“Nada te perturbe” (EFC)
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Vamos iniciar nossa reflexão meditando uma das mais belas frase de Santa Tereza D’Ávila:
‘Nada te perturbe, nada te amedronte, tudo passa, a paciência tudo alcança.
A quem tem Deus nada falta. Só Deus basta.’
Lucas 12,1-7
O CORAÇÃO PURO DO DISCÍPULO “Guardai-vos do fermento dos fariseus”
Depois de ter denunciado profeticamente as incoerências dos fariseus e legistas (Lc 11,37-52), Jesus agora olha de frente a seus discípulos (distinguindo-os dentre a imensa multidão, 12,1a) e os confronta sobre o mesmo tema: “Guardai-vos do fermento dos fariseus” (12,1b).
Desta maneira se faz um paralelo entre os fariseus e os discípulos, porém também adverte aos discípulos que a “hipocrisia” pode ser também sua tentação.
Assim se conclui uma etapa do caminho de formação e começa outra na qual se aprofunda sobre a atitude do discípulo frente ao tempo final: o juízo, ali onde demonstrará a verdadeira pureza de seu coração (Lc 12,1 a 13,20). Ante Jesus, e já a estas alturas de seu caminho de formação, cada discípulo deve abrir de par em par as portas de seu coração.
A frase inicial, “guardai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia” (12,1b), leva cada discípulos a dirigir sua atenção para sua própria vida, porque uma das maiores tentações é pensar que os “hipócritas” são sempre os demais.
A hipocrisia (= “comediante”, em grego, no sentido pejorativo) consiste em por cara de santo sem ser realmente, fazer às vezes de quem está convertido, porém está longe disso. Pois bem, há que exercer uma seria vigilância sobre a própria vida para que isto não se converta em um principio de ação.
A imagem do “fermento” evoca a maneira de “trabalhar” a vida espiritual, é o conjunto dos esforços com os quais dá consistência a uma vida segundo Deus.
Dai que o ideal é o da mulher padeiro que prepara um excelente pão fermentando-o integramente com o fermento do Reino (imagem que aparece justo na conclusão desta seção, em 13,20-21).
Convidando então à vigilância sobre a própria vida (“Guardai-vos”) Jesus revisa os quatro aspectos da vida do discípulo, quando está frente aos demais.
Em cada um deles se faz uma contraposição:
(a) O que se disse em segredo – Contraposição: o que se disse em público;
(b) Ter medo – Contraposição: ter confiança;
(c) Confessar publicamente a Jesus – Contraposição: negar publicamente a Jesus;
(d) Falar por conta própria ante o tribunal – Contraposição: falar seguindo o ensinamento do Espírito.
Como se pode ver, o contexto é o das perseguições, isto é, das pressões externas do ambiente adverso para mudar a opção dos discípulos. As perseguições por causa da opção cristã e da tarefa evangelizadora no mundo são já um “primeiro juízo” ao discípulo, ai se vê a verdade de seu coração.
O juízo no último dia está correlacionado com a atitude que tome ante seus “críticos” (juízes) na terra. Mas o que ocorre aqui não deve ser causa de temor, o real temor deve ser ante o juízo de Deus.