“Deixar-se surpreender por Deus” (EFC)

Marcos 8,14-21

Ao meditar sobre este texto à luz da frase do Papa Francisco — “Deixar-se surpreender por Deus” — somos convidados a considerar que Deus sempre nos dá muito mais do que o necessário e que Ele age de maneiras que muitas vezes que não se consegue prever ou compreender imediatamente.

Contexto do Evangelho

Neste trecho, os discípulos estão preocupados porque esqueceram de levar pão no barco, mas “apena uma”. Jesus aproveita esse momento para adverti-los contra o “fermento dos fariseus e de Herodes”. No entanto, eles interpretaram erroneamente suas palavras, pensando que ele está falando literalmente sobre o pão que falta. Jesus, então, relembra os milagres da multiplicação dos pães (para cinco mil e quatro mil pessoas), questionando sua falta de fé e compreensão. A lição aqui é clara: Deus já provou ser fiel e suficiente; por que ainda se tem preocupados?


Reflexão

1. Deus nos dá muito mais do que o necessário

Os discípulos estavam ansiosos porque tinham apenas um pão no barco. Sua preocupação revela uma mentalidade limitada, como se Deus fosse incapaz de prover para suas necessidades. No entanto, Jesus já havia demonstrado repetidamente o seu poder ao multiplicar os pães e alimentar multidões. Esses milagres eram sinais claros de que Deus nunca deixa seus filhos abandonados a sua sorte.

Isso nos leva a refletir sobre nossa própria vida. Quantas vezes nos preocupamos com coisas materiais — dinheiro, trabalho, saúde, futuro — como se Deus não estivesse atento às nossas necessidades? O Senhor nos convida a confiar que Ele sempre nos dará muito mais do que precisamos . Ele não apenas supre nossas necessidades básicas, mas também enche nossas vidas com graça, amor e propósito. Como diz São Paulo em Filipenses 4,19: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus.”

Portanto, devemos aprender a confiar que Deus é um Pai generoso, que nunca nos abandona. Quando nos deixamos dominar pela ansiedade, estamos subestimando a grandeza de Deus e sua capacidade de cuidar de nós.


2. Deixar-se surpreender por Deus

O Papa Francisco em sua Homilia no Santuário Nacional nos convidou a constantemente “Deixar-se surpreender por Deus”. Ele nos fala que quem vive a esperança sabe que, “mesmo em meio às dificuldades, Deus atua e nos surpreende”. Mas como viver essa atitude na minha vida cotidiana, em cada coisa que faço?

O Papa nos mostra como modelo a história do Santuário: três pescadores depois de um dia inteiro sem apanhar peixe encontram nas águas do Rio Paraíba a imagem da Senhora Aparecida. Sabemos que na história os pescadores após encontrarem a imagem milagrosamente têm uma pesca abundante e conseguem o que precisavam para atender ao conde de Assumar. O Papa Francisco vai além, ao essencial desse episódio para entendermos mais como Deus atua: “Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, torna-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe? Deus sempre surpreende […] sempre nos reserva o melhor”


3. A fidelidade de Deus nos chama à confiança

Jesus relembra aos discípulos os milagres que fizeram: “Não entendeis ainda, nem compreendeis? Tendes um coração endurecido?” É preciso recordar como Deus já agiu em suas vidas. Da mesma forma, somos convidados a fazer memória das vitórias que recebemos. Quando paramos para refletir sobre como Deus nos sustentou no passado, ganhamos coragem para enfrentar o presente e o futuro.

Deus é fiel, e sua espera nunca falha. Mesmo nos momentos de aparente escassez, Ele está presente, agindo de maneira silenciosa, mas poderosa. Precisamos aprender a confiar que Ele sempre estará ao nosso lado, guiando-nos com sabedoria e amor. Como disse o salmista: “Lança o teu cuidado sobre o Senhor, e ele te susterá” (Salmo 55,23).


4. Vigilância contra o “fermento” que cega

Jesus alerta os discípulos contra o “fermento dos fariseus e de Herodes”, simbolizando influências que podem obscurecer nossa visão espiritual. Para nos deixarmos surpreender por Deus, precisamos estar livres dessas “leveduras” — hipocrisia, orgulho, apego ao mundo e incredulidade. Quando essas atitudes tomam conta de nossos corações, tornam-nos incapazes de ver as maravilhas que Deus está realizando em nossa vida.

Devemos cultivar uma atitude de humildade e abertura ao Espírito Santo. Isso significa considerar nossas limitações, abandonar nossos planos egoístas e permitir que Deus nos conduza. Quando fazemos isso, começamos a experimentar a verdadeira liberdade e alegria que vem da confiança plena em Deus.


Conclusão

A passagem de Marcos 8,14-21 nos ensina que Deus é um Pai generoso, que sempre nos dá mais do que o necessário. Ele deseja que confiemos nele completamente, deixando-nos surpreender por sua segurança e sabedoria. À luz da frase do Papa Francisco, somos chamados a abandonar nossas preocupações e a abrir nossos corações para as surpresas divinas.

Que possamos, como os discípulos, aprender com os milagres que Deus já realizou em nossas vidas e confiar que Ele prosseguirá de maneira extraordinária. Que nossa oração seja: “Senhor, ajude-me a confiar em Ti, a deixe-me surpreender por Tuas obras e a reconhecer Teu amor em cada detalhe de minha vida.”

Meditação final: Em que áreas da minha vida estou resistindo às surpresas de Deus? Como posso confiar mais profundamente em suas ações e abrir meu coração para suas vitórias?

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