ESTUDO BÍBLICO NA 21ª SEMANA COMUM ANO A 2023
ESTUDO BÍBLICO NA 21ª SEMANA COMUM ANO A 2023
Comunidade Católica Paz e Bem
SEGUNDA-FEIRA
Mt 23,13-22
Vida de Santo Agostinho
‘Um dos maiores filósofos e teólogo cristão, e figura central na transição da filosofia pagã para filosofia especificamente cristã.’
Aurélio Agostinho, nasceu em Tagaste, aldeola norte-africana do Império Romano tardio, atual Souk – Ahras, na Argélia. Nasceu em 13 de novembro de 354. Pertenceu a uma família de classe social humilde. O pai, Patrício, era pagão e de posses que no final da vida se converteu. A mãe, Mônica, era cristã, ela foi seu principal mestre (depois sendo canonizada).
Ele cursou as primeiras letras na escola municipal de Tagaste, de 361 a 365. Prossegue o ensino médio em Madoura cidade vizinha e um pouco maior; de 365 a 369. Tornou-se bom aluno. Começou a ter êxitos. Por falta de recursos financeiros, passou o período 369 a 370 na inatividade ociosa de Tagaste. Foi aí que a puberdade o surpreendeu em seu incandescente ser afetivo.
Um mecenas generoso, Romaniano, resolveu seus problemas econômicos. Graças a ele, Agostinho fez estudos superiores de Retórica e Artes Liberais em Cartago. Dedicou-se com deleite à aquisição do saber nas aulas, que complementava com a leitura.
Fez o curso universitário durante quatro anos, de 370-371 a 373-374. Paralelamente, durante esse período seu coração era um vulcão. Ardia em chamas de ansiedade, de ‘anxietudo’, neologismo inventado por ele em latim. Suas peripécias interiores são apaixonantes. Sentia-se afetado pelo puro amor em si, sem objeto embora sempre fogoso. ‘Ainda não amava e já gostava de ser amado’, diz-nos ele.
Mas durou pouco em seu espírito esse amar não materializado. Ele não o domina. Completando dezessete anos no segundo ano do curso, 371-372. Amava essa mulher com todo o seu ser. Tratava-se de uma jovem de condição social humilde. Eles estavam profundamente apaixonados. Amavam-se de maneira muito afetuosa. No ano escolar seguinte, 372-373, tiveram um filho, Adeodato (latim A-Deo-datus ‘dado por Deus’). Tanto a mãe como o pai o idolatravam. No ano seguinte, 373-374, Agostinho se forma.
A partir de então, passou a exercer o magistério. Foi professor particular de Gramática em Tagaste, durante 374-375. Na escola pública municipal de Cartago conseguiu a cátedra de Retórica, que ocupou como titular por oito períodos, de 375-376 a 382-383. Depois foi para Roma, onde abriu uma escola particular de Arte Retórica durante o período 383-384.
Finalmente, entre junho e julho de 384, candidatou-se à ‘Cátedra Imperial de Retórica e Artes Liberais’, vacante em Milão, onde conheceu Ambrósio, bispo da cidade. Foi bem-sucedido nas provas, que se realizaram na presença do Prefeito de Roma, Quinto Aurélio Símaco. Permaneceu ali por dois períodos, até as ‘férias vindimais’, data em que renuncia à cátedra por ter-se convertido à fé cristã.
Durante catorze anos, de 371-385, Agostinho vive em união estável de leito com a mãe de seu filho. Ela não é sua esposa; é sua concubina. Por todo esse tempo, vivem eles um para o outro, amando-se de verdade com ‘fidelidade de leito’, tori fidem e com paixão de namorados. Coexiste na paixão deles diferentes sensibilidades. Ela é mais doce; ele, mais fogoso. Por isso mesmo, são com freqüência castigados pelo ferro em brasa do ciúme, das suspeitas, dos temores, dos aborrecimentos e das disputas’.
Se, ao final desses anos, se separa dela, sem se casar, não é por falta de afeto, nem por ambição, mas por imperativo legal. Assim o estabelecem as leis Julia e Papia Poppaea, sobre o ‘casamento das ordens’. É uma legislação que proíbe o casamento entre contraentes do matrimônio por desigualdade de classe em termos de dignidade ou de posição. Em novembro de 385 se dá a dolorosa separação entre Agostinho e sua concubina.
A alta sociedade milanesa já é, a essa altura, prioritariamente cristã. É regida espiritualmente pelo bispo Ambrósio. Entre seus fiéis Mônica, mãe de Agostinho.
Sua evolução espiritual é acompanhada de um longo e profundo conflito interior e, sob a influência de sua mãe Mônica, converteu-se ao cristianismo (386) sendo batizado junto com seu filho pelo bispo Ambrósio, aos 31 anos.
Tomado pelo ideal de ascese decidiu fundar um mosteiro em Tagaste.
Nesta época ele perde a mãe e, pouco depois, o filho, Adeodato.
Ordenou-se Padre (391) em Hipona, pequeno porto do mediterrâneo.
Em 395 foi nomeado coadjutor do bispo Valério e um ano depois tornou-se bispo de Hipona, onde não tardou para que fundasse uma comunidade ascética nas dependências da catedral. Consagrando à apologia do cristianismo contra as heresias, participando de todos os combates doutrinais de seu tempo.
Agostinho escreve Confissões treze anos depois da separação, entre 397 e 398, quando já era bispo titular de Hipona.
Ele testemunha o fim do Império Romano e da antigüidade clássica, em 410 viu a invasão de Roma pelos visigodos. Pouco antes de morrer presenciou o cerco de Hipona pelo rei dos vândalos, Genserico. Morre em sua cidade episcopal, no dia 28 de agosto de 430. Nesta data é festejado como doutor da Igreja.
A paixão da juventude, transferida para Deus com o passar dos anos, inspirou em Agostinho esse juízo de sincera e justa homenagem à verdade. E a vivência do mais puro e verdadeiro amor.
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TERÇA-FEIRA MARTÍRIO DE JOÃO BATISTA
Mc 6,17-29
A festa da natividade de são João Batista ocorre no dia 24 de junho. Ela faz parte da tradição dos cristãos, assim como esta que celebramos hoje, do martírio de são João Batista. No calendário litúrgico da Igreja, esta comemoração iniciou na França, no século V, sendo introduzida em Roma no século seguinte. A origem da comemoração foi a construção de uma igreja em Sebaste, na Samaria, sobre o local indicado como o do túmulo de são João Batista.
João era primo de Jesus e foi quem melhor soube levar ao povo a palavra do Mestre. Jesus dedicou-lhe uma grande simpatia e respeito, como está escrito no evangelho de são Lucas: ‘Na verdade vos digo, dentre os nascidos de mulher, nenhum foi maior que João Batista’. João Batista foi o precursor do Messias. Foi ele que batizou Jesus no rio Jordão e preparou-lhe o caminho para a pregação entre o povo. Não teve medo e denunciou o adultério do rei Herodes Antipas, que vivia na imoralidade com sua cunhada Herodíades.
A ousadia do profeta despertou a ira do rei, que imediatamente mandou prendê-lo. João Batista permaneceu na prisão de Maqueronte, na margem oriental do mar Morto, por três meses. Até que, durante uma festa no palácio daquela cidade, a filha de Herodíades, Salomé, instigada pela ardilosa e perversa mãe, dançou para o rei e seus convidados. A bela moça era uma exímia dançarina e tinha a exuberância da juventude, o que proporcionou a todos um estonteante espetáculo.
No final, ainda entusiasmado, o rei Herodes disse que ela poderia pedir o que quisesse como pagamento, porque nada lhe seria negado. Por conselho da mãe, ela pediu a cabeça de João Batista numa bandeja. Assim, a palavra do rei foi mantida. Algum tempo depois, o carrasco trazia a cabeça do profeta em um prato, entregando-a para Salomé e para sua maldosa mãe. O martírio por decapitação de são João Batista, que nos chegou narrado através do evangelho de são Marcos, ocorreu no dia 29 de agosto, um ano antes da Paixão de Jesus.
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QUARTA-FEIRA
Mateus 23,27-32
CONTINUA A DENUNCIA CONTRA OS FARISEUS:
“Sois semelhantes aos sepulcros caiados…”
Continua a denúncia contra os fariseus. Mais duas acusações de Jesus, com as quais termina esta série. Aliás, todo este capitulo 23 do evangelho de São Mateus, é sombrio, desolador, trágico.
Os dois últimos “ais” (vv.27.29) desvelam a presença da morte na classe dos dirigentes farisaicos e, assim, culmina o lamento fúnebre de Jesus que brota da rejeição que sofre ao longo de seu caminho. “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois semelhantes aos sepulcros caiados…” (v.27).
Assim segue Jesus fustigando o pecado da hipocrisia: parecer por fora o que não se é por dentro. Como havia condenado as árvores que só têm aparência e não dão fruto (lembrar o episódio da figueira amaldiçoada), aqui desabona as pessoas que cuidam de ter uma boa imagem ante os demais, porém, dentro estão cheios de malicia e de maldade.
Estas acusações não se constituíam somente em um eco dos conflitos enfrentados por Jesus, mas também os sofrimentos que estavam atravessando as comunidades cristãs primitivas. Com efeito, os fariseus não perseguiram só a Jesus, mas continuaram, de forma até mais acentuada, a perseguição contra os cristãos, na medida em que estes deixaram de ser uma seita do judaísmo e começaram a adquirir a sua própria identidade. De fato, dentro do judaísmo, havia muitas seitas e movimentos religiosos que propunham reformas e remendos às antigas instituições. Nenhuma, porém, no fundo, se atrevia a questionar a legitimidade destas, em si mesmas, como fez o cristianismo.
Os cristãos, ao proclamar que Jesus era o Messias enviado de Deus, punham em dúvida a validade de todas as instituições, inclusive das mais sagradas, como o templo. A pessoa e a palavra de Jesus eram uma alternativa nova e definitiva frente às antigas instituições.
A novidade de Jesus consistia numa valorização incondicional da vida da pessoa humana, sobretudo a sua identidade de filho muito amado de Deus, estava acima de leis e instituições. Para ele, absolutamente, ninguém tinha poder para tirar isso do outro. Pois no momento que alguém se achava neste direito, estava aberto o caminho para a crueldade. A dignidade humana se constituía como o fundamento da nova humanidade.
“Ai de vós escribas e fariseus que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos” (v.29). O evangelho nos convida a que lancemos novos “ais” contra os modernos “túmulos caiados” que encobrem violência e corrupção, e que denunciemos aos que fazem monumentos à suas vítimas para encobrir a impunidade que se perpetua na história.
Aprofundemos com os nossos pais na fé
Epístola dita de Barnabé (cerca de 130)
Afastar-se do caminho da hipocrisia e do mal
Há duas vias para o ensino e para a ação: a da luz e a das trevas. A distância entre estas duas vias é grande… A via das trevas é tortuosa e semeada de maldições. É o caminho da morte e do castigo eterno. Tudo o que pode arruinar uma vida está aí: idolatria, arrogância, orgulho do poder, hipocrisia, duplicidade de coração, adultério, assassínio, roubo, vaidade, desobediência, fraude, malícia, cupidez, desprezo de Deus. Por aí vão os que perseguem as pessoas de bem, os inimigos da verdade, os que são indiferentes à viúva e ao órfão…, sem atenção ao indigente e que esmagam o oprimido. Por isso, é justo instruir-se acerca das vontades do Senhor que estão escritas e caminhar junto delas. O que assim agir será glorificado no Reino de Deus. Mas todo aquele que escolher o outro caminho morrerá com as suas obras. Eis porque há uma ressurreição e uma retribuição. A vós, portanto, dirijo um pedido: estais rodeados de pessoas a quem fazer o bem; não deixeis de fazê-lo.
Cultivemos a semente da palavra na profundidade do coração
Hoje enfrentamos a muitas instituições que, em nome das mais diversas causas, inclusive das religiosas, se dão ao direito de dominar a vida do ser humano. Toda a realidade é reduzida a uma contradição, em benefício de seus interesses econômicos, políticos e sectários. Também convém que nos avaliemos no outro aspecto que Jesus denuncia:
- Somos dessas pessoas que, de palavra, se distanciam dos maus, como os fariseus de seus antepassados («nós não fizemos isso de nenhuma maneira»), porém, na realidade somos tão maus ou piores que eles, quando se nos apresenta a ocasião?
- E se poderia dizer algo assim da Igreja, que denuncia, e com razão, os males da sociedade, porém que pode cair nas mesmas faltas, como a ambição, a violência ou o interesse pelo poder?
- E também de cada um de nós, que nos consideramos os «bons», sempre tentados de crer-nos até como os melhores, os perfeitos, quando, na realidade, talvez sejamos, espiritualmente, mais pobres que os que temos tido por afastados ou não crentes?
QUINTA-FEIRA
Mateus 24,42-51
A ATITUDE ANTE A SEGUNDA VINDA DE JESUS
“Sede sóbrios e vigiai”
Restam-nos três dias de leitura do Evangelho de São Mateus. E todos têm um mesmo tema: o discurso «escatológico» de Jesus, o quinto e último dos discursos que Mateus nos oferece em seu Evangelho, organizando os ditos de Jesus (cf. o que dizíamos na segunda da décima semana).
O discurso escatológico refere-se aos acontecimentos finais e, em mais concretamente, a atitude de vigilância que temos de ter com respeito a ultima vinda de Jesus.
Hoje, nos diz isso com duas comparações muito expressivas: O ladrão que pode vir a qualquer momento, sem prévio aviso; e O amo que pode retornar na hora que os servos menos esperam. Em ambos os casos, a falta de vigilância fará com que o ladrão e o amo não estejam preparados.
É de suma importância a recomendação da vigilância em nossa vida. Não é que seja iminente o fim do mundo, com a aparição gloriosa de Cristo. Nem que necessariamente nossa morte esteja próxima. Mas é que a vinda do Senhor às nossas vidas acontece cada dia e é esta vinda, descoberta com fé vigilante, a que nos faz estar preparados para a outra, a final, a definitiva.
Toda a vida está cheia de momentos de graça, únicos, que não se repetem. Os judeus não souberam reconhecer a chegada do enviado. E nós? Desperdiçamos ou não nossas ocasiões de encontro com o Senhor Jesus Cristo?
O estudante estuda desde o início do curso, todos os dias. O atleta se esforça com exercícios diários muito tempo antes de acontecer o campeonato. O camponês pensa no resultado final já a partir de semeadura e cuida diariamente de sua plantação.
Ainda que não sejam iminentes, nem os exames, ou o objetivo final, nem a colheita. Não é de insensatos, pensar no futuro. É de sábios. Dia a dia se trabalha o êxito final. Dia a dia se vive o futuro e, se aproveita o tempo, tornando possível a alegria possível.
«Estejais em vigília»: bom apelo para a Igreja, povo peregrino, povo em marcha, que caminha para a última vinda de seu Senhor e Esposo. Bom apelo para alguns cristãos acordados, que sabem de onde vêm e pra onde vão, que não se deixam arrastar, sem mais nem menos, pela corrente do tempo e dos acontecimentos, que não se põem distraídos pelo caminho.
Estar vigilante não significa viver com medo, nem muito menos, com angústia, mas com sobriedade, com seriedade, os seus dias. Porque todos nós queremos ouvir, no final, as palavras de Jesus: “muito bem, servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor”.
Onde está a raiz do problema hoje? Em contentar-nos com apenas sentir o cheiro do divino. Não nos deixamos tocar. Não nos deixamos possuir. Não damos espaços ao Espírito Santo, para que possa agir no cotidiano de nossas vidas.
“Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mc 14,38). “Vigiai e orai”, diz, pois o Senhor. Não basta ouvir, não basta sentir, não pasta perceber, como acontece a todo vigilante, mas é preciso que se estabeleça “aqui e agora” o reinado de Deus, que começa dentro de nós.
Jesus nos pede: Para “Despertar a aurora” (Sl 108); Para “Orar em toda circunstância, pelo Espírito” (Ef 6,18); Para: “Orai sem cessar” (I Ts 5,17). E por quê? Porque se tem que lutar, constantemente, pela fidelidade à graça, contra as más inclinações e paixões, especialmente contra a tibieza e a sonolência espiritual (Ap 3,15s), que é tão comum no meio de nós.
Não uma oração desde a nossa soberba e presunção espiritual, mas desde o abismo de nossas misérias. Com efeito, já nos disse São Tiago: “Reconhecei a vossa miséria, afligi-vos e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto e a vossa alegria em tristeza” (4,9).
Cultivemos a semente da palavra na profundidade do coração
O Espírito de Deus paira sobre as águas do caos deste tempo em que vivemos e quer produzir vida.
- Tem Ele em você um aliado pronto e sempre agradecido?
Como pode ao certo contar comigo?
- Que coisas nós devemos renunciar, ou seja, deixar para trás, para começar a ser instrumento nas mãos do Espírito Santo?
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SEXTA-FEIRA
Mateus 25,1-13
EM MEIO DA NOITE: SABER ESPERAR COM AS LÂMPADAS ACESAS.
“A meia noite se ouviu uma voz”
Vamos chegando ao final de nossa leitura do Evangelho segundo Mateus. Seguindo o ritmo do Evangelho entramos na etapa das últimas instruções de Jesus a seus discípulos, justo aquelas, que são mais importantes para manter fidelidade ao seguimento.
O capítulo 24 de Mateus tem como tema central a vigilância: o discípulo que espera a vinda do Senhor não se lança a dormir, não deixa que a rotina o adormeça, mas está sempre atento ao que ocorre a seu redor, com uma grande capacidade de discernimento.
No começo do capítulo 25, com a parábola das dez virgens, Jesus educa nesta atitude que deve ser característica de todo discípulo, de todo aquele que vive uma relação estreita, de abandono total a Jesus (expressado na imagem das “virgens”).
“Vigiar” significa propriamente abster-se do sonho. Isto é o que precisamente se ilustra no comportamento das virgens. Podemos tirar as seguintes lições:
- A pertença ao Reino não se dá por si mesma, mas pressupõe comportamento intencional, as decisões. Assim como as virgens que se preparam ativamente para a vinda do noivo, é necessário agir sabiamente, com prudente previsão e coerência. O Reino de Deus se ganha com a sabedoria e se perde com a ignorância.
- As dez virgens começam iguais, nas mesmas condições, porém logo cinco tomam vantagem às outras cinco. Jesus ensina que pessoas que começaram juntas e tiveram muitas coisas em comum podem chegar ao fim de modo distinto, segundo seu comportamento.
- O ritmo da vida transcorre normal, o tempo passa e caímos na rotina. Jesus ensina a viver intensamente cada dia, tem que estar sempre preparados. Em nossa mente e em nosso coração deve estar sempre presente o Senhor e sua vontade, vivendo a vida como um “entrar” continuamente no Reino.
- Só se estamos preparados, poderemos entrar no Reino dos céus, no senhorio pleno e bem aventurado de Deus e acolhido na comunhão definitiva com ele. Quem não está preparado se encontra com uma porta fechada devido sua irresponsabilidade.
- O futuro se ganha no presente. Tem que tomar a sério o tempo presente. O céu começa na terra.
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
- Em que aspectos de minha vida vejo que me descuidei ultimamente? Que se debilitou em mim?
- Que pode causar em mim – como no caso das cinco virgens insensatas – um adormecimento que leva à irresponsabilidade? (por exemplo, o uso indiscriminado da televisão).
- Que decisões vou tomar para pôr azeite novo em minha lâmpada?
SÁBADO
Mateus 25,14-30
SER RESPONSÁVEIS
“És um empregado fiel e cumpridor”
Ao recordar hoje Santa Mônica, comecemos nossa Lectio orando com seu filho Agostinho:
“Tarde te amei, ó beleza sempre antiga e sempre nova, tarde te amei! Tu estavas dentro de mim, porém eu estava fora, e fora de mim te buscava; com meu espírito deformado, precipitava-me sobre as coisas formosas que criaste. Estavas comigo e eu não estava contigo. Retinha longe de Ti aquilo que não existiria se não existisse em Ti. Chamaste-me, e rompeste minha surdez. Brilhaste, resplandeceste e dissipaste minha cegueira. Exalaste sobre mim teu perfume; aspirei profundamente, e agora suspiro por Ti. Saboreei-te, e tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me, e agora desejo ardentemente a tua paz”.
A liturgia nos convida, hoje, a ler a parábola dos talentos, a qual nos faz a seguinte interrogação: Que fizeste com os talentos que te dei?
O texto nos dá algumas pistas para que possamos responder de modo ponderado e consciente:
- A parábola nos recorda que somos “servos” do Senhor. Ainda que sejamos livres nossa vida depende dele e está em função dele. Estamos vinculados ao Senhor de muitas formas e nossas capacidades vêm sempre dele.
- Cada um recebeu um dom segundo sua capacidade. Não devemos nos comparar com os outros, mas devemos valorizar o que temos recebido e sermos responsáveis por isso.
- Nossa tarefa, nosso ser “servos”, é dar fruto abundante. O servo bom e fiel é o que trabalha pelos interesses de seu Senhor. O servo malvado e incapaz, recusa o serviço e não atua segundo a vontade de seu patrão.
- Quando se trabalha nas coisas do Senhor, no próprio coração e fora nos diversos compromissos com os irmãos, se vive no gozo do Senhor. Não esqueçamos que nos chamou para a plena felicidade.
- O tempo vale muito. Não podemos desperdiçar nossa vida, com todos os seus dons. O Senhor nos pedirá conta de tudo o que nos deu. Nossa tarefa é desenvolver nossas capacidades e todos os talentos que põe em nossas mãos em função do projeto para o qual fomos criados.
Não esqueçamos. A vida nos foi dada, não como absoluta propriedade, mas como um tesouro a administrar e do qual temos que dar conta ao Senhor.
Aprofundemos com os nossos pais na fé:
São Paulino de Nola (355-431), bispo
“Que tens tu que não tenhas recebido?” (1 Co 4,7)
“Que tens tu que não tenhas recebido?”, diz-nos São Paulo (1 Cor, 4,7).
Não sejamos, pois, ávaros dos nossos bens como se eles nos pertencessem…
Confiaram-nos a sua responsabilidade; temos o uso de uma riqueza comum,
não a posse eterna de um bem que nos seja próprio.
Se reconheceres que esse bem só é teu cá em baixo por um tempo limitado, poderás adquirir no céu uma possessão que não terá fim.
Lembra-te daqueles servos que, no Evangelho, tinham recebido talentos do
seu patrão e do que o patrão, ao regressar, entregou a cada um deles; compreenderás então que depositar o seu dinheiro no banco do Senhor para
o fazer dar frutos é muito mais proveitoso do que conservá-lo com uma fidelidade estéril sem que renda nada para o credor e com grande prejuizo
para o servo inútil, cujo castigo será tanto mais pesado…
Apresentemos, pois, ao Senhor os bens que dEle recebemos.
Com efeito, não possuímos nada que não seja um dom do Senhor e só existimos porque Ele o quer.
Que poderíamos considerar como nosso, se nada nos pertence, devido a uma dívida enorme e privilegiada?
Porque Deus criou-nos, mas também nos resgatou.
Rendamos-Lhe graças por isso: resgatados por grande preço, o preço do sangue do Senhor, nós não somos coisas sem valor…
Devolvamos ao Senhor o que Ele nos deu.
Devolvamos Àquele que recebe na pessoa de cada pobre.
Devolvamos com alegria, para receber dEle com júbilo, tal como nos prometeu.
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
- Sou consciente dos talentos que o Senhor pôs em minhas mãos?
- Que estou fazendo para fazê-los crescer?
- Que fiz com a Palavra que o Senhor presenteou-me durante este mês, diariamente?
Com que frutos me apresento hoje diante do Senhor?