A mulher adúlteta (EFC)
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João 8,1-11
Jesus é abordado como Mestre que deve dar o veredicto. Os acusadores: Apresentam a Jesus o fato (v.4); Recordam-lhe a norma da Lei: “Moisés nos mandou na Lei apedrejar estas mulheres” (v.5ª, veja que se omite a referencia ao homem); Pedem-lhe o veredicto: “Tu que dizes?” (v.5b).
Jesus é colocado entre a cruz e a espada, em princípio não há alternativa senão associar-se à pratica de seus adversários e responder pedindo a pena de morte da mulher. Não fazendo daria suficientes motivos para ser acusado de agir contra a Lei de Deus.
- O problema de fundo
O evangelista nos diz que “isto diziam para tentá-lo, para ter do que acusá-lo” (v.6ª). Oportuna precisão que põe à luz a questão de fundo:
- Se Jesus aprova o comportamento de seus inimigos, também aceita sua posição contra os pecadores; em conseqüência, teria que por fim à sua pratica de misericórdia e aparecer ante o povo como um falso mestre;
- Porem, se Jesus não o faz, vai terminar desaprovando uma lei inequívoca ante o fato inequívoco e, igualmente daria motivos para ser acusado de falso mestre que afasta o povo da Lei de Deus e, em conseqüência, deveria ser eliminado do meio do povo.
A resposta de Jesus
Jesus responde com um gesto e uma frase:
- Um gesto silencioso: “Inclinando-se, pôs-se a escrever com o dedo na terra”(v.6b; também o v.8). Jesus não se precipita para dar o veredicto, dá-se um tempo. Talvez isto seja o mais importante visto que o faz duas vezes, marcando à única frase que pronuncia.
Sua primeira resposta é o silencio, um silêncio que convida todos à reflexão. Jesus se comporta como se estivesse completamente só, concentrado em seu jogo de fazer rabiscos na terra. Este gesto poderia ser interpretado como uma indicação da calma e a segurança que Jesus tem; uma maneira de cansar e irritar seus inimigos; um gesto simbólico.
Muitos exploraram a terceira possibilidade, uma das mais interessantes é a que vê ai a referencia de Jeremias 17,13: “Os que se apartam de ti, na terra serão escritos, por ter abandonado o manancial de águas vivas, Yahweh”.
Sendo assim, Jesus estaria recordando, a seus adversários, que são infiéis a Deus e merecem ser escritos no pó e extinguidos? De qualquer forma, eles perdem a paciência e pressionam a Jesus para que lhes dê uma resposta.
- Jesus se levanta e lhes diz a seguinte frase: “Aquele de vós que esteja sem pecado, que lhe atire a primeira pedra” (v.7). Por fim Jesus os leva em conta e se dirige diretamente a seus adversários citando de forma adaptada a norma de Dt 17,7. Com suas palavras, lhes faz cair em conta de um terceiro elemento que não tiveram em conta: eles apontaram o delito; confrontaram-o com a Lei, e tudo com arrogância e uma grande segurança em si mesmos; porém, não tiveram em conta seus próprios pecados. Eles não podem apresentar-se como se não tivessem nenhuma falta e, por isso, também necessitam da paciência, da misericórdia e do perdão de Deus.
Por que tanto afã (“insistiam em perguntar”) na condenação da mulher adúltera? Os escribas e fariseus querem tratar à mulher como um caso a mais, friamente, como se fosse um problema de aritmética. Jesus introduz uma nova consideração: a situação dos acusadores ante Deus. Os leva a examinar-se a si mesmos e como gostariam de ser tratados? Jesus abre um novo espaço de reflexão (v.8).
Enfim…
Tanto os acusadores como a mulher acusada experimentaram a misericórdia de Deus. Os acusadores compreenderam que quem costuma levantar o dedo para apontar o pecado de outros é uma pessoa que também necessita da misericórdia de Deus e que, por isso, não deviam agir com presunção e sem misericórdia com o próximo.
Por outra parte, a misericórdia de Jesus salvou a vida à mulher de duas maneiras: da pena de morte que lhe queriam aplicar seus violentos acusadores e também de arruinar o resto de sua vida, ao oferecer-lhe o perdão de Deus que dá força interna para não voltar a pecar.
Desta maneira se encerra o ciclo das catequeses-bíblicas quaresmais sobre Jesus o grande misericordioso que nos estende a mão nos itinerários de conversão que renovam o coração. As últimas e mais expressivas expressões de perdão as escutaremos dentro de uma semana, a partir da Cruz.