Ele ora por você (EFC)
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João 17,1-11a
A ORAÇÃO DO BOM PASTOR (I)
“Elevando os olhos ao céu disse…”
Nestes últimos dias do tempo pascal lemos na liturgia da Igreja o discurso de despedida de Jesus, o qual culmina com a monumental oração – chamada “sacerdotal”- de Jesus.
Uma síntese do caminho
Com seus discursos de despedida (Jo 14-16), Jesus foi preparando pouco a pouco seus discípulos para que entendessem e para que enfrentassem a separação.
Sua morte e sua ressurreição marcavam um giro profundo na maneira de viver as relações com Ele, o discipulado já não consistia em estar junto com Ele, mas viver n’Ele, como enfatiza em seu discurso: “Eu em vós e vós em mim.”
Tudo o que Jesus tem ensinado a seus discípulos no âmbito da última ceia e ao longo do trajeto para o jardim no qual se realizará a prisão, tem sido uma expressão de seu amor, de seu real interesse pela vida pascal de seus discípulos.
Jesus tem expressado seu mais profundo desejo: quer que, superando a tristeza e a perturbação interior, vivam o gozo da Páscoa em que a comunhão com Ele se converte em um cântico de vitória que nada no mundo poderá tirar.
Jesus quer que sigam pelo caminho reto, pelas rotas da história, e eles cheguem à meta que é a perfeita união com Deus Pai e com Ele, no vínculo de amor do Espírito Santo.
Esta maravilhosa oração, que faz ponte entre o discurso da ceia e sua agonia nas sombras do jardim, é uma oração tão extensa quanto intensa, carregada de profundas emoções.
A de João 17 é uma oração em que não só se abrem os braços, mas o coração em que o olhar abarca não só os discípulos aí presentes, mas que atravessa todos os séculos da história, abraçando a todos que escutam e vivem sua Palavra em qualquer lugar e em qualquer tempo.
Aprofundemos com os nossos pais na fé
Orígenes (cerca 185-253), presbítero e teólogo
Comentário de S. João
“Ninguém lhe punha a mão em cima porque ainda não chegara a sua hora“
Procurar Jesus é, muitas vezes, um bem, porque procurar o Verbo, a verdade e a sabedoria, é a
mesma coisa. Mas ireis dizer que as palavras “procurar Jesus” por vezes são pronunciadas a
propósito daqueles que lhe querem mal. Por exemplo: “procuravam agarrá-lo, mas ninguém
lhe punha a mão em cima, porque ainda não chegara a sua hora ”… Ele sabe de quem se afasta
e junto de quem fica sem ser ainda encontrado, a fim de que, se o procurarem, o encontrem no
tempo favorável. O apóstolo Paulo diz aos que ainda não possuem Jesus e não o contemplam:
«Não digais no vosso coração: ‘Quem subirá ao céu?’, para fazer descer Cristo; ou então:
‘Quem descerá ao abismo?’, para fazer Cristo subir dentre os mortos. Mas que diz a Escritura?
‘Perto de ti está a palavra, na tua boca e no teu coração’» (Rm 10, 6-8).
No seu amor pelos homens, quando o Salvador diz: «Haveis de procurar-me» (Jo 8,21), faz
entrever as coisas do Reino de Deus para os que o procuram, não o procurando fora de si
próprios , dizendo: ‘Ei-lo aqui’, ou ainda, ‘ali’. O Evangelho diz-lhes: «O Reino de Deus está
dentro de vós» (Cl 17,21). Por muito tempo que guardemos a semente da verdade depositada
na nossa alma e os seus mandamentos, o Verbo não se afasta de nós. Mas, se o mal se espalha
em nós para nos corromper, Jesus diz-nos: «Eu vou-me embora: vós haveis de procurar-me e
morrereis no vosso pecado».
Contemplemos o rosto de Jesus nessa noite
O texto não nos descreve, porém temos elementos para reconstruir sua atitude nesta passagem.