Como crianças birrentas (EFC)

Lucas 7,31-35

O Senhor acusa essa geração de birrenta, que não quer dançar conforme a música do Evangelho e fica encontrando desculpas pra fugir.

 “Com quem, pois compararei aos homens desta geração?”

A parábola das “crianças caprichosas” avalia hoje nossa atitude frente ao Evangelho de Jesus. Jesus tem dado sinais claros de sua identidade através de seus milagres: sua misericórdia reverteu à enfermidade e a morte de dois jovens em uma chance de vida, aliviando assim também o sofrimento de suas respectivas famílias e pondo-as a caminhar em uma nova direção de esperança. Frente a estas evidências já se podem tirar conclusões acerca de Jesus.

É neste contexto que o Evangelho insere a pergunta de João Batista a Jesus: “És tu o que há de vir, ou devemos esperar outro?” (7,19). Porém a resposta não é unânime. Assim como houve uma divisão de opiniões frente à missão de João Batista igualmente aconteceu com Jesus:

  • O povo e particularmente os pecadores creram e decidiram converter-se (7,29); e,
  • Os mais religiosos, fariseus e legistas, não creram e “frustraram o plano de Deus sobre eles” (7,30).

E frente a esta realidade entra Jesus com as palavras duras que estamos lendo hoje. Jesus apela à ironia e faz notar sua maneira engraçada de dirigir-se às pessoas quando quer fazê-las pensar.

Em sua época, pelas noites, as crianças da vizinhança costumavam reunir-se para jogar, alguns de seus jogos se parecem a dinâmicas que fazemos hoje nos grupos. Um dos jogos consistia em dividir-se em dois grupos, de maneira que cada grupo tinha um momento para entoar uma canção que o outro grupo também devia seguir. Era um jogo divertido.

Evocando isto, Jesus diz àqueles que sempre têm encontrado um motivo para não comprometer-se, que são como crianças caprichosas que não entram no jogo.

  • “Temos tocado a flauta, e não haveis cantado” se convida ao outro coro a cantar primeiro uma canção de festa de bodas e não reagem. Trata-se de um convite à dança.
  • “Temos entoado lamentações, e não chorais” se convida outro coro a cantar um canto fúnebre, porém tão poucos reagem. Trata-se de um convite ao duelo.

Quando isso acontece, a reação normal é a pergunta: Bem, e, então, que vocês querem? Jesus faz seus ouvintes se darem conta que com sua intransigência, com sua incapacidade de dar o salto da fé, são mais infantis que essas crianças: não aceitam a austeridade de João, que “não comia pão nem bebia vinho” e foi apontado de “endemoninhado” (7,33), nem aceitam, tampouco, a liberdade, a abertura, o caráter festivo de Jesus, a quem chamam “comilão, beberrão amigo de publicanos e pecadores” (7,34).

Sem dúvida, fica claro que a atitude negativa da geração dos tempos de João e de Jesus não impede de nenhuma maneira, que o plano de Deus (7,30) se cumpra, porque (como diz literalmente em grego): à sabedoria há feito justiça a todos os seus filhos” (7,35). Quer dizer que há pessoas que com sua extraordinária atitude de fé lançam para adiante o novo plano de salvação de Deus para o mundo.

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