Não se perturbe o vosso coração (EFC)
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João 14,1-6
Jesus anunciou a seus discípulos que se vai e que a comunhão de vida, a amizade vivida por três anos entre eles chega ao fim com a morte na cruz, já não o verão (visivelmente aos olhos humanos, a não ser quando ele queira se manifestar).
A nostalgia surge, então, como um sentimento cruel que aperta a garganta. A primeira reação dos discípulos deixa entrever o que pensam eles: o seguimento do mestre, a amizade saborosa com ele, não havia sido mais que algo passageiro que vai ficar apenas como uma bela lembrança, uma vez que a morte se interpõe no meio do amor e separa para sempre aquele que amaram tão intensamente.
“Não se perturbe vosso coração” (14,1): O termo “perturbação” é eloquente. Para entendê-lo relembremos a passagem da morte e ressurreição de Lázaro, onde se diz que diante da tumba de seu amigo querido, Jesus “se comoveu interiormente, se perturbou” (11,33) e, em seguida, chorou.
Esta perturbação é a sensação prévia às lágrimas, é uma comoção profunda, é um abalo no espírito, por isso se diz “do coração”. É uma sensação mórbida, desoladora. É isso que sentimos com a partida dos seres que amamos. “Crede em Deus, crede também em mim” (14,1b): Seguir vivendo sem o amado é como morrer.
Diante desse sentir-se sem apoio, Jesus os oferece um ponto de segurança: não será visto mais fisicamente, por isso dá uma pista importante: assim como Deus não é visível aos olhos mortais, também Ele não será. Em outras palavras, assim como alguém crê em Deus a quem não vê, assim também deve crer nele enquanto Senhor ressuscitado.