As lágrimas de Deus escorrendo pelo corpo do crucificado
Ontem, enquanto caia à tarde em Roma, um idoso de 83 anos, caminha solitário em direção ao altar do sacrifício, trilhando o mesmo caminho de São Pedro quando foi coroado por seu martírio. Anda meio de lado puxando uma perna, já ofegante por ter tido parte de um pulmão seu retirado devido a uma grave pneumonia em sua juventude. Seus ombros firmes parecem achatados pelo peso da dor da humanidade.
Ele para, suspira e olha o horizonte como quem ver os milhares de gritos de socorro de quem convalesce sem fôlego, por não ter conseguido um respirador mecânico. Ele escuta o choro de dezena de milhares de pessoas que nem conseguiram dar um ultimo abraço e contempla a cena de caminhões do exercito recolhendo corpos diante do olhar atônito das autoridades e dos médicos
Com voz serena, mas firme diz: “Na sua cruz, fomos salvos para acolher a esperança e deixar que seja ela a fortalecer e sustentar todas as medidas e estradas que nos possam ajudar a salvaguardar-nos e a salvaguardar. Abraçar o Senhor, para abraçar a esperança. Aqui está a força da fé, que liberta do medo ”.
Então se dirige a imagem da Virgem e do Cristo crucificado, atualizando o evangelho que diz:
Junto da cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe,a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria de Magdala, o discípulo amado e Francisco. (Jo19,25).
Nessa hora, podemos notar que as lágrimas de Deus que caiam como chuva sobre a Praça São Pedro em Roma, escorria pelo corpo do crucificado. Era o grito de dor silencioso do Pai. O crucifixo milagroso chora e derrama Sangue e Água como no Calvário, para sarar a humanidade convalescente. Sentimos então o impacto da Palavra dada a Nicodemos já no meio da noite: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo o que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 14-15). De fato, Moisés tinha mandado prender na ponta de um suporte, uma serpente de bronze. Vendo-a, os hebreus ficavam curados de suas feridas (ver Nm 21,4-9). Era um prelúdio do que aconteceria na crucificação de Cristo. Ele veio curar nossas feridas por suas feridas (Is 53,5).
Francisco Beija a Cruz, como o fizera inúmeras vezes um outro Francisco que viveu à 900 anos também naquele país e dizia: nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, aqui e em todas as vossas igrejas (lares) espalhadas pelo mundo inteiro e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz, redimistes o mundo.
Agora ele está com o santíssimo nas mãos e daquele monte abençoa o mundo inteiro. Não é Francisco que leva Jesus, é Jesus que conduz seu servo para a porta de São Pedro, para alcançar a porta de nossas casas e nossos corações com a bênção de Roma (urbi) para o Mundo (orbi).
Marque esta data: 27 de Março de 2020, é o início da vitória de Cristo sobre esta Pandemia.
Obrigado Francisco, por nos ajudar a ver a Cristo nesta tempestade e reconhecer que não estamos sozinhos.