Alerta de Jesus para o fim o mundo (EFC)
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Lucas 17,26-37:
Seguimos com o ensino de Jesus sobre a vinda do Reino, que começamos a ler ontem. Centramo-nos hoje na segunda parte.
O que fazer e o que não fazer para receber dignamente o tempo final (vv.26-37). A resposta é muito simples e bem concreta: devemos estar preparados. Para que nos fique claro este ensino, Jesus nos põe dois exemplos tomados da mesma Bíblia.
O primeiro caso (vv.26-27), foi tomado de Gn 6-8. Jesus evoca a alienação em que vivia a sociedade corrompida dos tempos de Noé. Quando veio a catástrofe o povo andava em uma despreocupação inexplicável. Somente Noé, com sua família, que estava à escuta da Palavra de Deus, pode salvar-se.
O segundo caso (vv.28-29), foi tomado de Gn 19,24-28 .Jesus também se remete ao desastre que arrasou as cidades do vale da Arábia, ao sul do Mar Morto, nos tempo de Ló. O povo, exceto Ló, andava centrado em sua vida corrupta sem pensar em um inevitável fim. Porém, como preparar-se? Jesus agora, levando bem o fio de seu discurso, nos dá, como em duas colunas contrapostas, indicações práticas sobre o que fazer e o que evitar.
Nos tempos que vivemos, ante a eventualidade de um terremoto e outro desastre natural, e igualmente ante os possíveis ataques que põe em jogo a vida, se realizam treinamentos (mediante representações) para saber o que fazer quando chegar uma emergência. Jesus fala agora nesses termos (vv.31-32)
Se deve fugir
Este fugir nos recorda as recomendações dos profetas ante o juízo divino, como por exemplo: “Escapai, filhos de Benjamim, de dentro de Jerusalém… porque uma desgraça grande ameaça o norte” (Jr 6,1;Jr 48,6.30;51,6). Porém no evangelho não é uma “fuga”, o acento – como o podemos notar – está no abandono dos bens terrenos.
Este desapego é sinal de compromisso com o discipulado, o qual é caminho de salvação. Em outras palavras: “Comprometa-se com o caminho de Jesus, sendo livre para Ele, não se apegando a nada que possa ofuscar seu Senhorio”.
Não se deve voltar atrás
É o apego que aparece bem ilustrado na historia da mulher de Ló (Gn 19,32): olhar para trás a fez indigna da salvação que o Senhor estava lhe oferecendo. O final da historia se aguarda mediante um compromisso sério, e também gozoso, de seguimento do Senhor.
Este seguimento se faz “tomando a cruz cada dia”, assim como Jesus ensinou em Lc 9,23. Este ensino sobre a Cruz vem ao caso, pois é o modo de ser discípulo em todos os tempos da historia.
Por esta razão Jesus insere também este ensino: “Quem tentar guardar sua vida, a perderá; e quem a perder, a ganhará” (=vivificará, em grego)” (v.33; ver ainda 9,24). Quer dizer, se trata de viver o discipulado à luz da Paixão do Senhor, firmes a toda custo no caminho de fidelidade ao Senhor.
É belo notar como neste panorama brilha a luz da fé que salva (Lc 17,19). O reconhecimento e o apreço à pessoa de Jesus, acolhendo sua obra pascal por nós, dá outro ângulo de leitura aos acontecimentos.
O seguimento, tomando a cruz, é fortaleza na tribulação, é raio luminoso na treva, é compromisso profético na alienação deste mundo, é a certeza da solidez da vida na hora de prestar conta dela.
Sem dúvida, para evitar equívocos, a “fuga” de que se tem falado, não nos livra do ter que enfrentar o juízo divino, na confrontação com o Filho do homem, agora plenamente manifestado. No juízo cada um -homens e mulheres- assumirá sua responsabilidade: “um será tomado (para o Reino)”, “o outro deixado (considerado não apto para o Reino” (vv.34-35).
O cenário noturno nos remete à noite pascal, que foi noite de salvação para o povo fiel de Deus, porém também de desastre para os egípcios.
De novo brilha uma luz positiva sobre o cenário: o tempo final será como a bela noite pascal, a noite da salvação que teve sua plenitude na noite antecipada que rodeou o crucificado. O juízo se descreve na noite porque é antes tudo a noite da salvação.
Á pergunta final dos discípulos sobre o lugar exato do juízo (v.37), pensando talvez no vale de Josafá (Jl 4,2), Jesus responde com um proverbial, tão enigmático como evasivo.