Qual o jeito certo de viver a FÉ? (EFC)

Evangelho (Mc 2,18-22)

Existe um jeito certo de se viver a fé? Qual a maneira correta de seguir Jesus? Quem está certo ou quem está errado?

É claro que os evangelho nos mostra como seguir Jesus. A Igreja nos dá esses parâmetros com sua doutrina, no entanto a experiência pessoal com Jesus sempre vai nortear nosso seguimento. 

“Vinho novo em odres novos”

É curioso ver como na passagem que lemos sábado passado (Mc 2,13-17), na que lemos hoje (Mc 2,18-22) e na que leremos amanhã (Mc 2,23-28), encontramos um ponto em comum: as críticas lançadas pelos escribas e fariseus com respeito ao agir de Jesus e seus discípulos. E nestas críticas notamos um dado que nos revela um pouco a atitude dos próprios escribas e fariseus.

No Evangelho de ontem (a refeição na casa de Levi), os escribas e fariseus não estão de acordo que Jesus coma com publicanos e pecadores. Recriminam-no, porém, não o fazem de frente, não dizem, diretamente, a Jesus, mas comentam com seus discípulos.

No Evangelho de hoje e no que leremos amanhã, a observação que fazem os escribas e fariseus refere-se aos discípulos de Jesus: por que estes não jejuam (v.18) ou por arrancarem espigas no sábado (v.24).

Também desta vez os fariseus não se adiantam e não dizem diretamente a Jesus, mas aos discípulos.

Passemos agora a aprofundar um pouco o texto que nos apresenta a liturgia hoje. Trata-se de guardar e cumprir o jejum prescrito e nisso os escribas e fariseus são muito estritos. Seguramente que o grupo formado por Jesus caminhava alegre e sem nenhum sinal exterior de estar jejuando.

Isto para um judeu era insólito, pois para eles o jejum incluía certa dose de sinais e comportamentos externos (cinza, saco, rosto desfigurado) que lhes dava uma aparência lúgubre. Isto não era assim para Jesus e seus seguidores, Jesus mesmo recomendava: “Quando jejuares não façais cara triste como os hipócritas que desfiguram o rosto para que os homens vejam que jejuam […] Tu, ao contrário, quando jejuares, perfuma tua cabeça e lava o rosto” (Mt 6,16-17).

As comparações sempre são ruins. Os fariseus comparam os discípulos de Jesus com os discípulos de João, pondo estes de exemplo em questões de jejum.

Jesus é categórico. Com um exemplo deixa claro que não é o jejum pelo jejum que interessa, mas o jejum em relação com a presença. Para os discípulos de João ainda não chegara o Messias e a ânsia da espera dava sentido ao jejum. Mas os discípulos de Jesus gozavam de sua presença.

Enquanto estiver com eles não jejuam, mas… quase percebemos aqui um anúncio da paixão. É nestes momentos, “quando lhes seja arrebatado o noivo”, que jejuarão.

Para que o assunto fique bem claro, Jesus usa uma comparação. A novidade do Evangelho não se pode converter em um retalho com o qual se trate de interpretar e dar sentido à antiga lei.

Inserir a Boa Nova em um contexto de apego a tradições, de rigidez e de intolerância, seria como disse o texto, produzir um rasgão pior e fazer que tudo vá a pique.

O mesmo acontece com o exemplo do vinho. Quanto mais velho mais saboroso. Porém, para este processo é preciso pô-lo em odres, em couros novos que resistam ao longo tempo da fermentação. Em outras palavras, se não recebes Jesus com coração novo, não aguentará a novidade que Ele traz.

A presença do Noivo-Jesus, é a novidade que não se pode interpretar à luz de tradições sem sentido. Ele está e com Ele deve ter festa, como aconteceu a Levi que convidou Jesus a sua casa, para celebrar com Ele a vida nova que surgia da graça de ser chamado.

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