A destruição do templo e dos falsos profetas (EFC)
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Lucas 21,5-11
“Não ficará pedra sobre pedra”
O ponto mais alto do ensino de Jesus no Templo de Jerusalém constitui o chamado “discurso escatológico” (Lc 21,5-38), que quer dizer “ensino sobre a culminação da história”. Este tema nos cai bem agora, quando culminando o ano, fazemos conclusões, balanços, informes e, neste contexto, nos perguntamos pela direção de nosso projeto de vida.
Visto que o mundo em que vivemos e sua história é uma dinâmica evolutiva contínua que aponta para um fim, a experiência da fé igualmente aponta para uma meta. O Evangelho ensina que o cume da história é Jesus morto e ressuscitado, plenitude do homem que alcança seu destino na comunhão definitiva com Deus na eternidade.
Desde esta fé podemos vislumbrar que a história como tal não é um caos, mas que tem um sentido e que no seguimento de Jesus este sentido será possível.
Partindo da observação que alguns acompanhantes de Jesus fazem sobre os elementos de construção do Templo de Jerusalém (v.5), o Senhor anuncia a chegada do fim (v.6). Isto suscita a pergunta sobre o tempo e os sinais deste acontecimento (v.7) e começa, então, um ensinamento que se desenvolve assim:
- Primeiro é preciso despojar-se de alguns equívocos que há no pensamento religioso popular que associa os desastres com o fim do mundo, mas, também é preciso observar os sinais (vv.8-11).
- Logo, é preciso tomar consciência que nos conflitos históricos o fiel é chamado a dar testemunho de sua fé e que é com essa atitude que prepara o tempo definitivo da salvação (v12-19).
- A ruína de Jerusalém, lugar onde culmina a história da salvação, é o anúncio do Juízo (vv.20-24).
- Anuncia-se a vinda do Filho do homem e se disse com que atitude há que recebê-lo (vv.25-28).
- A observação do ciclo da natureza dá pistas para saber discernir o tempo do fim (vv.29-33).
- Frente a essa realidade, Jesus tira as conclusões para a vida de discipulado no meio da história (vv.34-36).
O lugar do ensino de Jesus, como vimos, é o Templo de Jerusalém (v.5a). Jesus e seu auditório estão dentro dele. O edifício parece ser mais belo por dentro que por fora. Dentro dele se vê:
- A formosura dos materiais de construção, finos e bem selecionados para a casa de Deus, as chamadas “belas pedras” (v.5b);
- As oferendas votivas, os objetos artísticos que os peregrinos deixavam para cumprir promessa, que lhe davam magnificência à decoração (v.5c).
Apenas Jesus anuncia, profeticamente, que tudo o que estão vendo virá abaixo, lhe expõe duas perguntas: o quando e os sinais que permitirão discernir que isso está a ponto de ocorrer.
Jesus começa respondendo a segunda pergunta e deixa para o final de seu discurso a resposta à primeira. É bem provável que esteja pensando não só na destruição do Templo, mas no cumprimento de todas as profecias (21,32-33).
Nos períodos de maior tensão na história sempre hão surgido líderes religiosos que hão associado às catástrofes com o fim do mundo. Apresentam-se então falsos profetas e falsos messias que arrastam seguidores ingênuos e os formam segundo fantasiosas ideias. Ante isto Jesus convida ao exercício da crítica: “não lhes sigais” (v.8).
O medo da morte, a confusão porque não se sabe o que vai passar nos tempos de guerra, leva muita gente a precipitar-se e a buscar refúgio para seus medos em experiências religiosas que dão segurança interior, porém que não transformam. As pessoas assim, Jesus diz: “não vos atemorizeis… o fim não é imediato” (v.9).
Sem dúvida, os conflitos históricos devem ser motivo de reflexão para todo crente (v.11). Efetivamente haverá um fim, porém não há que tirar conclusões apressadas frente às aparências. Ante as notícias de todos os dias, e à luz da fé, há que assumir uma postura interpretativa.