2ª SEMANA DO ADVENTO (Reflexões dos textos sagrados)

REFLEXÕES DOS TEXTOS SAGRADOS DA 2ª SEMANA DO ADVENTO ANO A

Comunidade Paz e Bem

SEGUNDA

Lucas 5,17-26 (Cura de um paralitico) =Mt 9,1-8; Mc 2,1-12 Os espectadores do presente episódio evangélico ficam surpreendidos pelo fato de Jesus, ante este enfermo que lhe apresentaram, um mudo um tanto enroscado, não o cure imediatamente, mas lhe dirija, antes, palavras de perdão: «teus peca­dos estão perdoados» (v.20). Sem dúvida, o próprio texto proporciona um indicio que ajuda a su­perar o assombro: «Jesus, vendo a fé que tinham, disse…». Lucas nos indica, com este detalhe, que é a “fé” destes padioleiros que não se detêm ante nenhum obs­táculo, que Jesus pode dizer algo semelhante. Só quem tem fé sabe reconhecer que o problema mais gra­ve do homem é o pecado. Para eliminar dos homens esta cegueira Jesus está como obrigado a fazer o milagre (v.22). Certamente a objeção secreta dos escribas parece oportuna, porém, desmascara sua indiferença, seu sentir-se superiores aos demais. Segundo julgamento dos escribas, Jesus é um blasfemo porque atribui a si um poder que compete só a Deus (v.21). Porém, tais pensamentos e seu desafio interior a Jesus lhes impedem ver duas coisas: qual é o verdadeiro mal que aflige ao enfermo e o fato de que Deus não é ciumento de seu poder de perdão. Com a vinda de seu Reino deseja provocar uma prática profunda e universal de perdão, tendo como modelo e fonte o perdão que o Filho do homem veio trazer (v.24). Isto é o que deve suscitar a exaltação, indicada, pontualmente, por Lucas, o evangelista da oração.

Is 35,1-10 (O triunfo de Jerusalém) – Na breve escatologia profética deste capítulo de Isaias encontramos um autêntico “canto à alegria” pela renovação cósmica e, sobretudo, antropológica, que afeta à debilidade do corpo mutilado e do âni­mo exaltado. Trata-se de uma renovação que leva a cabo o Senhor, criador e salvador. Não se trata, simples­mente, de uma celebração da volta dos deporta­dos, mas de uma proclamação de fé que reconhece, no atuar do Senhor, o cumprimento dos mais autênticos desejos humanos, esse anseio de felicidade que se abriga no fundo do coração. Este regozijo contrasta com o árido deserto e a este­pe. É a oposição entre o gozo que vem do Senhor e que perpassa, rega e vivifica toda a existência, e a dor e a aflição que pesaram sobre o povo duran­te o desterro. O motivo último da alegria é a in­tervenção do Senhor, que deu um giro na história e agora guia seu povo por um caminho segu­ro. Com a ajuda do Senhor, o caminho do povo é ágil, até tal ponto que os coxos não só caminham, mas que «saltam», e os mudos não só falam, mas «can­tam». A beleza poética do texto vai se iguala com sua profundidade teológica ao reler o texto à luz do Novo Testamento. Deus tem se aproximado a nós, carregou nossas misérias, deu um giro na história, morrendo pelos homens.

Sl 84/85,9-14 (Oração pela paz e pela justiça) – Este Salmo é um hino de louvor que brota do coração de um povo que se vê livre da opressão e do sofrimento. Atualmente, acreditamos mais na ciência e na medicina que no poder de Deus. No entanto, esquecemo-nos que foi o Senhor que criou a medicina, assim como os médicos que operam e aos quais recorremos com frequência. A ciência não é onipotente, por isso, com o auxílio da medicina, devemos confiar no Senhor. Deus não é inimigo da ciência; ambos caminham juntos, porém só Ele é a fonte única de todo saber. Do mesmo modo devem caminhar a verdade e a justiça: uma deve caminhar ao lado da outra. A verdade não existe sem que a procuremos com amor e insistência, e Deus se revela aos que incansavelmente o procuram. Mesmo em situações difíceis, na dor, no sofrimento e perante a justiça, é preciso esperar que as sementes da verdade brotem nos nossos desertos áridos e sem vida. Todo desejo de verdade e de amor encontra a sua resposta plena e total na pessoa de Cristo.

Senhor, quero assumir hoje o compromisso de buscar sempre a verdade, que está escondida em Cristo e que passa sempre através da cruz, da morte e resplandece na ressurreição. A verdade veio habitar entre nós, fez sua morada entre nós, mas nossos olhos não a souberam reconhecer e nossa inteligência se fecha à luz e ao amor. Vivemos, Senhor, num tempo de espera paciente em que a verdade, a misericórdia e a justiça devem florescer na humanidade sedenta de amor, mas que, em razão de tantos falsos profetas, percorrem caminhos obscuros que levam à morte e não à vida. Ajuda-me, Senhor, a recusar corajosamente toda cultura da morte, seja qual for: morte física, espiritual ou intelectual. Que eu busque somente defender a vida. A Virgem Maria nos ensina a abrir-nos à verdade e dizer no nosso dia a dia o sim que motiva continuamente a presença de Cristo Jesus entre nós. Somos luz no Senhor… “Outrora éreis trevas, mas agora sóis luz no Senhor. Procedei como filhos da luz. E o fruto da luz é toda espécie de bondade e de justiça e de verdade” (Ef 5,8-9).


TERÇA:

Mateus 18,12-14 (A ovelha desgarrada) A parábola da ovelha perdida em Lucas (15,3-7) é uma exortação a compartilhar a alegria do perdão que Deus outorga aos pecadores que se convertem e, por sua vez, dispor-nos ao perdão. No texto de Mateus, a mesma parábola faz parte do discurso eclesial (cap.18), no qual Jesus comunica aos discípulos algumas indicações preciosas acerca da vida comunitária: o esforço por fazerem-se pequenos, disponibilidade à acolhida, atenções para o que vacila na fé… Em coerência com tal contexto, para o primeiro evangelista a parábola da ovelha perdida não fala di­retamente de Deus que se põe a buscar a ovelha, mas da comunidade, que deve ser “sinal do rosto de Deus”, de Deus que vai em busca da ovelha perdida com uma solicitude pastoral pelo “pequeno” e mais ainda pelo que tem se extraviado, pelo pecador. Deixar as noventa e nove ovelhas para buscar uma é uma loucura; porém assim é a loucura de Jesus e deve ser a loucura da comunidade (v.14). A comunidade não deve deixar-se guiar por critérios de eficiência, mas pelo “cuidado” como pequeno, como insignificante, como marginalizado ou distante, pelo motivo que for. Não se assegura automaticamente o êxito (v.13: «consegue-se encontrá-la…»), porém se exorta à comunidade a não esquecer nunca o buscar a ovelha perdida, porque será fonte de grande alegria: «vos asseguro que se alegrará por ela mais que pelas noventa e nove que não se extravia­ram» (v.13).

Is 40,1-11 (Anúncio da libertação) – No desterro da Babilônia a desconfiança e a tristeza oprimem o coração dos deportados. Perguntam se o Senhor se esqueceu de seu povo, se é válida ainda sua Palavra, se subsiste um fio de espe­rança para Jerusalém. É então que o Senhor sus­cita um profeta anônimo, cujos oráculos se acrescentam ao livro do profeta Isaías, porque, de algum modo, prolon­gam sua mensagem. Destes oráculos (Isaías, do capitulo 40 ao 55), a leitura de hoje é a abertura, antecipando o tema de todo o conteúdo de sua atividade profética. Deus pede ao profeta e a seus discípulos que sejam portadores da boa notícia que lhes confia (v.9). A consoladora notícia consiste em uma relação renovada com o Senhor, em uma aliança res­taurada. E para o segundo Isaías um sinal visível desta renovada relação amorosa com o Senhor é o re­gresso dos desterrados à pátria, que se levará, não em tom menor, mas de modo triunfal, em meio de uma criação festiva, com o Senhor que caminha à frente do povo, como triunfante guerreiro e carinhoso pastor. O papel do profeta e dos que aderem à sua mensagem será, preparar esta vinda do Se­nhor (v.3).      O ânimo do povo, rendido como um terre­no acidentado pelas provas, sofrimentos, desilusões e infidelidades, poderá, agora, acolher a revelação da glória de Deus, igual e mais que a glória manifestada no caminho do êxodo (v.5). E, ainda que o homem seja frágil e suas promessas efêmeras (vv.6-8), a Palavra do Senhor é estável e seu compromisso com a humanidade é eterno: o povo deportado deverá confiar nesta esta­bilidade da promessa do Senhor.

Sl 95/96,1-3.10-13 (Iahweh, rei e juiz) – O salmista convoca solenemente todos os povos e todos os que têm fé para que, juntos, elevem um grande hino de glória, louvor e ação de graças ao Senhor, o Deus que está acima de todos os deuses e tem o poder de destruí-los. O centro deste louvor é a grandeza de Deus, o Senhor dos exércitos. Juntemo-nos a este grande clamor e não nos calemos diante do Pai. Ofereçamos a Ele toda a nossa adoração!

Senhor muitas vezes se faz difícil o louvor; reconheço a existência de resistência dentro de mim, na minha família, na minha comunidade. As pessoas não querem me escutar e há momentos em que me consideram fanático pelas minhas ideias e minha insistência, mas o teu convite é amor. Senhor, ajuda-me a convidar a todos para conhecer a tua grandeza, a tua força, a ser anunciador corajoso diante de todos, a não ter medo e a ser sempre um profeta destemido e corajoso. Amém.


QUARTA:

Mateus 11,28-30 (Jesus é o mestre com fardo leve) No texto anterior (11,25-27), estreitamente vinculada com o de hoje, Jesus ensina que o real conhecimento de Deus como Pai é possível porque o Filho introduz, nesta familiaridade, seus próprios discípulos. Mas, estes, para acolher, de verdade, esta paternidade divina e a amizade do Filho, devem fazer-se “pequenos”. E Jesus nos indica o verdadeiro “pequeno”: só o que crer que Jesus «manso e humilde de coração» é o único caminho para introduzir nos segredos de Deus, e que, para aprender, se aproxime a Ele, iniciando um caminho de seguimento: «Vinde a mim…». Como a Sabedoria no AT convida à sua escola, prometendo «descanso», quer dizer, essa plenitude capaz de sossegar o coração inquieto da humanidade, assim, Jesus capaz de sossegar o coração inquieto da humanidade, convida à sua apaixonante escola, na qual descobrimos que somos filhos de Deus. Portanto, é preciso entrar em sua escola, aproximando-se a Ele, que fala do Pai aos próprios amigos, e descobrir que a familiaridade com Jesus é uma escola exigente e continua, mas, também, capaz de curar, de dar paz ao coração. Certamente, Jesus não exime o discípulo do compromisso pleno e perseverante na observância da lei de Deus, (nos fala de «jugo» e de «carga»). Porém, promete que será um peso proporcionado, adequado a quem o deve levar e que se manifestará como uma experiência de liberdade.

 

Is 40,25-31 (A grandeza divina) O segundo Isaías é o primeiro testemunho bíblico que afirma claramente um monoteísmo teórico e prático. O profeta não chegou a esta conclusão com raciocínios filosóficos ou lógicos, mas meditando a história de salvação e a experiência de fé de Israel. Este monoteísmo se expressa, frequentemente, em um discurso sábio, que revela a inquestionável unidade do poder salvador do Senhor e seu peregrinar por caminhos virgens e inéditos para socorrer a seus fieis (cf.v.25). O discurso sobre Deus no Segundo Isaías se guia sempre pela necessidade urgente de convencer a seus ouvintes de que Deus pode e quer salvá-los, melhor ainda “consolá-los”, demonstrando que cuida, eficazmente, de seus fieis. Sim, assim é o Deus de Israel, não há motivo para que o povo eleito duvide e se sinta abandonado pelo Senhor, ainda que se encontre na dura situação do desterro. Porém leva consigo a renúncia a todo tipo de autossuficiência, ilustrada com a metáfora das forças que chegam a faltar, até a jovens e adultos (v.30), e o reconhecimento da própria debilidade e fragilidade ante o Senhor. Só assim Israel se dará conta de que sua força vem do próprio Deus (v.31) e poderá reviver a experiência do êxodo, quando o socorro divino lhe faça sentir-se ajudado a subir e levado “nas asas de águia”, no tempo do duro caminhar pelo deserto (cf.Ex 19,4).

Sl 102/103 (Deus é amor) Por meio de um canto suave, o salmista goteja afeto e amor ao Senhor e canta suas maravilhas e atos de ternura para conosco. Devemos meditar este Salmo, saboreando cada palavra que nos introduz nos ministérios do coração de Deus. Quando o oramos com fé, o Senhor nos fortalece e conorta. Todo o amor de Deus Pai nós podemos contemplar na pessoa de Jesus: “Mas quando se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor pela humanidade” (Tt 3,4) O Pai nos enviou o seu único Filho, Jesus, por puro amor a nós e para que Ele nos ensinasse o caminho da vida plena. O grande hino de ação de graças que podemos oferecer ao Pai em resposta à sua generosidade não é realizado por meio de palavras, mas sim com a própria vida. Tocam-me profundamente as palavras deste Salmo: “[O Senhor é] lento para a cólera e rico em bondade”. Ele tem pressa em nos amar, em nos perdoar. Não perca tempo, o Senhor está lhe esperando! Se você compreende melhor este Salmo, leia e medite Lucas 15. Bendize minh’alma e não se esqueça de nenhum dos benefícios do Senhor. Senhor, como é maravilhoso parar um pouco com as minhas atividades e pensar em quantos benefícios até hoje tenho recebido do teu amor. Deixa que minha alma, como a do salmista, se expanda, se dilate e cante “bendize minha alma ao Senhor por todos os benefícios e não esqueça nenhum”. Quero-te agradecer por me ter criado; como é bela a vida; mesmo mesclada pelo sofrimento, com decepções; com dores, vale a pena viver e agradecer com todas as batidas do meu coração, com todos os meus tons e repertório. Que tudo cante o teu louvor. Bendigo-te por minha família, pelos pais, por todas as pessoas que passaram hoje na minha vida: obrigado, Senhor. Senhor, animado pela força da fé, te quero também bendizer pelas cruzes, pelos sofrimentos e por todas as pessoas que me fizeram sofrer e que me ajudaram a amadurecer na minha caminhada. Com Santa Teresinha quero te dizer “tudo é graça”; agradeço-te com a lucidez que hoje tenho, Senhor, por tudo o que vier até a minha morte; dá-me a força para sempre dizer: muito obrigado por tudo. Amém.

QUINTA FEIRA – SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO

Acesse estudo bíbico: https://pazebem.org.br/imaculada-conceicao-estudo-biblico


SEXTA:

Mateus 11,16-19 (Julgamento de Jesus sobre sua geração) – O evangelista São Mateus nos transmite um dito de Jesus Cristo acerca da radical incapacidade de seus contemporâneos de aceitar a bondade do tempo presente, porque não es­tão dispostos a desejar nada que seja realmente diferente. São como crianças que não entram no jogo, que nem sabem lamentar-se nem divertir-se. A parábola apresenta dois gru­pos de crianças em conflito, porque o segundo grupo perdeu o interesse pelo jogo, inclusive antes de ter começado (vv.16-17). A dupla reação dos contemporâneos com o profeta João Batista e com Jesus (v.18), sua má vontade explícita, lhes assemelha às crianças capri­chosas da parábola. Em Mateus a sentença final oferece uma resposta a essa reação contraposta dos estilos de devoção: o estilo sábio de Deus foi reconhecido, justamente pelos que tomam seriamente, em consideração, seu modo de agir. Jesus é a sabedoria de Deus, a qual se mani­festa em suas obras (v.19). Em definitivo, pretende sacu­dir as consciências de seus ouvintes para dispor-lhes a acolher a “hora desconhecida de Deus”. Suas palavras so­bre o Batista concluem com um chamado à compreensão de fé, equivalente a uma decisão do projeto salvífico de Deus, em sintonia com seu modo de atuar e de revelar-se na história.

 

Is 48,17-19 (O destino de Israel) – Em seu anúncio, o Segundo Isaías se concentra na revelação do Senhor, como Deus de Israel, oferecendo uma espécie de “rosário” dos nomes de Deus. Além de “redentor”, aparece aqui o título «Santo de Is­rael», expressão que cita sete vezes (41,14;43,3.14;47,4;48,17;49,7;54,5), sempre para defini-lo como o Deus que resgata o seu povo. A ação salvífica que manifesta a santidade divina se realiza também ao doutrinar, intimamente, o coração do povo, para que possa seguir o caminho da aliança e para que alcance o conhecimento do desígnio amoroso, salvador e gratuito de Deus com a humanidade, que, com vistas à sua realização criou o mundo (v.17). Esta realidade leva o profeta a fazer uma espécie de balanço da história passada da aliança, como tem­po, no qual, a falta de escuta da Palavra divina e a transgressão de sua lei de vida arrastaram Israel para longe da prosperidade das promessas incluídas na aliança. Porém, agora Deus dispensa, novamente, sua Palavra efi­caz para que, obedecendo-a, produza efeitos profundos e duradouros, levando Israel a viver na justiça de­rramada por Deus ao povo (v.18), garantindo o cumprimento da promessa feita aos pais (v.19; d, Gn 12,2-3; 22,17).

Sl 1 (Os dois caminhos) – A vida é como uma encruzilhada. Existem duas estradas à nossa frente.    A nós cabe a escolha de qual caminho devemos nós seguir: o caminho do bem ou o caminho do mal. Se seguirmos o mal, encontraremos a infelicidade, enquanto que se seguirmos o bem, seremos para sempre felizes. Qual caminho vamos escolher?

Senhor, dá-me a coragem de não me deixar dominar pelo mal? Que eu saiba ser corajoso e escolher sempre o bem. Não permita que eu caminhe sozinho… O importante é que eu esteja contigo e tu comigo. Amém


SÁBADO

Mateus 17,10-13 (Uma pergunta a respeito de Elias)= Mc 9,9-13 – Após a transfiguração, Jesus, descendo do monte, mantém com seus discípulos uma sobre um dos personagens da visão: Elias. Referindo-se às discussões rabínicas do papel de Elias, sobre a verdade e significado de seu regresso anunciado por Malaquias, Jesus declara concordar com os que afirmam a necessidade de uma vin­da de Elias antes do julgamento. Mas, Jesus nega qualquer visão fantástica, comumente difundida, de um regresso de Elias e convida os discípulos a discernir o plano de Deus que está manifestando-se ante seus pró­prios olhos. Portanto, afirma que Elias já veio, porém, não o conheceram, e que a sorte de Elias anuncia a do Filho do homem (v.12). Para levar os discípulos à compreensão da ur­gência da conversão, da cura das relações intrapessoais e da relação com Deus, Jesus identifi­ca, expressamente, a Elias, como o Batista. Os discípulos compreendem tal identificação (v.13). Resulta, assim, claro, que tal identificação não se desprende, automaticamen­te, das Escrituras, mas que se revela a quem, desde a docilidade da fé, está disposto a acolher a pregação de João, com seu convite a converter-se e preparar-se ao encontro do que vem. Por um momento, os discípu­los parecem, pois, compreender; ainda que rapidamente cai­am, de novo, na incompreensão, em sua obstinada in­credulidade (Mt 15,20).

Eclo 18,1-4.9-11 (Elogio ao profeta Elias) – O elogio dos pais é a seção mais original de toda a obra do Sirácida. O autor relê o passado com uma função didática para o presente e brinda-nos com uma galeria de “medalhões” dos grandes personagens da história bíblica, bons e maus. Entre estes heróis encontra-se a figura de Elias. Por seu zelo e sua paixão ardente pela causa do Senhor, o Deus de Israel, é comparado ao fogo. Sua vida, de fato, dedicou toda ao serviço do Deus de Israel, em cuja presença vivia continuamente (cf. 1 Re 18,15). Além de sua ardente pregação, para levar o povo ao único Deus, os traços delineados pelo Sirácida su­blinham-lhe os aspectos miraculosos, de acordo com as tradições populares de sua época (vv.2-4). Porém, o cu­me do elogio a Elias está na consideração de seu destino singular (o rapto no carro de fogo: v.9), vis­to como uma vitória sobre a morte, por obra do amor de Deus. Sua figura é, pois, estímulo para esperar uma vida além da morte, uma bem-aventurança plena que espera aos que, como Elias, «morrem fieis ao amor». À motivação de seu arrebatamento ao céu na tradição judia (cf. Ml 3,24) se associa o da espera de seu regresso, a fim de preparar os filhos de Israel para a chegada dos tempos messiânicos (v.10). O Novo Testamento herdará esta tradição judia do regresso de Elias, vendo seu cumpri­mento na pessoa do Batista.

Sl 79/80 (Oração pela restauração de Israel) – Cada um de nós traz dentro de si não só as suas próprias preocupações, mas também as dos outros e as do próprio país. Em especial o povo de Israel. O salmista, por meio de sua oração, suplica a Deus que não abandone a nação, que cuide de seu destino. O povo é como uma vinha bem escolhida, bem plantada por Deus em terreno fértil, mas que, infelizmente, está sendo devastada pela idolatria, pelo mal, pelos inimigos. O salmista se pergunta: por que esta videira está tão maltratada? Sentimo-nos assim quando olhamos nosso país: grande desolação invade nosso coração; vemos o avanço da idolatria, do mal, da violência, do desrespeito aos direitos humanos, falta de amor e solidariedade. Jesus é a videira verdadeira, representado na terra pela Igreja, e nós somos os seus ramos. Para que a videira produza frutos abundantes, deve ser cuidada e “regada” com amor. É nosso dever impedir que ela seja infestada por pragas que podem devastá-la. Una-se ao clamor do Senhor e proteja a videira, que é fonte de vida. Senhor, olha a videira que tua destra plantou. Tu construíste um muro de proteção para que não fosse devastada pelos “animais selvagens”, mas não raramente os inimigos não estão fora, mas dentro da mesma Igreja, comunidade e família. A oração deve ser sempre uma súplica a todas as necessidades, não só para as nossas. O verdadeiro orante não se fecha sobre os seus problemas, não reza só para si mesmo, mas abre os seus olhos e vê as dores dos outros e quer, como Jesus, carregá-los. O pedido de quem sofre é: “Deus, mostra-nos o teu rosto e seremos salvos; faz-nos retornar aos caminhos certos de tua lei e teu amor.“ A felicidade está sempre na constante conversão, no abandono do pecado e no retorno à vida em Deus. Longe de ti, Senhor, há trevas, noites e desespero; perto de ti encontramos a verdadeira paz. Dá-nos a tua paz. Amém.

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