Ele segura a tua mão (EFC)
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Isaías 41,13-20 – Mateus 11,11-15
É A HORA DA CONFIANÇA
“Não temas, verme de Jacó, gente de Israel: eu te ajudo, teu redentor é o Santo de Israel”
Muitas vezes na vida, sentimos uma grande impotência, sentimo-nos pequeninos como um “verme” frente aos demais, com a sensação de que não vamos poder sair fora, porque os problemas e desafios nos superam.
Ante esta realidade nos coloca, hoje, Isaias. Ele nos mostra, a cada um e à comunidade, como daremos passos de superação, se nos deixamos agarrar e levantar pela mão criadora de Deus.
Ao ler a profecia messiânica de hoje, notemos que Deus nos fala, direta e insistentemente, na primeira pessoa, como si estivesse tratando de inculcar-nos a certeza de sua proximidade, de sua ternura, através das formas concretas como Ele se ocupa de nós: “Eu… te agarrei… te ajudo… te converto em trilho novo… os responderei… não os desampararei… abrirei… converterei… porei”.Desde o inicio até o final, o Senhor se apresenta como o autor da salvação: “Eu, Yahveh, teu Deus”.
A profecia tem duas partes: (a) vv.13-16: vê-se como Deus vai tirando alguém de seus medos, e a conduz do “temor” à “alegria”; (b) vv.17-20: vê-se, de novo, Deus em ação, tornando desertos em bosques paradisíacos; neste teatro da ação criadora de Deus no pobre e no sedento, compreendem como a salvação lhe é oferecida.
Em ambas, se parte da tomada de consciência de uma necessidade profunda e se termina com o reconhecimento da salvação de Deus. Na leitura do texto deixemo-nos guiar pela força das imagens:
1. Superar os medos: “Não temas, eu te ajudo”
- a imagem da “mão”
A primeira vez que Deus diz “Não temas, eu te ajudo”, aparece, também, a imagem de uma mão que agarra: “tomei-te pela mão direita”. Tocar uma mão quente e poderosa transmite a ternura que infunde confiança. Deste modo se aproxima Deus, do homem atribulado, enquanto disse ao seu ouvido: “não tenhas medo”. A expressão é maravilhosa, porque, o que estende a mão é o próprio Deus, dai que, Ele mesmo, se apresente: “sou eu quem te digo” (13c).
Mas, o contraste entre os dois é grande: por um lado está a fragilidade do homem, representada no “vermezinho” e na “lagartinha” e, por outra, está o poder de Deus “o redentor”, “o Santo”. Os nomes “Jacó” e “Israel” indicam o povo de Deus inteiro, mas, este aparece, aqui, em sua qualidade de povo que não é nada sem seu Deus. Que grande ternura manifesta, Deus, nesta passagem bíblica!
- a vitoria sobre as “montanhas”
Uma vez que foi tomado pela mão, o povo é, pouco a pouco, levantado por Deus, e o vermezinho que andava atribulado supera a grandeza das montanhas. O vermezinho, que vivia arrastado, agora é suporte, que arrasta, com seu juízo, as montanhas, como se fossem palha de trigo (ver v.15), para logo separar o trigo da palha (ver v.16).
Os montes e os colinas representam tudo aquilo que é adverso dentro da historia humana, são imagem do orgulho humano, que se levanta contra Deus e dos obstáculos que são postos ao povo em seu caminhar libertador e triunfante, no deserto, sobre as forças obscuras que o oprimiam (ver Is 40,4). Dessa maneira os obstáculos são superados.
- Brota a alegria e o louvor
A seguir vem a celebração. O povo canta e aclama a Deus porque tudo foi obra de sua proximidade. O Deus tremendo e exigente (“Santo”) é, agora, o motivo de uma alegria extraordinária. O poderio e a ternura de Deus encontram sua síntese no louvor do povo em festa.
- Saciar a sede:
“Humildes e pobres buscam água… os responderei… não os desampararei”
Vendo ao povo humilde que caminha no deserto árido e ressequido, cheio de medos e, vencendo os obstáculos, na experiência da tremenda presença de Deus, a profecia diz, agora, “os humildes e os pobres” (v.17).
A dificuldade, agora, está relacionada com a morte que o ameaça com a falta de água no deserto (v.17b). O “vermezinho” que se sentia ameaçado pelas montanhas aparece, agora, como o pobre que luta pela sobrevivência. A situação é dramática: “A língua se lhe secou de sede” (v.17c). Deus responde, agora, com sua palavra criadora (v.17d).
Ante a vista do humilde que suplica, o mercenário se transforma. As mudanças que se realizam são incríveis. Mediante a obra do Senhor (“abrirei”, “converterei”, “porei”), a aridez do monte ameaçador e do inóspito deserto, se transforma em espaço de vida.
O cenário nos recorda o paraíso banhado por quatro fontes (v.18). Vemos ali uma lista de sete árvores seletas que oferece o melhor de si mesmas para a vida (v.19). A exuberância da vegetação, unida à abundancia de água que mana pelos montes e vales, tudo em grande quantidade e qualidade, remetem aos ideais da plenitude humana, os quais, não são possíveis, se não é pela “mão” criadora de Deus.
Então, o homem responde com sua fé que reconhece e agradece a ação criadora de Deus (v.20). Vendo a obra se reconhece seu criador.
Os quatro verbos descrevem o dinamismo desta fé:
- o“ver” a obra de Deus;
- o conhecer” que se deriva da constatação dos fatos;
- o refletir” que implica, finalmente;
- o “aprender” que a salvação de Deus é a maior criação dele. Esta profunda tomada de consciência permite descobrir, valorizar e acolher o “novo” de Deus em todos os momentos da vida.