Corrigir e perdoar (EFC)

Lucas 17,1-6

A vida comunitária mantida pelo perdão e a fé

 “Se sete vezes em um dia voltar a dizer-te ‘estou arrependido’, o perdoarás”

A descrição que o Evangelho de Lucas vem fazendo da vida nova que caracteriza um discípulo de Jesus culmina com as regras para a vida comunitária. Estas são:

  • Que cada um ponha atenção a sua própria responsabilidade nos problemas comunitários;
  • Que cada um viva em atitude contínua de perdão ao agressor e de ajuda ao irmão débil moralmente;
  • Que cada um fortaleça cada vez mais o poder de sua fé;
  • Que cada um se descubra como um servidor dos demais.

Em outras palavras, uma comunidade, que não é perfeita e, por isso, os “escândalos”, cresce em torno a três elementos: o perdão, a fé e o serviço. Vamos ver, hoje, os elementos da vida comunitária que apresenta o texto; o quarto e último elemento, nós abordaremos amanhã.

PrimeiroJesus disse que os escândalos são inevitáveis

Ele sabe por que o disse. O termo “escândalo” (do grego “skandalon”) significa “pedra de tropeço”, “obstáculo”. No Evangelho se refere a problemas que surgem na comunidade e que prejudica as pessoas mais fracas na fé e na conduta; estes são “os pequenos”, cuja perseverança, ainda depende de pessoas concretas que as tem atraído para o Senhor.

Com respeito a esta realidade, Jesus faz duas advertências:

  • “Cuidai-vos de vós mesmos”(v.3), isto é, cada um deve sempre examinar-se a si mesmo sobre a sua vida e sobre a responsabilidade que lhe compete quando surgem problemas comunitários;
  • “Mais vale que ponham ao pescoço uma pedra… que escandalizar a um destes pequenos”, que é como dizer: “seria mais vantajoso perecer de morte violenta, que fazer dano aos pequenos”.

SegundoPorque há escândalos terá que exercer esta dupla tarefa

Precisamente porque há problemas terá que exercer esta dupla tarefa:

  • Corrigir o que vai pelo caminho equivocado: “Se teu irmão peca, repreende-lhe”;
  • Perdoar ao que se arrepende: “Se ele se arrepende, perdoa-lhe”.

Trata-se de uma tarefa que não é nada fácil. Por isso Jesus segue com a catequese do v 4. No exercício do perdão pode chegar a perder a paciência e a força do amor. Daí que Jesus nos recorde que se trata de uma questão corriqueira, cotidiana: “sete vezes ao dia”.

TerceiroOs discípulos que sabem que esta tarefa é importante, também têm plena

                consciência que apoiar-se unicamente nas forças humanas não é suficiente.

Jesus repete a lição da misericórdia.Os discípulos sabem que sua fé em Deus não é suficientemente forte para crer na possibilidade de mudanças profunda nas pessoas e na efetividade da palavra do perdão. Daí que os discípulos não pedem ao Senhor que lhes tire os problemas nem os desafios, mas que lhes aumente a fé (v.5).

Orar pedindo o crescimento da fé é implorar que se leve uma vida de união mais profunda com Deus, porque só em comunhão com Ele se faz possível o impossível, como o exemplifica a amoreira transplantada ao mar pela força de uma palavra (v.6).

O poder de Deus não tem limites. Por isso, se o Senhor nos põe diante de exigências que parecem difíceis de cumprir, o que, humanamente, chamamos “impossível”, deve recordar-se que se o pedimos, Ele nos torna capaz de realizá-lo. Ele pode levar a um final feliz nossos deveres familiares e eclesiais. A condição é a confiança n’Ele.

Os apóstolos, nesta ocasião, pedem, a Jesus, que os ajude a progredir na fé.  Eles, efetivamente, ao ver Jesus atuando no Evangelho reforçam sua fé. Mais adiante responderá de modo definitivo a este pedido quando diz a Pedro: “Eu orei por ti, para que tua fé não desfaleça” (22,32). Nossa oração ao Senhor, pedindo fé, tem como resposta a própria oração de Jesus por nós, nela devemos apoiar-nos.

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