ENQUANTO FAÇO O CAFÉ: Reconhecer o tempo do outro

João 16,16-20

Assim como nós temos o nosso ritmo, aquele que está sendo orientado por nós também. Precisamos compreender.

Jesus pronuncia uma frase misteriosa: “Dentro de pouco já não me vereis e dentro de outro pouco voltareis a me ver” (16,16; e repete-se duas vezes mais nos vv.17.19). É de uma forma obscura, (“em parábolas”, v.25), que Jesus fala de sua morte e ressurreição. Esta frase quer dizer isto: “Estou a ponto de desaparecer e nunca mais voltarão a ver-me, mas dentro de pouco tempo me verão”.

Os discípulos ficam confusos. Então se reúnem à parte e debatem entre eles (cf. 16,17-18) para entender o sentido da frase, porém não encontram a resposta: mas, se é difícil entender que Jesus está falando de sua morte e ressurreição, mais difícil ainda é captar o significado disso para suas vidas.

O próprio fato de que os discípulos façam perguntas é importante: interrogar ao Senhor é o único modo de evitar a paralisia na vida espiritual. É um reconhecimento da falta de preparação que nós esbarramos, frequentemente, com respeito ao mistério da Cruz.

Jesus, que não está muito longe, se dá conta e intervêm na conversa, antecipando-se à pergunta que vão lhe fazer (16,19). Jesus percebe rápido, a situação. E nós? Captamos, assim, tão rápido, os problemas de nossa casa, de nossa comunidade, de nosso meio?

É preciso observar a maneira como Jesus se expressa. Não disse: “Depois que vocês tenham tido uma grande tristeza então Eu virei dar-lhes a alegria”. Não se trata de uma sequência: primeiro a tristeza e depois a alegria. Não se trata de uma sequência, mas uma consequência. É como se Jesus estivesse dizendo-lhes: “A tristeza que vocês estão vivendo agora será causa de alegria para vós mesmos”.

Isto define uma lei importante da vida espiritual: a ressurreição vem de dentro da Cruz e é uma superação da mesma. Isto quer dizer que, o que qualificamos como desgraça,  nos põe na rota de uma experiência pascal, que ali já está agindo o Senhor, que de dentro dessa situação faz brotar a alegria. 

A Ressurreição não é um deixar a Cruz, mas a transformação dela em nova expressão de vida. Jesus, que conhece bem seus discípulos, vê que não conseguiram entender e então usa um exemplo.

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