ALERTA: Crianças não devem ter smartphone.

Em entrevista ao site Aleteia, pesquisador francês especializado em educação digital faz um alerta aos filhos

Este especialista em tecnologia diz aos pais que não há boa razão para uma criança abaixo do ensino médio ter o seu próprio smartphone. Direto, convencido e convincente, Stéphane Blocquaux não tem meias palavras. Seja em conferências ou em suas publicações, o pesquisador francês especializado em educação digital, que conduziu várias comissões para o senado e o Ministério da Saúde franceses, não esconde seu ponto de vista: “Você poderia me dar um, apenas um bom motivo educacional para dar um smartphone a uma criança na pré-escola ou no ensino fundamental com um plano que permita a ele surfar na internet sempre que quiser e, especialmente, quando quiser? Olhei meticulosamente e não encontrei nenhum”. 

Aleteia: Você faz muitas conferências para pais e crianças no tema da tecnologia digital. Quais são seus principais achados sobre o uso de smartphones por jovens?

Stéphane Blocquaux: Primeiro de tudo, não melhorou nada nos últimos dez anos! Alguém poderia pensar que em 10 anos de retrospectiva e centenas e centenas de incidentes sérios (agressões, suicídios, cyberbullying), o Estado [Francês] legislaria um pouco mais, controlaria, bloquearia o uso da internet por menores. Mas podemos ver que em dez anos ainda não foram tomadas medidas suficientemente firmes e definitivas. 

Quais os principais danos?

Em primeiro lugar, os danos à vida privada e mais especificamente à relação das pessoas com a intimidade. Então à trivialização da violência por certos videogames. E finalmente à sexualização: crianças estão devorando pornografia massivamente em idades chocantes, o que significa em torno de 11-12 anos! Em um clique elas podem acessar pornografia digital sem nenhum controle. Elas aprendem sobre sexualidade em sites como YouPorn e acredito que não seja o lugar apropriado! Há múltiplos problemas e o dano é significativo. 

Você defende a educação digital. O que ela requer dos pais?

Em primeiro lugar, uma consciência real. Em termos concretos, eu realmente não entendo o que um iPhone com pacote de dados 5G está fazendo nas mãos de uma criança na escola. Por mais que eu seja favorável no ensino médio, sou totalmente contra no ensino fundamental. 

Educação digital significa dar a elas um telefone com o qual possam ligar para os pais quando encontram algum problema com o ônibus. É isso. Se elas quiserem fazer algum trabalho no computador, podem fazer em casa, sob o controle da conexão à internet da família. 

Sim, é menos tentador para elas assistir pornografia no tablet da família do que em seus smartphones pessoais! E conseguimos colocar um filtro de conteúdo na internet de casa. Precisamos parar de confundir jovens de 13 anos com adultos. Quando vou a escolas primárias, o que eu vejo? Que os alunos têm em suas mãos as ferramentas de executivos sênior, e eles estão no ensino fundamental. 

Hoje em dia não existe mais tempo sem telas digitais, tempo de folga, sem mais intervalos. As crianças precisam estar coladas a seus smartphones durante os 30 minutos do trajeto de ônibus? Não! Assim que você dá a elas um smartphone conectado em 5G, é a morte da infância. Cabe a cada um de nós saber por quanto tempo queremos que dure a infância. Alguns pais decidiram matar a infância cedo demais. 

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