ESTUDO BÍBLICO 12ª SEMANA DO TEMPO COMUM

12ª Semana da Tempo Comum

Autor: Padre Fidel Oñoro, CJM

SEGUNDA-FEIRA

Lucas 1,57-66.80 (Nascimento; Circuncisão e vida oculta de João Batista) Texto se preocupa em contar, no início, a infância de João Batista junto à infância de Jesus: um paralelismo literaria­mente belo e rico do ponto de vista teológico. «Quanto a Isabel, completou-se o tempo para o parto» (v.57) deu a luz a João: este nascimento é prelúdio do nascimento de Jesus. Um menino que anuncia a presença de outro menino. Um nome, o de João, que é prelúdio de outro nome: o de Jesus. Uma presença absolutamente relacionada à de outro. Um acontecimento extraordinário (a maternidade de Isabel) que prepara outro (a maternidade virginal de Maria). Uma missão que deixa sentir antecipadamente o gosto da de Jesus. Não vem ao caso contrapor, de uma maneira drástica, a missão de João Batista à de Jesus, como se a primeira se caracterizasse totalmente, e de maneira exclusiva, pela penitência, enquanto que, a segunda, pela alegria messiânica. Trata-se na verdade de uma única missão em dois tempos, segundo o projeto salvífico de Deus: dois tempos de uma única história, que se desenrola seguindo ritmos alter­nados, ainda que sincronizados.

 

 

Is 49,1-6 (Segundo canto do servo) Entre os «cantos do servo de Yahweh», o que acabamos de ler muito manifesta o sentido e a natureza da missão que se confiou a este, desde o dia em que foi concebido no seio de sua mãe: uma circunstância que corresponde bem a São João Batista. O servo de YAHWEH recebe do Senhor um nome, um chamado, uma revelação. Foi reservado a ele um trato especial, em consideração à missão – igualmente especial – que lhe espera. A ele se revela essa glória que ele deverá fazer resplandecer ante os que es­cutarão sua palavra. A missão do servo de YAHWEH conhecerá, também, as dificuldades e as asperezas da crise, justamente como acontecerá a João Batista. O verdadeiro profeta, sem dúvida, só espera de Deus sua recompensa, e confia na «defesa» que só Deus po­de assegurar-lhe. Por último, surpreende nesta leitura a abertura universalista da missão do servo de YAHWEH: será «luz das nações para que minha salvação chegue até os confins da terra» (v.6).

 

At 13,22-26 (Pregação de Paulo diante dos judeus) Em seu discurso da sinagoga de Antioquia, o apóstolo São Paulo faz uma referência explícita à figura e à missão de João Batista, o qual é sinal da grande importância que a gigantesca imagem deste profeta tinha no seio da primitiva comunidade cristã. Neste texto sobressaem duas grandes figuras: Davi e João Batista. Dois profetas que prepararam a vinda do Messias de modos distintos e em tempos diferentes. Ao profeta Davi foi entregue uma promessa, enquanto que João devia pregar um batismo de penitência. Ambos olhavam ao futuro Messias, ambos eram testemunhos daquele devia vir e ser reconhecido como Messias. O que surpreende nesta página é a claridade com a qual João Batista identifica a Jesus e, em consequên­cia, define a si mesmo. Esta é a primeira e insubstituível tarefa de todo autêntico profeta.

 

Sl 138/139 (Homenagem ao Deus onisciente) Agradecer a Deus e louvar são dois verbos que soam suaves aos ouvidos de Deus. Eles expressam e manifestam o que há no interior do ser humano, que é constantemente enriquecido pela força do Senhor e salvo de tantos perigos por sua mão bondosa. O salmista não agradece somente por sua vida, mas por todo o seu povo. O coração de quem reza e realmente conhece a Deus não é egocêntrico, mas pensa no bem comum. Os seus olhos são purificados: se vê o mal, é para amaldiçoá-los; se vê os maldosos, é para interceder a fim de que se convertam e renunciem aos ídolos e falsos deuses. Devemos lutar diariamente para que não sejamos contaminados pelo mal que está ao nosso redor. Peçamos a Deus a mesma proteção do salmista, que se sente seguro quando também atravessa grandes perigos. Com o Senhor nenhum mal poderá nos atingir.

Senhor Jesus Cristo, sei que tudo fazes por mim, basta crer no teu amor e fidelidade. Por que às vezes sou tão “cabeça dura”, orgulhoso, e acredito que a salvação vem do poder, do dinheiro dos fortes, dos amigos importantes? Por que me esqueço da tua fidelidade e misericórdia? Senhor, não permitas que me afaste de Ti, mesmo que caminhe nos perigos, que seja circundado por idólatras; que eu nunca Te abandone. E se, porventura, Te abandonar, coloca no meu caminho profetas corajosos que me encorajem e me façam voltar ao reto caminho. Que grave no meu coração tuas palavras: “O Senhor fará tudo por mim” e que nunca me esqueça de Ti, da tua providência. Se cheguei até hoje, é porque teu amor nunca me faltou, e sei que nunca me faltará. Amém.

 

MEDITATIO: Sabemos que a missão de João Batista foi, sobretudo, preparar o caminho a Jesus. Daí a importância de meditar sobre o dever de preparar a vinda de Jesus, tanto nas almas como na história. É este um dever que incumbe a cada verdadeiro crente. Pre­parar é mais que anunciar. É preciso pôr a serviço de Jesus e de seu projeto salvífico, não só as palavras, mas toda a vida. Desta perspectiva podemos cap­tar o sentido da presença de João Batista no início da história evangélica: com seu comporta­mento penitencial, João quis fazer compreender a seus contemporâneos que havia chegado o tempo da grande decisão; a saber, a de estar do lado de Jesus ou contra ele. Com o batismo de penitência, João queria fazer compreender que havia chegado o tempo de mudar de rota, de inverter o sentido da marcha, precisa e exclusivamente por causa da iminente chegada do Messias-Salvador. Com sua pregação, João Batista queria sacudir a preguiça e a inércia de muita gen­te de seu tempo que, de outro modo, nem sequer se teria dado conta da presença de uma novidade descon­certante, como foi a de Jesus. Mas, foi, sobretudo, com sua «paixão» que João Batista preparou seus contemporâneos para receber Jesus: exatamente para dizer-nos, também, que não há pre­paração autêntica para a acolhida de Jesus se esta não passa através da entrega de nós mesmos, atra­vés da Páscoa.

 

ORATIO: Ó Deus de nossos pais, Tu nos chamas a ser «voz»: concede-nos reconhecer tua Palavra, a única Palavra de vida eterna, para que só anunciemos esta Verdade aos irmãos. Ó Deus de nossos pais, Tu nos chamas a ser «o amigo do Esposo»: faz-me solícito a preparar os corações dos homens, para que estejam bem dispostos a acolhê-lo. Ó Deus de nossos pais, Tu nos chamas a assinalar o Cordeiro de Deus aos homens: faz que nunca me ponha acima dele, mas que Ele cresça e eu diminua.

 

CONTEMPLATIO: Grita, ó Batista, ainda hoje, no meio de nós, como naquele tempo no deserto. Grita, ainda, entre nós, com voz mais alta: nós gritaremos, se tu gritas, calaremos se tu te calas. Rogamos-te que soltes nossa língua incapaz de falar, como naquele tempo soltaste, ao nascer, a de teu pai Zacarias (cf. Lc 1,64). Conjuramos-te, ó Senhor, que nos dês voz para proclamar tua glória, como deste a ele ao nascer, para dizer, publicamente, teu nome. (Sofrônio de Jerusalém).

 

AÇÃO: Repete com frequência e vive hoje a Palavra:

«Serás chamado profeta do Altíssimo, pois irás à frentedo Senhor para preparar seu caminho»

 

PARA A LEITURA ESPIRITUAL O primeiro testemunho qualificado da luz de Cristo foi João Batista. Em sua figura captamos a essência de toda missão e testemunho. Por isso ocupa uma posição tão importante no prólogo e emerge com sua missão antes inclusive de que a Palavra apareça na carne. É testemunho com as vestes de precursor. Isso significa, sobretudo, que ele é o final e a conclusão da antiga aliança e que é o primeiro a cruzar, vindo da antiga, o umbral da nova. Neste sentido, é a consumação da antiga aliança, cuja missão se esgota aludindo a Cristo. Por outra parte, João é o primeiro a dar testemunho real da mesma luz, porque sua missão está claramente do outro lado do umbral e é uma missão neotestamentária. A tarefa veterotestamentária confiada por Deus a Moisés ou a um profeta era sempre limitada e circunscrita no interior da justiça. Esta tarefa era confiada e podia ser executada de tal modo que mandato e execução se corresponderiam com precisão. A tarefa veterotestamentária confiada a João contém a exigência ilimitada de testemunhar a luz em geral. É confiada com amor e, por mais dura que possa ser, com alegria, porque é confiada no interior da missão do Filho (A. Von Speryr, Il Verbo si fa carne, Milan)

ANEXOS:

São João Paulo II (Homilia em Kiev, 24/6/01)

«O seu nome é João»

«O Senhor chamou-me desde o seio materno, pronunciou o meu nome desde as entranhas de minha mãe» (Is 49,1).

Celebramos hoje o nascimento de Joâo Batista…

Hoje podemos fazer nossa esta exclamação.

Deus conheceu-nos e amou-nos antes mesmo que os nossos olhos
pudessem contemplar as maravilhas da criação.

Ao nascer, cada homem recebe um nome humano.

Mas, ainda antes disso, ele possui um nome divino: o nome pelo qual Deus Pai o conhece e o ama desde sempre e para sempre.

É assim para todos, sem exclusão.

Nenhum homem é anônimo para Deus!

Todos possuem igual valor aos seus olhos: todos são diferentes, mas todos iguais, todos chamados a ser filhos no Filho.
«João é o seu nome» (Lc 1,63).

Zacarias confirma o nome do seu filho perante os parentes maravilhados, escrevendo-o numa tabuinha.

O próprio Deus, por intermédio do seu anjo,tinha indicado este nome, que em hebreu significa «Deus é favorável».

Deus é favorável ao homem: quer que ele viva, quer sua salvação.

Deus é favorável ao seu povo: quer fazer dele uma bênção para todas as nações da terra.

Deus é favorável à humanidade: guia o seu caminho para a terra onde reinam a paz e a justiça.

Tudo isto está inscrito nesse nome: João!

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TERÇA-FEIRA

Mateus 7,6.12-14

CRITÉRIOS DE DISCERNIMENTO (I): QUANDO A ELEIÇÃO LEVA A FORTES RENUNCIAS.

“Que estreita a entrada e que apertado o caminho que leva à vida!”

 

Depois de apresentar-nos um principio de vida que regula a ação do discípulo (Mt 7,6), e de saltar os vv.7-11 e ler a síntese do v.12, a passagem da liturgia de hoje nos coloca frente à primeira parte da conclusão do Sermão da Montanha (Mt 7,13-14).

 

  1. Ensinamentos: (vv. 6.12)

 

  • A prudência

 

O v.6 trata sobre a prudência que deve caracterizar um discípulo de Jesus. Visto que as comunidades eram perseguidas, era necessário ser cautelosos quanto ao que se dizia fora delas, porque tudo se convertia em motivo de ataque. Esse é o sentido do “não dar aos cães o que é santo, nem lanceis vossas perolas aos porcos,…” (7,6).

 

Para os judeus o “cão” e “porco” eram animais impuros e utilizavam estas cruéis expressões para referir-se às pessoas que não pertenciam ao povo de Deus. Para o mundo cristão, e em coerência com Mateus (5,8) parece designar uma pessoa não-convertida.

 

Pois bem, há acontecimentos, mistérios, eventos, que são próprios da comunidade e que não são entendidos por uma pessoa de fora. Contar aos não-convertidos sucessos internos da comunidade pode significar expô-la ao desprestigio ou à insensatez de quem aproveita qualquer coisa para criticar.

 

Não esqueçamos que esse tipo de pessoas é capaz de praticar injustiças com o próximo quando estão em jogo seus interesses pessoais.

 

  • A reciprocidade

 

O v.12 apresenta a chamada “regra de ouro”:Tudo quanto queirais que os homens vos façam, fazei também vós a eles; porque esta é a Lei e os Profetas”. Trata-se do principio da reciprocidade: que cada um busque o interesse do outro como se fosse seu próprio interesse.

 

Este princípio sintetiza todo o ensino do Sermão da Montanha sobre a Justiça do Reino: Jesus dá um espírito novo à antiga doutrina. O Antigo Testamento se faz realidade na Palavra e na práxis de Jesus e da comunidade de seus seguidores.

 

  1. Criterios de discernimento: (vv.13-14)

 

O Sermão da Montanha não somente dá ensinamentos. Ao final também dá critérios de discernimento para que verifiquemos se temos entrado, realmente, em seu espírito e sua ação. A grande seção de Mt 7,13-27 se refere a estes critérios:

  • Quando a opção se faz “difícil” ou não (Mt 7,13-14);
  • Quando dão “frutos” ou não (Mt 7,15-20);
  • Quando as palavras são postas em “pratica” ou não (Mt 7,21-27).

 

  • O primeiro critério de discernimento: a eleição da via difícil

 

A liturgia nos convida a deter-nos no primeiro critério de discernimento: quando a opção supõe dolorosas renuncias (7,13-14).

 

Toda conclusão recorda o objetivo que se pretende. Recordemos o objetivo do ensinamento do Sermão da Montanha: “entrar no Reino” (5,3.10.20) e que o correto é entrar pela “porta  estreita” (7,13). Se queremos entrar na vida, não podemos deixar-nos levar pelos critérios de ação da massa, mas devemos seguir uma via fatigosa.

 

Em todo o Sermão da montanha Jesus descreve o caminho que conduz à vida, à vida eterna, que se alcança com a entrada no Reino de Deus. Mas, deixa claro que este caminho não é largo e cômodo, mas fatigante e estreito; é certo que o enfrentaremos com dificuldade. Jesus acrescenta que este caminho, a maior parte das pessoas, não o toma: “e poucos são os que o encontram” (7,14).

 

Mas, a eleição que se faz é decisiva. Estão em jogo: a vida ou a ruína eterna. Quem quer entrar na vida eterna terá que assumir as dolorosas renuncias que implica – sabendo que quando se elege algo também se deixa de lado algo – e, por outro lado, não deixar-se convencer pelo resto das pessoas.

 

Para um discípulo de Jesus o comportamento da massa não é critério de ação. Um discípulo sempre caminha na conta-mão.

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

 

  • Sei guardar “os segredos de casa”? Tendo a contar confidencias da vida de comunidade a pessoas externas? Qual seria as conseqüências?
  • Ponho meus interesses acima dos demais? Oriento-me segundo a vontade do Pai como único critério válido de ação?
  • Estou disposto a aplicar, de maneira coerente, este critério a meu projeto de vida?

 

 

QUARTA-FEIRA

Mateus 7,15-20

Critérios de discernimento (II): O AUTÊNTICO DAR FRUTOS

 

Não só deixar-nos atrair “Toda árvore boa dá bons frutos”

pela “massa” (evangelho de ontem) pode desviar-nos do reto caminho, mas, também, a obra dos falsos profetas (evangelho de hoje).

 

Já Paulo havia descrito o comportamento dos falsos profetas no ambiente cristão: “Esses tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, e sim a seu próprio ventre, e, por meio de suaves palavras e lisonjas, seduzem os corações dos humildes” (Rm 16,18).

 

E no discurso de Mileto havia dito aos presbíteros: “Sei que depois de minha partida, se introduzirão entre vós lobos cruéis que não perdoarão o rebanho; e também entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para arrastar os discípulos atrás de si. Portanto vigiai” (At 20,29-30).

 

Desde as origens até hoje, não tem sido fácil, aos discípulos, se orientar em meio a todos os ensinos, opiniões, explicações da Escritura, interpretações do presente e do futuro que escutamos. Muitas palavras podem ser inteligentes e bem ditas, mas nem sempre verdadeiras.

 

Os falsos profetas pregam com a palavra, mas nunca com a coerência de vida; dai vem um critério de discernimento. Jesus não nos convida a discutir ou fiscalizar as palavras, mas, nos remete às obras.

 

Diz duas vezes: “Por seus frutos os conhecereis” (7,16.20). Isto não é novidade. João Batista já havia pregado: “Dai fruto digno de conversão” (3,8). E, inclusive, havia advertido: “Toda árvore que não dá bom fruto será cortada e lançada ao fogo” (3,10).

 

Jesus repete hoje esta última frase, mas em tempo presente: “Toda árvore que não dá bom fruto, é cortada e lançada ao fogo” (7,19).

 

O bom fruto (recordemos em 5,16: as “boas obras”) é o atuar segundo a justiça do Reino, que corresponde à vontade de Deus (ver textos anteriores). Este não pode ser substituído por nenhuma palavra e é o ponto de referência. Quando disto nos descuidamos, vem a ruína (7,19).

 

A comparação do falso profeta com um lobo disfarçado de ovelha (7,15), mostra até que ponto uma pessoa pode pregar sem estar convertido a ela.

 

A aparência é boa, mas por dentro segue o homem velho: o cobiçoso e ladrão que submete tudo o que aparece no caminho, a seus interesses pessoais; na verdade, continua sento uma pessoa “selvagem” que não conheceu a educação do Reino.

 

Por isso as obras seguirão sendo o ponto de referência no discernimento do falso profeta: não importa tudo o que diga, o que conta é o que, afinal, faça. E já sabemos qual é o atuar que se espera.

 

Todo o Sermão da Montanha ensina qual é o modo de ser justo. Com base neste critério se deve fazer uma avaliação dos frutos de cada árvore, e só a conformidade com o ensinamento de Jesus (os valores do Reino) indica se são corretos ou não.

 

A consideração das obras deve dissipar a névoa das palavras.

 

Aprofundemos com os nossos pais na fé:

 

Santa Teresa d’Ávila (1515-1582), carmelita descalça, doutora da Igreja Castelo interior, 5ª moradas

 

«Pelos frutos os reconhecereis»

 

Como é fácil reconhecer aqueles que têm deveras o amor do próximo e os que não o têm com esta perfeição!

Se entendêsseis o que nos importa esta virtude, não faríeis outro estudo.

Quando vejo algumas pessoas muito diligentes em entender a oração que têm e muito encapotadas quando estão nela (que parece não ousam bulir, nem menear o pensamento, para que não se lhes vá um pouquinho do gosto e devoção que tiveram), faz-me ver quão pouco entendem do caminho por onde se alcança a união.

E pensam que ali está todo o negócio. Mas não…; obras quer o Senhor.

E se vês uma pessoa enferma a quem podes dar algum alívio, não se te dê nada de perder essa devoção compadecendo-te dela; e se tem alguma dor, te doa a ti também; e, se for necessário, jejua,para que ela coma. Não tanto por ela, mas porque sabes que teu Senhor quer isso.

Esta é a verdadeira união com Sua vontade.

 

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

 

  • A comunidade de fé, à qual pertenço, tem vivido conflitos doutrinais, divisões ou

desvios em matéria de fé e costumes, por parte de falsos líderes?

  • Qual o critério para discernir o falso profeta?
  • Como sei se estou vivendo a Justiça do Reino e entrando assim no Reino dos Céus?
  • Que “frutos” de vida nova estão esperando de mim e que ainda não são vistos?

 

QUINTA-FEIRA

Mateus 7,21-29

UM CHAMADO À SOLIDEZ:

Não caiu porque estava cimentada sobre rocha”

 

Para ter maior claridade sobre o evangelho de hoje é bom remitir-nos ao parágrafo anterior, o qual se omitiu, por ser a festa do nascimento de João Batista. Nele Jesus define quem são os “falsos profetas”.

 

Hoje, ao contrário, Jesus esclarece quem são os “verdadeiros discípulos”. Jesus começa dizendo que nem todos os que o chamem com o nome de Senhor, para pedir algo, entrarão no Reino dos céus.

 

Somente entrarão quem a esta súplica acrescentam, de bom coração, o cumprimento da Vontade de seu Pai. E mais, Jesus nos diz que no último dia muitos dirão: “Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome e em teu nome expulsamos demônios e em teu nome fizemos muitos milagres?” (22). Em outras palavras. Contudo, isto já temos o passaporte assegurado para o Reino dos Céus. Fácil!

 

Jesus esclarece muito bem que isto não é suficiente para ser reconhecido como verdadeiro discípulo e que se não está na raiz buscar a Vontade do Pai Jesus mesmo naquele dia lhes dirá: “Jamais vos conheci, apartai-vos de mim agentes de iniquidade” (23).

 

São palavras muito duras. Não só lhes dirá que não os conhece, mas que tudo o que eles hão feito, se havia sido milagres, não tem sido outra coisa que ‘iniquidade’.

 

Trata-se, pois, como Jesus mesmo disse na continuação, de “ouvir suas palavras e pô-las em prática” (24). Jesus ilustra esta sentença com uma bela parábola: a casa que se constrói sobre a rocha ou sobre a areia.          O verdadeiro discípulo é o que constrói sobre a rocha uma casa com suficiente cimento e este cimento é a mesma rocha. O escutar a Palavra e pô-la em prática garante a solidez da vida do verdadeiro discípulo.

 

Tudo o que possa vir sobre essa casa: chuva, torrentes, etc. não a afetarão. Tudo o que possa acontecer ao discípulo prudente: dificuldades, sofrimentos, calamidades, não o poderão derrubar porque a rocha na qual descansa sua vida é a Palavra.

 

Não é assim quem constrói sobre areia. Sobre cimentos não confiáveis. Não será capaz de sobreviver às adversidades que lhe apresenta a vida. E Jesus termina dizendo: “E foi grande sua ruína” (27).

 

Aprofundemos com os nossos pais na fé:

 

Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita, doutora da Igreja.

 

“Não basta dizer ‘Senhor, Senhor…’; é preciso fazer a vontade de meu Pai”

 

Parece muito fácil dizer que alguém entrega a sua vontade nas mãos de outro…Mas quando chega a altura, compreende-se que nada é tão difícil como conformar-se a isso de uma forma correta.

O Senhor sabe do que é capaz cada uma das Suas criaturas; e, quando encontra uma alma forte, não desiste até ter cumprido nela a Sua vontade.

Quero expor-vos ou recordar-vos qual é a Sua vontade.

Não temais que Ele vos queira dar riquezas, prazeres, honras, ou todos os outros bens da terra.

Ama-vos demasiado para fazer tal coisa e aprecia muito os vossos presentes:

é por isso que quer recompensar-vos dignamente e dar-vos o Seu reino, ainda nesta vida.

Vendo o que o Pai deu a Seu Filho, que amava acima de todas as coisas, percebeis qual é a Sua vontade.

Assim são os dons que Ele nos faz neste mundo.

A medida deles é o Seu amor por nós.

Dá mais aos que ama mais e menos aos que ama menos.

Regula-se também pela coragem que descobre em cada um de nós e pelo amor que temos por Ele.

Vê que somos capazes de sofrer muito por Ele quando O amamos muito, mas de sofrer pouco quando O amamos pouco; e estou convencida de que a força para suportar uma grande ou uma pequena cruz tem a mesma medida que o amor.

Por isso, se este amor está em vós, tereis cuidado, quando falardes a tão grande Senhor, para que as vossas palavras não sejam meros cumprimentos…

Se não abandonarmos completamente a nossa vontade nas mãos do Senhor, para que Ele próprio tome conta dos nossos interesses, Ele nunca nos deixará beber na Sua fonte de água vida.

 

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

 

  • Que me faz pensar que estou construindo minha vida sobre a rocha ou sobre a areia?
  • Que faço concretamente para que a Palavra de Deus seja dia a dia o cimento de minha vida?
  • Recordo um momento difícil na vida de minha comunidade, de minha família

ou de meu grupo no qual nos esquecemos de haver-nos apoiado na Palavra de Deus.

Que poderíamos ter feito?

 

 

 

SEXTA-FEIRA

 

SEXTA-FEIRA, 28 de JUNHO DE 2019 ESTUDO BÍBLICO FESTA DO CORAÇÃO DE JUSUS

O Sagrado Coração de Jesus Lucas 15,1-7

 

A solenidade que celebramos hoje nos atrai, particularmente, para a contemplação: Deus vem ao nosso encontro com a palavra “amor”, como primeira realidade que define seu relacionamento conosco.

Não um amor abstrato, mas um amor muito concreto na pessoa de Jesus: seu peito traspassado pela lança na Cruz (ver Jo 19,34) é a última de uma infinidade de imagens eloquentes que Ele quer convidar-nos a viver.

O simbolismo do “coração”, referindo-se a Deus, designa o amor em sua própria fonte: a interioridade divina.     O coração de Jesus é linguagem viva deste amor, a visibilidade do interior de onde viemos, declaração do interesse que Deus tem por nossa vida e convite para mergulhar nesse mesmo amor.

Por isso, para evitar mal-entendidos, deve ficar claro que não celebramos um aspecto ou um órgão de Jesus, mas a totalidade de sua pessoa e o núcleo do seu ser, que é o amor: “Em Jesus Deus mesmo nos ama com um coração de homem” (Pe. Paul Milcent).

As leituras bíblicas desta solenidade têm como tema o amor de Deus pela humanidade. O amor de Deus, que vem ao nosso encontro na pessoa de Jesus, está bem apresentado nas deslumbrantes parábolas de misericórdia de Lucas 15.

Continuamos o caminho para Jerusalém. Estamos no capitulo 15 de Lucas, núcleo da Boa Nova de Jesus e da revelação dos surpreendentes sentimentos de Deus.

Escutamos o Mestre pronunciar a parábola da ovelha perdida (4-7). Os primeiros três versículos do capítulo nos apresentam o contexto, como necessária chave de leitura que leva Jesus a pronunciar estas belas lições sobre a misericórdia de Deus (15,1-3).

A finalidade da passagem de hoje é aprofundar no tema do Amor de Deus, demonstrado no ministério salvífico de Jesus, com os excluídos e os pobres, particularmente com um grupo de excluídos que está em todos os níveis sociais: os “pecadores”.

  1. O contexto

Antes de entrar no texto é preciso olhar atrás. Recordemos alguns momentos chaves do Evangelho:

  • A partir do momento que Jesus chama Simão Pedro, põe a reluzir sua prática de misericórdia com os pecadores. Disse Pedro: “Afasta-te de mim, Senhor, sou um homem pecador” (5,8b); Jesus responde: “Não temas” e demonstrou a sua confiança nele entregando-lhe uma missão (5,10).
  • A partir de então vemos que a constante de Jesus é a acolhida do pecador, até o ponto de chegar a fazê-los seus discípulos. É o caso: de Levi (5,27-28), da pecadora arrependida (7,36-50) e de Zaqueu (19,1-10). Aos pecadores Jesus chama à conversão, perdoa-lhes os pecados e os faz crescer mediante o seguimento (ver 8,1-2). Tudo isto não é mais que a realização do “ano da graça do Senhor”, cujo cumprimento proclamou desde seu discurso inaugural na sinagoga de Nazaré.
  • Porém, como se nota desde o primeiro dia, esta mensagem não foi bem recebida por todos. Os gestos de perdão que Jesus fazia geraram desconfiança da parte dos fariseus e escribas desde o começo do ministério na Galileia. Na cena da cura-perdão do paralítico se escutou a primeira crítica: “Quem é este, que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?” (5,21).
  • Contudo, Jesus não se deixou deter pela crítica e seguiu adiante, até o ponto de que um dos comportamentos habituais de Jesus mais recordados no Evangelho seja o de suas refeições com pecadores. Nesses momentos novos comentários azedos se escutarão: “Por que comeis com publicanos e pecadores?” (5,30), “Ai tens a um comilão e um beberrão, amigo de publicanos e pecadores” (7,34b); “Foi hospedar-se na casa de um homem pecador” (19,7).
  • Em resposta aos seus críticos, Jesus se remete, com uma grande contundência, ao sentido de sua missão: “Não vim chamar justos a conversão, mas pecadores” (5,32). Esta frase segue sendo válida para o resto do Evangelho, inclusive até fazê-la núcleo da missão apostólica: “pregar em seu nome (Cristo) a conversão para o perdão dos pecados a todas as nações” (24,47).

Com esta ambientação chegamos ao capítulo 15 de Lucas. Aproximemo-nos primeiro do contexto (15,1-3) e, logo, à dinâmica e ao conteúdo das parábolas (15,4-7).

  1. O texto

Lucas 15,1-7

  1. Aprofundando o texto
  • A situação que motiva a parábola (15,1-3)

 

Vale a pena que nos detenhamos um pouco na introdução do capítulo. Seu esquema (que é similar ao de 5,29-32) nos dá três informações:

  1. O fato: “Todos os publicanos e os pecadores se aproximavam a Ele…” (15,1)

Soa exagerado, mas assim afirma Lucas: “todos”. De fato é um modo de enfatizar uma bela realidade constatada no ministério de Jesus. Mas não se tratava de fatos pontuais, mas de uma constante, como se pode ver na forma verbal que descreve uma ação continua: “buscavam”.  Estes que buscavam Jesus são taxados de “pecadores”: pela atitude contrária à Lei, com reincidências e publicamente assumidos, se puseram fora do âmbito da Aliança. Certamente eram reprovados.

Fala-se, também, de um grupo particular deles: os “publicanos”. Os publicanos (cobradores de impostos para Roma) eram mal vistos por três razões que estavam na mentalidade das pessoas:

  • Por exercer um ofício que, pelo contínuo contacto com os gentios, os fazia religiosamente impuros;
  • Pelo estar a serviço do império eram alvo de ataques por parte dos nacionalistas do povo;
  • Por haver se tornado modelo de corrupção administrativa e abuso de poder (o caso de Zaqueu).

Devemos recordar que no Evangelho de Lucas, os publicanos:

  • Estavam na lista das pessoas chamadas publicamente à conversão por João Batista (ver 3,12);
  • Logo se tornam modelo de resposta ao chamado ao arrependimento, como, por exemplo, Jesus cita a resposta positiva deles à pregação de João: “os publicanos reconheceram a justiça de Deus, fazendo-se batizar com o batismo de João” (7,9), isso para não falar da generosidade, digna de imitação, dos publicanos Levi e Zaqueu, frente ao chamado de Jesus;
  • Mostram uma alta qualidade espiritual, inclusive superior à dos fariseus: quando Jesus trata sobre o tema da oração, em uma de suas catequeses, um publicano, e não o fariseu, será modelo do orante segundo os novos critérios do Reino (ver 18,10-13).

 

Se os publicanos e pecadores chegam a um nível tão alto de vida espiritual (aspecto que os fariseus não observam) é porque “ouviam” a Jesus, o que é sinal de conversão.

Se recordarmos a conclusão do Evangelho do domingo passado, entenderemos melhor: “O que tenha ouvidos para ouvir, que ouça” o chamado às exigências do discipulado (14,35). Que os publicanos e pecadores “sigam” e “ouçam” a Jesus, significa que levaram a sério a lição sobre o discipulado.

  1. A crítica: “E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: ‘Este acolhe a…’ ” (15,2)

Os fariseus e escribas partem para a briga uma vez mais – depois de 5,21.30; 6,7; 11,53 – para pôr a julgamento o que Jesus faz. Isso se disse expressamente: “murmuram” contra ele. A murmuração é a crítica carregada de aversão por um comportamento que não se admite.

Assim aparece, por exemplo, na polêmica que fazem a Pedro por sua abertura aos gentios: “Entraste em casa de incircuncisos e comeste com eles” (Atos 11,3). Os fariseus e escribas se mostram incomodados com Jesus e manifestam seu prejulgamento contra os pecadores e marginalizados. Sua atitude contra Jesus se percebe na maneira lacônica de referir-se a ele, o chamam “Este”.

Dois verbos descrevem o comportamento reprovado: “Acolher” e “Comer (junto com)”. As duas ações se complementam ampliando seu significado. Jesus é apresentado como o anfitrião de uma refeição festiva na qual recebe e atende, com simpatia, a seus ilustres hóspedes.

Mas, não se trata de formalismo: a “acolhida”, na linguagem do Novo Testamento, se refere, também, ao oferecimento de assistência que uma pessoa requer. Acolher é “dar a mão” (Rm 16,2; Fl 2,29). Isto é o que parece acontecer no interior das cenas de amizade que oferece Jesus. Os fariseus, ao contrário, são aqueles que criticam, repreendem e dizem o que se deve fazer, porém, não dão a mão ao pecador.

Há um pensamento rabínico tardio que parece recolher o princípio fariseu: “não permitas a um homem juntar-se com o malvado, nem sequer conduzi-lo à Lei” (Ex.18,1). Isto explica a atitude dos fariseus. Mas Jesus não pensa assim.

Se Ele, nas refeições, se aproxima de pessoas consideradas de baixa moral ou de ocupações de baixa categoria – gente com a qual um judeu respeitável não teria que se relacionar – é que está pondo em prática seu ensino sobre o Reino: Deus visitou seu povo e com este estabeleceu uma incrível proximidade (ver 1,68; 7,16; 17,21); sua presença é poder que transforma a vida inteira.

  1. c) A resposta de Jesus: “Então lhes disse esta parábola (15,3)

Jesus responde em parábolas, fiel ao princípio segundo o qual “os mistérios do Reino de Deus” se dão a conhecer “aos demais, só em parábolas” (8,10). As parábolas do Evangelho estão construídas de tal modo que subvertem nosso habitual modo de pensar e levam a pensar com a lógica do Deus do Reino.

O narrador Lucas anuncia uma parábola e, ao final, resultam em três. Ao lê-las consideremos que:

  • Todas convergem para o mesmo ponto: a alegria de alguém que recupera o que havia perdido;
  • As duas primeiras parábolas revelam, claramente, que esta alegria é um reflexo da alegria que Deus sente ao recuperar o que havia perdido: aquilo que lhe era próprio e de grande valor para Ele;
  • A terceira parábola supera as duas primeiras: sem perder de vista o tema da alegria de Deus (representada no pai misericordioso) descreve, amplamente: a situação de uma pessoa perdida (o irmão menor) e também a atitude de quem, aparentemente, não se perdeu (o irmão maior); este último não é capaz de compartilhar a alegria do pai pelo regresso do filho (e irmão) perdido.

 

As parábolas da misericórdia explicam o porquê do comportamento de Jesus e convidam os fariseus (e aos leitores) a unir-se à prática de Jesus.

(2) Celebrando o regresso de uma pessoa muito valiosa: a parábola da ovelha perdida (15, 4-7)

A parábola se detém na história de um pastor: parábola da ovelha perdida (15,4-7)

“Quem de vós?”. O olhar se põe na pessoa e no que normalmente este faria em uma situação similar aplicando a solução lógica.  Portanto, não se trata tanto da história de uma ovelha, mas, antes, de um pastor que transborda de felicidade depois de encontrar sua ovelha perdida. Distinguimos duas partes:

  1. A parábola propriamente dita:

Na parábola notamos que a dinâmica dos verbos permite distinguir momentos bem marcados: Ter (cem ovelhas); Perder (uma delas); Deixar (as 99 no deserto); Buscar (a ovelha perdida); Encontrar (-la); Pô-la (sobre os ombros), Convocar (amigos e vizinhos) e dizer (-lhes). Destaquemos a ideia central de cada ação:

  • Ter: o pastor possui um rebanho de cem ovelhas, quantidade normal para um pequeno fazendeiro;

 

  • Perder: a imagem é a de um pastor que ao final do dia se põe a contar as ovelhas de seu rebanho e descobre que o número está incompleto.

 

  • Deixar: as noventa e nove no deserto. Acentua-se aqui a loucura da ação do pastor, que se esquece da elementar precaução, deixando o rebanho desprotegido em pleno deserto (onde podem perder-se todas) enquanto se precipita na busca da ovelha perdida. Porém, ao narrador lhe parece normal que isso se faça: “Quem de vós não faria isto?”, disse Jesus ao começar a parábola. Claro que é provável que as ovelhas tenham ficado sob a responsabilidade de um zelador (ver Jo 10,3). O destaque de uma entre noventa e nove não significa que esta ovelha seja mais importante que as outras, trata-se, sobretudo, de uma formulação paradoxal que põe de relevo a alegria de encontrar o que se perdera;

 

  • Buscar: a busca não pára até que alcance o alvo: “até que…”. Não há repouso. O zelo é total;

 

  • Encontrar: a alegria do encontro se manifesta na convocação dos amigos. Este é um traço do amor de Deus, porém o essencial é o que vem: a alegria que provém da nova situação no Reino de Deus;

 

  • Pôr: sobre os ombros. O pastor regressa com ar triunfante. O trato da ovelha encontrada é de terna solicitude, a ternura do pastor, que carrega a ovelha (tema amado pela iconografia), assistindo-a em sua delicada situação, nos recorda Is 40,11: Como pastor pastoreia seu rebanho: leva nos braços os cordeirinhos, no seio os leva, e trata com cuidado as paridas. Ela é preciosa, delicada, de muito valor;

 

  • “Convocar”: o pastor organiza uma reunião festiva, está cheio de alegria pelo êxito de sua busca. Uma alegria destas não se vive só, mas se compartilha com os amigos.

 

  1. A aplicação da parábola

 

Aplicando a parábola à ação de Deus, podemos reconhecer no zelo do Pastor a realização da profecia de Ezequiel: “Como um pastor vela por seu rebanho quando se encontra em meio de suas ovelhas dispersas, assim eu velarei por minhas ovelhas” (34,12); e também o anúncio da missão do Messias: “Eu suscitarei para ir a frente um só pastor que as apascentará…” (34,23-24).

Mas a insistência de Jesus está na descrição da alegria de Deus pelo pecador que se converte (15,7). O motivo da festa do céu é a conversão de um só pecador (um que ouviu o chamado de Jesus, 5,32). Em contraste com o pensamento fariseu, Jesus convida a descobrir que a felicidade de Deus é, precisamente, o contrário: sua salvação. Jesus fala de “mais alegria”: o céu multiplica a alegria. Alguém se sente muito contente quando se reconcilia com Deus, mas a alegria que Deus sente por este mesmo acontecido é muito maior. Não quer dizer que Deus não esteja contente com os que estão salvos, os “noventa e nove justos que não necessitam de conversão”, mas sua alegria pelo pecador que se deixou encontrar pelo amor misericordioso é superior.

  1. Conclusão

Esta solenidade do Coração de Jesus pretende incentivar um caminho de conversão em nossa maneira de ver a Deus em nós: não é o Deus duro e rígido como pregavam os fariseus, mas o Deus amor, o Pai de Jesus Cristo, que está sempre apreensivo em busca de seus pequenos. É o Deus: que se comove até as lágrimas; que faz festa porque nos encontra; para o qual somos valiosos e importantes.

Corresponde, agora, a nós, apropriar-nos da sensibilidade de Deus e amar com seu mesmo amor: fazê-lo o coração de nosso coração.

São João Eudes, proclamado pelos papas Pio X e Pio XI como o “Pai, Doutor e Apóstolo do culto litúrgico aos Sagrado Corações de Jesus e Maria” criou, promoveu e sistematizou a teologia desta festa desde 1672, na França, antes que se popularizasse a partir das revelações de Santa Margarida Maria Alacoque. Ele dizia: “O coração admirável de Jesus é uma fogueira de amor a seu Pai, a sua Mãe, a sua Igreja e a cada um de nós”.

Através do culto ao sagrado coração de Jesus, nós abraçamos, portanto, a pessoa inteira de Jesus e somos guiados à compreensão do Evangelho e de sua obra redentora: “Tirareis água com alegria das fontes da salvação” (Is 12,3).

Hoje, contemplando Jesus, maravilhamo-nos do quanto engloba, o seu amor, as nossas vidas: o seu amor está na raiz da nossa existência e nesse amor seremos consumados. Relendo o Salmo diremos: “Todos ali nascemos” (87,4). Adoremo-lo e demos-lhe graças!

  1. Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
  • Qual é o anúncio de que nos faz o “coração” de Jesus?
  • Que imagem tem de Deus, tanto os fariseus, como Jesus?
  • Minha experiência de Deus está marcada pelo amor?
  • Quais são os sinais do amor de Jesus em minha vida?
  • Que implicações tem para minha relação com os demais?

 

SÁBADO

CORAÇÃO DE MARIA

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