O Semeador (EFC)
Podcast: Play in new window | Download
Subscribe: Google Podcasts | RSS
Mateus 13,1-9
A Parábola do Semeador
“Saiu um semeador a semear…”
Começa uma nova seção do Evangelho de Mateus. Trata-se do terceiro grande discurso formativo de Jesus a seus discípulos. Os dois primeiros, o Sermão da Montanha (5-7) e o Manual da Missão (10), constituem como dois degraus no caminho de maturidade dos discípulos.
Este novo discurso se centra em um aspecto importante do discipulado: Jesus não só disse o que deve fazer, mas, tendo em vista a maturidade da fé dos seus, também os ensina a discernir a vontade de Deus em cada circunstância da vida. Para isto usa parábolas, as quais são verdadeiros exercícios de discernimento espiritual que tratam de captar o acontecer discreto do Reino em meio às diversas circunstâncias da vida e motivam para fazer a eleição correta da vontade de Deus. É assim como se descobre a natureza surpreendente do Reino.
O ensino de Jesus se desenvolve ao longo de sete parábolas bem ordenadas. Após breve introdução iniciam as parábolas: a do semeador; do joio e o trigo; do grão de mostarda; do fermento; do tesouro escondido; da pérola; da pesca. Finalmente, encontramos outra breve conclusão.
Observemos que:
- As 4 primeiras são baseadas em tema de vegetação e educam no discernimento propriamente dito;
- As outras 3 são para motivar a decisão. É que é possível ter claro o que fazer mas não se faz;
- A última parábola confirma que estas estão apresentadas em chave de discernimento: é como o pescador que a cada dia senta a beira do mar a recolher da rede o que lhe serve e devolver ao mar o que não serve ou ainda não está maduro.
Assim, a vida do discípulo, todos os dias e neste esforço contínuo, deve perseverar para conduzir uma vida segundo a vontade do Deus do Reino.
Notemos o ambiente do discurso: “Aquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se a beira do mar” (13,1). Sai da casa onde estava e vai à beira-mar. A multidão que se reúne ao redor é grande (13, 2). Ele sentado em uma barca e a multidão de pé à beira-mar. Neste belo cenário inicia o seu ensinamento.
A parábola do semeador, a primeira, distingue diversos tipos de terrenos onde caem as sementes, destacando, ao fim, um terreno apto para a imensa produção que é capaz uma simples semente. Para penetrar o sentido desta parábola, tenhamos em conta esta e a explicação que vem mais adiante (que é muito mais que uma explicação, é quase outra parábola), na realidade constituem as duas faces de uma moeda: a primeira enfatiza a “graça” de Deus e a segunda a “responsabilidade” humana.
O modo do semeador, que é um profissional na matéria, certamente, parece estranho quando deixa cair sementes em terreno impróprio para o cultivo. Sem dúvida, isto corresponde à realidade do Evangelho: mais que a qualidade da terra, o que vale é a qualidade da semente. Assim fazia Jesus: lançava sua semente nos corações sobre os quais os fariseus já haviam dado seu ditame negativo e consideravam excluídos da salvação. Então a imagem de um semeador lançando as sementes nos três primeiros terrenos é um retrato da obra de Jesus que não veio “chamar justos, mas pecadores” (9,13).
Sobretudo se proclama a bondade de Deus, que não tem limites para oferecer suas bênçãos (6,45), porém, isto implica, da parte de cada homem, o fazer de si mesmo “boa terra” para que a semente da Palavra possa crescer.
Aprofundemos com os nossos pais na fé
Para alcançar esta vida bem aventurada, a própria verdadeira Vida, em pessoa, nos ensinou a orar, não com muitas palavras, como se por isso, fossemos melhor escutados quanto mais prolixos sejamos (…). Pode parecer estranho que Deus ordene fazer petições quando Ele já conhece, antes que o peçamos, o que necessitamos. Devemos, sem dúvida, considerar que a Ele não importa tanto a manifestação de nossos desejos, coisa que conhece perfeitamente, mas que estes desejos reavivem em nós mediante a súplica para que possamos obter o que já está disposto a conceder-nos (…) (Santo Agostinho).