As 3 lições do cego de Jericó (EFC)

Marcos 10,46-52

De repente, à beira do caminho, aparece Bartimeu, cego e mendigo, que foi acomodar-se no lugar exato aonde passavam os peregrinos. Nesta época do ano, o povo é mais generoso e o cego espera receber mais esmolas. Sabe a estratégia para conseguir e por isso está ali, em seu “lugar de trabalho”.

É curioso que nos dê o nome do cego: “Bartimeu”. Isto só ocorre nos primeiros relatos de vocação: os chamados por Jesus ao discipulado têm nome próprio; ao contrário, quando se trata de milagres, ao menos neste Evangelho, nunca se dá o nome, exceto neste caso.

Nenhuma outra pessoa curada no Evangelho foi descrita com tanto detalhe. Uma vez mais notamos: isto ocorre normalmente com as pessoas que vão ser chamadas ao discipulado (1,16-20;2,14).

A rotina do mendigo se rompe, e para sempre, quando tem a informação e descobre que muito próximo dele passa Jesus (10,47ª). 

A superação de obstáculos

Bartimeu enfrenta obstáculos. Além de suas duas primeiras limitações, a cegueira e a indigência, é reprimido para que se cale (10,48). É visto como alguém que não tem valor para os demais, como a criança que perturba a dignidade do Mestre (10,13).

Ele é imagem do que entra no Reino despojado, abandonado, com absoluta confiança na presença e na palavra de Jesus. E, a diferença do homem rico que exibe santidade (10,20), o mendigo se apresenta como pecador contrito, como alguém afastado da comunhão com Deus, mas que suspira por tê-la.

O despojamento é, ainda, mais radical, quando faz dois gestos:

(1) Ele grita: Filho de Davi, tem compaixão de mim

(2) “Joga o manto” (10,50ª): o manto é o maior bem de um pobre, o único que tem (Êx 22,25-26), é sua proteção para a noite, seu abrigo para o frio, seu recipiente para a esmola. É o contrário do homem rico, relutante ao seguimento, precisamente por este obstáculo (10,22), e a imagem viva do que “deixa tudo para seguir a Jesus” (10,28).  E

(3) “Dá um salto e vem até Jesus” (10,50b): seu salto (inaudito para um cego!) é um gesto de confiança total, expressão de apoio na palavra de Jesus. 

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