Ser “lâmpada que arde e ilumina” (EFC)

João 5,33-36

JOÃO É A LÂMPADA QUE ARDE E BRILHA:

Vós enviastes emissários a João e ele deu testemunho da verdade”

Ao final desta semana, inteiramente dedicada a João Batista, eis aí um texto onde o próprio Jesus, em um contexto de controvérsia com seus inimigos, faz uma comparação entre si mesmo e João Batista.

Jesus dizia aos judeus: “Vós enviastes emissários a João e ele deu testemunho da verdade. Eu, no entanto, não dependo do testemunho de homem…”

Estas fórmulas incisivas nos dizem muitas coisas sobre a consciência que Jesus tinha de sua pessoa e de seu papel. Nenhum homem, nenhum profeta, nenhum santo, por grande que seja não é comparável a Jesus. Jesus o sabe. Ele se atreve a reivindicá-lo como algo que não tem volta!

A página do profeta (Is 56,1-3ª. 6-8) começa por um convite a viver segundo Deus, porque este se aproxima, «porque minha salvação está para chegar e vai se revelar minha vitória». Ditoso aquele que prepara os caminhos do Senhor praticando a justiça e «guarda sua mão de fazer o mal».

Porém, há outra idéia que se destaca mais ainda: para Deus não há estrangeiros. Ninguém tem que se sentir excluído de seu plano salvador. Todos os homens de boa vontade, sejam da raça que sejam, serão admitidos: «Não diga o estrangeiro: o Senhor me excluirá de seu povo».

Ainda que não pertença a Israel, toda pessoa disposta a fazer o bem se salvará. O monte Sião, a nova Jerusalém, será centro universal de salvação. Para todos «minha casa é casa de oração». Porque Deus quer reunir os dispersos e formar com todos, a nova comunidade.

Não é questão de raça, mas de conduta. Por isso o Salmo 66 nos tem feito cantar: «que todos os povos te louvem… conheça a terra teus caminhos, todos os povos tua salvação». Porque Deus está próximo e «a terra deu seu fruto». Deus ama a todos. Ama livremente.

Ao final do Natal celebraremos, explicitamente, a manifestação do Salvador aos pagãos, representados nos magos que vêm de Oriente.

Também hoje é João Batista o que nos anuncia que já chegou este tempo em que Deus queria acercar-se de nós, definitivamente, no Messias. João «deu testemunho da verdade» e indicou, claramente, com seu dedo o que vem para salvar a humanidade: Jesus de Nazaré.

João não é a luz, porém, sim, «a lâmpada que ardia e brilhava». Não é a Palavra salvadora, porém, sim, a voz que a proclama no deserto. Embora seja Deus mesmo a testemunhar Jesus, com suas obras, também é válido o testemunho que ante o povo de Israel dar, dele, o Batista, profeta robusto, testemunho crível, homem íntegro. Jesus quer que creiam nele também pela palavra do Batista.

As leituras se tornam, para nós, aqui e agora, perguntas interpelantes. Pensemos, antes de tudo, se nós, a exemplo de João, somos lâmpadas que dão luz que iluminam outros e ponto de referência crível pelos quais possam orientar sua vida e descobrir Jesus, o que tira o pecado do mundo.

O Batista é um admirável modelo para nós, que, ao longo dos séculos, recebemos o encargo de sermos testemunhos de Cristo no meio do mundo com nossas palavras e nossas obras.

Sim, com obras. O Batista, e, portanto, cada Advento, põe em questão seguranças e estilos de vida que estamos buscando. Denuncia. Desperta os que estão dormindo. Convida a que mudemos algo em nossas atitudes. Por exemplo, a atitude universalista que a primeira leitura nos propõe e que Batista praticava, pregando a todos, pecadores ou não, fariseus e publicanos, judeus ou romanos, a proximidade do Salvador.

Se de verdade nós cristãos, «aceitamos os estrangeiros», aos de outra raça ou de outros gostos, idade e cultura, ou aos que a sociedade tem marginado. Se fôssemos verdadeiramente lâmpada por nosso testemunho de abertura e esperança: então seria um Advento autêntico para nós e para os demais.

A celebração da Eucaristia é sempre aberta, e, portanto, universalista. Vêm todas as pessoas. Todos nos aceitamos, de modo especial com o gesto da paz que somos convidados a fazer. Não podemos comungar com Cristo se não estamos em atitude de comunhão e acolhida para com os demais.

O Advento do Senhor se prepara com a aproximação e mútua aceitação entre as pessoas. Que é a maneira como as duas direções têm mais sentido: nossa aceitação dos demais fica motivada porque todos nós somos salvos e alimentados pelo mesmo Cristo, e nossa aceitação de Cristo se concretiza na aceitação de seu melhor sacramento, a pessoa do próximo.

POEMA DE MÁRIO QUINTANA

 “O Tempo“.

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado…
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo…
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

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