Os escolhidos de Jesus (EFC)
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Marcos 3,13-19
ESTAR COM JESUS
“Instituiu doze para que estivessem com Ele”
Hoje o Evangelho nos apresenta um texto vocacional e missionário com um grupo de chamados que possuíam uma identidade bem definida e com uma tarefa muito clara a cumprir.
Marcos inicia dizendo que Jesus “Subiu ao monte” (v.13). Muitas vezes Jesus ia sozinho para orar. Para encontrar-se com seu Pai; para deixar em suas mãos sua atividade pedir indicações para orientar sua atividade segundo o seu querer.
Nesta ocasião, sobe para ler no coração do Pai os nomes daqueles que serão seus mais imediatos colaboradores e a seguir os chama um a um. É interessante que o texto não diz que Jesus desceu, mas que eles subiram onde estava Ele. É a realidade de todo chamado.
Jesus os faz partícipes de sua vida e de sua oração. Faz com que eles subam até onde está Ele, para introduzi-los no coração misericordioso do Pai. Para nós, todo chamado sempre se faz mais claro em momentos de oração, em encontros intensos com aquele que chama e que deve dar uma resposta.
O texto sublinha que Jesus chamou aos que quis. Não diz que chamou aos que, até aquele momento, haviam colaborado com Ele; nem aos que considerava mais aptos para a tarefa que lhes ia confiar; nem aos mais preparados; nem, sequer, aos que mais conhecia. Simplesmente diz “aos que quis” (v.13).
Dois foram os motivos desta eleição: para que estivessem junto a Ele e para enviá-los a pregar. Acostumamo-nos a pensar que um é o momento de “estar junto a Ele” e outro o de “pregar”. Mas, na mente de Jesus e de Marcos não é assim. Mais que dois momentos, são duas atitudes de um só.
Para que a pregação seja eficaz devemos estar permanentemente junto a Ele. Por outro lado, o estar junto a Jesus nos impulsiona continuamente a pregar com atos e palavras. Esta unidade a podemos descobrir facilmente no modo como Marcos une as duas expressões: “para que estivessem junto a Ele” e “para mandá-los pregar”.
Estas expressões não estão ligadas com um “e depois”, ou com a disjunção“ou”; estão ligadas com a conjunção “e” que indica simultaneidade nos atos. Jesus investe-os também em novos chamados, o poder de expulsar os demônios.
Ele sabia que a Boa Nova de sua Palavra supõe um coração limpo e livre de todo mal. Em seguida aparece a lista dos doze, os quais, longe de serem doze figuras simbólicas, são doze pessoas concretas.
Algumas delas são identificadas com referências concretas, sejam familiares (irmão de… Filho de…), sejam de nomes novos os quais Jesus mesmo os dá (Pedro, Boanerges…), sejam de lugares precisos (o cananeu…), sejam identificando por uma ação particular não muito lisonjeiro (o traidor).
São rostos muito concretos que, ao longo do Evangelho, irão desvelando cada vez mais sua identidade.
Aprofundemos com os nossos pais na fé
Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, doutora da Igreja
O mistério da vocação
Vou fazer uma única coisa: começar a cantar aquilo que hei de dizer ao longo de toda a eternidade:
“as misericórdias do Senhor!” (Sl 88,1)… Ao abrir o Santo Evangelho, os meus olhos pousaram nestas palavras: “Tendo Jesus subido à montanha, chamou a si os que lhe aprouve e vieram até Ele”.
Eis o mistério da minha vocação, de toda a minha vida e, particularmente, o mistério dos privilégios
que Jesus concedeu à minha alma. Ela não chama os que são dignos mas os que lhe apraz ou, como
diz São Paulo: “Deus tem piedade de quem quer e faz misericórdia aos que quer fazer misericórdia.
Isso não é obra de quem quer nem de quem corre, mas do próprio Deus que faz misericórdia” .
Durante muito tempo perguntei porque é que Deus tinha preferências, porque é que as almas não recebiam todas o mesmo grau de graças e espantava-me ao ver que Ele concedia favores extraordinários aos santos que O tinham ofendido, como S. Paulo ou S. Agostinho, que os forçava por assim dizer a receber as graças, ou então ao ler as vidas de santos que Nosso Senhor quis acarinhar desde o berço à tumba, sem deixar no seu caminho nenhum obstáculo que os impedisse de se elevarem para Ele… Jesus dignou-se instruir-me acerca deste mistério. Pôs diante dos meus olhos o livro da natureza e compreendi que todas as flores que Deus criou são belas… Ele quis criar os grandes santos que podem ser comparados aos lírios ou às rosas; mas criou também os mais pequenos e esses devem contentar-se em ser margaridas ou violetas, destinadas a alegrar o olhar do Bom Deus quando Ele aspira… A perfeição consiste em fazer a Sua vontade, a ser o que Ele quer que sejamos.