12º DOMINGO DO TEMPO COMUM (Estudo Bíblico)

Marcos 4,35-41

A TEMPESTADE ACALMADA

Introdução

Às vezes alguém pensa que pelo fato de entrar no seguimento de Jesus está livre de todos os perigos. O evangelho de hoje nos mostra o contrário. O relato da tempestade acalmada põe cara a cara o Mestre e os discípulos pela primeira vez em uma situação difícil.

Jesus tem ajudado a outras pessoas, mas esta é a primeira vez que faz um milagre em beneficio de seus próprios discípulos. Eles, por sua vez, estão chamados a fazer o caminho de fé pelo qual se entra no mistério do Reino (4,11).

Releiamos com calma, confrontando com nossas vidas, um relato curto, carregado de detalhes. Em poucas palavras: o primeiro teste da autenticidade do discipulado que é nosso modo de manejar situações difíceis em comunhão com Jesus.

  1. O texto, seu contexto e estrutura
    1. O texto

Leiamos Marcos 4,35-41

  1. Contexto Uma experiência em meio do mar

O episódio do Evangelho de hoje tem como cenário o mar. A este respeito vale a pena ambientar-nos um pouco: que idéia tinha do mar o povo da Bíblia?

No imaginário bíblico, o mundo marítimo era visto com fascinação, mas, também, com muito terror. Isto se explica, em parte, pela geografia mesma da terra de Israel, a qual, por ter uma grande faixa de terra costeira quase retilínea não tinha portos para embarcações grandes.

Pensava-se ainda no mar como fonte de perigos: por ali chegaram os filisteus; pensava-se que nele habitavam grandes monstros marítimos como Leviatã; contava-se história de naufrágios, etc. A respeito disse Eclo 43,24-25: “Os que sulcam o mar falam de seus perigos, e do que ouvem nossos ouvidos nos maravilhamos. Ali estão as coisas raras e maravilhosas, variedade de animais, espécies de monstros marítimos”

Recordemos também o Salmo 104,25-26: “Ali está o mar, grande e de amplos braços, e nele a quantidade inumerável de animais, grandes e pequenos; por ali circulam navios e o Leviatã que tu formaste para brincar com ele”.

Referimo-nos, por suposto, ao mar Mediterrâneo. Dali se tem a lembrança de numerosos naufrágios (ver Is 23; Ez 26-27; At 27). Inesquecível é a frase de Paulo: “Três vezes naufraguei; um dia e uma noite passei no abismo… Perigos por mar…” (2 Cor 11,25.26). Ha tempestades memoráveis como a que vive Jonas (1,4) ou a que descreve poeticamente o Salmo 107,23-32 (ver o salmo responsorial de hoje).

Por isso a Bíblia faz de sucessos marítimos uma referência de experiências salvíficas. Como bem resume o livro da Sabedoria 14,3-4: “E és tu providência, Pai, quem a guia (a nave), pois também no mar abriste um caminho, uma rota segura através das ondas, mostrando assim que de todo perigo podes salvar…”.

Neste contexto, a tempestade se torna símbolo da angústia suprema. Um antigo hino que não está na Bíblia, achado nas grutas de Qumrán, mostra o orante cuja alma está abalada “como um barco nas profundidades do mar” (Hino III,6). Outro hino nos dá uma descrição que nos soa familiar no relato da tempestade calmada no Evangelho: “Eu sou como marinheiro em um barco no furor do mar, suas ondas e torrentes se levantam sobre mim, um vento vertiginoso sem uma pausa para tomar alento, sem luzeiros que dirijam o caminho sobre a face do mar. O abismo se levanta ao meu gemido, minha alma se aproxima das portas da morte” (Hino VI, 22-24).

Ainda que nosso relato tenha como cenário o mar de Galiléia, que não é o grande Mediterrâneo, mas um lago, o fundo bíblico está presente. Em meio ao perigo iminente da morte, representado pela violenta tempestade, Jesus se manifesta diante de seus discípulos como o Senhor da Criação e mais poderoso que o mal.

  1. Em Marcos, Jesus faz escola na barca com os discípulos

É notável que no Evangelho de Marcos, em seus primeiros oito capítulos (a primeira parte da obra), se mencionem com tanta frequência as barcas:

  • Em 1,20 se diz que no dia do chamado dos quatro primeiros discípulos houve um desprendimento da barca (ver também 1,18);
  • Mas em 3,9 já estão de novo na barca;
  • Em 4,1 se diz que o sermão em parábolas foi feito de uma barca e quando acaba, Jesus e os discípulos viajam na barca (4,35);
  • Na região dos gerasenos “saltou da barca” (5,1) e, ao regressar, sobe na barca (5,18) e nessa ocasião não permite o curado viajar com Ele;
  • Logo “passou de novo na barca” (5,21) à outra margem;
  • Depois da missão dos Doze, Jesus vai sozinho, “na barca” (6,32) a um lugar solitário;
  • A cena termina na multiplicação dos pães, depois da qual há uma nova cena de barca envolvendo Jesus e os seus discípulos (6,45);
  • O mesmo acorre após a segunda multiplicação dos pães (8,13);

Podemos destacar de modo especial, três ocasiões nas quais a travessia do lago se torna em espaço de formação dos discípulos: 4,35-41; 6,45-52; e 8,14-21. Nas três ocasiões se dá uma situação problemática na qual Jesus confronta seus discípulos.

A barca, então, se converte, em Marcos, em um dos lugares privilegiados da formação dos discípulos. De fato:

  • Em uma barca, Jesus e os discípulos ficam a sós, tomando distancia da multidão;
  • Em uma barca, se geram espaços estreitos de convivência que exigem adaptação, criatividade e acordo com os demais;
  • Em uma barca, a comunidade aprende a ir na mesma direção.

Mas, sobretudo, como ocorre nas três cenas de travessia do lago, o mar se torna lugar da manifestação de Jesus, exclusivamente, para seus discípulos:

  • ali são salvos de um perigo,
  • ali recebem uma nova revelação de seu mestre que serve de ponto de partida para que possam responder “Quem é Jesus”.
    • Em um itinerário de revelação de Jesus e discipulado

O itinerário traçado pelo Evangelista Marcos quer levar-nos a compreender quem é Jesus (cristologia) e quem somos nós (discipulado).

Um discípulo só pode perceber sua identidade quando capta a revelação de Jesus; de outro modo o seguimento seria vazio ou, no melhor dos casos, um auto-seguimento. Não é por acaso que a passagem que lemos hoje acaba perguntando: “Quem é este?” (4,41).

Em meio da seção do ensinamento em parábolas (Mc 4,1-34), o evangelista nos tem mostrado o propósito de Jesus de induzir seus discípulos no mistério do Reino de Deus:  

(1) “A vós vos foi dado o mistério do Reino de Deus” (4,11);

(2) “A seus próprios discípulos explicava tudo em privado” (4,34).

Dando um passo adiante na formação de seus discípulos, Jesus realiza na presença deles quatro grandes manifestações do poder do Reino:

  • Em meio da tempestade: Jesus se revela com um poder que vence o perigo de morte (4,35-41);
    • Na terra dos gerasenos: Jesus se revela como aquele que liberta das cadeias do mal que desumanizam o homem (5,1-20);         
    • No caminho: Jesus revela como cura a doença ainda que seja só em tocar a borda de seu manto(5,25-34);
    • Na casa de Jairo: Jesus se revela como o que vence a própria morte (5,21-24.35-43).

Os primeiros que têm que captar quem é Jesus, são os discípulos. Por isso o evangelista insere nesta seção de milagres o tema da fé:

  • Os discípulos acompanham Jesus todo o tempo:
  • “Passemos…”(4,35),
  • “chegaram…” (5,1),
  • “E seus discípulos lhe seguem” (6,1).
  • Ver também 5,31.37;
    • Eles são testemunhas diretas do poder de Jesus nas cinco cenas (ver 4,41; 5,1.31.37);
    • E é a eles a quem, em primeiro lugar, lhes pede a fé: “Como não tens fé?” (4,40).

Esta é a fé que se pede também aos demais:

(1) À hemorroíssa: “Tua fé te salvou” (5,34);

(2) A Jairo: “Não temas, crê somente” (5,36).

Tudo isto é chave no discipulado. De fato, como o próprio Jesus disse, desde o principio, ao anunciar o kerigma, a fé é o distintivo do discípulo: Convertam-se e creiam na Boa Nova do Reino de Deus(1,15b).

Quando lemos o relato da “Tempestade acalmada”, assim como os outros relatos de manifestação de Jesus a seus discípulos e ao povo, temos que ter presente:

  • Que Jesus revela de si mesmo?
  • Qual a reação que se espera nos destinatários?
  • 3. Um esquema da passagem

No relato de Mc 4,35-41 distinguimos:

(1) A circunstancia: uma travessia do lago em uma barca (4,35-36);

(2) O episódio da tempestade (4,37-39):

  • O surgimento da tempestade (4,37-38ª);
  • Os discípulos interpelam a Jesus (4,38b);
  • Jesus acalma a tempestade (4,39);

(3) Reações finais (4,40-41):

  • Jesus interpela seus discípulos (4,40);
  • Os discípulos se perguntam pela identidade de Jesus (4,41)
  • A circunstância: uma travessia do lago em barca (4,35-36)

Este dia, ao entardecer, lhes disse: ‘Passemos à outra margem’. Despedem a multidão e o levam na barca, como estava; e iam outras barcas com êle”

O primeiro que vemos é a sintonia entre o Mestre e os discípulos. O dia do ensinamento em parábolas, com Jesus na barca, termina “ao entardecer” e com a ordem de Jesus a seus discípulos: “Passemos à outra margem” (4,35).

A obediência dos discípulos é pontual (4,36). Jesus toma a iniciativa. Suas palavras nos remetem às pronunciadas em 1,38: “Vamos a outra margem”. Aqui como ali há uma intenção missionária.

O curioso é que não será uma viagem fácil. Praticamente é Jesus quem leva aos discípulos a arriscar suas vidas em uma situação cheia de pânico. Com Jesus terão que aprender a vencer os medos em um caminho de seguimento e de missão que nunca será fácil.

Com duas expressões no v.36 Marcos sublinha o discipulado: “eles o levaram como estava” (se subtende que cansado) e “iam (=estavam)… com ele”. Os discípulos acompanham e servem ao seu Mestre (3,14).

Até aqui tudo parece perfeito.

  •  O episodio da tempestade (4,37-39)

Assistimos agora a uma mudança na situação. O “estar” com Jesus não exime seus discípulos dos perigos. Entremos na cena da “tempestade acalmada” propriamente dita.

  • O surgimento da tempestade (4,37-38ª)

“Nisto, se levantou uma forte tempestade e as ondas irrompiam na barca, de sorte que já se afundava a barca. Ele estava na popa, dormindo sobre um travesseiro”.

Na descrição da situação negativa, Marcos nos faz ver um forte contraste entre a violência da tempestade e a paz de Jesus. A tempestade que se abate sobre a barca é descrita em sua origem (“levantou-se um grande vento”), seu efeito visível (“as ondas…”) e, finalmente, sua consequência (“irrompiam na barca… já se afundava a barca”).

Um só versículo permite perceber o desencadear-se das forças que põem em risco a vida. A distinção entre causa e efeito é importante. Neste caso está correlacionado com o que virá no v.39 quando Jesus enfrentar a força que desencadeia as demais forças destrutivas.

Um dado deixa ver a gravidade da situação: a barca já estava quase cheia de água. Isto explica o desespero dos discípulos e ao mesmo tempo põe de relevo a inexplicável tranquilidade de Jesus.

Em meio a todo este quadro, os discípulos ficam impotentes, a mercê das forças incontroláveis que estão a ponto de por fim a viagem e suas vidas. O naufrágio parece inevitável.

  • Os discípulos interpelam a Jesus (4,38b)

“Despertam-no e o dizem: ‘Mestre, não te importa que pereçamos?’”

Não só o mar se põe agressivo, os discípulos também se comportam assim com Jesus. A pergunta que fazem a Jesus pode soar em primeiro momento como uma acusação de irresponsabilidade com a vida de seus discípulos. Alguns traduzem assim: “Não te importa nada que pereçamos?”. 

Podemos fazer duas observações na frase:

  • Mestre…”

Na interpelação a Jesus, chama a atenção que pela primeira vez neste evangelho os discípulos se dirijam a Jesus com o título “Mestre”. Em Marcos este título aparece doze vezes e não se dirige a ninguém mais senão a Jesus somente;

  •  “Não te importa…?”

      O modo como os discípulos falam a Jesus nos remete ao relato do primeiro milagre deste evangelho, quando o espírito impuro desafia Jesus com a pergunta: “Vieste destruir-nos?”. O termo grego que utilizam os discípulos é o mesmo. 

Juntando estas duas observações vemos um efeito: os discípulos reclamam a Jesus que seu convite a passar à outra margem (a viagem missionária junto com Ele) os conduza ao naufrágio, à ruína definitiva de suas vidas.

Se temos presente que este é um relato que é escrito após o acontecimento da Cruz, onde os discípulos viveram um tremendo escândalo com o caminho proposto pelo Mestre, se poderia pensar que, no fundo, está o escândalo da Cruz: “Importamos algo para ti?”.

O caminho do Mestre e dos discípulos é o mesmo. O “nós” comunitário vê-se neste episódio tanto nas palavras de Jesus “passemos” como nas dos discípulos “pereçamos”. Certamente o discipulado implica esta comunhão de caminho e de destino (8,34).

É preciso entender as palavras duras dos discípulos a seu Mestre não tanto como uma repreensão, mas um grito de desespero que deixa sair desde o fundo a inconformidade.

   O que se busca é por Jesus em ação e, de fato, Jesus reage positivamente. É claro que está interessado na vida de seus discípulos. Esta é uma boa ocasião para que o entendam.

  • Jesus acalma a tempestade (4,39)

“Ele, havendo despertado, ordenou ao vento e disse ao mar: ‘Cala, emudece!’. O vento se acalmou e sobreveio uma grande bonanza”.

Chegamos ao momento cume: Jesus acalma a tempestade. Como nos versículos iniciais deste relato, uma ordem de Jesus é obedecida pontualmente.

Na redação marcana cada termo é significativo:

  •  Jesus “desperta”

       O termo grego tem a conotação de “pôr-se em pé”, um vocábulo similar à terminologia da ressurreição. Se bem que, neste caso, tendo em conta o contexto anterior, o que se quer assinalar antes de tudo é que Jesus sai de sua inércia.

  • Jesus “enfrenta”.

       Jesus se põe cara a cara com a situação: a sua causa (o vento furioso) e a seu efeito (o mar agitado). O faz com o poder de sua palavra, tal como o fez com o espírito impuro no exorcismo de Cafarnaúm (1,25).

Com dois imperativos Jesus impõe o silêncio, tal como ocorreu na cena do exorcismo que acabamos de citar. A segunda ordem “emudece” descreve em grego o “por uma amarra”.

O vento e o mar obedecem à palavra de Jesus. Vem a serenidade e a paz sobre o lago tranquilo e cheio.

O perigo passa, a vida foi salva. A “grande bonança” se contrapõe ao “grande vento” inicial.

  •  As reações finais (4,40-41)

O milagre poderia ter terminado no versículo anterior. Porém o relato segue, visto que ele aponta para a cristologia e o discipulado. Vejamos as lições.

  • Jesus interpela seus discípulos (4,40)         

“E lhes disse: ‘Por que estás com tanto medo? Como não tendes fé?’”.

Durante a cena da tempestade os discípulos falaram a Jesus, mas Jesus não falou. Agora o faz e com perguntas. Deles (e hoje de nós) se espera uma resposta.

À tempestade deu duas ordens, aos discípulos fez duas perguntas a respeito do “medo” e da “fé”. Medo e fé não se contrapõem, ambas configuram uma mesma situação e abre um novo caminho.

O “medo” é uma reação normal. Vem-nos quando a vida está ameaçada e nos sentimos impotentes ante os fatores de risco. Mas é precisamente aqui onde se espera que se manifeste a fé. Os discípulos só olham para o perigo e vêem o sono de Jesus como um ato de indiferença, porém eles esquecem quem é realmente Jesus.

É verdade que “estão” com Jesus, porém não têm presente que se estão com ele, não importa os perigos, a vida está salva. O ensino é este: a comunhão com Jesus (seguimento) não nos exime dos perigos, mas um discípulo deve ter sempre a certeza de que deve confiar nele de modo incondicional apoiando-se em sua guia, permitindo-lhe que entre em ação quando e como queira.

Esta é a fé que deve, enfim, afastar o medo do coração do discípulo.

As perguntas de Jesus, então, levam os discípulos a descobrir o caminho e a meta do caminhar com Ele.

  • Os discípulos se perguntam pela identidade de Jesus (4,41)

“Eles se encheram de grande temor e se diziam uns aos outros: ‘Pois quem é este que até o vento e o mar o obedecem?’”.

A reação final dos discípulos também está expressada em forma de temor e de questionamento.

O temor dos discípulos

Os discípulos iam de temor em temor. Primeiro foi ante a violência do mar. Agora é ante a paz do mar provocada pelo poder Jesus.

Diante da manifestação de Jesus Cristo, vitorioso sobre o mal que destrói a vida, os discípulos ficam recolhidos, percebem que estão ante alguém grande.

Isto nos remete a cenas do Antigo Testamento em que se manifesta o poder de Deus em meio do mar (por exemplo, quando o povo faz a travessia nas águas do Mar Vermelho, em Êxodo 14,31; ou quando se acalma a tempestade depois de se lançar a Jonas da barca em Jonas 1,16.

Porém também a reação dos discípulos tem tudo a ver com as perguntas que acaba de formular Jesus. É possível uma fé como a que pede Jesus?

A pergunta final dos discípulos

A pergunta não é dirigida a Jesus, mas a fazem entre eles mesmos; ainda nisto se nota um detalhe da comunhão entre os discípulos. Temos o prelúdio de uma confissão de fé suscitada pela observação do conjunto da obra de Jesus.

Observemos um momento a formulação da pergunta: Quem é  este?”. Um primeiro sentido é: Quem é este que nos pede tal fé?.

Porém, se observarmos a pergunta completa, notaremos que se conecta com outra anterior que se expôs no primeiro milagre de Jesus na sinagoga de Cafarnaúm: “Que é isto? Uma doutrina nova exposta com autoridade! Manda até nos espíritos imundos e o obedecem (1,27).

Os espíritos impuros, assim como as forças da natureza, não reagem frente à palavra humana, porém ante a palavra de Jesus. Em Jesus há algo distinto, novo. Esta obediência das forças negativas à palavra de Jesus questiona também a obediência que se espera de todos, especialmente dos discípulos frente ao Mestre.

A pergunta fica sem resposta. Praticamente é uma pergunta aberta que deve acompanhar todas as sucessivas manifestações de poder de Jesus ao longo do Evangelho. Não é assistir ao Evangelho passivamente, a observação, a análise.  o deixar-se impactar, a revisão das próprias atitudes devem caracterizar o seguimento do discípulo.

A pergunta dos discípulos é positiva. Não é duvida sobre o Mestre, mas busca profunda. As perguntas abrem novas portas. Talvez um pouco como dizia são João da Cruz acerca do que busca: “Sem nenhuma luz nem guia, mas o que O coração ardia”.

Pois bem… Os discípulos ficaram tremendamente impressionados por seu Mestre. O que tem acontecido é apenas um ponto de partida. Os acontecimentos que seguem darão novos dados sobre Ele até que, pela boca de São Pedro, se escute uma confissão de fé, cuja validez estará na capacidade de compartilhar o destino de Jesus.

  •  Releiamos o Evangelho com um Padre da Igreja

Quando as angustias dos sofrimentos levam a alma a uma tempestade, então desperta a fé que nela dormia.

Em verdade, o mar estava tranquilo quando Cristo adormeceu no barco. Enquanto Ele dormia, se levantou

uma tempestade, e começaram a correr perigo. Portanto, também no coração cristão haverá tranquilidade

e paz, porém, somente na medida em que esteja despertada a nossa fé. Por isso, se nossa fé adormece, corremos perigo. Isso é precisamente o que significa o dormir de Cristo: quando alguém se esquece de sua

fé, corre perigo. Os que vacilavam ante a agitação do barco, despertaram a Cristo e lhe disseram: Senhor, estamos afundando. E Ele se levantou, deu uma ordem à tempestade, mandou às orlas, cessou o perigo e houve bonança. Assim também, quando te perturbem os maus desejos e as más persuasões, se acalmarão. 

Ao te desesperas e te consideras perdido para o Senhor: desperta tu fé, desperta a Cristo em teu coração.  Levantando-se a fé, logo vês onde estás”. (Santo Agostinho)

  • Para cultivar a semente da Palavra no coração
  • Nas situações difíceis da vida, quando vem a “tempestade”, minha fé em Jesus me dá a visão que necessito e as forças para poder sobressair? Como via o mar o povo da Biblia?
  • Por que se usa a imagem de tempestades no mar para indicar experiências de perigo extremo e de salvação divina?  Para onde aponta este tipo de relatos?
  • Culpo ao Senhor por meus problemas? Sinto-me frustrado com Ele quando não vejo que me ajuda rapidamente? Que pede Jesus a seus discípulos no episodio de hoje?
  • Que me pede nos episódios sombrios de minha existência?
  • Os discípulos fazem ao final a pergunta: “Quem é este?”. Como eu a responderia?

Pe. Fidel Oñoro, cjm

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