ENQUANTO FAÇO O CAFÉ: “Felizes os vossos olhos porque veem”

Mateus 13,16-17

 DITOSOS OS OLHOS QUE VÊEM E OS OUVIDOS QUE OUVEM:

“Muitos profetas e justos desejaram ver…, e não viram, ouvir…, e não ouviram.»

Todo o que foi dito nos versículos anteriores explica esta frase final: Ditosos vossos olhos, porque vêem, e vossos ouvidos, porque ouvem! Pois os asseguro que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, porém não o viram, e ouvir o que vós ouvis, porém não o ouviram” (vv.16-17).


Mas, afinal de contas, ver e ouvir o que? Ver a Deus encarnado, na pessoa de seu Filho, e ouvir a novidade de seus ensinamentos.

A novidade dos ensinamentos das parábolas de Jesus:

O povo fica impressionado com a maneira que Jesus tem de ensinar. “Um novo ensinamento! Dado com autoridade! Diferente da dos escribas!” (Mc 7,28).

Jesus tinha uma capacidade muito grande de encontrar imagens bem simples para comparar as coisas de Deus com as coisas da vida que o seu povo conhecia, e experimentava, em sua luta diária para buscar sobreviver. Isto supõe duas coisas:

  • Estar por dentro das coisas da vida da gente;
  • Estar por dentro das coisas de Deus, do Reino de Deus.

Em algumas parábolas acontecem coisas que não costumam ocorrer na vida.

Por exemplo, onde se viu:

  • Um pastor de 100 ovelhas que abandona as 99 para encontrar a única que se perdeu? (Lc 15,4);
  • Um pai que acolhe, com uma festa, o filho que gastou muito mal todos os seus bens, sem dizer-lhe uma palavra de reprovação? (Lc 15,20-24);
  • Um samaritano ser melhor que um levita e um sacerdote? (Lc 10,29-37).

A parábola: (a) Induz-nos a pensar sobre o que quer nos dizer; (b) Leva-nos a entrar na história desde a nossa própria experiência de vida; e (c) Faz com que nossa experiência nos leve a descobrir que Deus está presente no cotidiano de nossa vida tão passageira, tão frágil e tão efêmera.

A parábola é uma forma participativa de ensinar, de educar. Não nos dá tudo pronto em um minuto. Não faz saber, leva a descobrir.

A parábola muda o olhar, faz com que a pessoa seja contemplativa, observadora da realidade. Aqui está à novidade do ensinamento das parábolas de Jesus, distinta do ensinamento dos doutores que ensinavam que Deus se manifestava só na observância da Lei.

Para Jesus, o Reino não é fruto de observância. O Reino não é fruto de qualquer outra coisa. O Reino é. O Reino está presente no meio de nós (cf. Lc 17,21). Porém, os ouvintes nem sempre o percebem.

Por isso: “Felizes os vossos olhos porque vêem…”

“Quando tudo está pacificado, a alma volta à sua essência e a todas as suas faculdades; reconhece-se como imagem real d’Aquele de quem saiu. Os olhos que mergulham até esse nível podem, realmente, ser chamados bem-aventurados, pois vêem. Descobre-se, então, a maravilha das maravilhas, o que há de mais puro, de mais seguro…“ (Jean Tauler, Sermão 53)

E mais: «Muitos profetas e justos desejaram ver o que vós estais vendo…»

Aprofundemos com os nossos pais na fé

“Logo nos primeiros tempos da Igreja, antes do parto da Virgem,

 houve santos que desejaram a vinda de Cristo na sua encarnação.

E no tempo em que estamos, a partir da Ascensão, a mesma Igreja

conta com outros santos que desejam a manifestação de Cristo para julgar os vivos e os mortos.

Este desejo da Igreja não cessou nem por um momento, desde o início até o fim dos tempos, exceto durante o tempo que o Senhor esteve

neste mundo em companhia dos discípulos.

De modo que, adequadamente, se compreende que é todo o Corpo

de Cristo, gemendo nesta vida, que canta no salmo: «A minha alma suspira pela vossa salvação: espero na vossa palavra» (Sl 118,81).

Sua palavra é a promessa; e a esperança permite esperar, com paciência, o que os crentes ainda não vêem”

(Santo Agostinho).

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