ESTUDO BÍBLICO NA 11ª SEMANA COMUM ANO B 2021
ESTUDO BÍBLICO NA 11ª SEMANA COMUM ANO B 2021
Comunidade Católica Paz e Bem
SEGUNDA-FEIRA
Mateus 5,38-42
ESCOLA DE VALORES (IV): NÃO DEVOLVER VIOLÊNCIA, MAS TRANSFORMAR O AGRESSOR.
“Não ofereçais resistência ao malvado”
Continuamos no Sermão da Montanha. Através deste vamos vendo como a vida nova do Reino, proclamada nas bem-aventuranças, vai se tornando “sal” e “luz” no cotidiano da vida de um discípulo de Jesus. Como vimos na semana passada, o primeiro espaço da vida no qual entra o Reino de Deus e sua justiça (maior) é no âmbito das relações com os demais.
Jesus, por meio de duas situações, mostrou-nos como se dão as bem-aventuranças, isto é, como elas entram no nosso modo de agir: quando a iniciativa da relação depende de mim; e quando a iniciativa depende de outra pessoa. A primeira já foi visto antes. Agora veremos o outro lado da moeda: quando alguém tem boas intenções, porém, a outra pessoa, não.
- A situação
Para atenuar a prática da vingança, vigorava a lei de Talião, ou seja, na agressão, o modo de fazer justiça era devolver na mesma moeda. O Antigo Testamento já havia admitido isso: “Olho por olho, dente por dente” (Ex 21,24). Ou seja, se, na briga, um soco quebrasse um dente, a vítima tinha o direito de fazer o mesmo ao agressor (um só dente, não dois!). E depois os dois ficavam em paz. Em seu tempo, foi de grande avanço na história da civilização, já que seu objetivo era evitar o “fazer justiça com as próprias mãos”, pois, quando isso acontecia, as consequências eram terríveis: tomada de fúria cega, a pessoa acabava matando o agressor, às vezes por uma pequena transgressão.
- O valor
Mas, quando veio Jesus, começa a anunciar, em suas pregações, que a vingança não tem lugar no Reino de Deus. Não é assim que se faz justiça. Tem que dar um novo passo à frente, pois a verdadeira justiça não está ai, mas na aparente derrota da vítima. Este novo valor que brota da justiça do Reino aponta para o fim da violência mediante dois caminhos: não prolonga a violência através da habitual desforra (passagem de hoje); e entra ai o trabalho pela conversão do agressor (passagem de amanhã).
Jesus cita cinco situações bem conhecidas no Evangelho, nas quais um discípulo se sente agredido em sua integridade física, moral e sociológica. Em cada caso, o valor que se exerce é sempre o mesmo:
- Uma bofetada da face (5,39b): neste caso a vítima não devolve o golpe, mas, ao contrário, demonstra seu espírito indefeso, expondo a outra face (5,39c);
- Um processo para reclamar uma dívida (5,40a): a vítima se mostra mais generosa que o agressor entregando mais que o reclamado (o manto era peça de grande valia para um pobre);
- Uma retenção do exército romano (5,41a): Os soldados romanos podiam parar as caravanas e forçá-las a carregar pedras. Como havia abusos a lei previa que um romano não podia exigir mais que uma milha em tal esforço. A resposta é, por conta própria, fazer o dobro do pedido, assim fica claro que não é um escravo, mas um homem livre que serve generosamente ao outro (5,41b);
- Uma pessoa pede ajuda (5,42a): Um mendigo pede esmola. Alguém que pede ajuda todos os dias, aos poucos não começa a cansar as pessoas? Entretanto, não podemos perder a paciência;
- Um empréstimo (5,42b): Aqui o contexto é bem conhecido: as desapropriações por causa da violência romana (anos 60/70) levaram muitas famílias a perder seus bens. Então iam a outras cidades e buscavam auxílio junto aos irmãos cristãos. Estes os acolhiam com generosidade e lhes faziam empréstimos para que pudessem reorganizar a vida. Mas a situação era tal que não havia como pagar e os mesmos voltavam a pedir mais. Então começavam a negar-lhes (6,12; 18,23-25).
Em todos estes casos vê-se como a vítima não devolve a ofensa, mas mostra-se sempre bondoso: enfrenta o problema com uma atitude diferente; anula a tensão do agressor; e desarma, de maneira inusitada, a agressão. Não se afronta o mal de maneira passiva, mas com uma atitude de violência a si mesmo que corresponde ao fazer o bem ao inimigo. A raiz de tudo isso veremos amanhã.
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
- Que faço quando me sinto agredido? Como controlo a raiva? Como pede Jesus que façamos nestes tipos de situações? Qual é o princípio e o valor? Em que bem-aventurança se inspira?
- Para um discípulo do Senhor a solução dos problemas deve consistir unicamente em evitá-los ou esquivar-se, ou há algo mais?
- Que é que se tem que buscar em última instância na solução de um problema?
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TERÇA-FEIRA
Mateus 5,43-48
ESCOLA DE VALORES (V): UMA VIDA DE FILHOS QUE REFLETE O AMOR PERFEITO DO PAI
“Vós, pois, sede perfeitos como é perfeito vosso Pai”
A justiça do Reino, a que gera vida e fraternidade, é a que dá pleno sentido à Lei e aos Profetas. Mas Jesus não veio dar-lhe cumprimento, exigindo observância mais rigorosa da Lei. De fato, a Lei não faz, senão assinalar o que o Pai quer que façamos, mas não tem força para fazer-nos realizar sua vontade.
A última lição que Jesus dá, nesta escola de valores que ensina a conviver no estilo do Reino de Deus, é precisamente isto: o que dá plenitude à Lei é a identificação com os comportamentos e atitudes do Pai celestial: uma vida de Filhos de Deus: “sede perfeitos como é perfeito vosso Pai celestial” (5,48).
Aqui já não se fala dum valor específico e, sim, da fonte de todos os valores: a perfeição do Pai. Mesmo que Deus Pai seja perfeito em tudo que possamos imaginar, aqui se está mencionando ao que mais o caracteriza com relação a nós: o amor (ver Lc 6,39, como aparece claramente o termo “misericórdia”).
As bem-aventuranças levam a viver segundo o Coração do Pai. As “boas obras”, que refletem a luz da vida nova dos discípulos, são aquelas que fazem notar uma vida de “filhos”, filhos que levam em si a marca da personalidade do Pai: “para que vendo… glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (5,16).
Os bons filhos honram seu nome. Portanto, o critério último de ação não é a “Lei” escrita e, sim, o modo de ser do Pai, que se refletiu, nitidamente, na prática de misericórdia de Jesus de Nazaré.
1. A situação
Tenho um inimigo.No tempo de Jesus, quando se cita o antigo mandato de “odiar” e, também, de limitar as relações com o próximo, pensa-se no irmão israelita. Mas, agora, anos depois, já no tempo das comunidades, provavelmente, se está pensando nos inimigos da comunidade. Recordemos que, ao final das Bem aventuranças, se ressalta que as comunidades estavam sendo perseguidas (5,10-12).
É dentro deste horizonte que se descreve a última lição, onde o “ódio ao inimigo” (5,43) pode ser válido para quem conhece a “Lei” (Lv 19,18), mas, não mais para quem fez a experiência de Jesus ressuscitado. Não mais para quem já vive na esfera do Reino.
2. O Coração do Pai como modelo que inspira a vida do discípulo
O homem velho costuma pensar assim: “de um lado, os meus amigos e, do outro, os meus inimigos. Aos primeiros eu me dirijo, aos outros não”. Deus Pai não é assim: ele “faz brilhar seu sol sobre maus e bons, e chover sobre justos e injustos”. No coração de Deus, Pai de Jesus, cabe todos.
3. Aplicação: um amor sem limites e com capacidade de regenerar
A menção do “sol” e da “chuva” é uma referência às bênçãos que Deus providencia aos seus: com elas Deus mantém e faz prosperar o que criou.
Que Deus ilumine e conceda prosperidade a uma pessoa “má” ou “injusta”, indica que – assim como acontece com o sol e a chuva – o amor do Pai não se limita aos que o amam, mas o oferece, gratuitamente, e sem distinções, mesmo a quem não o merece.
Assim age o discípulo de Jesus com quem o persegue e o causa dano, a ele e à comunidade. Por isso Jesus muda a frase “odiar o inimigo” por “amar o inimigo”. A maneira concreta de amá-lo é incluí-lo em sua própria vivência do Deus Pai, no Reino: “rogai pelos que vos perseguem” (5,44b). Então o Deus do Reino o transformará com suas bênçãos.
Realiza-se, assim, o segundo passo o modo de enfrentar uma inimizade: transformar o inimigo com o poder regenerador do Reino.
A atitude fundamental de um discípulo de Jesus é o amor, que só deseja o bem, faz o bem, e, assim, torna o outro bom. Como afirma São Paulo: “Não te deixes vencer pelo mal; antes, vence o mal com o bem” (Rm 12,21). Assim se corta o mal pela raiz. Enfim, uma maneira de ser diferente e fazer a diferença.
Enfim, uma maneira de ser diferente e especial. Uma pessoa que age assim, evidentemente, é diferente de outra que não “conhece” o que é viver sob a graça da filiação divina. Exemplos claros são: o publicano, que vive em seu pecado, e o gentio, que adora outros deuses (ver 5,46-47).
Eles amam (nada mais) aos que os amam e saúdam (não mais que) aos de seu estrito círculo de amizades. Por outra parte, o discípulo é claramente diferente porque, o motivo fundamental que inspira seu agir, é o amor perfeito, primeiro e criador do Pai celestial.
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
- Por que sinto antipatia ou aversão? Há alguém quem não abro o coração ou que decidi excluir dele?
- Meu coração é capaz de acolher a todos, como o de meu Pai celestial?
- Parece que o Senhor me pede demasiado? Isto me desanima? Que fundamento que me faz crer que amar é possível ainda que as circunstâncias sejam adversas?
QUARTA-FEIRA
Mateus 6,1-6.16-18
SABER-NOS AMADOS PELO PAI
“Teu Pai, que vê no segredo, te recompensará”
Na lição anterior do Sermão da Montanha vimos como Jesus educa os discípulos para que cortem o mal pela raiz. Agora Jesus aprofunda no que deveríamos considerar como o mais alto ponto deste Sermão: na raiz da vida está Deus Pai que “vê no segredo”.
A relação com Ele nos dará a força para vivermos positivamente todas as demais relações. Como aconteceu na seção anterior (Mt 5,21-48), que trata das relações com os demais, a justiça – ou justa relação – com Deus deve ser “superior”, “diferente” para todo aquele que vive no âmbito do Reino.
Já desde o início desta nova seção (Mt 5,1-18), que trata da relação com Deus, se sente a exigência: “Cuidado de não praticar vossa justiça diante dos homens para serem vistos por eles; do contrário não tereis recompensa de vosso Pai celeste” (6,1).
Que didática utiliza Jesus desta vez? Como na seção anterior, mais que propor normas, a proposta é fazer da vida um contínuo ato de discernimento das situações. Seguindo o fio condutor da pergunta em que se baseiam nossas relações com Deus?
Jesus faz uma revisão sobre as três obras de piedade que unem o coração do homem a Deus, típicas da cultura religiosa hebréia: (1) a esmola (6,1-4); (2) a oração (6,5-15); e (3) o jejum (6,16-18).
Em cada uma dessas obras de piedade faz, esquematicamente, a mesma contraposição que diferencia a prática dos fariseus e escribas da prática de um discípulo seu: “não faças (isto ou aquilo)”, “tu, ao contrário” (6, 3.6a.17). Todas as contraposições acabam sempre do mesmo modo: “Teu Pai que vê em segredo, te recompensará” (6, 4.6b.18). Esta observação analítica de diversas práticas religiosas que põem uma pessoa em comunhão com Deus expõe no fundo as perguntas: De onde parte a espiritualidade? Qual sua finalidade?
As comparações estabelecidas por Jesus fazem emergir atitudes corretas e incorretas; o discípulo deverá analisar a si mesmo e tomar decisões. A repetição do verbo “ver” (7x na passagem de hoje), concretamente o “ser visto”, a necessidade humana do reconhecimento – nos dá a pista para a abordagem do texto.
1. A esmola: para que me vejam?
O primeiro caso (vv.1-4) é o da pessoa que ajuda outros com o fim de obter boa fama. É a caridade com “publicidade” (“trombetear em público”, 6,2), para “ganhar pontos”. A motivação são os aplausos: ganhar privilégios ante as pessoas e adquirir poder. Se isso é o que busca, já recebeu o prêmio. Mas, para Jesus, o gesto deve ficar entre a pessoa e Deus. A recompensa nesse caso é a profundidade da relação com o Pai.
2. A oração: para que me vejam?
O segundo (vv.5-6) nos coloca ante a situação de quem faz da oração um instrumento de promoção pessoal. Para Jesus isto, assim como no caso anterior e no que vem, é uma hipocrisia, a oração perde sua finalidade que é a comunhão profunda com Deus, que nos faz entrar no âmbito de seu poder criador e transformante desde o mais profundo de nosso ser; precisamente ali onde não pode chegar os olhares dos outros.
A fim de indicar este espaço de intimidade, Jesus fala de “entrar no quarto” e “fechar a porta”, para enfatizar que a oração é, sobretudo, relação com o Pai, que está escondido, quer dizer, fora de nosso controle, nos “recompensará”, ampliando seu reinado em nossas vidas.
3. O jejum: para que me vejam?
Na piedade dos fariseus, o jejum reforçava a oração: tinha valor de penitência, mas, também, quando coletivo, era um modo de pedir a Deus o Messias. De outro lado, a privação de alimento é fonte de vida em vários aspectos; assim, quando uma pessoa jejua dá mais vida a seu organismo, dando-lhe oportunidade de repor-se.
Também é um gesto de solidariedade para com quem está passando fome, que se concretiza logo no partilhar o alimento que se deixou de comer, para que outros tenham vida.Agora, quando uma pessoa jejua, é difícil que não se note que está passando fome. Pior é quando isto se faz intencionalmente: através do corpo desfigurado anunciar ao mundo que está jejuando (6,16-18). Então algo tão sagrado se converte em um ato hipócrita.
Jesus insiste que o jejum deve ser em segredo, na intimidade com o Pai.Enfim, nos três casos anteriores se faz notar uma falha na vida espiritual, ainda que dentro dum esforço espiritual. Quando uma pessoa faz as coisas para “ser visto” e está buscando confirmação, aprovação, reconhecimento; portanto, não entendeu ou assumiu que Deus Pai tem estado ai amando-lhe, e que conta com sua confirmação, aprovação e reconhecimento, em poucas palavras, que o ama desde o mais profundo de seu ser.
O caminho correto da espiritualidade parte deste estar “cara a cara” ante o Pai, de quem recebemos vida e afeto. Então projetaremos este amor aos demais e não a avidez de um reconhecimento, que no fundo, indica uma profunda carência.
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
- Que objetivo tem a esmola, a oração e o jejum? Que âmbitos de relação estão implicados em cada?
- Uma criança faz coisas para chamar a atenção dos adultos. De quem espera maior atenção? De onde parte a relação com Deus? Qual o fundamento e a primeira palavra?
- Que valores pretende promover este ensinamento? Que anti-valores quer corrigir?
QUINTA-FEIRA
Mateus 6,7-15
NOSSA CONVERSÃO: ORAR COMO FILHOS
“Devem orar desta maneira”
O Evangelho deste dia nos leva outra vez ao “discurso da montanha”, para aprender, na contemplação e na escuta do Mestre, a orar e a viver como filhos de Deus.
1. Renovar a relação de amor com o Pai (6,7-8)
O Pai nosso é a oração de Jesus, o Filho amado, que por pura gratuidade nos participa o que Ele é, nos faz iguais, filhos n’Ele e como Ele, até o ponto que possamos dirigir-nos ao Pai com seu mesmo espírito: “Abá, Pai!” (Rm 8,15).
Ensinando o Pai Nosso, Jesus partilha com os discípulos a relação de amor que vive com o Pai; por isso, os discípulos “não multiplicam as palavras como os pagãos” (Mt 6,7), pois, têm colocado a sua confiança no Pai que os ama e conhece suas necessidades:“não sejais como eles, porque antes que peçam, o Pai sabe o que necessitam” (6,8).
2. O Pai-Nosso (6,9-13)
“Pai!”. Jesus não chamava a Deus “Pai”, mas “Abbá”, que é uma expressão de familiaridade própria do filho na relação com seu pai. Em português, poderíamos dizer “Papaizinho, paizinho lindo”. Isto nos leva a entender, que Jesus tratou sempre a Deus, com a confiança de uma criança a seu papai, e assim quer que façamos também.
A Palavra “Nosso” nos faz reconhecer que, é na paternidade de Deus onde se fundamenta nossa fraternidade, somos irmãos, filhos amados do Pai, todos viemos da mesma fonte! Nos sete pedidos do Pai-Nosso, Jesus nos ensina a pedir ao Pai o que Ele quer nos dar.
Os três primeiros pedidos
- Santificado seja teu Nome: Que o Pai seja reconhecido como Deus por todos;
- Venha teu Reino: Que ao reconhecer-nos como filhos de Deus, nós possamos viver a justiça, a igualdade e a solidariedade; o Reino do Pai é a fraternidade de seus filhos;
- Faça-se a tua Vontade: que se realize seu projeto eterno sobre cada um de nós, reproduzindo em todos à imagem de seu Filho (Rm 8,28).
Com estas petições, Jesus ensina que a oração, é sair de si mesmo, e entrar em sintonia com o coração do Pai, para querer o que Ele quer de nós, porque sabemos que o Pai nos ama e nos quer felizes.
Os outros quatro pedidos:
Os quatro pedidos seguintes nos fazem olhar o Pai, como o doador de todo bem, que cuida e se compadece de seus filhos.
- “Dá-nos hoje o pão de cada dia”
Confiados no Pai, Deus dá vida, pedimos o pão, as possibilidades de trabalho, de sustento, com as quais segue recriando nossa vida. Pedimos também o Pão do céu, Jesus Eucaristia, alimento que perdura e não nos deixará morrer jamais;
- “Perdoa-nos, como nós perdoamos aos que nos ofendem”
Com esta súplica, Jesus quer ajudar a manter viva a consciência que, somos pecadores, mas n’Ele e por Ele, podemos esperar confiantes a misericórdia do Pai; a sã consciência de nosso pecado, nos situa na humildade e nos faz abertos, tolerantes e compreensivos uns aos outros, dispostos ao perdão e à misericórdia. Por isso, para Jesus é obvio que quando suplicamos o perdão do Pai, já nos temos perdoado entre nós.
- “Não nos deixeis cair em tentação”
Jesus nos situa na humildade de coração, que nos retira de nossa autossuficiência e nos faz depender confiadamente da misericórdia;
- “e livra-nos do mal”
E nos faz depender confiadamente, também, do poder do Pai, que em Jesus, já nos livrou do pecado e das forças do mal;
Estas petições estão marcadas por um profundo sentido de solidariedade e fraternidade, que agrada ao Pai e lhe permite ver e ouvir, em nós, a oração de Jesus, seu Filho amado. O Pai-nosso identifica nossos sentimentos com os de Jesus, nos faz partícipes de sua identidade, oramos n’ Ele, por Ele e como Ele.
Cultivemos a semente da Palavra no coração.
- Que partilha conosco Jesus ao ensinar-nos o Pai-Nosso?
- Das petições, qual a que mais me identifico e por quê?
- Em que faço consistir, concretamente, minha relação com o Pai? Somente peço coisas ou também sei bendizer seu nome?
SEXTA-FEIRA
Mateus 6,19-23
O TESOURO ESCONDIDO ESTÁ DIANTE DOS MEUS OLHOS:
“Que eu não me engane ajuntando tesouros em trevas”
O texto está no contexto do grande Sermão da Montanha, como já sabemos, e nos apresenta dois temas:
- O verdadeiro tesouro (6, 19-21).
(v.19): “Não ajunteis para vós tesouros na terra…”.
Trata-se de uma ordem de Deus, de um imperativo, tomado em sua forma negativa.
(v.20): “… mas ajuntai para vós tesouros no céu…”.
Aqui temos a mesma ordem de Deus apresentada em seu sentido positivo.
(v.21): “pois onde está teu tesouro ai também está teu coração”.
Aqui temos um princípio eterno, ou seja, uma verdade imutável.
Nos dois primeiros versículos, nos é transmitida a garantia de que existe um tesouro celeste, não sujeito à corrupção, mas, que são as boas obras, feitas de coração puro, que nos abrem os olhos para “ver”, tomar posse dele e fazer com que outros o conheçam. No contexto do Sermão da Montanha, onde se encontra o nosso texto de hoje, estas boas obras correspondem à prática das bem-aventuranças.
Proceder de outro modo seria, pois, viver nas mal aventuranças, ou seja, nas desventuras. O discípulo encontra, neste Sermão, a vontade do Pai, à qual estão reservadas as devidas bem-aventuranças ou bênçãos. Não é demais repetir: deixar-se guiar por outra direção, ou seja, por nossas próprias vontades é, pois, pura insensatez.
Seria seguir nas maldições que estão sutilmente unidas a toda cobiça, a todo apego humano aos tesouros terrenos – interiores e exteriores – em que somos envolvidos por meio da sedução do “príncipe deste mundo” e, que são fáceis de serem destruídos e roubados.
(2) O olho é a lâmpada do corpo (6,22-23):
(v.22): “A lâmpada do corpo é o olho. Portanto se teu olho…”.
Aqui não se deve confundir lâmpada com luz. A lâmpada não é a luz, apenas a recebe e ilumina.
(v.23): “… mas se o teu olho estiver doente, todo teu corpo…”.
Consideremos a lâmpada da sala de nossa casa, ela pode estar boa ou “queimada”.
Aqui não se trata de nosso olho de carne, que podemos até perdê-lo. Trata-se do olho interior. Assim, este dois versículos afirmam que todos nós temos um “olho interior”, além de nosso “olho de carne”.
Ora, se o nosso “olho de carne” recebe luz material para se vê tudo o que está ao nosso redor, o nosso olho interior recebe luz divina para vermos tudo o que o outro não pode ver, pois a nossa visão humana é limitada. Essa lâmpada interior, apesar de estar sempre dentro de nós e ter sido dada por Deus, ela pode ficar impedida de receber a luz de Deus, por causa do pecado.
E quando isso acontece, toda a nossa casa interior fica no escuro. Ninguém gosta de escuro. Sabe por quê? Porque somos filhos de Deus e “Deus é Luz e n’Ele não há nenhuma treva” (I Jo 1,5b). E é ai que se encontra o perigo. Exatamente porque o diabo sabe disso. E, quando isso acontece, depressa vem e nos oferece um “socorro infernal”, ou seja, uma falsa luz, que nos faz ver tudo de modo distorcido.
Uma luz perniciosa que é capaz de fazer com que mentiras se pareçam com a verdade e verdades se pareçam com a mentira. A verdadeira luz, que recebe a nossa lâmpada interior (nossa consciência), é o dom da Fé. Não uma fé que se deixa levar por qualquer vento de falsa doutrina. Até mesmo doutrinas declaradamente diabólicas como vemos tanto nos nossos dias. Não uma fé que só crer que Jesus é o Filho de Deus, contudo, não confia n’Ele e não entrega a sua vida a Ele!
Não esta fé. Mas a fé como dom de Deus, o tesouro divino. Esta foi confiada, por nosso Senhor Jesus à sua Igreja, por meio dos apóstolos, a fim de conservá-la pura, sem adulteração, para iluminar os filhos, de geração em geração, até o fim dos tempos. Por ela e por esta santa causa uma multidão de santos e de santas, a começar pelos apóstolos, já sofreram o martírio de sangue antes de nós e muitos estão dispostos a fazer o mesmo em todos os tempos, se isso lhes for pedido. Isso é o dom da fé verdadeira.
Esta fé como autêntico dom divino chega até nós através dos dois depósitos sagrados pertencentes à Igreja de Jesus Cristo: a Sagrada Escritura; e a Sagrada Tradição. E com a garantia de vitória sobre todo o mal e todas as perseguições: “Mas eu também te digo, que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; e as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela”(Mt 16,18).
Por isso é que São Paulo vai dizer: “sem a fé é impossível agradar a Deus” (Hb.11,6). Já dizia, também, São João Eudes: “o dom da fé é uma luz que nos faz ter uma participação antecipada da visão de Deus e, portanto, o primeiro fundamento da vida cristã”.
Mas, quando São Cura d’Ars conheceu um camponês analfabeto que todos os dias, ficava imóvel e calmo, por longo tempo, com os olhos fixos no altar da Eucaristia, perguntou-lhe, admirado, como era a sua oração. E muito mais admirado ficou ao ouvir dele esta resposta: “Eu olho para Ele e Ele olha para mim!” Este homem tinha, sem dúvida, o mais alto grau de “visão”, isto é, tinha nos olhos a visão encantadora de Deus.
Como também São Boaventura. Por causa de suas constantes lágrimas, veio a sofrer dos olhos, mas quando o médico disse que deveria parar de chorar para não perder a visão, disse que preferia perder a visão dos olhos da carne a sufocar a ação do Espírito Santo, refreando as lágrimas que limpam os olhos da alma e os tornam capazes de ver a Deus.
Ver Deus era o imenso desejo que ele expressava todos os dias ao rezar o Pai-nosso: “Venha a nós o vosso Reino… deixe-nos entrar no vosso reino, onde veremos, a vós mesmos, sem véu e sem sombras…”. Ele suspirava por essa felicidade e sempre repetia: “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”(Mt 5,8). E assim conseguiu “ver”, constantemente, o grande objeto de seu desejo.
Todos os caminhos do Evangelho passam todos pelo coração do homem. Por isso, os tesouros terrenos não podem dominar o coração humano. O homem precisa purificar o seu interior, onde nasce à verdadeira “visão”, que dá o sentido autêntico de sua existência.
Cultivemos a semente da palavra no profundo do coração
Tu, o que és? Rico ou pobre?
Muitos dizem: eu sou pobre, e dizem a verdade.
Vejo pobres que possuem alguma coisa; vejo alguns que são completamente indigentes.
Mas (a cruz em suas mãos), aqui está um, em cuja casa abunda
o ouro e a prata; ó se ele soubesse como é pobre!
Reconhecê-lo-ia, se olhasse o pobre que está perto dele.
Aliás, seja qual for tua opulência, tu que és rico, não passas
de um mendigo à porta de Deus.
Eis a hora da oração…
Fazes os pedidos; o pedido não é uma confissão da tua pobreza?
De fato, dizes: “O pão-nosso de cada dia nos dai hoje”.
Então, tu que pedes o pão quotidiano, és rico ou pobre?
E, contudo, Cristo não tem medo de nos dizer: “Dá-me o que eu te dei.”
De fato, que é que trouxeste ao vir a este mundo?
Tudo o que encontraste na criação, fui Eu que o criei.
Tu não trouxeste nada, não levarás nada.
Porque não me dás o que é meu?
Tu estás na abundância e o pobre na necessidade, mas remonta
ao início da vossa existência: ambos nasceram completamente nus.
Mesmo tu, nasceste nu.
Em seguida tu encontraste aqui em baixo grandes bens;
mas trouxeste por acaso alguma coisa contigo?
Peço, pois, o que dei, dá e Eu restituir-te-ei
(Santo Agostinho)
SÁBADO
Mateus 6,24-34
UM CORAÇÃO CENTRADO EM DEUS: PRIMEIRO SEU REINO E SUA JUSTIÇA
“Buscai primeiro seu Reino e sua justiça e tudo mais vos será acrescentado”
O texto de hoje nos põe diante de dois temas: O dinheiro e a providência divina.
Dois temas muito reais em nossas vidas e que se contrapõem radicalmente, a ponto de não poder, em absoluto, ocupar lugar em nosso coração os dois juntos: ou se ama um e odeia o outro. Sem apelação.
O dinheiro
É importante, em primeiro lugar que leiamos com atenção as palavras tão fortes com que nossa passagem de hoje começa: “Ninguem pode amar a dois senhores. Com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro” (v.24).
Com uma grande inteligência Jesus compreende e expressa que a riqueza, acumulação de bens, pode converter-se facilmente em um deus, em um ídolo, com o qual as pessoas se alienam e sacrifica, inclusive, a vida de outros.
Não esqueçamos, por certo, que o termo que aqui se usa, “Mamon”, deriva da mesma raiz hebréia que indica crer na união confiante do crente ao senhor Mamon, que traduzimos por riqueza. A riqueza pede fé, exige fé. Pede confiança nela.
O problema é que todos nós necessitamos, temos que viver com ele. A questão é que não se converta em um Deus. Que não chegue a subir à cabeça uma segurança ilusória contra a morte, pensar que pode dar o que necessitamos, inclusive para vencer a morte.
Isso não é certo. Que o dinheiro não se converta em uma presença potente que chegue a fazer-nos crer que responde às necessidades mais profundas que está em nosso coração. Porque o dinheiro nunca responderá a tudo que o nosso coração pede.
É por isso que Jesus diz:
“Não acumuleis para vós tesouros na terra, onde a traça e o caruncho os corroem e onde ladrões arrombam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde a traça nem o caruncho corrói, e onde ladrões não arrombam, nem roubam; pois, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (v.19-21).
Por isso a pergunta que alguém tem que fazer-se com muita freqüência é: Onde está meu tesouro?. Qual é para mim a verdadeira riqueza? Os bens são um instrumento, não uma finalidade.
Os bens são para mim um instrumento de relação e de partilha e comunhão com os outros, ou um fim em que ponho toda a minha contemplação, que me causa angustia, estress? Converte-se ao final para mim na acumulação das coisas, em um instrumento de idolatria?
Esse é o ponto: onde está meu tesouro ai está o meu coração. Onde está meu tesouro, para saber onde estar meu coração? Está em Deus ou está nas coisas da terra? Boa pergunta para refletir hoje. Não é possível servir a Deus e ao Dinheiro ao mesmo tempo.
É necessário escolher o senhor da nossa vida. E é preciso ser consciente disso: quanto mais alguém põe sua confiança nas coisas e nos bens, mais termina por apagar dentro de si a disponibilidade para o Reino, como ocorre ao jovem rico, que, entretanto, era triste.
Rico e triste, mas que prefere pôr sua própria identidade nos muitos bens que possui, mais que na relação viva com Jesus que o convida a viver com Ele e a segui-lo. É exatamente aqui aonde entra o conjunto, o corpo do evangelho de hoje, tão precioso.
A Providencia Divina.
Jesus nos declara: “Por isso vos digo”. É o seu primeiro ensinamento. É sobre esse fundo inicial que se introduz a sequência de afirmações de Jesus onde insiste sete vezes que não nos preocupemos.
Sete vezes nos diz: “Não se preocupem…não se preocupem… não se preocupem…”.
Só quem tem o coração livre de presenças avultadas que te enche e que ao final te tira o tempo e o desejo de Deus e resumidas, simbolicamente, na fixação de que se identifica com aquilo que possui.
Só quem tem um coração livre pode encontrar no Senhor o seu verdadeiro tesouro. Pode fazer da confiança em Deus a fonte de sua própria vida e, portanto, a arma contra qualquer outra preocupação. Que é, de fato, a preocupação? Pensemos nisto.
A preocupação é o afã, é assumir essa atitude ansiosa de quem pensa que tudo depende dele, do que faça e, dessa maneira, cego por uma ânsia insaciável, termina convencido de haver encontrado a paz na acumulação, cada vez mais por si mesmo, no que tem, no que faz e nos seus próprios sucessos.
Este acaba caindo naquilo que Jesus, neste mesmo evangelho de Mateus, chama de “cuidados do mundo”, “sedução da riqueza”, que sufoca e apaga a vontade de Deus:”O que foi semeado entre os espinhos é aquele que ouve a Palavra, mas os cuidados do mundo e a sedução da riqueza sufocam-na e ela se torna infrutífera” (Mt 13,22).
E quem vive assim é uma pessoa de pouca fé. Jesus mesmo o chama assim: “Homem de pouca fé”. Um adjetivo que no evangelho de Mateus ressoa muitas vezes como uma característica dos discípulos. Às vezes como repreensão, mas também como convite para que crescer mais nos seus caminhos.
Ao contrario, quem se abandona, confiadamente, no Deus revelado por Jesus, não se inquieta, não se preocupa, porque ele mesmo se reconhece como destinatário do amor de Deus. O Pai, de fato, sabe de que temos necessidade todos nós. Ele se ocupa de nós. Da mesma maneira como se ocupa dos pássaros do céu e dos lírios do campo, conosco faz infinitamente mais.
O verdadeiro cristão o sabe, com claridade, que Jesus não está fazendo no evangelho de hoje um elogio à improvisação e muito menos de um “providencialismo” irresponsável, como quem diz: não trabalhemos porque o Deus lá dos céus, como cuida dos passarinhos e dos lírios do campos, que não tecem e nem fiam, vai cuidar de nós.
Não. Jesus nos convida a que nos comprometamos, a que trabalhemos, porém com uma atitude segura, com uma atitude serena. Que trabalhemos para viver e não vivamos para trabalhar, conforme o dito popular que circula por ai. Portanto, a razão de ser da vida não é o trabalho.
Portanto devemos ter por dentro uma atitude serena, de que estamos nas mãos de Deus. Que Deus nos conhece. E, por isso, nos diz o evangelho de hoje: um cristão tem a certeza que a vida vale mais que o alimento e que o corpo vale mais que a roupa que se põe sobre ele. Que não põe sua fé em seu próprio atuar como protagonista, que dizer no que alcança por si mesmo.
Que não põe sua fé em outra coisa, senão em Deus saberá viver com serenidade as coisas da terra, saberá viver as realidades terrenas, saberá viver, inclusive, as inevitáveis preocupações que a vida nos trás consigo todos os dias. E não se deixará perturbar porque pôs em Deus toda a sua vida.
Esta é a pessoa que busca primeiro o Reino e sua justiça e sabe que havendo posto todo o seu centro no Reino de Deus e sua justiça, tudo o mais o recebe em superabundância. O que tem que nos afanar é o Reino de Deus e sua justiça, porque tudo o mais se derivará deste centro no qual pomos nossa vida.
E Jesus conclui nossa passagem de hoje com um sábio e consolador realismo dizendo-nos que a medida de nossa fé em Deus é a maneira como vivemos o nosso dia, como vivemos o hoje.
Não é quando em me ajoelho para fazer uma oração. Mas é quando regresso à minha casa e encontro problemas. Como os enfrento? Entrego-me ao stress, ou, realmente, consigo, com serenidade e sabedoria, enfrentar estes problemas da vida.
E nos disse Jesus no ultimo versículo do Evangelho que lemos hoje: Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo …” (Mt 6,34).
Creio que a melhor meditação desta frase é o que disse em uma ocasião este grande santo não canonizado, porém grande santo da Igreja, Charles de Foucauld. Comentando esta pagina ele disse algo que realmente nos deixa de boca aberta.
Ele disse: “Não nos preocupemos com o futuro, mas em cada instante de nossa vida, façamos o que a vontade de Deus nos pede no instante presente. Assim, não vivemos mais em função de nós mesmos, mas em função de Deus, não apoiando-nos em nós e nem em criatura alguma, mas abandonando-nos completamente em Deus e esperando tudo só nele”.
Como enfrento o dia a dia? Com paz interior? Claro, com realismo, sabendo que há dificuldades para enfrentar e que não posso distrair-me, acomodar-me, ficar indiferente… porém, com paz interior. Acompanha-me todos os dias por dentro uma paz interior, que provém do amor de Deus, de que meu coração descansa em Deus? Ou, ao contrario, perco a paz, irrito-me, grito, corro e perco o sono?
O verdadeiro filho de Deus é uma pessoa que sabe descansar em Deus. Temos muito para meditar neste domingo, muito para realizar em nossas vidas, revisar nossas atitudes, nossos comportamentos.
Que rico evangelho temos hoje!
Cultivemos semente da Palavra no profundo de nossos corações:
- Onde está meu tesouro? Qual é para mim a verdadeira riqueza?
- Os bens são para mim um instrumento de relação e de partilha e comunhão com os outros,
ou um fim em que ponho toda a minha contemplação, que me causa angustia, stress?
Converte-se ao final para mim na acumulação das coisas, em um instrumento de idolatria?
- Esse é o ponto: onde está meu tesouro ai está o meu coração.
Onde está meu tesouro, para saber onde estar meu coração?
Está em Deus ou está nas coisas da terra? Como enfrento o dia a dia? Com paz interior?
Claro, com realismo, sabendo que há dificuldades para enfrentar e que não posso distrair-me,
acomodar-me, ficar indiferente… porém, com paz interior.
Autor: Padre Fidel Oñoro, CJM