Unidos para sermos ouvidos (EFC)

Mateus 18,15-20

A comunhão na oração como expressão da solidariedade em tudo na vida (18,19-20)

É a presença de Cristo em meio de sua Igreja que lhe dá valor e peso a suas decisões. Isto é o que agora se aprofunda: quando a comunidade está bem unida e compacta em uma mesma fé, acontece nela o que o Antigo Testamento chama a “Shekináh”, quer dizer, ela é espaço habitado pela glória do Senhor, que em nosso caso é o Senhor Ressuscitado.

A unidade da comunidade expressa a comunhão perfeita com Jesus vivente no meio dela. Chama a atenção que em uma comunidade assim, é tal a solidariedade entre os irmãos, que todos são capazes de pedir o mesmo (“põem-se de acordo para pedir algo”, 18,19), renunciando a seus interesses pessoais, os quais normalmente aflorariam à hora de fazer petições.

Em uma comunidade que chega a este nível profundo de solidariedade, tendo um mesmo “sentir” profundo, pode ressoar com força as palavras de Jesus: “ali estou no meio deles” (18,20). Esta sim que é uma verdadeira comunidade!

Aprofundemos com os nossos pais na fé

São Cipriano (c.200-258), bispo de Cartago e mártir 

«Eu estou lá no meio deles».

O Senhor disse: «Se dois de entre vós na terra unirem as suas vozes para pedir o que quer que seja, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus.

Quando dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estou lá no meio deles».

Mostra assim que não é o grande número dos que rezam, mas a sua unanimidade, que obtém mais graças.

«Se dois de entre vós na terra unirem as suas vozes»: Cristo põe em primeiro lugar a unidade das almas, põe antes de tudo a concórdia e a paz.

Que haja plena concordância entre nós, eis o que Ele constante e firmemente ensinou.

Ora, como pode pôr-se em concordância com outro quem não está em concordância com o corpo da Igreja e com o conjunto dos irmãos?…

O Senhor fala da Sua Igreja, fala àqueles que estão na Igreja: se estiverem de acordo entre si, se orarem em conformidade com as Suas recomendações e os Seus conselhos, quer dizer, mesmo se só dois ou três rezarem numa só alma, mesmo sendo apenas dois três, podem obter aquilo que pedem à majestade de Deus.

«Onde quer que dois ou três estejam reunidos em meu nome, eu estou com eles»: quer dizer, ele está com os pacíficos e os simples, com os que temem a Deus e observam o seus mandamentos.

Ele diz que está com dois ou três, apenas, como esteve com os três jovens na fornalha; porque permaneceram simples em relação a Deus e unidos entre si, reconfortou-os com um sopro de orvalho no meio das chamas (Dn 3,50).

O mesmo aconteceu com os dois apóstolos fechados no cativeiro; porque eles eram simples, porque eram unidos de coração, Ele acudiu-lhes, quebrou as portas do seu cárcere (At 25,25)…

Quando, portanto, Cristo inscreve, entre os seus preceitos, esta palavra: «Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles», não separa pessoas da Igreja que Ele próprio instituiu.

Mas reprova aos dissidentes a sua discórdia e recomenda a paz aos seus fiéis. 

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: