Pai Nosso (ESTUDO BÍBLICO+)

Estudo Bíblico no 17º Domingo do Tempo Comum ano 2022

Lucas 11,1-13

IV. A SUBIDA PARA JERUSALEM

UMA ESCOLA DE ORAÇÃO:

O discípulo de Jesus ora de uma maneira distintiva

Todos os bens celestiais

 que desejamos obter

nos são concedidos unicamente

 pela graça do Espírito

(São Beda, o Venerável)

“Senhor, ensina-nos a orar”

Introdução

Continuamos o caminho para Jerusalém. Seguindo a linha dos evangelhos anteriores, hoje nos vemos a terceira característica distintiva de um discípulo de Jesus: a oração frequente. Ser “orante” é um traço da personalidade do discípulo.

Os temas dos domingos anteriores, o da força da misericórdia sem fronteiras (no Bom Samaritano) e o da perfeita gratuidade na acolhida (em Marta e Maria), têm um ponto de sintonia com o tema que abordamos hoje.

Com esta trilogia temática fica desenhado um quadro completo, ainda que não exaustivo, dos exercícios fundamentais do “seguimento” de Jesus, ou seja, do discipulado. É assim como em meio da subida a Jerusalém, Jesus segue oferecendo as lições fundamentais do discipulado.

No caminho de subida para Jerusalém, um legista havia perguntado a Jesus que tinha de “fazer” para alcançar a vida eterna (ver 10,25). Como resposta veio um estupendo ensinamento sobre o amor.

O tema do amor retorna quando, pela solicitude de um dos discípulos (“Senhor, ensina-nos a orar”), Jesus realiza uma extensa, porém, bem ordenada catequese sobre a oração e termina falando sobre os dons que nos dá o amor do Pai, especialmente seu amor vivente em nós, que é o Espírito Santo.

A catequese sobre a oração tem três partes que levam a três elementos chaves da vida de oração:

A oração do discípulo continua a oração de Jesus nele(11,1-4)Deve-se aprender a oração de Jesus
Orar não é fácil. Quando não encontra respostas imediatas, pode levar ao desânimo (11,5-8)Deve-se aprender a perseverar, como faz o amigo “importuno” da parábola
A oração é graça: nela encontramos o rosto generoso de Deus Pai, ao qual basta pedir (11,9-13)Deve-se fazer uma aprendizagem da confiança em Deus-Pai

Do começo ao fim da passagem de hoje, escutamos a voz de Jesus dando todas as pautas, porque Ele é o Mestre da Oração. Tenhamos presente que a oração, ainda que seja a mais espontânea, requer a educação.

Esta educação não está centrada tanto em formas externas ou táticas infalíveis, mas no cultivo de uma tríplice certeza no coração: a consciência de filiação; a certeza de que somos escutados; e que Deus é generoso com respeito aos seus dons aos seus filhos, mas, para isso, é preciso falar-lhe. 

Deixando falar a Jesus como Mestre de Oração, o evangelho de hoje nos inculca que vale a pena orar, porque a oração é eficaz.

1.  O ponto de partida da oração: a oração de Jesus (11,1-4)

1.1. O rosto de Jesus orante (11,1a)

O evangelho inicia devagar, dando um tempo para contemplar, no cenário, a Jesus orante. Apenas com as palavras essenciais se descreve uma oração completa de Jesus (até “quando terminou”). O tempo da oração pessoal de Jesus e do ensinamento aos seus discípulos aparece separado.

O evangelista Lucas nos ensinou que a oração era uma constante da vida de Jesus: a oração no Batismo (3,22), antes de chamar os doze (6,12), antes da confissão de fé de Pedro (9,18), na transfiguração (9,28), depois do regresso dos 72 missionários (10,21-22).

Agora o vemos orando mais uma vez. O ensinamento é claro: o ponto de partida da oração cristã é a propria oração de Jesus. Se nos podemos orar é porque Ele ora e todas as nossas orações estão dentro da sua. Um discípulo sempre ora “em” Jesus: Ele origina, sustenta e impregna nossa oração.

1.2. O novo rosto de uma comunidade orante (11,1b)

Esta é a única vez, dentro do conjunto dos evangelhos, que vemos os discípulos exporem esta pergunta.

Que pedem os discípulos? Pedem uma oração que os distinga das outras comunidades ou outros grupos judeus, as quais, certamente, eram muito piedosas. O exemplo da comunidade de João Batista é claro: ele havia lhes ensinado orações próprias, como deixa entender o pedido que um dos discípulos faz a Jesus.

O que se segue, então, é a aprendizagem de uma oração com selo próprio, com a marca distintiva do Espírito Santo, que fazia palpitar de amor o coração de Jesus por seu Pai de um modo diferente; uma oração que mergulha na revelação do rosto de Deus (“ninguém conhece quem é o Pai senão o Filho”, 10,22b) e direciona cada passo da vida ao seu Projeto.

Por isso a primeira declaração de Jesus no evangelho estava relacionada com o cenário próprio da oração: “Devo estar na casa de meu Pai” (2,49). Então a comunidade que se identifica com Jesus quer, também, identificar-se com sua oração, porque por ela passa o núcleo do evangelho.

1.3. Jesus ensina a dinâmica, respiração e palavras precisas de sua propria oração (11,2-4)

Como resposta ao pedido de seus discípulos, Jesus transmite à comunidade inteira um esquema de oração que contém as palavras significativas que impulsionam a dinâmica interna da relação com o Pai de Jesus.

Cada vez que os discípulos se ponham a orar (“…quando orem”) este ensinamento deve estar impregnando os sentimentos, pensamentos e palavras que pronunciam (“digam…”, 11,2a).

(1) “Pai! (11,2b)

A oração começa com um grito do coração: “Pai!”. De repente como que se desprende de dentro do coração um manancial do qual brota toda a oração. Eis aqui seu primeiro impulso! “Pai”, foi a primeira palavra que Jesus pronunciou neste evangelho de Lucas, quando estava no Templo de Jerusalém, para referir-se a Deus: “Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?” 2,49).

Com a palavra “Pai” começava Jesus habitualmente suas orações: “Eu te bendigo, Pai” (10,21), “Pai, perdoai-lhes…” (23,42), “Pai, em tuas mãos ponho meu espírito” (23,46). Esta última expressão de Jesus em sua vida terrena é impactante. Toda a vida de Jesus estava sob o olhar do Pai.

Lucas pronuncia a forma grega do correspondente arameu ’Abbâ (diminutivo de ’Ab, que significa “pai”).         Esta expressão era usada como apelativo afetuoso e reverente das crianças ou hebreus adultos com seu progenitor. O uso deste termo implica não só carinho, mas também respeito e disponibilidade para a obediência. Com esta palavra, captamos a intensidade da devoção de Jesus avivada pela relação única que mantinha com o Deus de Israel. Esta sabe a intimidade filial, a absoluta confiança.

Esta consciência de ser “Filho predileto” o acompanhou, se fez sentir desde a primeira (2,42) até a última palavra de Jesus (23,46). Esta consciência o sustentou no momento doloroso, quando orava suando sangue (22,42), até a última tentação (4,3.9; 23,35). Publicamente ele nunca o negou (23,70).

Quando o discípulo diz junto com Jesus “Pai!” revive a emoção de Jesus e, visto que dirigir-se a Deus como Pai implica o reconhecer-se como filho seu, também, desta forma, dá estrutura a sua consciência pessoal de filiação.

Entre este momento inicial e o ponto final da catequese, quando receba sua mão estendida entregando o maior de seus dons (11,13), no termo “Pai” está contido todo o ensinamento sobre a oração.

A força emotiva da invocação “Pai!”, assegura, aos discípulos, que o amor de Deus se preocupa por eles, inculca a certeza que se pode pedir com assistência o necessário, com a segurança de ser escutados. Por isso vem em seguida a lista dos pedidos.

(2) Antes de tudo, Deus!: Fazer do mundo um cântico da glória de Deus (11,2cd)

O manancial se impulsiona para o alto. O primeiro que é realmente necessário é a realização do projeto de Deus na escala cósmica. Para isso se pronunciam duas frases paralelas. Diante do Pai se suplica que se cumpram dois desejos de seu coração:

Primeiro: que “Teu nome seja Santificado” (11,2c).

A formulação está em passivo. O autor da santificação não se nomeia, se sugere: Deus mesmo. Só Deus pode manifestar-se a nós tal como é, na potencia de sua santidade, porém, também com a bondade e a misericórdia de sua santidade.

Esta é uma maneira de pedir ao Pai que atue para que a honra de seu Nome divino, enxovalhado pela ignorância e o pecado do homem, seja limpo mediante a páscoa purificadora e a atração de todos os corações para o seu (ver Is 8,13; 29,23; Ez 36,23-28). Graças a esta ação pela qual Deus estabelece sua gloria no mundo, todos os homens da terra o respeitarão e o exaltarão. Formular esta primeira petição é comprometer-se a reconhecer a autoridade de Deus sobre nós.

Segundo: que “Venha teu Reino” (11,2d).

Esta segunda petição está relacionada com a primeira. É outra forma de reconhecer a autoridade de Deus sobre nós. As bênçãos de Deus irrigam o mundo quando Ele é reconhecido como Rei e cada homem se submete a seu Senhorio de vida.

A vinda deste Reino-Senhorio de Deus é o conteúdo da missão de Jesus (ver 4,43) e se descobre em cada página do Evangelho. O evangelista Lucas não nos apresenta a terceira petição que encontramos em Mateus “faça-se tua vontade” (6,10). Tampouco faz falta que se diga aqui, porque a realização da vontade do Pai é, desde o “fiat” de Maria, tema transversal em todo o evangelho (ver 2,42).

(3) Do coração de Deus provem a resposta às necessidades pessoais dos discípulos

A fonte da oração agora se deixa cair descendentemente: o amor de Deus se faz presente nas necessidades pessoais dos orantes.

Primeiro: se pede o pão ou o alimento em geral (11,3). Esta petição não inclui somente a necessidade do alimento que satisfaz imediatamente, mas aponta para algo mais duradouro. O Deus Pai de Jesus assiste, também, como bom papai, a todos os discípulos que se comprometem em seu seguimento. Por sua parte, o discípulo sabe que Deus, como bom Pai, o vai sustentar, dia a dia, porque seu afã pelo homem não tem repouso e ele sabe entrar nos entremeios da vida. Deus Pai alimenta o corpo, porém, também o espírito e, com este pão, nos prepara para a comunhão final.

Segundo: pede o perdão dos pecados: “Perdoai-nos nossos pecados como também perdoamos a todo o que nos deve” (11,4ª). Na antigüidade, com certa freqüência, os devedores terminavam como escravos de seus credores. O perdão do Pai satisfaz tanto ao pecador como ao afetado, ao devedor como ao credor. A diferença da versão desta oração em Mateus, da frase grega, permite ler que o perdão do irmão não é a condição, mas a consequencia do Perdão que Deus dá primeiro.

O perdão que Deus nos dá não é uma recompensa por termos perdoado, mas um dom gratuito. Deve-se pedir perdão para poder ser capaz de perdoar. O perdão que recebemos tem que ver que o que devemos fazer em seguida, assim como, também, com o perdão que acabamos de pedir: mostra que nossa petição é sincera e que estamos dispostos a acolher o perdão de Deus.

Finalmente: A tentação não é um mal em si, é uma “prova” que pode nos levar a sair vencedores e mais maduros, assim como saiu Jesus do deserto. Esta terceira petição suplica, então, que à hora das seduções do mal e das tribulações do mundo, por causa da opção cristã, ou seja, a tentação, o discípulo possa sair vitorioso dela, em lugar de sucumbir.  Não faltarão as provas, como diz Eclo 2,1-2: “Filho, se te ofereces para servir ao Senhor, prepara tua alma para a prova”, porém, tampouco faltará a mão segura do Pai, com seu poder libertador de todo mal, que é Jesus.

2.  Comovedora parábola para incentivar a perseverar na oração (11,5-8)

Como se deve orar, já sabemos. O problema, agora, é atrever-nos a fazê-la e, além do mais, com constância, com perseverança. Para motivar a oração, sem desistir com facilidade, sobretudo quando não se vê respostas imediatas, Jesus conta uma parábola, carregada de certo humor, que ilustra bem os motivos que tem uma pessoa para socorrer seu amigo que está em apuro.

O protagonista é um amigo desses que hoje chamamos “intensivos”, que graças a sua insistência consegue o que necessita. A primeira frase, “Quem dentre vós…”, deixa ver de que forma Jesus inculca o ensino: no exemplo que vai colocar implícita uma pergunta que deve responder quando termine de contar a historia. É como quando alguém diz: “Imaginas que te passará isto e isto…”.

Ante tudo, a nova lição sobre a oração se realiza na atmosfera da amizade. A propósito de amigos que servem de intermediários para pedir favores, Lc 7,6.

A situação descrita na breve parábola é a de uma pessoa que se encontra a meia noite batendo a porta na casa de seu amigo para pedir-lhe um favor (um empréstimo). Significa que um inesperado visitante o tomou de surpresa à meia noite, pois, às vezes, se preferiam as viagens noturnas para evitar a insolação do dia, e o encontrou sem nenhuma provisão para atendê-lo bem (recordemos as ações de Marta com Jesus viajante).

É verdade que muitas destas eventualidades não se podem prever; não é sua culpa. Que se esperava então que faça o amigo? (Recordemos a lição do samaritano em 10,36-37).

A historia tem como agravantes:

  1. a hora: é meia noite (11,5); em consequencia, não há padaria aberta nesta hora da noite (se fosse uma cidade),
  2. é impertinente fazer levantar ao amigo porque não é fácil abrir (11,7a; nesta época as portas eram de ferro ou de madeira pesada),
  3. é inconveniente pôr-se ele mesmo a fazer um pão caseiro estando o visitante já na casa a essa hora.
  4. O pior é que o favor de emprestar três pães (generosa ração para uma só pessoa) parece inviável porque a família já está dormindo e
  5. esta parece ser uma casa camponesa palestina de um só quarto, que quando chega a noite toda ela é dormitório (11,7b).

A resposta, portanto é clara: “Não posso levantar-me a dá-los a ti” (11,7c). Porém, é verdade que, se é impensável que o primeiro personagem não ofereça uma boa hospitalidade ao viajante (como Marta e Maria), também parece improvável que aquele, de quem se requer um serviço, não o faça acima de tudo (como o bom samaritano).  Isto não cabe na cabeça de um oriental.

Daqui tira Jesus a conclusão, na qual ele mesmo responde a pergunta. Não há duvida, o dono da casa está incomodado, porém, a responsabilidade vai prevalecer acima da relação de amizade (11,8a).

A “importunação” (11,8b) da qual aqui se fala, não é o descaramento do que toca a porta, mas a “vergonha” que sente o amigo de não ser hospitaleiro: será reconhecido como um mal próximo. Este ao final se mostra excessivamente generoso: “dar-lhe-á quanto necessite” (11,8c).

Então, se somos capazes de fazer isto pelo próximo, que não fará Deus, para quem “dará tudo o que necessite” esteja elevado à enésima potencia? (antecipemos a leitura do v.13, que também é conclusão final desta parábola).

3.  Três imperativos para orar com vontade (11,9-13)

A motivação para orar se incrementa com o último ensino de Jesus. Ele entra agora no mistério da oração de petição (o verbo “pedir” abre e fecha toda esta seção). A idéia central da oração deve estar acompanhada da confiança pois Deus não nega resposta (11,9-10).

Esta idéia se reforça com um argumento contundente: o costume dos pais terrenos de rodear de presentes os seus filhos, o qual, tem seu equivalente (mutatis mutandis) em escala mais alta no exercício da paternidade divina (11,11-13).

3.1. O mistério da oração de petição: pedir, buscar e tocar a porta (11,9-10)

Ao mesmo tempo que Jesus convida a orar (nota-se a força dos imperativos que vêm em cascata), vai descrevendo a natureza maravilhosa do mundo da oração.

“Pedi!

Não é fácil estender a mão para pedir ajuda. Porém, quem aqui o faz não é um indigente, mas um filho que sabe que necessita de seu Pai;

“Buscai!

Buscar o que? Pois a Deus, como ensina a espiritualidade bíblica: “Desde ali buscarás a Yahweh teu Deus; o encontrará se lhe buscas com todo teu coração e com toda tua alma” (Dt 4,29). Em Jeremias 29,13 encontramos uma frase que parece inspirar a de Jesus: “Buscar-me-eis e me encontrareis quando me soliciteis de todo coração; deixar-me-ei encontrar por vós”. Assim também foi o caminho oracional do povo de Deus no deserto (ver Êx 33,7; e ver particularmente o que acontece a Moisés). Para ver o rosto de Deus deve-se orar: “Teu rosto busco, Senhor, não me ocultes teu rosto” (Sl 27,8). É assim que a oração dá entrada à comunhão com Deus e como somos admitidos na festa celestial;

“Batei!

(A porta). Uma imagem suficientemente ilustrada na parábola do amigo inoportuno. Ainda que aqui a idéia seja que a oração nos introduz na casa do amigo. A finalidade última da oração, que pode estar inicialmente motivada por uma necessidade, é abrir o espaço para receber o bem maior que é a comunhão com Deus: ser admitido na festa celestial. Portanto, orar sempre é oportuno e benéfico. É necessário. Não se receberá, se não se pede. Deve-se pedir “pois todo o que pede, recebe; o que busca, acha; e ao que bate se lhe abrirá” (10,11).

  •  O rosto feliz de um generoso Papai (11,11-13)

O paralelo entre os pais terrenos e o Pai do céu nos permite apreciar a qualidade dos dons que se recebem na oração. Antes de tudo não nos encontramos com um pai mesquinho, nem com um pai que não leva a serio sua responsabilidade.

Pelo contrario, assim como é impensável, ainda no pior dos casos, que um pai se atreva a dar coisas perigosas ou enganosas a seus pequenos (como quem dá “uma serpente em lugar de um peixe” ou “um escorpião em lugar de um ovo”; ver 11,11), mas que se preocupará por satisfazer suas necessidades e desejos, para vê-lo vigoroso e feliz, igualmente é impensável que Deus fique de braços cruzados ante nossas petições ou nos faça o mínimo dano com tudo o que provem de sua mão.

Há um “quanto mais!”, referido a Deus Pai, que nos infunde uma enorme confiança. Se, é verdade que nenhum pai humano dá coisas más a seus filhos, por força se deduz que Deus não pode dar coisas que não sejam excelentes para seus filhos, porque é ele – e só ele – quem merece plenamente o título de “Pai”, como Jesus deixou entender no inicio desta catequese discipular.

Ainda há mais: o “Pai do céu” dá o que é próprio do céu: “o Espírito Santo” (11,13). O mais perfeito que Deus nos dá ultrapassa nossas preces: o dom do Espírito Santo.

Portanto, a oração não deve ter os limites de nossa mesquinhez humana que só tem aspirações terrenas; nossa oração deve ser tal que nos faça grito incessante do dom maior, que é Deus mesmo, que nos inunda de si mesmo e faz radiante nossa vida, como vemos no dia do grande dom em Pentecostes (At 2,1-11).

É “Ele” o que mais necessitamos e ele se derrama em nós no dom do Espírito Santo. Porém, será que os filhos têem consciência da excelência deste dom?

Enfim… Oxalá retomemos uma e outra vez o evangelho que hoje lemos junto com toda a Igreja, até que se faça uma só coisa conosco. Eduquemos também aos filhos, à família inteira, a todas as comunidades – assim como Jesus o fez- no maravilhoso mundo da oração. Atrevamo-nos a cultivar uma vida de oração e perseveremos nela, porque quando se ora, todo o evangelho flui pelo coração e se repete a unção do Espírito de Pentecostes.

  • Releiamos uma frase do Evangelho com um Padre da Igreja

O Senhor, com amorosa promessa nos assegura “Vosso Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que o peçam”.

Mostra assim como se poderão fazer bons aqueles que por natureza são maus, acolhendo a graça do Espírito Santo. Ele promete que o Pai dará o Espírito bom àqueles que o peçam, porque a fé, a esperança e a caridade, assim como todos os outros bens celestiais que desejamos obter, nos são concedidos unicamente pela graça do Espírito Santo. Queridos irmãos: deixando-nos guiar por suas inspirações, segundo nossa capacidade, peçamos

a Deus Pai que nos conduza em virtude de seu Espírito, pelo caminho da reta fé, que opera mediante o amor.

E, para poder conseguir os bens desejados, esforçemo-nos por viver de uma maneira que não seja indigna de um Pai assim. Pelo contrario, guardemos sempre intacto, com corpo limpo e mente pura, o ministério da regeneração pelo qual, no Batismo, nos tornamos filhos de Deus.

(Beda el Venerable, Homilía 14)

5.  Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

  1. Em que consiste essa maneira diferente com a qual deve orar um discípulo de Jesus?
  2. Quando oro geralmente me limito a fazer ante uma necessidade ou é costume, em mim, orar sempre?

     Se peço algo ao Senhor na oração e não recibo uma resposta imediata, minha reação imediata é:

     perder a fé, insistir, desistir?

  • Como é minha relação com o Pai, ao qual Jesus me ensina a dirigir-me?
  • A oração do Pai-nosso é a mais bela oração que temos. Com que frequencia a pronunciamos?

     Oramos só quando necessitamos de coisas materiais ou sabemos pedir o dom maior que é o amor

     de Deus derramado em nós no Espírito Santo?

  • De que forma minha oração tem como consequencia lógica o perdão e a atenção generosa às

     necessidades dos demais?

AUTOR: Pe. Fidel Oñoro, cjm

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