O Evangelho PROPOSTO e não IMPOSTO (EFC)
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Lucas 9, 51-56
Para chegar a Jerusalém, descendo desde o norte da Galileia, o caminho mais direto passava por Samaria. Porém, a maior parte dos judeus evitava esta rota. Havia uma inimizade de séculos entre judeus e samaritanos (ver Jo 4,9). Por intolerância religiosa e motivos nacionalistas, os samaritanos procuravam aborrecer os viajantes, inclusive atacavam aos grupos de peregrinos que cruzavam seu território em caravanas.
- A hospitalidade negada: Jesus se arrisca por esta rota. Não o faz só como uma pessoa que vai “de passagem”. A expressão “enviou mensageiros a sua frente” (9,52) indica que tem intenções missionárias (como se verá depois, nos Atos, aqui nascerão comunidades cristãs: 1,8; 8,4-8). Esta opção de Jesus, a mais perigosa, deixa entrever sua misericórdia: Jesus está oferecendo uma mão amiga a um povo inimigo. Porém, lhe é negada a hospitalidade. Não acolhem a missão nem a amizade de Jesus (9,53).
- A ira dos mensageiros: Assim como no primeiro dia de sua missão na Galiléia (ver Lc 4,16-30), também, aqui, fecham-lhe as portas, a rejeição anunciada iniciou. Os discípulos Tiago e João, chamados “filhos do trovão”, pela impetuosidade de seu temperamento (Mc 3,17), reagem violentamente, não compreendem o desdém dos samaritanos e reagem irados: “Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma?” (9,54). Pedem para arrasar, com fogo, essa cidade (gesto de maldição). Será este o modo de lidar com um fracasso? A atitude nos recorda o que fez o profeta Elias quando o malvado rei Ocozias mandou chamá-lo (2 Rs 1,10ss). Claro que essa foi uma estratégia de defesa.
- A lição de Jesus: Porém Jesus não permite, aos discípulos, que levem a cabo seus propósitos e pela segunda vez os repreende por sua intolerância e por sua violência (9,55; ver 9,49-50). É verdade que Jesus pede para ser acolhido, mas, também é verdade que deixa os homens em liberdade para acolhê-lo e não quer forçar ninguém. A má decisão dos samaritanos não pode ser castigada com medidas drásticas.
Desde o princípio o discípulo aprende que “tomar a Cruz todos os dias” é saber passar os momentos amargos do desprezo com a maturidade de quem é capaz de afrontar com altivez as recusas, com amor ao adversário (ver 6,27). O que é livre de coração sabe respeitar também as decisões livres dos outros.