Fiéis Defuntos
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Origens
Desde os primórdios os cristãos rezavam pelos seus falecidos. Sabe-se que desde o Século II, cristãos visitavam os túmulos dos mártires para rezarem pelos falecidos. No século V, a Igreja já destinava um dia do ano para se fazer orações por todos os falecidos, principalmente por aqueles que não eram lembrados nem recebiam orações de ninguém. Sabe-se que em 998, Santo Odilon, abade de Cluny, pedia que os monges rezassem pelos falecidos. Um pouco mais tarde, a partir do século XI, o Papa Silvestre II (1009), o Papa João XVII (1009) e o Papa Leão IX (1015) motivaram toda a comunidade cristã a dedicar um dia de oração ao ano por todos os mortos.
2 de novembro
No ano 1331 esse dia anual de orações pelos mortos foi incluído definitivamente no calendário litúrgico, passando a ser comemorado no dia 2 de novembro. Isso porque no dia 1 de novembro celebra-se a Festa de Todos os Santos. Em 1915, por causa da mortandade causada pela I Guerra Mundial, o papa Bento XV emitiu um decreto para que os padres de todo o mundo rezassem três missas no dia 2 de novembro, na intenção de Todos os Fiéis (isto é, cristãos) mortos.
Passagens bíblicas
A doutrina católica se baseia em algumas passagens bíblicas que fundamentam a necessidade da oração pelos falecidos. Essas passagens são as seguintes: no Antigo Testamento: Tobias 12,12; Jó 1,18-20 e II Macabeus 12,43-46. No Novo Testamento: Mt 12,32. Além desses textos bíblicos, a Igreja se apoia numa Tradição de quase dois mil anos.
Almas do purgatório
Após celebrar o dia de todos os santos, temos o dia de finados, quando a igreja reza por todos os fiéis falecidos que já se salvaram, mas ainda não estão na glória celestial e sim, no purgatório. Em todos os outros 364 dias do ano, pedimos a intercessão dos santos que estão na glória de Deus, no céu. No dia 2 de novembro, fazemos o inverso: somos nós que pedimos a Deus pelas almas dos fiéis, nossos irmãos, que estão no purgatório. E nossas orações, se feitas com fervor e amor por nossos irmãos falecidos, podem abreviar os sofrimentos que eles vivem estando ainda no purgatório. Por isso é tão importante participarmos da santa missa e elevarmos nossas orações a Deus por todas as almas do purgatório. Elas precisam das nossas orações e nós podemos aliviá-las.
Indulgências
Por causa da grande importância de se rezar pelos mortos, a Igreja oferece indulgências, ou seja, o alívio das penas por causa de nossos pecados, por ocasião do dia de finados. Para recebermos esta indulgência, é preciso que procuremos o sacramento da confissão, que comunguemos, que rezemos pelos mortos na semana que antecede o dia de finados e que participemos da santa missa no dia de finados, oferecendo-a pelos fiéis falecidos.
Oração por todos os falecidos
“Ó Deus, que pela morte e Ressurreição de vosso Filho Jesus Cristo nos revelastes o enigma da morte, acalmastes nossas angústias e fizestes florescer a semente da eternidade que vós mesmo plantastes em nós: Concedei aos vossos filhos e filhas já falecidos a paz definitiva da vossa presença. Enxugai as lágrimas dos nossos olhos e dai-nos a todos a alegria da esperança na Ressurreição prometida. Isto vos pedimos, por Jesus Cristo vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Que todos aqueles que buscaram o Senhor com o coração sincero e que morreram na esperança da Ressurreição descansem em paz. Amém.”
FINADO OU DEFUNTO?
A palavra finado significa, em sua origem, “aquele que se finou, ou seja, que teve seu fim, que se acabou, que foi extinto”. Por sua vez, a palavra defunto, originada no latim, era o particípio passado do verbo defungor, que significava “satisfazer completamente, desempenhar a contento, cumprir inteiramente uma missão”. Mais tarde, foi utilizada e difundida pelo Cristianismo para dizer que uma pessoa morta era aquela que já havia cumprido toda a sua missão de viver.
Nesse contexto, o Dia dos Fiéis Defuntos, portanto, é o dia em que a Igreja celebra o cumprimento da missão das pessoas queridas que já faleceram, por meio da elevação de preces a Deus por seu descanso eterno.
A COMUNHÃO DOS SANTOS
A Igreja ensina a crer na comunhão de todos os fiéis de Cristo: dos que ainda peregrinam sobre a terra, dos defuntos que ainda estão em purificação (e que necessitam de orações) e dos bem-aventurados do Céu (intercessores de toda a humanidade), formando todos juntos uma só Igreja, conforme se professa no Credo.
A comunhão dos Santos, portanto, indica a participação de todos os membros da Igreja na fé, nos sacramentos, nos carismas e outros dons espirituais. Designa ainda a comunhão entre as pessoas santas, isto é, entre os que, pela graça, estão unidos a Cristo, morto e ressuscitado. […]. Todos juntos formam, em Cristo, uma só família, a Igreja, para louvor e glória da Trindade (Catecismo da Igreja Católica, Compêndio, 195).
Os primeiros cristãos viveram-na como ninguém. O fato de colocarem tudo em comum, inclusive os próprios bens materiais (cf. At 4,32), era a prova máxima desta vivência. Nas dificuldades e no pecado, a reação espontânea era de amor para com aquele irmão que estava em perigo ou em dificuldade. E assim, ele encontrava a força para reconhecer o seu pecado e, graças ao amor, corrigia-se.
Do mesmo modo que a comunhão cristã entre os que peregrinam neste mundo os coloca mais perto de Cristo, assim também a familiaridade com os santos os une a Cristo, de quem emana, como Fonte e Cabeça, toda a graça e a própria vida do povo de Deus (Lumen gentium, 50).