A fonte, o modelo e a intensidade do AMOR (EFC)
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João 15,9-11
PERMANECER EM CRISTO (II): UMA UNIÃO NO AMOR.
“Permanecei em meu amor”
Ontem começamos a abordar a obra que o Pai está fazendo em nós para que geremos vida. O Senhor quer nossa integridade de vida, nossa santidade, que não há tristeza nem decepção senão serenidade, amor e alegria.Já em 15,4 se diz a palavra chave: “Permanecer”. Os vv.4-5 dizem: “Permanecei em mim, como Eu em vós… porque separados de mim não podeis fazer nada”. Isto quer dizer que a chave está no “permanecer” em Cristo, eis ai o núcleo da obra do Pai em nós.
Ao passar a seção de Jo 15,9-11, se dá um passo adiante: a dinâmica do amor aparece com todos seus protagonistas, em seu duplo movimento de ser amado e amar e com o resultado desta experiência: O amor fundante ou “amor primeiro” (v.9a); A resposta ao “amor primeiro”: “permanecei em meu amor” (vv.9b-10); O resultado do amor: a plenitude da alegria (v.11). Nesta passagem vamos ver a centralidade de Jesus: de que maneira Ele nos “pertence” e como se “pertence” a Jesus. O certo é que se isto acontece, sua vida em nós começará a produzir o fruto do Espírito em nossas vidas.
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Associação da Comunidade Paz e Bem
1. O amor fundante ou “amor primeiro”: Ser “amado”
O amor recebido é o que nos faz capazes de amar. É assim como Jesus nos conta o segredo de sua vida, de sua alegria, de sua fecundidade missionária, Ele disse: “Sou amado”: “Como o Pai me amou, Eu também vos tenho amado” (v.9). Igualmente o discípulo que tem sido amado, também deve apresentar-se dizendo “Eu sou um que tem sido amado”.Quando Jesus diz isto, está se referindo a três coisas:
- origem do amor: há um rio de amor divino que vem do coração do Pai, que desce através do Filho e chega aos discípulos. Todo amor autêntico vem de Deus.
- modelo do amor: o amor do Pai pelo Filho é a fonte e modelo do amor de Jesus por seus discípulos.
- intensidade do amor: o “assim como”, com o qual Jesus começa sua frase, implica também queo amor entranhável do Pai e do Filho, que é o mais estreito possível, que é perfeito e que vem da eternidade (João 1,1.18), é o amor que Jesus oferece aseu discípulo.
A primeira frase de Jesus é importante e poderíamos reler assim: “Não importa se as mediações do amor no mundo têm fracassado (teus pais, teu marido, teus superiores). O que importa é que a fonte do amor (que passa através dessas mediações) está aí te amando. Dar-te conta, tu, de quanto teu Pai Deus te ama em Jesus; tu lhe pertences; o Pai te ama, Jesus te ama; tu és precioso a seus olhos; a obra de Jesus em ti hoje é ajudar-te a descobrir tudo o que o Pai Deus tem feito por ti”...
2. A resposta ao “amor primeiro”: “permanecei em meu amor” (vv.9b-10)
O amor pede reciprocidade. Para a amizade se necessita dois. Por isso, a frase seguinte de Jesus é um convite a responder ao amor. Refere-se a três decisões que deve tomar o discípulo em relação a Ele:
- Primeira decisão: Deixar-se amar. Permanecer em seu amor é inserir-se n’Ele, é entrar em uma estreita comunhão de vida com Ele, acolhendo todos os sinais de seu amor, quer dizer, deixando-se amar tal como o tem querido fazer conosco. A relação com Jesus não pode ser abstrata, supõe a tomada de consciência das formas concretas como nos tem amado e nos segue amando.
- Segunda decisão: Atuar segundo o querer de Deus. Permanecer em seu amor é querer o que Ele quer. Ao amor “primeiro” se responde com obediência. “Obedecer” é saber responder. Isso significa que se tem captado a mensagem do amor e se entra em uma incrível sintonia. Ou seja, quando se ama a alguém sempre quer fazer o que lhe agrada, quer vê-lo feliz. Essa é a resposta esperada que Jesus expressa como “guardar seus mandamentos”.
- Terceira decisão: Ser como Jesus. Permanecer em seu amor é dar solidez a toda nossas relações, dando-lhes a força interna do amor do Filho que permaneceu no amor do Pai, também Ele pela via concreta (e não sentimental) do “guardar seus mandamentos”. O tipo de resposta que Jesus deu ao amor do Pai é o modelo da resposta dos discípulos ao amor de Jesus (há que ler todo o Evangelho para vê-lo em concreto). A Jesus se ama “insere n’Ele”- encarnando o modo como Ele costumava responder ao Pai: com sua práxis do Reino.
Estas três decisões do discípulo frente ao amor recebido, não são momentos pontuais, mas ações constantes é o modo como se cultiva a “responsabilidade” (isto é a resposta ao amor). O amor se baseia na responsabilidade.Com alguma freqüência, constatamos, hoje, dois problemas que têm relação com o que Jesus está ensinando: a inconstância no amor; a irresponsabilidade.
Com relação à primeira, notamos que as relações (de casal, de amizade, os votos) se tem tornado descartáveis, trazendo imensa dor às partes e deixando sequelas que se arrastam por toda a vida, deteriorando tudo em volta. As relações são frágeis e em muitos casos praticamente “insustentáveis”. Com relação à segunda, notamos também que o sentimento prima sobre o compromisso.
Frente a isto Jesus disse: “permanecei”, ou seja:“Tu sofres porque teu verdadeiro interesse tem sido o de amar de verdade, sofres porque teu coração de ouro tem sido lastimado; hoje te digo que, sim, é possível construir relações sólidas, estáveis; não és o objeto da carência de alguém que te usou para satisfazer-se e logo descarta; não és mais a vítima de uma imaturidade tua ou de teu amigo, que te levou a tomar decisões equivocadas; te convido a experimentar a solidez, a intensidade, a constância, a satisfação, a felicidade que caracteriza minha relação com Pai; o verdadeiro amor tem sabor de eternidade e isto é o que Eu te ofereço”.
3. O resultado do amor: a plenitude da alegria (v.11)
O objetivo do Evangelho é encher-nos de alegria o coração.Como podemos caracterizar esta alegria? Se olharmos bem o texto notaremos um tríplice movimento que vai desenvolvendo o tema: É a alegria de Jesus: “minha alegria”. Parte d’Ele a alegria; Jesus compartilha sua alegria a seus discípulos: “para que esteja em vós”; Então a alegria do discípulo começa a crescer: “para que vosso gozo seja pleno”.
A vida cristã é uma vida de alegria que tem sua raiz na certeza de ser plenamente amados, muito mais do que podemos imaginar ou esperar, e no abandono da vida –por nossa parte- nos braços de Deus. Brota então um grande sentido de confiança, de segurança, de plenitude e fortaleza interior. É a alegria de Jesus na nossa, como está sua vida na nossa, como está seu amor em nosso amor. Quando se olha o panorama, se descobre com grande satisfação que, apesar de todas as circunstâncias que vivemos, no mundo há pessoas que tem entendido que a maior alegria da vida está em causar alegria aos demais, elas têm descoberto o lugar justo para realizar sua vocação de amor e de serviço, fazendo de sua vida algo bom para os demais.
Esta alegria dá entusiasmo, gera criatividade e valentia para realizar novos projetos. De repente somos capazes de renúncias que para outros são humanamente inexplicáveis. Porque sabemos ser muito amados por Deus, nos sentimos impulsionados a amar muito mais, muitos temores se desvanecem e a vida então se enche de sentido no gastar-se pelos demais. Em tudo o que fazemos, o fogo do entusiasmo arde por dentro!