3° Domingo do Advento – Ano A (Estudo Bíblico)
3º Domingo do Advento – Gaudete
“Alegrai-vos: o Senhor está perto” (Fl 4,4-5)
1. Sentido do Domingo Gaudete
O terceiro domingo do Advento marca uma pausa de alegria no caminho penitencial da espera. A Igreja convida à alegria não porque todos os problemas já foram resolvidos, mas porque a salvação já está em ação.
A alegria cristã nasce da certeza: Deus está na história, vem ao encontro do seu povo e faz justiça.
O Advento é tempo de “gravidez espiritual”: algo novo está para nascer, e essa esperança transforma o modo de olhar a realidade — não com ingenuidade, mas com confiança ativa.
1ª Leitura – Isaías 35,1-6a.10
“Fortalecei as mãos enfraquecidas… Eis o vosso Deus!”
a) Contexto bíblico
Isaías 35 foi proclamado a um povo exilado na Babilônia, ferido, humilhado e tentado pelo desânimo. O exílio não era apenas geográfico, mas também espiritual: parecia que Deus tinha abandonado seu povo.
O profeta anuncia:
- O fim do tempo de tristeza
- A intervenção salvadora de Deus
- Um novo êxodo, ainda mais grandioso que o primeiro
b) Imagens centrais
- Deserto que floresce → onde parecia não haver vida, Deus faz brotar esperança.
- Cegos veem, surdos ouvem, coxos saltam → sinais de restauração integral, não apenas espiritual, mas humana, social e comunitária.
- Caminho santo → Deus mesmo prepara a estrada do retorno.
c) Mensagem teológica
Deus:
- Não abandona seus filhos e filhas
- Age na história
- Transforma sofrimento em caminho de salvação
A alegria prometida não é superficial: nasce da libertação e culmina na comunhão plena com Deus.
Salmo – Salmo 145(146)
“Vem, Senhor, salvar o vosso povo”
O salmo responde à profecia de Isaías com um canto de confiança.
Destaques:
- Deus faz justiça aos oprimidos
- Dá pão aos famintos
- Liberta os prisioneiros
- Sustenta o órfão e a viúva
Este salmo proclama uma verdade fundamental:
A alegria nasce da fidelidade de Deus às suas promessas.
Não se trata de um otimismo vazio, mas da fé num Deus que toma partido dos pobres, frágeis e esquecidos.
2ª Leitura – Tiago 5,7-10
“Sede pacientes, irmãos, até a vinda do Senhor”
a) Situação da comunidade
Tiago escreve a comunidades cristãs marcadas por:
- Injustiça social
- Exploração dos pobres
- Prepotência dos poderosos
b) Chamado à esperança ativa
Tiago não convida à resignação, mas à paciência perseverante, comparada ao agricultor que:
- Semeia
- Espera
- Confia no tempo da colheita
A vinda do Senhor como Juiz não é ameaça para os pobres, mas boa notícia, pois significa que a injustiça não terá a última palavra.
c) Atitude cristã no Advento
- Não desanimar
- Não murmurar
- Permanecer firmes
- Confiar que Deus fará justiça
Evangelho – Mateus 11,2-11
“És tu aquele que há de vir?”
a) A pergunta de João Batista
João, agora preso, experimenta a crise:
- Anunciou um Messias forte e julgador
- Vê Jesus agir com misericórdia e proximidade
Sua pergunta é profundamente humana e espiritual:
“És tu mesmo aquele que esperamos?”
b) A resposta de Jesus
Jesus não responde com teoria, mas com sinais concretos:
- Cegos veem
- Coxos andam
- Leprosos são reintegrados
- Surdos ouvem
- Mortos vivem
- Pobres recebem a Boa Notícia
Jesus retoma diretamente Isaías 35, mostrando que o Reino de Deus já está acontecendo.
c) O Messias esperado
O Messias:
- Não impõe pela força
- Não exclui
- Não domina
- Liberta, cura, reintegra e devolve dignidade
A bem-aventurança final é decisiva:
“Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim.”
Atualização: o nosso “hoje”
Vivemos um tempo paradoxal:
- Avanços tecnológicos impressionantes
- Mas também ameaças ambientais, sociais e espirituais
- Indiferença diante dos pobres
- Crise de valores e de sentido
A pergunta do Advento é clara:
Olhamos o mundo com olhos de esperança ou com lentes do medo?
A liturgia deste domingo responde:
- Deus não se ausentou da história
- Age de modo discreto, mas eficaz
- Continua abrindo caminhos no deserto
Síntese teológica do Domingo Gaudete
- A alegria cristã nasce da esperança ativa
- Deus está presente na história e nos sofrimentos humanos
- A salvação já começou, mas ainda caminha para sua plenitude
- Advento é tempo de espera confiante, vigilante e comprometida
Para meditação pessoal ou comunitária
Somos sinais de alegria e libertação para os pobres e feridos do nosso tempo?
Onde hoje percebemos “desertos” que precisam florescer?
Quais cegueiras, surdez ou paralisias Jesus quer curar em nós?
Nossa esperança gera compromisso ou acomodação?

