ENQUANTO FAÇO O CAFÉ: O Sentido do Jejum
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Marcos 2,18-22
No Evangelho de hoje e no que leremos amanhã, a observação que fazem os escribas e fariseus refere-se aos discípulos de Jesus: por que estes não jejuam (v.18) ou por arrancarem espigas no sábado (v.24).
Passemos agora a aprofundar um pouco o texto que nos apresenta a liturgia hoje. Trata-se de guardar e cumprir o jejum prescrito e nisso os escribas e fariseus são muito estritos. Seguramente que o grupo formado por Jesus caminhava alegre e sem nenhum sinal exterior de estar jejuando.
Isto para um judeu era insólito, pois para eles o jejum incluía certa dose de sinais e comportamentos externos (cinza, saco, rosto desfigurado) que lhes dava uma aparência lúgubre. Isto não era assim para Jesus e seus seguidores, Jesus mesmo recomendava: “Quando jejuares não façais cara triste como os hipócritas que desfiguram o rosto para que os homens vejam que jejuam […] Tu, ao contrário, quando jejuares, perfuma tua cabeça e lava o rosto” (Mt 6,16-17).
As comparações sempre são ruins. Os fariseus comparam os discípulos de Jesus com os discípulos de João, pondo estes de exemplo em questões de jejum.
Jesus é categórico. Com um exemplo deixa claro que não é o jejum pelo jejum que interessa, mas o jejum em relação com a presença. Para os discípulos de João ainda não chegara o Messias e a ânsia da espera dava sentido ao jejum. Mas os discípulos de Jesus gozavam de sua presença.
Enquanto estiver com eles não jejuam, mas… quase percebemos aqui um anúncio da paixão. É nestes momentos, “quando lhes seja arrebatado o noivo”, que jejuarão.
Para que o assunto fique bem claro, Jesus usa uma comparação. A novidade do Evangelho não se pode converter em um retalho com o qual se trate de interpretar e dar sentido à antiga lei.
Inserir a Boa Nova em um contexto de apego a tradições, de rigidez e de intolerância, seria como disse o texto, produzir um rasgão pior e fazer que tudo se perca.