ENQUANTO FAÇO O CAFÉ: Martírio de São João Batista

Marcos 6,17-29 Martírio de São João Batista, Memória

TESTEMUNHO DA VERDADE

“Herodes via que João era um homem justo e santo”

Hoje recordamos o martírio de João Batista, um homem que não teve medo da verdade e morreu por ela.

Se observamos bem este texto, tomado desde o versículo 14, se nos apresenta bem no meio de um duplo movimento dos apóstolos:

  • Antes: o envio (vv.7-13)
  • Depois: o regresso (vv.30ss)

Jesus acaba de dar aos apóstolos as indicações acerca do que devem fazer para que a  evangelização que os confia seja eficaz. No ambiente se percebe o entusiasmo com o qual eles saem a realizar sua missão; entusiasmo que será mais intenso no momento do regresso.

Penso que não é casual que esta passagem esteja entre estes dois movimentos; é como se quisessem nos dizer que a melhor evangelização leva em si o testemunho de uma vida límpida, capaz de entregar-se pela verdade.

Toda a atividade anterior de Jesus (curas, pregação, ressurreição de uma menina, etc.) haviam feito que sua fama se fortalecesse e seu conhecimento na região se estendesse. Contudo, este conhecimento nem sempre coincidia com sua verdadeira identidade. Para alguns era Elias ou algum outro profeta.

Para outros, incluindo o próprio Herodes, Jesus era o próprio João Batista, a quem ele havia mandado decapitar, pois ainda que reconhecesse que era um “homem santo e justo”(v.20), não pode evitar a maldade de Herodíades, a esposa de seu irmão, com quem convivia ilicitamente; situação que havia sido denunciada e reprovada por João.

No relato se destacam, além de João, outros três personagens nos quais é bom deter-nos:

(1) Herodes: um rei débil, sobre quem pôde mais a influência negativa de Herodíades, para encarcerar e dar morte a João, que seu “convencimento” pessoal de que João era “um homem santo e Justo”(v.20). E como se fosse pouco, o texto agrega que Herodes “o protegia e ainda que ao ouví-lo se inquietasse, o escutava de boa vontade” (v,20).

(2) Herodíades; a mulher para quem seu único recurso contra João, que continuamente reprovava sua conduta,

                        foi a vingança. Ela não ficou tranquila ate que não “viu chegar sua oportunidade”.(v.21)

(3) A filha de Herodíades: que manipulada por sua mãe foi a intermediária do fatal desenlace.

É neste contexto que ressalta com nitidez e grandeza a figura de João, mártir da verdade e do valor. Nem o cárcere nem a morte fizeram com que ele falasse menos forte ou mudasse de parecer. Foi valente e claro desde o princípio até o fim.

Retiremos do texto alguns traços de sua personalidade:

João foi um tipo destemido que disse as coisas claramente, sem matizar nem minimizar a realidade do pecado: “João dizia a Herodes: ‘Não te é permitido ter a mulher de teu irmão’”(v.18).

Herodes mesmo nos assinala dois traços significativos da personalidade de João: “Era um homem justo e santo” (v.20). Justiça e santidade que não se inclinaram nem se calaram por conveniência nem sequer ante a autoridade real nem a ameaça de morte.

Vê-se, também, que João era muito agradável ao falar, pois “Herodes escutava a João de boa vontade” (v.20). Dizia as coisas aberta e diretamente e possuía o dom de fazê-las chegar direto ao coração de seus ouvintes.

Que a figura de João que nos apresenta a liturgia hoje nos estimule a todos a viver como verdadeiros discípulos de Jesus fazendo que a verdade brilhe cada vez mais em nossa sociedade marcada pela mentira e o engano.

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