Estudo Semanal de 30 de abril à 05 de maio

PISTAS

Um apoio para a Lectio Divina 5ª Semana da Pascoa – Ano B

Autor: Padre Fidel Oñoro, CJM

 

SEGUNDA-FEIRA

João 14,21-26

A GLORIOSA HABITAÇÃO DE DEUS NO CORAÇÃO DO CRENTE.

“Viremos a Ele e faremos, nele, morada”

 

Seguimos com o capítulo 14 do Evangelho de João, que começamos a ler sexta-feira passada. Aqui nos apresenta a primeira parte do discurso de despedida de Jesus.

 

O ambiente, já o descrevemos, é o da tristeza.  Jesus, em uma conversa tranquila e prolongada com seus discípulos sentados na mesa da última refeição com os seus -que se converteu em uma ceia de despedida- está consolando seus corações e mostrando-lhes como viverão as relações de discipulado com Ele a partir da experiência da ressurreição.

 

Na conversa interage Jesus com seus discípulos a partir das perguntas ou as solicitudes que eles lhe fazem. Podemos distinguir três perguntas:

  • A de Tomé: “Senhor, não sabemos aonde vais, como podemos saber o caminho?” (14,5);
  • A de Felipe: “Senhor, mostra-nos o Pai e nos basta” (14,8);
  • A de Judas (Tadeu): “Senhor, por que te manifestas nós e não ao mundo?” (14,22).

 

A passagem de hoje é a resposta da terceira pergunta.  Nela, Jesus mostra a seus discípulos (e a nós) de que maneira sua glorificação não é um abandono de sua comunidade, como se criara uma distância entre o céu e a terra.

 

Jesus disse contundentemente que seus discípulos não ficariam como órfãos do Mestre, mas pelo contrário: completamente assistidos, resguardados e bem conduzidos.

 

Os ensinamentos de Jesus que vão aparecendo um atrás do outro, em uma significativa sequência, mostram que o Senhor ressuscitado é a máxima proximidade de Deus, que o Mestre há ficado morando, não junto com, ao lado de, senão em, dentro dos discípulos.

 

Nós hoje podemos dizer que somos mais afortunados que os primeiros discípulos de Jesus, que o conheceram fisicamente, ao contrário nós o levamos dentro de nós.

 

Que é que faz possível esta experiência grandiosa?  É a obra do Espírito Santo em nós, o Espírito a quem Jesus chamou o “outro Paráclito”, o “Consolador”, o “Auxiliador”. A apresentação de cada uma das partes, desta magnífica passagem, o faremos no próximo domingo.

 

Aprofundemos com os nossos pais na fé:

 

  1. Gregório Magno (cerca de 540-604), Papa, doutor da Igreja

 

“O Espírito Santo vos ensinará tudo; ele vos recordará tudo o que Eu vos disse”

 

É o Espírito Santo que vos ensinará tudo. Porque, se o Espírito não tocar o coração dos que escutam,

é vã a palavra dos que os ensinam.

Que ninguém atribua a um mestre humano a compreensão que tem do seu ensinamento. Se o Mestre interior não agir, a língua do mestre exterior que fala trabalhará no vazio. Vós todos, que aqui estais, entendeis a minha voz da mesma maneira; e contudo não captais de igual forma o que ouvis.

A palavra do pregador é inútil se não for capaz de acender o fogo do amor nos corações.

Aqueles que diziam: “Não estava o nosso coração a arder enquanto Ele nos falava no caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32) tinham recebido esse Fogo, da boca da própria Verdade.

Quando se ouve uma homilia, nosso coração anima-se e o espírito começa a desejar os bens do Reino dos Céus. O amor autêntico que o enche chega a arrancar-lhe lágrimas, mas este ardor enche-o também de alegria.

Como é bom ouvir este ensinamento que vem do alto e se torna em nós como um facho que arde, que nos inspira palavras inflamadas! É o Espírito Santo o grande artífice destas transformações em nós.

 

Cultivemos a semente da palavra no profundo do coração

 

  • A casa de Jesus (a comunidade) não fica desprotegida. Contudo, os discípulos expõem três inquietações profundas. Quais são as minhas?

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  • O evangelista João dá importância às preposições para explicar a mudança que opera a Ressurreição de Jesus sobre a relação com os discípulos. Que diferença há entre o “junto com” (Jesus) e o “em” (Jesus)?

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Que implica para o seguimento de Jesus?

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  • Como garante Jesus, sua “permanência” com a comunidade no tempo em que já não está “visível”, precisamente, pela Ressurreição?

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TERÇA-FEIRA, 01 DE MAIO DE 20185ª SEMANA DA PÁSCOA– ANO B

DIA DE SÃO JOSÉ OPERÁRIO

                              Evangelho (Mt 13,54-58)

 

Reflexão

João 14,27- O calendário cristão celebra São José dia 19 de março. Esposo de Maria, ele foi o pai adotivo de Jesus. O evangelho de Mateus deixa claro que a gravidez de Maria na geração de Jesus não veio do marido, mas diretamente do Espírito Santo. No trabalho de carpinteiro José sustentou a Sagrada Família e por isso é chamado de ‘pai nutrício’ de Jesus. Em 1870 foi declarado o patrono da Igreja católica em todos os povos. E em 1955 o Papa Pio XII honrou o Dia do Trabalho (1º de maio) anexando-lhe  a invocação: São José, operário. Rezamos ainda a ele como padroeiro da boa morte e intercessor nas causas difíceis. A devoção a São José sempre existiu. Já o culto litúrgico veio mais tarde lá no fim do século XV. É um dos santos cristãos mais populares e ainda hoje no mundo moderno o nome José é dado com muita frequência às crianças. (José, Josefa, Josefina…). Capelas, igrejas, praças e cidades honram a sua memória pelo mundo.

 

No Evangelho José é o homem justo. A palavra bíblica resume o sentido da pessoa de José em relação à vinda do Salvador, o Messias descendente do rei Davi. A presença de José na genealogia do rei Davi garante a Jesus a linhagem real segundo o relato de Mateus: “Jacó foi pai de José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.” (Mt.1,16). Os evangelhos são sóbrios nas informações históricas sobre quem era José. Mas, deixam explícito seu papel ao lado de Maria em função de Jesus. Unido a Mariano matrimônio dá aparência legal humana à gravidez divina dela. Providencia a viagem até Belém por motivo do recenseamento ordenado pelo Império Romano. Está presente no nascimento de Jesus na gruta. Mesmo não sendo o pai carnal é ele quem impõe o nome ao menino no ato da circuncisão. Mais tarde protege a esposa e o menino na fuga para o Egito. Participa de toda a vida civil religiosa dos judeus. Sofre ao lado de Maria a incompreensão quanto a Jesus perdido em Jerusalém no Templo por três dias. Depois disso Lucas resume numa frase a vida da Sagrada Família em Nazaré: Jesus lhes era submisso e ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens. (Lc. 2,51-52). Enfim, José tem o perfil do homem justo, isto é, fiel a Deus em tudo e amante do trabalho humilde e honesto.

 

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QUARTA-FEIRA

João 15,1-8

EM CRISTO (I): UMA UNIÃO VITAL.

“O que permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto”

 

Passamos hoje à leitura da segunda parte do discurso de despedida de Jesus, o qual abarca todo o capítulo 15 até o v.4 do capítulo seguinte. Em Jo 15,1-8, Jesus usa o evocativo símbolo da videira e os ramos.  Para os ouvintes  de Jesus era fácil visualizar o ensinamento, observando como se cultiva, como crescia e como se produzia a uva e a uva de melhor qualidade.

 

Um novo contexto

 

O capítulo 14 terminou com a ordem de Jesus a seus discípulos: “Levantai-vos, vamos daqui”. Jesus e seus discípulos terminaram a última ceia e saíram para o Monte das Oliveiras passando pelos vinhedos que crescia em volta de Jerusalém nessa época.

 

Recordemos que era véspera da festa da páscoa, a festa da lua cheia. Por essa hora, a lua brilhava, intensamente, sobre os campos que rodeavam a cidade e os discípulos podiam distinguir o caminho enquanto descia o terreno, rodeando as muralhas de Jerusalém, podiam contemplar os vinhedos e inclusive ver as caras enquanto iam conversando com Jesus.

 

Sem duvida os discípulos estavam tratando de compreender melhor os ensinamentos de Jesus enquanto estiveram sentados na sala da última ceia. Em várias ocasiões Jesus havia anunciado seu regresso ao Pai através de sua morte.  Isto os havia deixado tristes e perturbados em seus corações. Jesus lhes havia falado da vinda do Espírito Santo, que ocuparia seu lugar e, de uma forma extraordinária, os conduziria de novo para Ele.

 

Isto devia tê-los deixando com novas perguntas.  Sobretudo uma frase devia estar martelando neles, era: vós em mim e eu em vós”. Esta era a implicação do fato em 14,23: Se alguém me ama, guardará minha Palavra, e meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele morada”. Tudo isto se sintetiza na palavra “Permanecer”.

 

Os discípulos estão surpreendidos, se trata de algo novo e ao mesmo tempo grandioso: “Vós em mim e eu em vós”. Que significa isto?  Jesus explica: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o vinhador. Todo ramo que em mim não dá fruto, Ele corta, e todo o que dá fruto, o limpa, para que dê mais fruto. Vós estais limpos graça à Palavra que vos tenho anunciado” (15,1-3). Vejamos as idéias fortes:

 

  1. Os personagens da alegoria

 

Jesus: a “videira verdadeira”: “Eu sou a videira verdadeira” (15,1ª).

 

Jesus contrasta a si mesmo com o bem conhecido símbolo do povo de Israel que é a videira.O orante que escreveu o Salmo 80 foi claro quando se referiu ao Povo de Israel comparando com uma videira: “Uma vinha de Egito arrancaste e a plantaste nesta terra” (v.9).

 

No capítulo 5, v.7 do profeta Isaías encontramos também uma preciosa descrição da “vinha do Senhor dos exércitos”, de como Deus lhe preparou o terreno, a cuidou e fez tudo o que pode para que desse os melhores frutos, porém quando veio buscar estes frutos não encontrou senão uvas azeda.

 

No dito “Eu sou a videira verdadeira”, Jesus não está dizendo que o Israel bíblico seja uma falsa videira. Ele quer dizer que Ele é a verdadeira videira a qual o povo de Abraão foi uma imagem.  Quer dizer que é Jesus quem produz, ao final, o fruto que Deus tem estado buscando ao longo da história.

 

O Pai: “o vinhateiro”, o agricultor: “Meu Pai é o vinhateiro” (15,1b). 

 

Sabemos de todo o cuidado, a concentração e o empenho com que trabalha um jardineiro.  Pois assim é a obra de Deus Pai, Ele é o jardineiro que se ocupa de sua vinha.

 

Os discípulos: “os ramos”, os galhos: “Eu sou a videira vós os ramos” (15,5)

 

Jesus compara um discípulo seu com a rama de uma videira e, em seguida, explica que há dois tipos de ramas: as ramas que dão fruto (15,5b) e as ramas que não dão fruto (15,6).  Portanto, como os discípulos de Jesus podemos ser classificados em dois tipos. A diferença está no produzir fruto ou não.

 

  1. A obra do Pai como vinhateiro: Se mencionam duas tarefas:

 

A primeira obra de Deus Pai, como vinhateiro é cortar, arrancar (literalmente), a rama que não dá fruto: “Todo ramo que em mim não dá fruto, o corta” (15,2a). Talvez possa ser iluminadora aqui a passagem de 1 Jo 2,19: Saíram de entre nós, porém não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco. Porém, aconteceu assim para manifestar que nem todos são dos nossos”. Poderíamos reler este texto à luz das deserções que eventualmente constatamos.

 

A segunda obra de Deus Pai é limpar as ramas que dão fruto. Isto o faz com sua Santa Palavra: “E todo o que dá fruto, o limpa, para que dê mais fruto. Vós estais limpos graças à Palavra que vos tenho anunciado” (v.2b-3). Quando se retiram bem os frutos se podem recolher depois mais e melhores. Quem sabe dar-se aos demais, vem mais dons e tem logo muito mais. O próprio de um discípulo é estar sempre dando mais  e mais frutos.

Para isso a Palavra de Deus vai fazendo seu trabalho interno: vai voltando em seiva de vida que frutifica em muitos sinais de superação e crescimento; esta é a maneira como pouco a pouco vamos melhorando e parecendo-nos cada vez mais a Jesus.

 

  1. Os primeiros grandes frutos

 

O primeiro grande fruto: a oração eficaz

 

Em uma vida comprometida desta maneira (sobre esta base da relação justa e amorosa com os demais) a oração (a petição: o que se espera de Deus) se torna eficaz: “Pedi o que queirais e o conseguireis” (v.7b).

 

Em outras palavras, os esforços que estamos esperando realizar alcançam seus gozos. E isto porque nossa vida está em sintonia com o querer de Deus. A eficácia da oração está condicionada ao plano de Deus, um plano que conhece quem está em comunhão de vida com Jesus. Isto significa viver o que Jesus nos promete em sua Boa Noticia e realizar sua obra no mundo.

 

Aprofundemos:

 

Notemos que no texto Jesus disse “minhas palavras”, para isso não utiliza o termo grego “logos”, que indica na Bíblia “rhema”, que indica as promessas específicas de Jesus. Isto é precisamente o que há que pedir.

 

Não esqueçamos que a oração e a Palavra de Deus vão juntas: a Palavra nos descreve o amplo quadro da obra de Deus no mundo, o que ele faz para nossa salvação, para nossa plenitude como suas.criaturas Isto é o que nos oferece como promessa.

 

A oração não é uma maneira de arrancar de Deus o que eu quero que ele faça, senão pedir que faça o que prometeu fazer. Por isso há que orar em sintonia com a Palavra: “Se minhas palavras… pedi… o recebereis”. Às vezes pode levar algum tempo, porém certamente o fará.

 

Se olharmos o contexto do discurso de despedida de Jesus (Jo 14-16) notaremos também que quando Jesus fala da oração não se refere a qualquer tipo de petição. Constantemente se refere à oração que implora a fecundidade da missão (que do começo ao fim é a obra transformadora do mundo).

 

Leiamos Jo 14,12-14. Uma vez mais fica claro que a fecundidade de evangelização (e todo esforço por transformar o mundo) depende em última instancia da comunhão com Jesus e da obra do Pai.

 

O segundo grande fruto: o glorificante testemunho

 

O texto conclui com a frase: A gloria de meu Pai está em que deis muito fruto, e sejais meus discípulos” (v.8). Poderíamos dizer que aqui está a síntese de todos os ensinamentos.

 

Começou com a obra do Pai (uma espécie de novo gênese na vida pascal do cristão, como se descreveu no v.2: “Meu pai é o vinhador” que trabalha pela vinha “para que dê mais fruto”) e termina com a “glória do Pai” na plenitude da vida (o v.6 que se refere ao fim dos tempos). O Pai está na origem e no cume de tudo.

 

Um discípulo dá “glória” ao Pai, quer dizer, revela sua verdadeira realidade de Pai gerador de vida. A maneira de evidenciar isso é:

  • Vivendo em comunhão com Jesus –que é a plenitude de vida- na dinâmica do discipulado;
  • Convertendo-se em valente apóstolo que espalha frutos de vida por onde quer que vá.

 

Notemos que há um “para dentro” e um “para fora”, na dinâmica do homem novo criado por Deus.

Os dois aspectos vão juntos e configuram uma vida de glorificante testemunho. Pelo estilo de vida dos discípulos, pelo gozo, o amor e a paz que irradiam, que são os dons pascais de Jesus, por seu compromisso concreto a favor da vida no mundo, os discípulos atraem muita gente para esta nova experiência de Deus.

 

Nesta fecundidade missionária que faz do mundo a vinha, o jardim da videira – que Deus sempre quis, “o Pai é glorificado”, quer dizer, é reconhecido e acolhido pelo mundo como “Pai” gerador de vida.

 

 

Cultivemos a semente da palavra no profundo do coração

 

  • Por que Jesus pronuncia a alegoria da Videira e os ramos?

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Qual é o tema?

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  • Qual é meu lugar em comparação?

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Que é ser discípulo de Jesus?

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  • Qual o fruto que o Senhor está esperando de mim a partir da Palavra que estou escutando hoje?

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QUINTA-FEIRA

João 15,9-11

PERMANECER EM CRISTO (II): UMA UNIÃO NO AMOR.

“Permanecei em meu amor”

 

Ontem começamos a abordar a obra que o Pai está fazendo em nós para que geremos vida. O Senhor quer nossa integridade de vida, nossa santidade, que não há tristeza nem decepção senão serenidade, amor e alegria.

 

Já em 15,4 se diz a palavra chave: “Permanecer”. Os vv.4-5 dizem: “Permanecei em mim, como Eu em vós… porque separados de mim não podeis fazer nada”.  Isto quer dizer que a chave está no “permanecer” em Cristo, eis ai o núcleo da obra do Pai em nós.

 

Ao passar a seção de Jo 15,9-11, se dá um passo adiante: a dinâmica do amor aparece com todos seus protagonistas, em seu duplo movimento de ser amado e amar e com o resultado desta experiência:

  • O amor fundante ou “amor primeiro” (v.9a);
  • A resposta ao “amor primeiro”: “permanecei em meu amor” (vv.9b-10);
  • O resultado do amor: a plenitude da alegria (v.11).

 

Nesta passagem vamos ver a centralidade de Jesus: de que maneira Ele nos “pertence” e como se “pertence” a Jesus.

 

O certo é que se isto acontece, sua vida em nós começará a produzir o fruto do Espírito Santo em nossas vidas.

 

  1. O amor fundante ou “amor primeiro”: Ser “amado”

 

O amor recebido é o que nos faz capazes de amar.  É assim como Jesus nos conta o segredo de sua vida, de sua alegria, de sua fecundidade missionária, Ele disse: “Sou amado”: “Como o Pai me amou, Eu também vos tenho amado” (v.9).

 

Igualmente o discípulo que tem sido amado, também deve apresentar-se dizendo “Eu sou um que tem sido amado”.

 

Quando Jesus diz isto, está se referindo a três coisas:

  • origem do amor: há um rio de amor divino que vem do coração do Pai, que desce através do Filho e

chega aos discípulos. Todo amor autêntico vem de Deus.

  • modelo do amor: o amor do Pai pelo Filho é a fonte e modelo do amor de Jesus por seus discípulos.
  • intensidade do amor: o “assim como”, com o qual Jesus começa sua frase, implica também que

o amor entranhável do Pai e do Filho, que é o mais estreito possível, que é

perfeito e que vem da eternidade (João 1,1.18), é o amor que Jesus oferece a

seu discípulo.

 

A primeira frase de Jesus é importante e poderíamos reler assim: “Não importa se as mediações do amor no mundo têm fracassado (teus pais, teu marido, teus superiores). O que importa é que a fonte do amor (que passa através dessas mediações) está aí te amando. Dar-te conta, tu, de quanto teu Pai Deus te ama em Jesus; tu lhe pertences; o Pai te ama, Jesus te ama; tu és precioso a seus olhos; a obra de Jesus em ti hoje é ajudar-te a descobrir tudo o que o Pai Deus tem feito por ti”...

 

  1. A resposta ao “amor primeiro”: “permanecei em meu amor” (vv.9b-10)

 

O amor pede reciprocidade. Para a amizade se necessita dois. Por isso, a frase seguinte de Jesus é um convite a responder ao amor. Refere-se a três decisões que deve tomar o discípulo em relação a Ele:

 

  • Primeira decisão: Deixar-se amar

 

Permanecer em seu amor é inserir-se n’Ele, é entrar em uma estreita comunhão de vida com Ele, acolhendo todos os sinais de seu amor, quer dizer, deixando-se amar tal como o tem querido fazer conosco.

 

A relação com Jesus não pode ser abstrata, supõe a tomada de consciência das formas concretas como nos tem amado e nos segue amando.

 

  • Segunda decisão: Atuar segundo o querer de Deus

 

Permanecer em seu amor é querer o que Ele quer. Ao amor “primeiro” se responde com obediência. “Obedecer” é saber responder. Isso significa que se tem captado a mensagem do amor e se entra em uma incrível sintonia. Ou seja, quando se ama a alguém sempre quer fazer o que lhe agrada, quer vê-lo feliz. Essa é a resposta esperada que Jesus expressa como “guardar seus mandamentos”.

 

  • Terceira decisão: Ser como Jesus

 

Permanecer em seu amor é dar solidez a toda nossas relações, dando-lhes a força interna do amor do Filho que permaneceu no amor do Pai, também Ele pela via concreta (e não sentimental) do “guardar seus mandamentos”.

 

O tipo de resposta que Jesus deu ao amor do Pai é o modelo da resposta dos discípulos ao amor de Jesus (há que ler todo o Evangelho para vê-lo em concreto). A Jesus se ama “insere n’Ele”- encarnando a maneira como Ele costumava responder ao Pai: com sua práxis do Reino.

 

Estas três decisões do discípulo frente ao amor recebido, não são momentos pontuais, mas ações constantes é o modo como se cultiva a “responsabilidade” (isto é a resposta ao amor). O amor se baseia na responsabilidade.

 

Com alguma freqüência, constatamos, hoje, dois problemas que têm relação com o que Jesus está ensinando:

  • a inconstância no amor;
  • a irresponsabilidade.

 

Com relação à primeira, notamos que as relações (de casal, de amizade, os votos) se tem tornado descartáveis, trazendo imensa dor às partes e deixando sequelas que se arrastam por toda a vida, deteriorando tudo em volta. As relações são frágeis e em muitos casos praticamente “insustentáveis”.

 

Com relação à segunda, notamos também que o sentimento prima sobre o compromisso.

 

Frente a isto Jesus disse: “permanecei”, ou seja: “Tu sofres porque teu verdadeiro interesse tem sido o de amar de verdade, sofres porque teu coração de ouro tem sido lastimado; hoje te digo que, sim, é possível construir relações sólidas, estáveis; não és o objeto da carência de alguém que te usou para satisfazer-se e logo descarta; não és mais a vítima de uma imaturidade tua ou de teu amigo, que te levou a tomar decisões equivocadas; te convido a experimentar a solidez, a intensidade, a constância, a satisfação, a felicidade que caracteriza minha relação com Pai; o verdadeiro amor tem sabor de eternidade e isto é o que Eu te ofereço”.

 

  1. O resultado do amor: a plenitude da alegria (v.11)

 

Vos tenho dito isto, para que minha alegria esteja em vós, e  vosso gozo seja pleno” (v.11).

 

O objetivo do Evangelho é encher-nos de alegria o coração.

 

Como podemos caracterizar esta alegria?

 

Se olharmos bem o texto notaremos um tríplice movimento que vai desenvolvendo o tema:

  • É a alegria de Jesus: “minha alegria”. Parte d’Ele a alegria.
  • Jesus compartilha sua alegria a seus discípulos: “para que esteja em vós”.
  • Então a alegria do discípulo começa a crescer: “para que vosso gozo seja pleno”.

 

A vida cristã é uma vida de alegria que tem sua raiz na certeza de ser plenamente amados, muito mais do que podemos imaginar ou esperar, e no abandono da vida –por nossa parte- nos braços de Deus.

 

Brota então um grande sentido de confiança, de segurança, de plenitude e fortaleza interior. É a alegria de Jesus na nossa, como está sua vida na nossa, como está seu amor em nosso amor.

 

Quando se olha o panorama, se descobre com grande satisfação que, apesar de todas as circunstâncias que vivemos, no mundo há pessoas que tem entendido que a maior alegria da vida está em causar alegria aos demais, elas têm descoberto o lugar justo para realizar sua vocação de amor e de serviço, fazendo de sua vida algo bom para os demais.

 

Esta alegria dá entusiasmo, gera criatividade e valentia para realizar novos projetos. De repente somos capazes de renúncias que para outros são humanamente inexplicáveis.

 

Porque sabemos ser muito amados por Deus, nos sentimos impulsionados a amar muito mais, muitos temores se desvanecem e a vida então se enche de sentido no gastar-se pelos demais. Em tudo o que fazemos, o fogo do entusiasmo arde por dentro!

 

 

Cultivemos a semente da palavra no profundo do coração

 

  • Como é uma vida em comunhão com o Senhor?

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Como se relaciona o “permanecei em mim e eu em vós” com a Eucaristia?

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  • Minhas relações duram?

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Tenho vivido alguma ruptura dolorosa?

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Que me disse Jesus a respeito?

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  • Considero-me uma pessoa feliz?

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De onde provém a alegria que oferece Jesus?

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SEXTA-FEIRA

João 15,12-17

PERMANECER EM CRISTO (III): AS EXPRESSÕES DO AMOR.

“Ninguém tem maior amor que quem dá a vida por seus amigos”

 

Depois de colocar os fundamentos do amor (15,9-11), Jesus explica quais são suas expressões, os frutos que brotam dessa seiva e que são motivo da imensa alegria dos discípulos (vv.12-17).

 

Este texto sem as anteriores, careceria de apoio, e o anterior sem este, se converteria em um discurso abstrato – um a mais entre tantos – sobre o amor. No centro de tudo está o amor de Jesus: é tal que é capaz de redefinir completamente o modo como compreendemos nossas relações com os demais.

 

  1. O mandamento do amor (15,12 e 17)

 

Notemos três elementos que compõem a frase de Jesus:

(1) Jesus começa com um imperativo: “Amem-se”;

(2) Jesus lhe dá uma identidade própria, o chama: “meu mandamento”;

(3) Jesus mesmo é o conteúdo do amor: “Como Eu vos tenho amado”.

 

Para em Jesus não há ambigüidades, o coração do mandamento do amor é o “Como Eu vos tenho amado”. O comportamento de Jesus para com seus discípulos define a “substancia” do verdadeiro amor.  Dai que não é um mandamento genérico, mas específico, que se circunscreve ao “ser como Ele”. Como foi o amor de Jesus com seus discípulos?  É o que se responde em seguida nos vv.13-16.

 

  1. As características do amor de Jesus (15,13-16)

 

O conteúdo dos vv.13-16 é a explanação do Como Eu vos tenho amado”. Se olharmos as grandes ações de Jesus com relação aos discípulos, notaremos que são, sobretudo, três: (a) Deu sua vida por eles; (b) os fez seus amigos e não simplesmente seus servidores; e (c) Lhes confiou a missão.

 

Sem dúvida podemos desdobrar a segunda, em duas: (a) o fato de chamar-nos a seu serviço, o qual não se tem descartado; e (b) o converter-los em seus amigos. O mesmo ocorre com a terceira, que pode também ser desdobrada, esta em três: (a) os elege; (b) Os envia à missão; e (c) lhes assegura respaldo firme do Pai em sua oração missionária.

 

Dai que as características distintivas do amor de Jesus por seus discípulos são:

(a) Deu sua vida por eles;

(b) Deu a honra de ser seus servidores;

(c) Os levou até a intimidade com Ele, revelando-lhes seus segredos;

(d) Os elegeu (=separou);

(e) Os destinou para a missão;

(f)  Assegura-lhes o respaldo firme do Pai na missão (é a obra d’Ele).

 

O fim de todas estas ações é a formação da comunidade. Podemos ler então, Jo 15,13-16, assim:

(1)  A comunidade para dentro: comunidade de “amigos” de Jesus (vv.13-15). Nela se destacam três ações de Jesus, Senhor da comunidade: sua entrega na Cruz, o chamado a servir e a relação de amizade.

(2)  A comunidade para fora: uma comunidade de “enviados” de Jesus (v.16). Nela se destacam também três ações de Jesus, Senhor da Igreja, que a fazem: comunidade eleita, comunidade enviada, comunidade respaldada.

 

Vejamos:

 

(1) A comunidade para dentro: uma comunidade de “amigos” de Jesus (vv.13-15)

 

O amor de Jesus constrói uma comunidade de “amigos”. De que maneira Jesus faz dos discípulos, seus amigos?  Nas mesmas palavras de Jesus podemos notar:

(a) Que Ele toma a iniciativa, porém a amizade é “a dois”, por isso espera uma resposta concreta;

(b) Que os conduz por dois níveis de relação: a do “servidor” e a do “amigo”;

(c) Que a amizade se concreta no “querer juntos o mesmo” e para isso passam por duas etapas: a do

“conhecer” e a do “fazer”.

 

Ainda estas três idéias são transversais nos vv.13-15, vão se desenvolvendo lentamente de um ao outro versículo:

  • Jo 15,13-14: dispor-se ao supremo sacrifício da vida pelo “amado”, Jesus é o primeiro que se faz amigo:Ninguém tem maior amor que o que dá sua vida por seus amigos” (v.13). Ele espera que sejamos seus amigos: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que Eu vos mando” (v.14).
  • Jo 15,15ª: “Já não vos chamo servos”. A honra de estar ao seu “serviço”.
  • Jo 15,15b: “Vos chamo amigos”. Jesus envolve seus amigos em seu projeto de vida: a revelação dos segredos de família

 

(2) A comunidade para fora: uma comunidade de “enviados” de Jesus (v.16)

 

O amigo envolve o outro em sua vida.  Jesus nos envolve tanto em sua vida como em sua missão.           E tudo isto, para que? A finalidade de tudo é (nota-se o “para que”) “dar fruto e um fruto que dure”. Os discípulos, assim como Jesus, devem tomar a iniciativa no amor. Eles devem compartilhar tudo o que são e tem, e abrir seus corações com confiança para gerar verdadeira comunidade. Eles, como Jesus, devem viver e morrer pelos demais para continuar a obra de Jesus: “dar vida ao mundo”.

Quando a comunidade está bem sedimentada no amor e no projeto de Jesus, tem força missionária e transforma o mundo.  Isto vemos nas três idéias fortes que anuncia Jesus, segundo as quais a Igreja é: (a) Comunidade eleita (v.16ª); (b) Comunidade enviada (v.16b); e (c) Comunidade respaldada (v.16c).

 

A Igreja está no mundo para manifestar os frutos da vida do Ressuscitado que caminha na historia. Neste esforço, pede ao Pai pelas necessidades – as realidades que necessitam da mão do vinhateiro – do povo para que o plano salvífico-amoroso de Deus comece a atuar na vida de todos. Tudo o que iniciou com o amor do Pai, “Como o Pai me amou” (15,9), culmina com a resposta dos discípulos que vivendo em Jesus seguem abertos a esse amor neles e o imploram para o mundo inteiro.

 

Temos lido nos últimos três dias, três maravilhosas passagens do Evangelho. Fica-nos agora um desafio: amar desde a comunhão com Jesus. Aceitar o espaço em que vivemos como um desafio para transformá-lo a fundo desde nossos frutos de vida cristã, assumi-lo como um espaço de oração que implora a manifestação da providencia divina sobre as limitações humanas.

 

Dar-se desta forma, no compromisso e na oração, isto é o que é “amar-nos uns aos outros”. Este é o verdadeiro amor, o amor crucificado com Cristo na Cruz. Seu amor comprometido, seu amor orante, capaz de transformar tudo o que lhe rodeia e ser luz em meio à treva, dignidade em meio da humilhação, ressurreição em meio da morte. Isto que é amor.

 

Cultivemos a semente da palavra no profundo do coração

 

  • Que características têm o amor de Jesus?

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Quais têm o meu?

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  • Que me diz a frase: “Já não vos chamo servos, mas amigos”?

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Qual a tarefa missionária da Igreja, à luz da passagem de hoje?

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  • Minha vida é uma contemplação continua da Cruz onde sou amado, um deixar-me escolher pelo

Senhor para dar seus frutos, um escutar amorosamente seus “segredos” na leitura da Bíblia e responder-lhe com opções vitais livres e valentes?

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SÁBADO

João 15,18-21

COMO AMAR EM SITUAÇÃO ADVERSA (I): AS ATITUDES.

Se o mundo vos odeia, sabei que a mim odiou antes que a vós

 

A primeira parte do capítulo 15 de João vai pregando progressivamente o tema do amor.  Agora, em Jo 15,18-20, nos encontramos com a outra cara da moeda: o ódio. Enquanto o amor diz “sim” ao outro e está feliz porque o outro existe, o “ódio diz não” e se esforça por eliminá-lo.

 

Precisamente quanto a evangelização (“vos tenho destinado para irdes e que deis fruto” 15,16), que será exposta pelo discípulo em meio de grandes dificuldades: oposições, pressão de todo tipo, perseguições, resistências da parte dos destinatários, entre outras.

 

Dai que tenha que aprender uma nova lição: como lidar com as pessoas e com as situações adversas. O comum é que uma pessoa que começa seriamente um caminho de fé em Jesus, rapidamente encontre resistências em sua própria família, entre seus amigos, nos círculos em que vive.

 

No passado, quando eles compartilhavam suas alegrias reagiam positivamente, mas, apenas lhes falam de Cristo o rejeitam. Isto é o que se chama hostilidade do mundo e causa muito desânimo nos recém-convertidos. Na passagem de hoje Jesus nos ajuda a afrontar a hostilidade do mundo. Para isso, três coisas básicas nós devemos ter presentes:

 

  1. Contemplar a rejeição do Crucificado (15,18)

 

O primeiro que há que fazer é compreender que não se trata de nada pessoal. Jesus disse: Se o mundo vos odeia, sabei que a mim tem odiado antes que… (15,18). Jesus também  viveu a rejeição e n’Ele não havia culpa. Não há que reagir com agressividade. É útil recordar que Jesus viveu a mesma experiência.

 

  1. Tomar consciência de que se é um homem novo (15,19)

 

Logo Jesus disse que isto acontece porque o discípulo é agora uma pessoa diferente do que era antes. Por isso disse: “Se fosses do mundo, o mundo vos amaria; porém, como não sois do mundo, porque Eu os elegi e vos tenho tirado do mundo, por isso o mundo vos odeia (15,19).

 

O mundo não gosta do que é diferente. A sociedade sempre pressiona a que se configure segundo ela, para que se molde e ande igual à maioria.

 

Não é demais recordar que quando a pessoa que inventou o guarda-chuva saiu pelas ruas de Londres ao final do século XIX, lhe atiraram pedras e tomates porque era diferente. O mesmo passou a primitiva Igreja (1 Pe 4,3-4).

 

Quando um discípulo se une a Jesus, tanto mais se afasta dos critérios de vida de mundo, tanto mais é visto como uma pessoa estranha. Tenhamos presente que com o termo “mundo” não se está falando da humanidade que não pertence ao grupo dos discípulos e à qual hão sido enviados.

 

O “mundo” são as pessoas que se fecham em si mesmas e não estão interessadas em saber nada de Deus como um Pai nem de seu Filho Jesus, não lhes diz nada sua mensagem de amor nem seus ensinamentos.  Os discípulos têm que saber que se encontram pessoas assim em seu caminho e que não devem deixar-se pôr em crises pelo fato de que elas os rejeitam, lhes critiquem e os ataquem.

 

  1. Olhar adiante, desde a perspectiva do seguimento (15,20)

 

A perseguição não pode ser evitada, porém pode ser manejada com uma atitude cristã distinta. Ainda nisto o comportamento de um discípulo deve ser diferente ao de uma pessoa do mundo. Por isso Jesus chama a atenção em seguida sobre o seguimento d’Ele: “Recordai-vos da palavra que vos tenho dito: O servo não é mais que seu Senhor” (15,20ª).

 

O discípulo compartilha o destino de seu Mestre: Se a mim perseguiram, também perseguiram a vós; se guardaram minha Palavra, também guardarão a vossa (15,20b).  Precisamente esta é uma consequência de estar unidos a Jesus, como os ramos da videira: quanto mais se une um discípulo à graça de seu Senhor, tanto mais experimenta sua Cruz.

 

Todo este ódio do mundo há que vê-lo desde a raiz mais profunda: é continuação da cruz de Jesus.

 

Não se pode eliminar a perseguição, ao menos da maneira como quisera. Porém também há boas notícias. Este último ponto é importante: “Se guardaram minha Palavra, também guardarão a vossa” (15,20).  Não se pode esquecer que muitas coisas boas passarão: haverá quem escute e mude.

 

O problema maior: a rejeição de Deus (15,21)

 

Jesus identifica a causa da rejeição: o problema é a rejeição da revelação de Deus feita por Jesus, “porque não conhecem ao que me enviou” (15,21b). A maior parte das perseguições acontece por isto, porque crêem que conhecem a Deus, porém na realidade não o conhecem.

 

O ponto aqui é importante, porque em Jesus tem havido uma revelação inédita do rosto de Deus. Manifesta-se assim um novo tipo de pecado.

Com a revelação do Pai e de seu amor, realizado em suas palavras e obras de Jesus, faz possível um novo reconhecimento ou rejeição, um “sim” ou um “não” de qualidade até agora desconhecido.

 

Visto que Deus até o momento não era conhecido como Pai de Jesus, Ele não podia ser rejeitado como Pai. Mas, agora que foi revelada como Pai de Jesus, a rejeição desta revelação constituirá uma rejeição ainda mais profunda de Deus que era apenas conhecido genericamente (ver o v.24).

 

Nos versículos seguintes (vv.22-25), Jesus disse que seus detratores não têm desculpa porque ouviram suas palavras e viram suas obras. Então a condenação é dupla.

 

Ao rejeitar as obras de Jesus, rejeitaram o Pai. Disse então que foi para que se cumprisse a profecia: “odiaram-me sem motivo” (Sl 35,19; 69,4).

 

 

Cultivemos a semente da palavra no profundo do coração

 

  • Como se conectam entre si a união com Jesus e a rejeição do “mundo”?

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Em que aspectos tenho conflitos com o “mundo”?

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  • Qual minha reação quando alguém me despreza por minha opção por Jesus?

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  • Por que a revelação que Jesus faz do Pai faz possível um novo tipo de pecado?

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Que me disse isto?

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