ESTUDO BÍBLICO NA 3ª SEMANA DO TEMPO COMUM ANO B 2021
ESTUDO BÍBLICO SEMANAL NA 3ª SEMANA DO TC ANO B 2021
Comunidade católica Paz e Bem
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SEGUNDA-FEIRA:
Marcos 16,15-18
PARA ACOLHER O EVANGELHO HÁ QUE TER FÉ
“Ide por todo o mundo e proclamem a Boa Notícia a toda criatura”
Neste dia em que recordamos a conversão de São Paulo, Apóstolo das nações, a mensagem evangélica que nos propõe para a liturgia quer ser um chamado especial para o discipulado e a missão.
Assim, a Lectio Divina será um convite para escutar em nosso interior as palavras que Deus nos dirige, mas, sobretudo, para descobrir, de modo pessoal e grupal, até que ponto nossa fé n’Ele nos faz acolher esta Boa Notícia e a resposta que temos dado frente ao convite do Senhor de anunciar sua Palavra.
São Paulo é um modelo de quem se encontra com Cristo e deixa transformar sua vida pela missão que recebe. De perseguidor dos cristãos, passa a ser um dos maiores pregadores do Evangelho. Sua vida é transformada e sua fé em Jesus, como ocorre ao Filho de Deus, se faz forte a tal ponto de chegar a anunciar o Evangelho em todas as partes, ainda que arriscando a sua própria vida.
“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho, a toda criatura”. Ao final do Evangelho segundo São Marcos, antes da ascensão, se narra este episódio, no qual Cristo ressuscitado anuncia a seus discípulos a missão para a qual foram eleitos.
De igual modo, hoje a Igreja em todo o mundo volta a proclamar com força este chamado à missão. E o faz no contexto desta festa da conversão de São Paulo, para indicar-nos que é possível dar uma resposta positiva a este envio, ainda que, às vezes, pareça algo de tempos passados, hoje segue sendo atual e real o convite de Cristo de arriscar tudo e pôr-nos a serviço de sua Palavra.
“O que crer e for batizado será salvo”. Sem lugar para dúvidas, a mensagem desta passagem quer destacar que a fé é o elemento que faz possível o encontro com Cristo.
De fato, se requer a fé que tiveram os apóstolos ao escutar a mensagem das mulheres que anunciam que Cristo ressuscitou, ou a fé de Paulo que crê que no próprio Cristo que lhe aparece no caminho de Damasco. O texto nos diz, de imediato, que o fruto dessa fé é a decisão de aceitar o batismo.
Hoje, à imitação de São Paulo, que pede o batismo, nós estamos chamados a reafirmar nossa fé em Deus e a viver como batizados, quer dizer, como crentes que se sentem Filhos de Deus e membros ativos desta Igreja, à qual o próprio Deus chamou e, só assim, seremos autênticos discípulos e missionários do único Deus.
Aprofundemos com os nossos pais na fé
Santo Ireneu de Lyon ( c. 130- c. 208), bispo, teólogo e mártir
«Proclamai a Boa Nova a toda a criação»
Após Nosso Senhor ter ressuscitado dos mortos e dos apóstolos terem sido revestidos da força do alto pela vinda do Espírito Santo (Lc 24,49), eles ficaram cheios de certeza acerca de tudo e tiveram o conhecimento perfeito. Então foram até aos confins da Terra (Sl 18,5) proclamando a boa nova que nos vem de Deus, e anunciando aos homens a paz do céu, eles que possuíam todos igualmente e cada um em particular o Evangelho de Deus. Assim, Mateus, junto dos hebreus, na sua própria língua, publicou uma forma escrita de evangelho, enquanto que Pedro e Paulo evangelizavam Roma e aí fundavam a Igreja. Após a morte destes, Marcos, o discípulo de Pedro e seu intérprete (1Pe 5,13), transmitiu-nos, também ele por escrito, a pregação de Pedro. De seu lado Lucas, companheiro de Paulo, consignou num livro o Evangelho pregado por este. Por fim João, o discípulo do Senhor,
o mesmo que descansara no Seu peito, publicou também o Evangelho, durante a sua permanência em Éfeso. Marcos, intérprete e companheiro de Pedro, apresentou assim o início da sua redação do Evangelho: «Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus, conforme está escrito nos profetas: Eis que envio o meu mensageiro adiante de ti a fim de preparar o teu caminho »… Como se vê, Marcos faz das palavras dos santos profetas o início do Evangelho, e Aquele que os profetas proclamaram Deus e Senhor, Marcos põe-no à cabeça, como Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo… No final do seu evangelho, Marcos diz:
«E o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi elevado ao céu e sentou-se à direita de Deus».
É a confirmação da palavra do profeta: «Oráculo do Senhor ao meu senhor: «Senta-te à minha direita, dos teus inimigos farei escabelo de teus pés».
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração.
- Como tenho manifestado minha fé em Deus? Tenho me comportado como um batizado, quer dizer,
tenho vivido ao estilo de Cristo?
- A nível de grupo ou comunidade, somos anunciadores do Evangelho?
- Como temos dado testemunho de Cristo em meio a nossa realidade?
TERÇA-FEIRA:
Lucas 10,1-9
A ALEGRIA DE EVANGELIZAR.
“Designou o Senhor a outros setenta e dois…”
Celebramos hoje a festa dos santos Tito e Timóteo. Baseados no texto do evangelho de hoje, vamos por de relevo a serie dos sete imperativos de um missionário (na realidade seriam dez se consideramos os três que aparecem nos versículos 10-12, que não lemos hoje). Assim o entenderemos um pouco mais e nos entenderemos também a nós mesmos.
Vejamos:
- “Rogai!” (10,2): O missionário é ante tudo um orante. Como acontece em At 13,1-3, a missão parte de uma comunidade que ora e nesse ambiente é revestida do Espírito para enviar os que dentre eles o Senhor designe. Por outra parte, os 72 tomam consciência de que ainda eles sendo aparentemente muitos, na realidade são insuficientes: “os operários são poucos”.
- “Olhai! (10,3): O missionário é consciente de que se aventura em um mundo de múltiplos perigos, sua vida estará sempre ameaçada: “como cordeiros em meio de lobos”. Não vai com nenhuma autoridade externa que submeta aos demais, ele é fraco e indefenso, um homem de paz.
- “Não leveis” (10,4ª): O missionário viaja desprendido de tudo. Há três implementos necessários para uma viagem, dos quais ele se desapega: a bolsa para a prata; o alforje para a merenda e a muda de roupa; e as sandálias para caminhadas longas em terreno pedregoso.
Isto não quer dizer que fique “no ar”. Sua segurança está em sua fé em Deus que não o abandona e provê suas necessidades como seu Pai que é. Isto é tão real que quando Jesus lhes pergunta “Quando vos enviei sem bolsa, sem alforje e sem sandálias, vos faltou algo?” Eles responderam: “Nada” (Lc 22,35).
A frase “Não saudeis… no caminho” (10,4b), indica que o missionário vai desprendido de todos, nada, nem ninguém, o distrai. Tudo para responder à urgência da missão.
- “Dizei!” (10,5): A proclamação do evangelho começa pela saudação da paz: “Shalom leká” (ver Jc 6,23; Lc 24,36). Não se trata de um formalismo vazio, mas de um dom que se pode receber ou rejeitar. Este dom que sabem acolher os “filhos de paz” está associado com a vinda da salvação.
Esta paz é o dom pascal de Cristo (Lc 24,36; ver também 2,14.29; 19,42; At 10,36). Um dom o recebe só quem está aberto a ele.
- “Permanecei!” (10,7): O missionário não anda buscando comodidades, por isso se lhe recomenda não ir de casa em casa, mas “permanecer” (10,7) e ali “comer o que lhe ponham” (10,8b).
“Permanecer” é entrar a fundo na realidade e no tecido relacional desse lar que evangeliza para fazer irromper, a partir de dentro, o Reino (como Jesus com os discípulos de Emáus: “Permanece conosco!… e permaneceu com eles”, Lc 24,29; ou como Paulo na casa de Lidia, At 16,15).
O missionário deve saber aceitar a hospitalidade. Para ele é um sinal do amor de Deus que provê por ele. Não só deve saber dar, também deve saber receber.
- “Curai!” (10,9ª): O missionário se expressa primeiro com fatos e logo com palavras que ajudam a compreender o acontecido.
No evangelho de Lucas temos vindo lendo um bom número de curas que fez visível o Reino de Deus (ver 11,20). A chegada do Messias pôde ser reconhecida por isso. Jesus coloca agora esta tarefa nas mãos de seus missionários.
- “Proclamai!” (10,9b): Assim como o Jesus viajante proclama por todas as partes a “Boa nova do Reino de Deus” (4,43), o missionário é um proclamador da irrupção definitiva de Deus na historia e dá testemunho disso.
A ação silenciosa das obras precisa da Palavra. Tenhamos presente que “o Evangelho é o dom maior que dispomos os cristãos. Por isso devemos compartilhá-lo com todos os homens e mulheres que estão em busca de razões para viver” (Da CEI).
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
- Qual destes imperativos me toca mais? Como o vou a implementar?
- Qual a finalidade da missão? Que espiritualidade supõe?
- De que maneira vou contribuir para que a tarefa evangelizadora da Igreja tenha maior vigor?
QUARTA-FEIRA
Marcos 4,1-20
SEMEANDO NO MAR
“Pôs-se a ensinar à margem do mar”
Hoje lemos, com riqueza de detalhes, a conhecida parábola do semeador. Marcos não poupa palavras e se deleita em apresentar-nos este texto que é de uma profundidade tão grande como o é a sua simplicidade.
Marcos inicia situando este ensinamento: “se pôs a ensinar na beira do mar” (v.1). É um espaço pouco usual para falar de semeadura. Sob os olhos de Jesus e sob os olhos de todos os que o escutavam, se estendia um tranquilo e imponente mar. Jesus desta vez não falou de peixes, mas de sementes. Algo nos ensina também isto.
Jesus se acomoda em uma barca e o povo na praia escutava com atenção.
O cenário muda bruscamente: “saiu um semeador a semear”. Trasladamo-nos a uma grande extensão de terra que, pronta para ser semeada espera à passagem firme do semeador que espalha a semente. Pensaríamos pelo que nos disse Jesus, que o semeador não é muito cuidadoso.
Como é que lança semente no caminho, entre pedras, entre abrolhos e sarças? O mais correto haveria sido semear toda no terreno bom que já havia sido preparado. Porém não! Que belo ensinamento nos traz Jesus. Para Ele, qualquer tipo de terreno merece, por assim dizer, a melhor semente, sua semente.
Jesus oferece o pão de sua palavra a todos.
É difícil e quase impossível que a semente germine em um caminho, entre pedras ou abrolhos. Isto muda quando Jesus explica a parábola aos doze.
Os que são terreno-caminho são os que deixam a Palavra ser arrebatada por Satanás.
Os que são terreno pedregoso são os que recebem alegres a Palavra, porém não têm raízes em si mesmo. São inconstantes e sucumbem ante as dificuldades.
Os que são terreno abrolhos são aqueles que ouvem, porém as preocupações do mundo, a sedução das riquezas e as demais concupiscências os invadem e a semente se põe a perder.
Aqui se explica a atitude do semeador que espalha sua semente em todos os corações, esperando o fruto, pois estas situações poderiam mudar se não se intervisse a dureza dentro do coração.
A semente, a Palavra de Deus é de qualidade garantida, não fosse assim o terreno que, referindo-se ao coração humano, sendo como é, tem a oportunidade de mudar e de fazer um processo de acolhida à Palavra para que esta o transforme.
Não nos resta mais que falar ao bendito Semeador que semeia por onde quer que vá, e em todos, a sua santa Palavra.
Aprofundemos com os nossos pais na fé:
São Josemaria Escrivá de Balaguer (1902-1975), sacerdote, fundador.
“Semear em todo o mundo”
“Eis que o semeador saiu a semear.” A cena é atual. Também agora, o semeador divino lança a sua semente. A obra da salvação continua a cumprir-se e o Senhor quer servir-se de nós: deseja que nós, os cristãos, abramos ao seu amor todos os caminhos da terra; convida-nos a propagar a mensagem divina, com a doutrina e com o exemplo, até aos confins do mundo. Pede-nos que cada um de nós, cidadão da sociedade eclesial e da sociedade civil, seja outro Cristo, santificando o seu trabalho profissional e as suas obrigações de estado. Se olharmos à nossa volta, para este mundo que amamos porque foi feito por Deus, veremos que a parábola se realiza: a palavra de Jesus é fecunda, suscita em muitas almas desejos de entrega e fidelidade. A vida e o comportamento dos que servem a Deus mudaram a história, e mesmo muitos que não conhecem o Senhor regem-se, talvez sem disso se aperceberem, por ideais nascidos do cristianismo. Vemos também que parte da semente cai em terra estéril, ou entre espinhos e abrolhos: há corações que se fecham à luz da fé. Os ideais de paz, de reconciliação, embora aceites e proclamados, são, não poucas vezes, desmentidos pelos fatos. Alguns se empenham inutilmente em afogar a voz de Deus, impedindo a sua difusão por meio da força bruta, ou com outra arma, menos ruidosa, mas talvez mais cruel, porque insensibiliza o espírito: a indiferença.
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
- Como definiria a atitude do semeador?
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- Em minha família, a semente da Palavra que processo concretamente tem gerado?
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Que tem favorecido ou que tem impedido sua ação?
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- Que trabalho me sugere este texto de hoje?
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QUINTA-FEIRA
Marcos 4,21-25
NÃO OCULTAR A LUZ
“Acaso se acende a lâmpada para pô-la debaixo do alqueire ou debaixo do leito?”
É significativo situar a passagem de hoje depois da parábola do semeador, na qual Jesus nos fala do fruto que devemos dar ao escutar a Palavra e pô-la em prática.
Tanto o Evangelho do semeador como o de hoje nos fala de escutar e de ver.
- Escutar: a Palavra.
Mais que escutar, trata-se de saber escutar.
- Ver: Por uma parte a semente que dá fruto. O caminho, os espinhos etc.
Por outra parte ver a luz que se coloca em um lugar estratégico.
Vejamos um pouco o Evangelho de hoje.
Jesus começa lançando uma pergunta aparentemente obvia: “Acaso se acende a lâmpada para pô-la debaixo do alqueire ou debaixo do leito?”
A luz deve ser posta no alto, onde todos a vejam e onde tudo fique iluminado. Jesus se refere à sua mensagem que não pode ficar oculta, não tanto porque nós a ocultemos, mas porque a força de vida da Palavra se manifesta por si mesma. Nada do que Jesus tenha dito ou feito ficará oculto.
Porém, para isto não é suficiente ter ouvidos ainda que pareça redundância. É necessário ter “ouvidos para ouvir”, quer dizer querer ouvir. Porque, alguém, muitas vezes, pode fazer-se como quem não ouve. É necessário estarmos abertos, para que a Palavra faça um processo em nós. Porém, deve ser a Palavra.
É por isto que, em seguida, Jesus disse: “Cuidado com o que ouvis” (v.24). Há muitas coisas, muitas palavras para escutar. De muitas partes nos chegam mensagens, propostas, ideias. A nós, nos toca selecionar aquilo que mais nos ajude a fazer que a vida e obra de Jesus produza muito fruto.
O versículo 24 “Com a medida com que meçais, se vos medirá” insiste na necessidade de abrir-nos plenamente à ação de Deus para que Ele possa agir plenamente.
O texto conclui com uma afirmação que é consequência das anteriores: “Porque ao que tem lhe será dado e ao que não tem mesmo o que tem lhe será tirado” (v.25). Em outras palavras, se te abres à ação de Deus terás cada vez mais. Se te fechas e tinhas algo, esse algo se acabará, morrerá.
Aprofundemos com os nossos pais na fé:
São Máximo, o Confessor (c. 580-662), monge e teólogo.
A vela no castiçal
A vela no castiçal, de que fala as Escrituras, é nosso Senhor Jesus Cristo, Luz verdadeira do Pai que ilumina todos os homens que vêm ao mundo (Jo 1,9).
Quanto ao castiçal, é a santa Igreja. É na sua proclamação que está a Palavra luminosa de Deus, que ilumina os homens do mundo inteiro como habitantes da sua casa, e que preenche todos os espíritos com o conhecimento de Deus […].
A Palavra não quer permanecer escondida; deseja ser posta em evidência, bem no topo da Igreja. Dissimulada sob a letra da Lei, escondida, a Palavra teria privado todos da luz eterna.
Não teria possibilitado a contemplação espiritual aos que procuram libertar-se da sedução dos sentidos, capazes de ilusão e prontos a perceber apenas coisas materiais e passageiras.
Mas posta no castiçal que é a Igreja, isto é, fundada sobre o culto em espírito e em verdade (Jo 4,24), ela ilumina todos os homens […]
Pois a letra, se não for compreendida pelo espírito, tem apenas um valor material e limitado; só por si não permite à inteligência captar o alcance do que está escrito […].
Não escondamos, pois por pensamentos ou ações, a vela acesa, isto é, a Palavra de Deus que ilumina a inteligência. Não sejamos culpados por dissimular sob a letra a força incompreensível da Sabedoria divina.
Em vez disso, coloquemos a Palavra no castiçal que é a Igreja, no topo da verdadeira contemplação que faz luzir, para todos à luz da revelação divina.
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração.
- Segundo o texto de hoje, de que maneira devemos receber a Boa Nova que Jesus nos traz?
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- Tenho meus ouvidos abertos para escutar a Palavra de Deus?
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- Como constato?
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- Em nossa família ou comunidade como podemos ajudar para que a Palavra não caia em vão?
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SEXTA-FEIRA
Marcos 4,26-34
CRECER DESDE DENTRO
“O grão brota e cresce sem que ele saiba como”
O Evangelho de hoje nos apresenta duas belíssimas parábolas relacionadas com a vida que cresce a partir de dentro e, como disse uma delas, sem que, nem sequer, nos demos conta.
A primeira nos apresenta um semeador que lança a semente na terra. O tempo transcorre em seu ritmo e mesmo que o semeador descanse ou trabalhe (noite e dia) a semente brota e cresce sem que ele saiba como.
É essa confiada certeza que a semente em boas condições irá irromper e crescer, sem que, para isto, o homem seja necessário. A semente que cresce é o Reino, é essa Palavra da qual já nos havia falado Isaías, que não volta a Deus sem que tenha dado seu fruto. (55,10-11).
O texto nos recorda que toda Palavra semeada não dá fruto automaticamente, mas realiza um processo lento: “Primeiro erva, logo espiga, depois trigo abundante na espiga” (v.28).
Se não há processo não se pode garantir uma mudança. Só quando são dados uns passos concretos, como nos diz a parábola, só assim se poderá estar pronto para a ceifa, pois o fruto será abundante e de boa qualidade.
A segunda parábola também nos fala de semente e de crescimento. Desta vez o Senhor nos quer fazer notar a desproporção entre a diminuta semente e a grandiosidade da árvore que chegará a ser. Trata-se da força geradora da vida que possui a Palavra.
O resultado da semeadura de uma semente tão pequena é uma gigantesca árvore, na qual se faz ninho para as aves. Toda Palavra de Deus que germina em nós nos faz “habitáveis”, primeiro por Deus mesmo e logo por nossos semelhantes, assim como as aves do céu que fixam sua morada na árvore.
Na primeira parábola o resultado é uma colheita abundante, quer dizer, trigo, que serve para alimentar a muitos, para satisfazer uma necessidade básica.
Na segunda, a grande árvore oferece abrigo às aves, se faz casa, satisfaz outra necessidade básica. Duas grandes lições para todo seguidor de Jesus: fazer-se pão partilhado e casa de portas abertas para os demais.
Aprofundemos com os nossos pais na fé:
São Gregório de Nissa (cerca 335-395), monge e bispo.
“Primeiro a erva, depois a espiga, por fim o trigo enchendo a espiga”
A vida presente é um caminho que leva ao limite da nossa esperança, tal como se vê sobre os rebentos o fruto que começa a sair da flor, e que, graças a ela, chega à existência de fruto, mesmo se a flor não é o fruto.
De igual modo, a seara que nasce das sementes não aparece imediatamente com a espiga, mas é a erva que desponta primeiro; em seguida, uma vez morta a erva, surge à haste de trigo e assim o fruto maduro no alto da espiga…
O nosso Criador não nos destinou à vida embrionária; o objetivo da natureza não é a vida dos recém-nascidos.
Ela também não visa às épocas sucessivas que ela renova com o tempo pelo processo de crescimento que muda a sua forma, nem a desagregação do corpo que sobrevêm à morte.
Todos esses estados são etapas no caminho por onde avançamos.
O propósito e o fim da caminhada, através de todas estas etapas, é a semelhança com o Divino…; o fim esperado da vida é a beatitude.
Mas hoje, tudo o que diz respeito ao corpo – a morte, a velhice, a juventude, a infância e a formação do embrião – todos esses estados, como tantas ervas, hastes e espigas, formam um caminho, uma sucessão e um potencial permitindo a maturidade esperada.
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração.
- Em que sentido Jesus compara o Reino dos Céus com a semente?
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- Que frutos tem produzido em mim a semente da Palavra de Deus que o Senhor semeia em mim?
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- Como família ou comunidade, que estamos fazendo e que podemos fazer para transformar-nos em alimento e casa para os demais? (familiares, vizinhos, amigos, etc.)
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SÁBADO
Marcos 4,35-41
TRANSMITIR PAZ
“O vento se acalmou e sobreveio uma grande bonança”
O texto do Evangelho que nos apresenta a liturgia de hoje é de uma beleza que fascina. Fez-se tarde e o sol se oculta no horizonte. Havia sido uma jornada dura e longa. Muitas curas, uma pregação intensa.
Jesus, então, disse a seus discípulos e aos que estavam com Ele: ”Passemos à outra margem” (v. 35), como quem diz, mudemos o ângulo de visão das coisas.
Antes de ir se despede da multidão que o havia escutado e sido objeto de muitas curas. Sobem à barca e começam a ação.
No mar da Galileia são muito frequentes os maus tempos e tempestades e essa tarde lhes esperava uma nada suave.
A barca era agitada fortemente pelo vento e as ondas a golpeavam por todos os lados. Imaginemos os apóstolos fazendo de tudo para manter o equilíbrio da barca. Subindo e descendo as velas, tirando a água, etc.
A jornada para Jesus havia sido extenuante e agora dormia apoiado em um cabeçal. Esta atitude de Jesus ante tão terrível tempestade desconcerta os discípulos que iam na barca.
Eles o despertam e sabendo, porque já haviam experimentado, o profundo amor que Jesus lhes tinha, dizem-lhe: “Mestre, não te importa que pereçamos?” (v.38).
Esta é uma frase muito bela, pois encerra em si toda a profunda experiência que os discípulos fizeram de Jesus, e o que eles mesmos sentem sobre o que são para Ele: muito queridos. É como dizer-lhe: “Mestre, tu que nos queres tanto, vais nos deixar morrer agora?”
Jesus dormia em paz e nessa mesma paz enfrentou a violência do mar e este se acalmou. A profunda admiração refletia-se na cara de cada um dos que estavam com Ele.
De um momento a outro, com uma só palavra dele, o mar embravecido serenou e “sobreveio uma grande bonança” (v.39).
Jesus, então, os olha profundamente e, com um sabor de tristeza, lhes pergunta: “Por que estais com tanto medo? Como não tens fé? (v.40). Como quem diz: “Se eu vou com vocês, por que temem? Por acaso, não se dão conta que basta que eu esteja (dormindo ou acordado), para que não lhes aconteça nada?”.
Desta vez não disse que eles se “admiraram”, mas que “temeram” e se perguntavam sobre aquele a quem não compreendiam ainda.
Aprofundemos com os nossos pais na fé
- Siluane (1886-1938), monge ortodoxo Sophrony
“Porquê ter medo?”
No dia 14 de Setembro houve no Monte Athos um violento tremor de terra.
Produziu-se durante a noite, durante a vigília da festa da Exaltação da Santa Cruz.
Eu estava no coro, junto do Prior, e este último estava mesmo ao lado do sítio onde tinha o hábito de confessar. Um tijolo soltou-se do teto e caiu naquele lugar, assim como muito estuque. A princípio assusteime um pouco mas rapidamente me acalmei e disse ao Prior: “Eis que o Senhor misericordioso quer que nos arrependamos”.
Olhamos para os outros monges, na igreja e no coro: poucos tiveram medo; cerca de seis homens sairam da igreja, os outros ficaram nos seus lugares e a vigília continuou de acordo com a ordem habitual e com tanta tranquilidade como se nada tivesse se passado. E eu pensei: “Como é abundante nestes monges a graça do Espírito Santo!”.
Com efeito, enquanto ocorria um tremor de terra tão violento que todo o imenso edifício do mosteiro tremia, a cal caía, os lustres, as lâmpadas de azeite e os candelabros balançavam, que os sinos começaram a tocar no campanário, que até o sino grande bateu com a violência do abalo, eles, pelo contrário, permaneceram tranquilos.
E eu pensei: “A alma que conheceu o Senhor não teme nada, exceto o pecado, e sobretudo o pecado do orgulho. Ela sabe que o Senhor nos ama e, se Ele nos ama,
que temos nós a temer?”
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
- Que Jesus reprova aos discípulos na barca?
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- Qual nossa atitude quando nos encontramos em situação difícil e parece que Deus não nos escuta?
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- Jesus ao acalmar a tempestade transmite ao mar sua paz. Como transmito paz a quem vive comigo?
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Autor: Padre Fidel Oñoro, CJM