouvem nunca a sua voz e não veem o seu rosto” (5,37).
Pelo contrário, temos a vida do Pai quando acolhemos o mistério de Jesus e lhe permitimos prolongar em nós sua comunhão com Ele, sua obediência filial e sua entrega aos irmãos.