ENQUANTO FAÇO O CAFÉ: Jesus cura e alimenta a multidão

Mateus 14,13-21

E partindo os pães deu aos discípulos, e os discípulos ao povo”

No belíssimo texto de Mateus 9,36, o evangelista nos havia apresentado Jesus como “Pastor” que vem ao encontro das necessidades do povo. Ali o vemos profundamente comovido frente à multidão “cansada e abatida como ovelhas que não tem pastor.

Hoje o Evangelho nos coloca frente a um caso concreto de todo este panorama: frente ao problema da fome, das enfermidades, da desorientação na vida, e, sobretudo, ante o desejo de todo este povo, de superar suas limitações, brilha a misericórdia e o serviço de Jesus.

Nosso texto se desenvolve em três pequenas cenas, todas elas tecidas entre si e ao mesmo tempo com sua própria mensagem. Porém – por razões pedagógicas – entre a segunda e a terceira vamos inverter a ordem:

1. Jesus cura à multidão (14,13-14)

Chama a atenção à sequência das ações de Jesus. São três passos que somos chamados a exercitar em nós para fazer nossa vida semelhante à de Jesus:

  • Viu” (=com atitude analítica)
  • Compadeceu-se” (=com atitude de misericórdia, de apropriação) e
  • Curou” (=ação efetiva) 

E notemos que Jesus salva a vida de seu povo renunciando a sua própria comodidade (estava buscando “um lugar solitário”, 14,13) e arriscando sua própria vida ao realizar uma atividade pública e massiva quando acaba de morrer João Batista e a situação se pôs perigosa também para Ele (Jo, 14,12).

2. Jesus alimenta a multidão (14,19-21)

Jesus não só cura, mas também sacia a fome do povo.  “Ao entardecer” (v.15ª). Segundo o costume israelita esta é a hora que se toma a comida principal do dia.

Têm razão os discípulos quando advertem que “a hora já é passada”(v.15b); se entende que para atividades públicas, todos já deveriam estar em suas casas partilhando a ceia com suas respectivas famílias ou ao menos na procura desta nos povoados mais próximos (v.15c).

Notemos algumas particularidades:

  • A comida que Jesus lhes oferece nesse entardecer concorda com a que era habitual para gente simples camponesa: pão e pescado com sal.
  • A novidade é que Jesus vai oferecer o alimento com seu próprio poder. O fato de que estejam em “lugar desabitado” (14,15b; ou “deserto”) sublinha a grandeza da ação de Jesus.
  • É tal a abundância que todos ficam saciados e até se recolhe doze cestas cheias de sobras.

Jesus se comporta como um pai que forma sua comunidade familiar reunindo-a, atendendo suas necessidades e ensinando-a a compartilhar solidariamente. Os gestos principais de Jesus, que evocam os da Eucaristia (agradecer, partir, dar), nos mostram como é que Jesus forma sua comunidade.

3. Jesus desafia seus discípulos (14,15-18)

Justo em meio das duas cenas em que Jesus cura e alimenta, o evangelista Mateus insere um diálogo de Jesus com seus discípulos; ali: Pede-lhes um impossível; interpela o seu ceticismo, que se sente quando nos sentimos incapazes de mudar uma realidade; ensina-lhes a confiar em seu poder. 

Os discípulos então aprendendo que Jesus tem poder e por esta via seguem descobrindo pouco a pouco a identidade de seu Mestre. Novamente nos encontramos com o caminho da fé do discípulo e desta vez o Evangelho coloca seu fundamento: a ação messiânica (e Eucarística) de Jesus.

Jesus não só sacia a um povo, mas surpreende seus discípulos tomando o pouco que tem a comunidade para fazer o dom (multiplicado em suas mãos) para os demais. Jesus é o solidário por excelência com a humanidade carente, Ele é o Messias de Deus que há que descobrir.

O discipulado supõe um compromisso concreto de fé e de comunhão com as ações de Jesus para que todos vivam em plenitude e para que tenha pão em todas as mesas. O primeiro passo da fé e do compromisso é dar com alegria e solidariamente do pouco que se tem.

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