ESTUDO BÍBLICO NA 17ª SEMANA COMUM ANO C 2022
ESSTUDO BÍBLICO NA 17ª SEMANA COMUM ANO C 2022
Comunidade Paz e Bem.
SEGUNDA-FEIRA – São Tiago Maior, Apóstolo, Festa
Mateus 20,20-28
ASPIRAR AO VERDADEIRAMENTE GRANDE
“Quem entre vocês quiser chegar a ser grande faça-se o servo de todos”
Hoje celebramos a festa do apóstolo São Tiago o maior, irmão de João e que viveu junto a Jesus a experiência de alguns momentos significativos como a cura da filha de Jairo, a transfiguração, a oração no horto.
No texto de hoje, a primeira que aparece na cena é uma mulher, precisamente a mãe dos dois. Ela se aproxima de Jesus e se prostra. Ela reconhece em Jesus alguém ante o qual a melhor atitude é prostrar-se e adorar. O texto não nos disse que ela tenha pronunciado palavra alguma. Jesus, que conhece o profundo do coração, capta neste gesto o desejo da mãe de pedir-lhe algo, e sem mais lhe lança uma pergunta: “Que desejas?”.
Façamos uma pequena reflexão: É a primeira vez que aparece esta Mãe. Seguramente, tudo o que sabia e havia ouvido acerca de Jesus, haviam contado os filhos quem seguiam o mestre desde o momento em que Ele os chamou. É belo ver como, neste caso, são os filhos os que transmitem a experiência de Jesus a seus pais, neste caso a sua mãe.
À pergunta de Jesus: “Que desejas?”, sentindo forte o amor por seus filhos, querendo o melhor para eles e, ainda, captando todo o significado salvífico da figura de Jesus, disse; “Manda que estes dois filhos meus sentem-se, um a tua direita e o outro a tua esquerda, em teu reino” (21).
Nesta petição vemos alguns elementos interessantes: Manda, Reino, Sentar-se à direita e à esquerda.
- “Manda” : Esta mulher reconhece a autoridade que tem Jesus, que pode ‘mandar’. É como se dissera: “Tu que podes tudo, dá essa ordem.
- “Reino”: Qual? Que estes meus filhos se sentem em teu reino”. Ou seja: Creio em tudo que meus filhos me disseram de Ti e te peço: faças participarem de teus planos e projetos, de futuro.
- “Sentar-se”: A palavra sentar-se indica igualdade, intimidade, confiança. Esta Mãe aponta alto. Não simplesmente que ‘se sentem contigo’, isso já seria bastante, senão que se sentem a tua direita e a tua esquerda. Os lugares de honra. O favor há que pedir bem.
Jesus pensava diferente e por isso diz não só à mulher, mas aos três: “Não sabem o que pedem” (22) Isto não é tão simples, pois não se trata de um ‘prêmio’ à boa conduta, há que ir mais longe: “São capazes de sofrer o que eu vou sofrer?” (22).
Quase arrebatando a palavra a Jesus exclamam com segurança; “Podemos”. Jesus reconhece que pelo amor que lhe tem, eles o farão, beberão seu cálice, porém isso de “sentar-se a minha direita, a minha esquerda não corresponde a mim dá-lo, mas que se dará àqueles, para quem meu Pai preparou”. Aqui parece que termina a insistência.
Os outros dez estavam escutando atentamente este original diálogo. O texto disse que estavam irritados com os dois irmãos. Seria pelo que pediam ou porque não os haviam tido em conta a todos? Jesus então lhes dá uma bela lição.
Não se trata de mandar, mas de servir. Este é o único caminho que nos pode fazer grandes. Isto disse Jesus, simplesmente porque sabe que é assim, porque, como nos disse o versículo 28, o tem experimentado em sua vida fazendo-se uma vez mais Mestre de vida.
Aprofundemos com os nossos pais na fé
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja
“Eis que subimos a Jerusalém”
“É em vão que vos levantais antes da aurora” (Sl 126,2). Que quer isto dizer?… Cristo, nosso Dia, já se ergueu; é bom que nos levantemos após Cristo e não antes. Quem são os que se levantam antes de Cristo?… Os que querem ser exaltados cá em baixo, onde ele foi humilde. Que eles sejam, pois, humildes neste mundo, se querem ser exaltados onde Cristo é exaltado. De fato, Cristo disse daqueles que a ele tinham aderido pela fé, e nós estamos precisamente entre esses: “Pai, aqueles que me deste, quero que, lá onde eu estiver, elesestejam também comigo” (Jo 17,25). Dom magnífico, grande graça, gloriosa promessa… Quereis estar lá onde ele é exaltado? Sede humildes onde ele foi humilde. “O discípulo não está acima do mestre” (Mt 10,24)… Contudo, os filhos de Zebedeu, antes de ter provado a humilhação em conformidade com a Paixão do Senhor, tinham já escolhido seu lugar, um à direita, outro à esquerda. Queriam “levantar-se antes da aurora”; é por isso que caminhavam em vão. O Senhor chamou-os à humildade perguntando-lhes: “Podeis beber o cálice que eu devo beber? Eu vim para ser humilde e vós quereis ser exaltados antes de mim? Segui-me, disse ele, no caminho por onde vou. Porque se quereis ir por um caminho onde eu não vou, é em vão que o fazeis.”
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
- Segundo Jesus qual é a melhor maneira de chegar a ser grandes?
- Que entendo por uma atitude de serviço? Como a vivo?
- Em meu grupo, em minha família ou comunidade me sinto mais inclinado/a a mandar ou a servir?
Em que momentos específicos eu percebo
TERÇA-FEIRA – Santa Ana e São Joaquim.
Mateus 13,16-17
DITOSOS OS OLHOS QUE VÊEM E OS OUVIDOS QUE OUVEM:
“Muitos profetas e justos desejaram ver…, e não viram, ouvir…, e não ouviram.»
Todo o que foi dito nos versículos anteriores explica esta frase final: “Ditosos vossos olhos, porque vêem, e vossos ouvidos, porque ouvem! Pois os asseguro que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, porém não o viram, e ouvir o que vós ouvis, porém não o ouviram” (vv.16-17).
Mas, afinal de contas, ver e ouvir o que? Ver a Deus encarnado, na pessoa de seu Filho, e ouvir a novidade de seus ensinamentos.
A novidade dos ensinamentos das parábolas de Jesus:
O povo fica impressionado com a maneira que Jesus tem de ensinar. “Um novo ensinamento! Dado com autoridade! Diferente da dos escribas!” (Mc 7,28).
Jesus tinha uma capacidade muito grande de encontrar imagens bem simples para comparar as coisas de Deus com as coisas da vida que o seu povo conhecia, e experimentava, em sua luta diária para buscar sobreviver. Isto supõe duas coisas:
- Estar por dentro das coisas da vida da gente;
- Estar por dentro das coisas de Deus, do Reino de Deus.
Em algumas parábolas acontecem coisas que não costumam ocorrer na vida.
Por exemplo, onde se viu:
- Um pastor de 100 ovelhas que abandona as 99 para encontrar a única que se perdeu? (Lc 15,4);
- Um pai que acolhe, com uma festa, o filho que gastou muito mal todos os seus bens, sem dizer-lhe uma palavra de reprovação? (Lc 15,20-24);
- Um samaritano ser melhor que um levita e um sacerdote? (Lc 10,29-37).
A parábola: (a) Induz-nos a pensar sobre o que quer nos dizer; (b) Leva-nos a entrar na história desde a nossa própria experiência de vida; e (c) Faz com que nossa experiência nos leve a descobrir que Deus está presente no cotidiano de nossa vida tão passageira, tão frágil e tão efêmera.
A parábola é uma forma participativa de ensinar, de educar. Não nos dá tudo pronto em um minuto. Não faz saber, leva a descobrir.
A parábola muda o olhar, faz com que a pessoa seja contemplativa, observadora da realidade. Aqui está à novidade do ensinamento das parábolas de Jesus, distinta do ensinamento dos doutores que ensinavam que Deus se manifestava só na observância da Lei.
Para Jesus, o Reino não é fruto de observância. O Reino não é fruto de qualquer outra coisa. O Reino é. O Reino está presente no meio de nós (cf. Lc 17,21). Porém, os ouvintes nem sempre o percebem.
Por isso: “Felizes os vossos olhos porque vêem…”
“Quando tudo está pacificado, a alma volta à sua essência e a todas as suas faculdades; reconhece-se como imagem real d’Aquele de quem saiu. Os olhos que mergulham até esse nível podem, realmente, ser chamados bem-aventurados, pois vêem. Descobre-se, então, a maravilha das maravilhas, o que há de mais puro, de mais seguro…“ (Jean Tauler, Sermão 53)
E mais: «Muitos profetas e justos desejaram ver o que vós estais vendo…»
Aprofundemos com os nossos pais na fé
“Logo nos primeiros tempos da Igreja, antes do parto da Virgem,
houve santos que desejaram a vinda de Cristo na sua encarnação.
E no tempo em que estamos, a partir da Ascensão, a mesma Igreja
conta com outros santos que desejam a manifestação de Cristo para julgar os vivos e os mortos.
Este desejo da Igreja não cessou nem por um momento, desde o início até o fim dos tempos, exceto durante o tempo que o Senhor esteve
neste mundo em companhia dos discípulos.
De modo que, adequadamente, se compreende que é todo o Corpo
de Cristo, gemendo nesta vida, que canta no salmo: «A minha alma suspira pela vossa salvação: espero na vossa palavra» (Sl 118,81).
Sua palavra é a promessa; e a esperança permite esperar, com paciência, o que os crentes ainda não vêem”
(Santo Agostinho).
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração:
Jesus disse: “Eis que a vós foi dado a conhecer os mistérios do Reino dos Céus”.
- Quando leio os Evangelhos, sou como os que não entendem nada ou como
aquele a quem foi dado a conhecer o Reino?
- Qual é a parábola de Jesus com a qual mais me identifico? Por quê?
- Que me pede o Senhor em relação ao Evangelho de hoje?
QUARTA-FEIRA
Mateus 13,44-46
O REINO COMO O MAIOR VALOR DA VIDA DO DISCÍPULO
“Pela alegria que dá, vai, vende tudo o que tem e compra…”
A parábola do tesouro escondido e da pérola preciosa pode situar-se muito bem no contexto do convite de Jesus para deixar tudo e segui-lo.
É uma proposta bastante forte dentro da opção cristã, mas vale a pena, porque, no fundo, o deixar tudo é adquirir um estado de liberdade necessário para o discípulo que deseja trabalhar no seguimento constante de Jesus.
É também um convite para quem optou por Jesus, que seja coerente com a escolha feita, e viva seu desprendimento com alegria, já que tomar o caminho do Senhor traz consigo a aquisição de uma grande riqueza que não é negociável e que, tampouco se desvaloriza.
Ao ter o Senhor como pérola e único tesouro, temos a certeza de que não há nenhuma outra aquisição mais vantajosa e rentável do que a liberdade de Deus no concreto da vida do homem.
Com o Reino dos céus acontece o mesmo que na parábola: uma vez que tenha sido descoberto em todo seu valor, temos que tomar posse, fazê-lo nosso, e nenhum preço é alto demais para sua aquisição.
Peçamos ao Senhor Jesus para que possamos seguir vendo a Ele como o mais precioso tesouro de nossas vidas, e que, ao pensar nessa riqueza que possuímos, não por compra, mas como um dom, ela nos leve a uma ação de graças constante pelo dom maravilhoso de tão alto valor para o benefício de nosso coração.
Acompanha-nos, Jesus, no seguimento meditativo e reflexivo da tua palavra, dom que nos ofereces para o nosso crescimento, dom que nunca terminaremos de apreciar todo o valor que possui.
Que nossa caminhada para Ti se consolide graças às lições que nos deste ao longo deste mês de Julho, e que esta forma misteriosa que tens de alcançar nossas vidas nos transforme interiormente e floresça em alegria. Amém.
Aprofundemos com os nossos pais na fé:
São Tomás de Aquino (1225-1274), teólogo dominicano, doutor da Igreja
“O reino de Deus é semelhante a um tesouro”
É lógico que o fim de todos os nossos desejos, isto é, a vida eterna, venha indicada, no Credo, no termo de tudo o que nos é dado acreditar, com estas palavras: “Na vida eterna. Amém”.
Na vida eterna, dá-se a união do homem com Deus, o louvor perfeito e a saciedade perfeita de todos os nossos desejos, porque cada bemaventurado possuirá, então, ainda mais do que desejava e esperava. Nesta vida, ninguém pode saciar totalmente o seu desejo; jamais coisa alguma criada poderá saciar o desejo do homem. Só Deus sacia, e fá-lo infinitamente.
É por isso que não temos descanso senão em Deus, como diz santo Agostinho: “Fizeste-nos para Ti, e o nosso coração anda inquieto até que não descanse em Ti”.
Visto que, na pátria, os santos possuirão a Deus perfeitamente, é evidente que não só seu desejo será saciado, como também transbordará de glória.
É por isso que o Senhor diz: “Entra na alegria do teu Senhor” (Mt 25,21).
E santo Agostinho diz a este propósito: “Não é toda a alegria a que entrará naqueles que se alegram, mas todos os que se alegram entrarão inteiramente na alegria”. Diz-se no salmo: “Quero contemplar-Te no santuário, para ver o teu poder e a tua glória”(62,3), e noutro: “Ele satisfará os anseios do teu coração” (36,4).
Porque, se desejarmos as delícias, é lá que encontraremos o deleite supremo e perfeito, porque este consistirá no soberano bem que é o próprio Deus “Delícias eternas à vossa direita” (Sl 15,11).
Cultivemos a semente da palavra na profundidade do coração
- Qual é o ensinamento das parábolas do tesouro e da pérola?
- É, verdadeiramente, Jesus, o maior tesouro da minha vida? Que faz Ele a mim?
- Que me pede o Senhor deixar, para que minha vida seja submersa,
completamente, na maravilhosa experiência do Reino?
QUINTA-FEIRA
Mateus 13,47-53
SER DISCÍPULOS DEL REINO
“Parece ao dono de casa que tira de seu tesouro coisas novas e velhas”
O Evangelho de hoje nos apresenta duas pequenas parábolas que nos ilustram muito bem em que consiste o reino dos céus: a rede e o escriba que se fez discípulo do Reino.
A parábola da rede se inicia com um olhar universal. A rede é “lançada no mar e apanha peixes de toda espécie” (47). É como se Jesus quisesse recordar-nos que o Reino dos Céus está aberto a todos.
Não se trata aqui de uma rede seletiva, na qual só entram alguns peixes. Também nos recorda o fato de que a rede a puxam somente quando está cheia. Não se trata aqui de uma rede que tem o tempo certo para ser arrastada para fora: este tempo é o tempo de Deus.
Depois Mateus nos fala de pescadores e de seleção. Eles escolhem e apartam os bons dos maus. Os primeiros põem em cestas e os outros lançam fora.
Isto nos recorda a comparação de Jesus citada em Mateus 25,31-46 falando do juízo final quando coloca as ovelhas a sua direita e os cabritos a sua esquerda. A este ponto é importante recordar que o dom da salvação é oferecido a todos.
Jesus aplica esta parábola da rede àquilo que acontecerá no fim do mundo com os maus, que serão lançados ao fogo. Antes de findar seu discurso, Jesus, como que querendo captar a atenção de seus ouvintes, pergunta: “Entendestes todas estas coisas?” (51), e eles respondem que sim. Ante a resposta afirmativa destes, Jesus acrescenta o último ensinamento que nos aclara muitos aspectos.
Começa com uma afirmação bem interessante. Fala de um “dono de uma casa que tira de seu tesouro coisas novas e velhas” (52). É interessante ver como Jesus, neste ensinamento, já não fala de uma comparação com o Reino, mas com um letrado que se fez discípulo do reino.
Se considerarmos esta expressão, tendo em conta às parábolas anteriores, poderíamos afirmar que discípulo do reino é:
- Quem deixa que a semente da Palavra de Deus dê fruto em sua vida como em um terreno fértil e produza cem, sessenta e trinta por cento;
- Quem, que crescendo junto ao joio, tem se mantido como bom trigo que, ao final, é levado, em feixes, aos celeiros do reino;
- Quem deixa que em seu coração cresça a Palavra de Deus, se tem feito árvore tão frondosa que se torna casa de abrigo para outros;
- Quem, como bom fermento, é capaz de fermentar a massa do povo onde se encontra;
- Quem se desprende, com alegria, de tudo o que tem, para adquirir o verdadeiro tesouro escondido e a maior pérola fina;
- Quem assim opera, será como o pescado bom escolhido e metido na cesta.
Que é que faz de particular quem tem se feito discípulo do reino? O texto nos diz que “se parece ao dono de uma casa que tira de seu tesouro coisas novas e velhas” (52).
É interessante esta afirmação. Não só tira coisas ‘novas’, evitando o que, de algum modo, poderia chamar ‘velho’. É o equilíbrio de quem sabe aproveitar tudo sem aferrar-se às tradições antigas nem às novidades da hora. Sabe que tudo isto pode servir muito bem para fazer-se um ‘discípulo do reino’.
Aprofundemos com os nossos pais na fé
“Na margem se junta o que for bom”
“Governará a terra com justiça e os povos na Sua fidelidade” (Sl 95,13). Que justiça e que fidelidade? Juntará em Seu redor os eleitos (Mc 13,27) e separará os outros, colocando aqueles à Sua direita e estes à Sua esquerda (Mt 25,33). Haverá coisa mais justa, mais fiel que essa? Os que não quiseram exercer misericórdia antes da chegada do juiz não poderão esperar dele misericórdia. Os que exerceram misericórdia serão julgados com misericórdia (Lc 6,37). Porque Ele dirá àqueles, que tiver colocado à Sua direita: “Vinde, benditos de Meu Pai, recebei em herança o reino que vos está preparado desde a criação do mundo”; e lhes atribui obras de misericórdia: “Tive fome e destes-Me de comer; tive sede e destes-Me de beber”, e por aí afora (Mt 25,31ss.). Porque tu és injusto, não deve o juiz ser justo? Porque te acontece mentir, não deve a verdade ser verídica? Se queres ter um juiz misericordioso, sê misericordioso antes que Ele chegue. Perdoa a quem te tiver ofendido; dá dos teus bens, se possuis em abundância. […] Dá o que dele recebes: “Que tens tu, que não tenhas recebido?” (1Cor 4,7). Eis os sacrifícios que são muito agradáveis a Deus: a misericórdia, a humildade, o reconhecimento, a paz, a caridade. Se isso levarmos, esperaremos com segurança o advento do juiz, desse juiz que “governará a terra com justiça, e os povos na Sua fidelidade.” (Santo Agostinho, 354-430)
Cultivemos a semente da palavra na profundidade do coração
- A que se refere Jesus, quando fala de peixes bons e maus? Que faz a cada um deles?
- Segundo meu modo de proceder, onde iria parar eu: na cesta dos peixes bons ou no fogo?
- Quais as tradições ou novidades, que nos aferramos ou desprezamos na família ou comunidade?
SEXTA-FEIRA Santos Marta, Maria e Lázaro,
João 11,19-27
o Papa Francisco promulgou um decreto da Congregação para o Culto Divino com o qual instituiu a celebração dos santos irmãos Marta, Maria e Lázaro no Calendário Romano Geral da Igreja.
Desta forma, a Igreja Católica Universal celebrará todos os anos no dia 29 de julho a memória dos três irmãos de Betânia juntos no mesmo dia.
No decreto assinado pelo prefeito, Cardeal Robert Sarah, e pelo secretário, Dom Arturo Roche, fica estabelecido que “é com esta denominação, que esta memória deverá figurar em todos os Calendários e Livros Litúrgicos para a celebração da Missa e da Liturgia das Horas” e que “as variações e acréscimos a serem adotados nos textos litúrgicos, anexos a este decreto, devem ser deverão ser traduzidos, aprovados e, depois de confirmados por este Dicastério, publicados pela Conferência Episcopal”.
Além disso, recorda que “na casa de Betânia o Senhor Jesus experimentou o espírito de família e a amizade de Marta, de Maria e de Lázaro. Por isso, o Evangelho de São João afirma que Ele os amava”.
“Marta ofereceu-Lhe generosamente hospitalidade, Maria ouviu atentamente as suas palavras e Lázaro saiu de imediato do sepulcro a convite d’Aquele que aniquilou a morte”, descreve o texto.
No entanto, o decreto do Vaticano reconhece que ao longo dos anos houve uma “tradicional incerteza da Igreja latina sobre a identidade de Maria – a Madalena, a quem Cristo apareceu após a sua Ressurreição, a irmã de Marta, a pecadora a quem o Senhor perdoou seus pecados” por isso que somente Santa Marta foi inscrita em 29 de julho no Calendário Romano.
Esta questão foi resolvida “em estudos e tempos recentes, como testemunha o atual Martirológio Romano, que também comemora Maria e Lázaro nesse mesmo dia”, além disso, “em alguns calendários particulares os três irmãos são celebrados juntos nesse dia”.
Portanto, o Papa Francisco “considerando o importante testemunho evangélico dos três irmãos, que ofereceram ao Senhor Jesus a hospitalidade da sua casa, prestando-lhe uma atenção dedicada, e acreditando que Ele é a ressurreição e a vida” e “acolhendo a proposta deste Dicastério, decidiu que no dia 29 de julho seja inscrito no calendário Romano Geral a memória dos Santos Marta, Maria e Lázaro”.
SÁBADO
Mateus 14,1-12
O PREÇO DE SER PROFETA
“Sua cabeça foi trazida em uma bandeja e entregue à moça.”
Ante a pessoa de Jesus sempre se toma alguma posição.
No texto de ontem vimos à reação das pessoas familiarizadas com Jesus desde pequeno, hoje vemos a reação de alguém que nem sequer o havia visto, alguém, por assim dizer, estranho a Jesus: o rei Herodes, rei (com título de Tetrarca) da região onde Jesus está evangelizando.
Com o rei Herodes como protagonista temos hoje o segundo quadro da galeria das experiências de fé.
Porém, de novo temos a negação da fé: um homem que não compreende a identidade de Jesus (disse: “Esse é João Batista, ele ressuscitou…”), que tira conclusões rápidas sobre Jesus (“… por isso atuam nele forças milagrosas”). Para Herodes a pessoa de Jesus é o fantasma de sua vítima.
No texto de hoje podemos ler a partir de três ângulos:
- A evangelização chega ao rei:
O Evangelho não só chega aos ambientes populares, mas ressoa também no palácio do rei (“Inteirou o rei Herodes da fama de Jesus”).Eis a evangelização que toca as estruturas de poder, os centros de decisão. Também aqui, encontramos resistências para que o nome de Jesus seja aceito de maneira que todos se descubram amados, perdoados e salvos. O Evangelho chega ali onde podem incubar-se atitudes de submeter o outro para gerar um homem novo, não mais centrado em si mesmo, mas no serviço (ver Mt 20,25-26).
(2) A falsa idéia que o rei faz de Jesus:
As “forças milagrosas” de Jesus têm sua explicação, segundo Herodes, numa eventual ressurreição de João Batista e não na novidade do Reino, da qual ele havia sido o precursor e o último de seus profetas (ver 11,13). O rei não é capaz de dar um passo adiante no itinerário histórico-salvífico de Jesus. A atitude de Herodes ante Jesus vai muito com o sentir popular que se verá adiante, quando Jesus pergunta que é o que o povo pensa dele (ver Mt 16,13-14).
(3) O pecado do rei:
Quando Herodes ouve falar de Jesus o que vem em sua consciência é a história de seu pecado (“o que aconteceu é que…”,v.3): o assassinato de João, vítima de sua exortação para mudar sua vida de pecado (14,4), de seu medo à impopularidade (14,5) e de sua estupidez como governante (14,7.9). O relato do martírio de João Batista, na realidade, faz um juízo do rei, pondo-se assim de relevo para nós leitores, como é um modo de pensar e atuar incompatível com o Evangelho.
Aprofundemos com os padres e doutores da Igreja:
A morte de João Batista
“Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João Batista”.
E Deus permitiu-o, não lançou o raio do alto dos céus para devorar aquele rosto insolente; não ordenou à terra que se abrisse e engolisse os convivas daquele horroroso banquete.
Deus dava assim a mais bela coroa ao justo e deixava uma magnífica consolação aos que, no futuro, viessem a serem vítimas de semelhantes injustiças.
Escutemo-lo, pois, todos nós que, apesar da nossa vida honesta, temos de suportar os malvados…
O maior dos filhos nascidos de mulher (Lc 7,28) foi levado à morte pelo pedido de uma jovem impudica, de uma mulher perdida; e isso por ter defendido as leis divinas.
Que estas considerações nos façam suportar com coragem os nossos próprios sofrimentos…
Mas repara no tom moderado do evangelista que, na medida do possível, procura circunstâncias atenuantes para este crime.
A propósito de Herodes, ele nota que agiu “por causa do seu juramento e dos convivas” e que “ficou entristecido”; a propósito da jovem, nota que tinha sido “induzida pela mãe”…
Também nós, não odiemos os malvados, não critiquemos as faltas do próximo, escondamo-las tão discretamente quanto possível; acolhamos a caridade na nossa alma.
Pois acerca desta mulher impudica e sanguinária, o evangelista falou com toda a moderação possível… Tu, porém, não hesitas em tratar o teu próximo com malvadeza…
Toda a diferença está na maneira de agir dos santos: ele chora pelos pecadores, em vez de os amaldiçoarem. Façamos como eles; choremos por Herodíades e pelos que a imitam.
Porque vemos hoje muitos banquetes do gênero do de Herodes; não se condena à morte o Precursor, mas destroem-se os membros de Cristo…
(São João Crisóstomo, doutor da Igreja, 345-407)
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
- Que cobertura tem minha ação evangelizadora? Preocupo-me em levar a Palavra até os centros
de decisão que existem hoje?
- Que é que Jesus quer transformar ali? Quem era Jesus para Herodes? Quem é Jesus para mim?
Que me ensina a história do martírio de João Batista?
- Qual é meu pecado que me pode levar a fazer a outros, “vítimas” de meus erros?
Autor: Padre Fidel Oñoro, CJM