Escolhidos para os excluídos (EFC)
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Mateus 10,1-7
“E chamando a seus doze discípulos, lhes deu poder…”
O texto de hoje começa uma nova seção no Evangelho de Mateus que se chama “o Sermão da Missão” (ou “discurso apostólico”).
Este abarca todo o capítulo dez, desenrolando-se da seguinte forma: (1) Introdução: o chamado dos missionários (1-5); (2) Instruções aos missionários para a formação do novo Povo de Deus (6-15); (3) Instruções para enfrentar os desafios e conflitos da missão (16-24); (4) Instruções sobre o perfil espiritual do missionário (25-33); (5) Instruções sobre a família: a crise nos afetos do missionário (34-39); e, (6) Conclusão: identificação de Jesus com seus missionários (40-42).
Todo este grande sermão está carregado de imperativos formativos, de atitudes, de táticas. De modo tal que constitui um verdadeiro “manual” do missionário. Vamos nos deter hoje na introdução, que trata do “chamado” dos missionários a serem Apóstolos. Vejamos os seguintes detalhes no texto:
O chamado
Jesus “chama” (10,1a), pela segunda vez, alguns de seus discípulos para constituí-los em seus apóstolos, quer dizer, seus enviados para continuar sua obra no mundo. A missão parte de um chamado, ninguém envia a si mesmo: no exercício da missão todos somos enviados.
Os doze Apóstolos
Até o momento, no Evangelho, apareciam os “quatro primeiros”, chamados à beira do mar da Galileia (4,18-22). Agora temos o número significativo no mundo bíblico: Doze. (= às doze tribos de Israel) e, portanto, o propósito da missão: a formação da comunidade da nova aliança, novo povo de Deus.
Mateus fala expressamente de: “doze Apóstolos” (10,2a). Quanto ao “povo de Deus”, é limitado pelo marco geográfico e espiritual da missão: “as ovelhas perdidas da casa de Israel” (10,6).
Missionários com nome próprio
Os “doze Apóstolos” aparecem com seus nomes próprios (10,2-4). Alguns deles, inclusive, com um dado adicional: A mudança de nome de Simão para Pedro; Tiago e João: irmãos; Mateus: publicano (cobrador de impostos romanos); Simão: cananeu (um grupo rebelde); Judas: vem de um povo desconhecido chamado Carioth (ish-carioth= homem de Carioth) e “o mesmo que entregou” o Mestre.
A menção dos nomes nos ajuda a compreender que todo apóstolo tem uma identidade própria e uma história pessoal que Jesus considera e põe em função da missão. Eles não são fichas de uma empresa, mas, pessoas. Sua relação é de uma estreita familiaridade.
Na lista já se percebe algumas fragilidades pessoais, mas, sem dúvida Jesus tem estima e confiança em todos. É isto que fará com que o apóstolo nunca deixe de ser discípulo, estará sempre em processo de crescimento na escola de Jesus.
Chama a atenção que a Igreja de Jesus não se tenha edificado sobre anônimos, mas sobre pessoas concretas conhecidas, identificáveis, porém, antes de tudo, chamados, transformados e enviados por Jesus. Assim é a comunidade apostólica.
A investidura do missionário
Jesus “deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para expulsá-los, e para curar toda enfermidade e toda doença” (v.1). Note como as duas ações próprias de Jesus no combate contra o mal são as mesmas ações que caracterizarão o discípulo no campo missionário: as curas e exorcismos.
Jesus lhes comunica seu próprio poder
Jesus põe em suas mãos a força transformadora do Reino.
Que responsabilidade!
Tudo se resume na palavra “Reino”. Os mesmos que aprenderam as bem aventuranças do Reino (5,3.10), cujo projeto de vida consiste em “buscar primeiro seu Reino e sua justiça” (6,33), que pela obediência à Palavra se esforçam por “entrar no Reino dos Céus” (7,21), são, agora, os proclamadores do anúncio que mudou primeiro suas vidas: “Ide proclamai que o Reino dos Céus está próximo” (10,7).
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
Hoje tomemos consciência do chamado que Jesus nos faz para que sejamos missionários. Ele elegeu livremente para associar-nos em sua missão, para que façamos o mesmo que Ele no mundo. Abandonemo-nos n’Ele para que nos forme como missionários proclamadores de sua misericórdia, a única que tem poder para mudar a fundo nossas vidas e o mundo em que vivemos.