A Vida no Limite: A rotina de um hospital vista por uma paciente internada de COVID
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Hoje pela manhã, liguei a televisão em um desses telejornais locais e vi as reportagens do final de semana.
Almoço em restaurantes com as mães;
Praias lotadas;
Festas clandestinas;
Passeios familiares pelos shoppings….
Estando há quatro dias vivendo a realidade da contaminação dentro de um hospital, fico a pensar que realmente as pessoas ainda não entenderam o que é essa PANDEMIA.
Graças a Deus estou acompanhando minha mãe em um hospital particular de Fortaleza e o que vou falar tenho certeza que é a realidade dos demais hospitais porque a superlotação é geral.
Faltam lençóis, toalhas e mudas de roupas para trocas dos pacientes. Sabem por quê?
Porque as lavanderias NÃO ESTÃO dando conta de lavarem e devolverem em tempo hábil.
Como eu sei disso? Sei porque na noite anterior a Dona Antônia ficou sem lençol até 4:30 da madrugada ou seja passou a noite com uma toalha cobrindo as pernas aguardando a LAVANDERIA fazer a entrega das roupas.
Eu não tomei banho ontem.
Sabem porque?
Porque não tinha toalha para usar. Meu lençol eu trouxe de casa, mas toalha é complicado está guardando molhada.
Os profissionais de saúde estão EXAUSTOS, mas trabalhando com muita responsabilidade e carinho.
Eles estão saindo de um hospital para outro, virando dia e noite.
Sabem por quê?
Porque está faltando profissional para ATENDER as necessidades das unidades de saúde.
Como eu sei disso?
Eles falam, conversam o que estão vivendo exaustivamente.
Ontem domingo, a fisioterapeuta que estava atendendo minha mãe mora em IGUATÚ e veio tirar os plantões de uma profissional que foi infectada. O próprio responsável pelo hospital ligou para PROFISSIONAL que já havia prestado serviço a essa unidade.
Sabem por quê?
Porque não estavam conseguindo uma fisioterapeuta para cobrir a profissional que ia faltar, no caso são várias dentro de um hospital desse porte, mas todas já atendem nas enfermarias definidas.
Meus irmãos, aqui no hospital não sabemos quando é dia nem quando é noite, pois as luzes parecem não apagarem e o movimento nos corredores é intenso, as intercorrências não param.
kits de intubação ficam pelos corredores.
Sabem por quê?
Porque a qualquer momento alguém pode precisar.
Falo isso não para assustar ninguém, mas para mostrar o que é a realidade da COVID.
Minha mãe hoje mudou de antibiótico pela terceira vez.
Sabem por quê?
Porque as tentativas acontecem dessa forma, quem da resposta positiva de melhoras é o organismo. O médico passa todos os dias pela manhã e avalia para ver a resposta que o organismo está apresentando, ao contrário tenta fazer outro experimento medicamentoso. Assim os dias vão passando e nós aqui dentro vamos acreditando que VOCÊS aí fora estão entendendo que NÃO É BRINCADEIRA.
A sensação aqui dentro é que estamos na fila da lotérica aguardando o bilhete premiado onde o prêmio é a VIDA.
Esse bilhete EU PEGUEI GRAÇAS A DEUS.
Só não sei quem terá a mesma sorte, por isso CUIDEM-SE, cuidem dos seus familiares e cuidem de quem puder evitando a proliferação desse vírus.
Breve nos reencontraremos.
Fiquem bem, PAZ e BEM
Dnuzia Sá Pinheiro
“A Professora Dnuzia, acompanha sua mãe Júlia internada por COVID em um hospital de Fortaleza -Ceará”