ESTUDO BÍBLICO NA 16ª SEMANA COMUM ANO B 2024

ESTUDO BÍBLICO NA 16ª SEMANA COMUM ANO B 2024

Comunidade Paz e Bem

SEGUNDA-FEIRA – S. MARIA MADALENA

João 20,1-2.11-18

ENCONTRO COM O RESSUSCITADO (II): NA AUSÊNCIA DE UMA PLENA COMUNHÃO NA ALIANÇA.

“Mulher, por que chorar? A quem buscas?”

Maria Madalena foi a primeira a descobrir o túmulo vazio e a levar, aos discípulos, a notícia, dando sua própria explicação: “Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde lhe puseram” (Jo 20,1-2).

Ela também tem o privilégio de ser a primeira a encontrar o Senhor (20,11-18). Sua notícia então será diferente: “Eu vi o Senhor” (20,18). É assim como Maria passou do escuro da madrugada à luz radiante da Páscoa. Hoje faremos com Maria de Magdala este caminho.

(1) As lágrimas de Maria (20,11ª)

Enquanto os dois discípulos voltam para casa, deixando atrás a tumba vazia com suas vendas pelo solo (20,10), Maria permanece em lágrimas junto à tumba, fechada a última recordação tangível que lhe resta de Jesus: “Estava Maria junto ao sepulcro chorando” (20,11ª).

Maria está agarrada ao que de alguma maneira lhe transmite uma proximidade com Jesus. Porém, agora a dor é dupla: segundo ela, roubaram o corpo do Senhor (20,2.13.15).

Nos primeiros versículos se repete a palavra “chorar” quatro vezes. Porém, cada vez é diferente: Maria, já fazendo um caminho pascal, que tem seu momento cume no reconhecimento do Amado e se projeta ainda muito além, na nova comunhão de vida à qual a convida o Jesus glorioso.

(2) Um progressivo reconhecimento de Jesus (20,11b-16)

Maria dá um passo importante em seu caminho de fé quando é capaz de olhar dentro do sepulcro, saindo, assim, de sua paralisia emocional e quando começa a dizer o que sente. Primeiro a interrogam os dois anjos que estão sentados sobre o sepulcro: “Mulher, por que choras?” (20,13).

Em sua resposta (20,13b) se nota um fio de esperança: crer que o assunto vai se solucionar apenas recupere o corpo. Logo a interroga Jesus Ressuscitado, a quem ela não reconhece a primeira vista: “viu a Jesus, de pé, porém não sabia que era Jesus” (20,14). Maria o confunde com o jardineiro.

Desta vez a pergunta tem um novo elemento: “A quem buscas?” (20,15a). Esta pergunta é conhecida no Evangelho: aparece no começo e ao final do caminho do discipulado (1,38 e 18,4.7). O assunto não é um “que”, mas um “quem”, uma pessoa, uma relação viva, que faz falta.

Maria vai sendo, pouco a pouco, conduzida ao núcleo do mistério. A resposta de Maria reflete, então, todo seu amor: “eu o buscarei!” (20,15b). E é aqui onde se revela Jesus, chamando-a, como o Bom Pastor (10,3), por seu próprio nome: “Maria!”.

Ela compreende e o reconhece: “Mestre!”, um título que, em João, somente os discípulos usam para dirigir-se a Jesus (1, 38.49; 4,31;9,2; 11,8).

Jesus e Madalena se chamam reciprocamente segundo a maneira como o faziam antes da sua morte. A relação entre Jesus e seus amigos não muda internamente, mas sim, pelo novo estado do Ressuscitado, muda sua forma externa. A experiência do Ressuscitado é a resposta a um chamado.

É no reconhecimento de sua voz que se dá o verdadeiro reconhecimento de Jesus. Esta voz nos chama em todas as circunstâncias e encontros da vida, nos quais temos viva a chama do amor, estaremos em capacidade de ler, nos sinais, um toque do esplendor de Jesus em todas as coisas.

(3) Maria e seu novo estilo de relação com Jesus (20,17-18)

Maria cai aos pés de Jesus para abraçá-lo, porém Jesus lhe diz: “Não me toques, não subi ao Pai” (20,17ª). O intento de reter Jesus parece indicar a vontade de permanecer aferrada ao Jesus que conheceu em sua etapa terrena. Porém, Jesus a leva a olhar para o futuro da relação: “Vai aos meus irmãos e diz-lhes: Subo a meu Pai e vosso Pai, a meu Deus e vosso Deus” (20,17b).

Jesus deixa entender, a Maria, que não está vivendo sua existência terrena e que ela não o terá como antes: Ele regressa ao Pai onde tem seu lugar próprio. Está na última etapa de seu caminho.

Maria e os discípulos estão convidados a percorrê-lo, para isto devem compreender que significado tem para eles a plena comunhão de Jesus com o Pai:

  • Pela primeira e única vez Jesus os chama “meus irmãos”;
  • Pela primeira e única vez Jesus declara que Deus é o “Pai” dos discípulos.

Eis aqui uma nova revelação do Ressuscitado: os discípulos sabem que Deus também é seu Pai e que através deste Pai eles estão unidos a Jesus como irmãos.

Chega-se, assim, ao cume da Aliança. A antiga fórmula Eu serei vosso Deus e vós sereis meu povo”, tem uma nova expressão na Páscoa de Jesus que, por este caminho, insere os discípulos de maneira plena em sua estreita relação com o Pai: “Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”.

Este é o extraordinário dom de amor que os discípulos receberam do sacrifício do Filho na Cruz (3,16): este é o amor que Deus oferece ao mundo… Assim, por meio de sua morte e ressurreição Jesus regressa ao Pai, não para separar-se dos seus, mas para unir-se a eles de modo pleno e definitivo através de sua comunhão com o Pai (14,1-3; 16,7.22;).

Maria Madalena chorava um defunto, porém, Jesus Ressuscitado a orienta pelo caminho correto pelo qual deve agora buscá-lo: a relação viva de amor, que havendo começado com o Jesus terreno se orienta de maneira definitiva para a comunhão total com a Trindade.

A Ressurreição de Jesus não é uma perca, pois agora o Mestre está mais unido que nunca aos seus e os atrai, vigorosamente, para a perfeita aliança. Em que se parece o caminho de fé de Maria ao meu?

Para cultivar a semente da Palavra no coração:

Maria é a discípula que fica paralisada frente à tumba e, portanto, frente ao feito da morte; o Evangelho a retrata como a discípula das lágrimas. Pois bem, Maria é cada um de nós frente à dor, às desgraças que nos desanimam. Nas lágrimas de Maria estão as lágrimas de cada um de nós, sinal de nossa debilidade. Choramos porque nos deparamos com a barreira de nossas limitações, com o cruel fato de que há coisas que, por mais que queiramos, não podemos mudar. Choramos porque nos sentimos incapazes dos sinais do ressuscitado, porque não vemos um caminho de saída para nossas angústias, para nossas inquietudes mais profundas, nossas perguntas sérias. Como se vê na passagem seguinte, transcender as lágrimas é um dom de Deus. Será Jesus ressuscitado que, com sua sabia pedagogia e sua misericórdia, abrirá os olhos à realidade da ressurreição. O que você viu no caminho, Maria, naquela manhã? ‘O meu Senhor glorioso, a sepultura abandonada, anjos testemunhas, sudários e mortalha. Ressuscitou Verdadeiramente! Meu amor e minha esperança!'” (Da Liturgia Romana)

TERÇA-FEIRA

Mateus 12,46-50

SOMOS FAMÍLIA DE JESUS QUANDO VIVEMOS SEGUNDO A VONTADE DO PAI CELESTIAL

“Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”

Estava falando à multidão… ” (12,46) quando, de repente, chegaram os familiares de Jesus, “ sua mãe e seus irmãos ”, e ficaram esperando fora (12,16a).

Quando Jesus toma conhecimento do propósito de sua família, responde: “Estes são minha mãe e meus irmãs, pois todo o que cumpre a vontade de meu Pai celestial, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (12,49b-50).

Bem sabemos que, na maneira de falar daquele tempo, aos parentes próximos, também se chamava “irmãos” (Lv 10,4). Por essa razão não haveria que buscar aqui motivos para por em discussão se a Virgem Maria teve mais filhos.

O certo é que, segundo o texto, a menção da palavra “irmãos” dá ocasião para que Jesus se pronuncie sobre qual é sua verdadeira família.

Para isso, Jesus faz uma distinção entre a família natural (biológica) e a família espiritual que nasce do discipulado, onde os laços que geram vínculos são mais estreitos e fortes que os da família natural.

Segundo o texto, Jesus não sai ao encontro deles, mas, que, ao assinalar dentro da casa em que está, qual é sua verdadeira família, os convida a entrar, a tomar parte dela.

O parentesco biológico com Jesus é insuficiente, pois, ter parte com Jesus leva a reconhecer a sua verdadeira identidade e não aprisioná-lo nos conceitos que se tenham dele pela simples convivência na infância. Em outras palavras, se requer a aprendizagem do Evangelho.

A família de Jesus é a comunidade dos “pequenos” que, mediante a escuta da Palavra e a conversão a ela, vai crescendo, levada pela mão do Mestre e conduzida para a plenitude de toda família, que é a relação trinitária (28,19).

A comunidade de Jesus personifica a todas as pessoas que optam de coração por Ele e elegem viver segundo os critérios de seu Evangelho, encarnando as bem-aventuranças e todos os ensinamentos de Jesus, fazendo presente, desta forma, sua obra salvadora em suas vidas.

O núcleo da passagem encontra-se na frase: “cumprir a vontade de meu Pai Celestial” (12,50). Mateus menciona, expressamente, o termo “Pai” e não, simplesmente, “Deus”, já que a captação da vontade de Deus está intrinsecamente relacionada com esta revelação da paternidade divina, da qual Jesus faz derivar todo o Evangelho.

É a comunhão com este Pai que permite falar, com certeza, de uma “verdadeira família”. A vida desta nova família encontra seu sentido no mistério do Reino que se realiza na história, assim como veremos amanhã nas Parábolas de Jesus.

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

  1. Para que buscam os familiares (biológicos) a Jesus?
  2. Como se entende a palavra “irmãos de Jesus” nesta passagem?
  3. De que maneira uma pessoa se faz “familiar” de Jesus?

“Quando oramos, nunca devemos perder-nos em tantas considerações, tentando saber o que temos de pedir e temendo não conseguir orar como nos convém. Por que não dizer com o salmista: ‘Uma coisa peço ao Senhor e é o que busco: habitar na casa do Senhor por toda minha vida, contemplar a beleza do Senhor examinando seu templo’ (Salmo 26,4)?” (Santo Agostinho)

QUARTA-FEIRA

Mateus 13,1-9

A Parábola do Semeador

 “Saiu um semeador a semear…”

Começa uma nova seção do Evangelho de Mateus. Trata-se do terceiro grande discurso formativo de Jesus a seus discípulos. Os dois primeiros, o Sermão da Montanha (5-7) e o Manual da Missão (10), constituem como dois degraus no caminho de maturidade dos discípulos.

Este novo discurso se centra em um aspecto importante do discipulado: Jesus não só disse o que deve fazer, mas, tendo em vista a maturidade da fé dos seus, também os ensina a discernir a vontade de Deus em cada circunstância da vida. Para isto usa parábolas, as quais são verdadeiros exercícios de discernimento espiritual que tratam de captar o acontecer discreto do Reino em meio às diversas circunstâncias da vida e motivam para fazer a eleição correta da vontade de Deus. É assim como se descobre a natureza surpreendente do Reino.

O ensino de Jesus se desenvolve ao longo de sete parábolas bem ordenadas. Após breve introdução iniciam as parábolas: a do semeador; do joio e o trigo; do grão de mostarda; do fermento; do tesouro escondido; da pérola; da pesca. Finalmente, encontramos outra breve conclusão.

Observemos que:

  • As 4 primeiras são baseadas em tema de vegetação e educam no discernimento propriamente dito;
  • As outras 3 são para motivar a decisão. É que é possível ter claro o que fazer mas não se faz;
  • A última parábola confirma que estas estão apresentadas em chave de discernimento: é como o pescador que a cada dia senta a beira do mar a recolher da rede o que lhe serve e devolver ao mar o que não serve ou ainda não está maduro.

Assim, a vida do discípulo, todos os dias e neste esforço contínuo, deve perseverar para conduzir uma vida segundo a vontade do Deus do Reino.

Notemos o ambiente do discurso: “Aquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se a beira do mar” (13,1). Sai da casa onde estava e vai à beira-mar. A multidão que se reúne ao redor é grande (13, 2). Ele sentado em uma barca e a multidão de pé à beira-mar. Neste belo cenário inicia o seu ensinamento.

A parábola do semeador, a primeira, distingue diversos tipos de terrenos onde caem as sementes, destacando, ao fim, um terreno apto para a imensa produção que é capaz uma simples semente. Para penetrar o sentido desta parábola, tenhamos em conta esta e a explicação que vem mais adiante (que é muito mais que uma explicação, é quase outra parábola), na realidade constituem as duas faces de uma moeda: a primeira enfatiza a “graça” de Deus e a segunda a “responsabilidade” humana.

O modo do semeador, que é um profissional na matéria, certamente, parece estranho quando deixa cair sementes em terreno impróprio para o cultivo. Sem dúvida, isto corresponde à realidade do Evangelho: mais que a qualidade da terra, o que vale é a qualidade da semente. Assim fazia Jesus: lançava sua semente nos corações sobre os quais os fariseus já haviam dado seu ditame negativo e consideravam excluídos da salvação.  Então a imagem de um semeador lançando as sementes nos três primeiros terrenos é um retrato da obra de Jesus que não veio “chamar justos, mas pecadores” (9,13).

Sobretudo se proclama a bondade de Deus, que não tem limites para oferecer suas bênçãos (6,45), porém, isto implica, da parte de cada homem, o fazer de si mesmo “boa terra” para que a semente da Palavra possa crescer.

Aprofundemos com os nossos pais na fé

Para alcançar esta vida bem aventurada, a própria verdadeira Vida, em pessoa, nos ensinou a orar, não com muitas palavras, como se por isso, fossemos melhor escutados quanto mais prolixos sejamos (…). Pode parecer estranho que Deus ordene fazer petições quando Ele já conhece, antes que o peçamos, o que necessitamos. Devemos, sem dúvida, considerar que a Ele não importa tanto a manifestação de nossos desejos, coisa que conhece perfeitamente, mas que estes desejos reavivem em nós mediante a súplica para que possamos obter o que já está disposto a conceder-nos (…) (Santo Agostinho).

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

  1. Em torno a qual ideia fundamental gira a exposição das sete parábolas de Mt 13?

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  • Qual é a mensagem da parábola do semeador?

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  • Como aparece retratado o ministério profético de Jesus nesta primeira parábola?

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Atrevo-me a fazer as mesmas ações nas quais todos crêem que não há esperança de mudança?

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QUINTA-FEIRA – . TIAGO MAIOR APÓSTOLO

Mateus 20,20-28

ASPIRAR AO VERDADEIRAMENTE GRANDE

“Quem entre vocês quiser chegar a ser grande faça-se o servo de todos”

Hoje é a festa do apóstolo Tiago, o maior, irmão de João e que viveu junto a Jesus a experiência de alguns momentos significativos como a cura da filha de Jairo, a transfiguração, a oração no horto.

No texto de hoje, a primeira que aparece na cena é uma mulher, precisamente a mãe dos dois. Vemos que ela se aproxima de Jesus e se prostra.  Ela reconhece em Jesus alguém ante o qual a melhor atitude é prostrar-se e adorar.

O texto não nos disse que ela tenha pronunciado palavra alguma. Jesus, que conhece o profundo do coração, capta neste gesto o desejo da mãe de pedir-lhe algo, e sem mais lhe lança uma pergunta: “Que desejas?” (22).

Façamos uma pequena reflexão: É a primeira vez que aparece esta Mãe. Seguramente, tudo o que sabia e havia ouvido acerca de Jesus, haviam contado os filhos quem seguiam o mestre desde o momento em que Ele os chamou. É belo ver como, neste caso, são os filhos os que transmitem a experiência de Jesus a seus pais, neste caso a sua mãe.

À pergunta de Jesus: “Que desejas?”, sentindo forte o amor por seus filhos, querendo o melhor para eles e, ainda, captando todo o significado salvífico da figura de Jesus, disse; “Manda que estes dois filhos meus sentem-se, um a tua direita e o outro a tua esquerda, em teu reino” (21).

Nesta petição vemos alguns elementos interessantes:

“Manda”: Esta mulher reconhece a autoridade que tem Jesus, que pode ‘mandar’. É como se dissesse:

                Tu que podes tudo, dá essa ordem.

“Reino”: Qual? Que estes meus filhos se sentem em teu reino”. Ou seja: Creio em tudo que meus

             filhos me disseram de Ti e te peço: faças participarem de teus planos e projetos, de futuro.

“Sentar-se”: A palavra sentar-se indica igualdade, intimidade, confiança. Esta Mãe aponta alto. Não

                      simplesmente que ‘se sentem contigo’, isso já seria bastante, senão que se sentem a

                     tua direita e a tua esquerda. Os lugares de honra. O favor há que pedir bem.

Jesus pensava diferente e por isso diz não só à mulher, mas aos três: “Não sabem o que pedem” (22) Isto não é tão simples, pois não se trata de um ‘prêmio’ à boa conduta, há que ir mais longe: “São capazes de sofrer o que eu vou sofrer?” (23).

Quase arrebatando a palavra a Jesus exclamam com segurança; “Podemos”.

Jesus reconhece que pelo amor que lhe tem, eles o farão, beberão seu cálice, porém isso de “sentar-se a minha direita, a minha esquerda não corresponde a mim dá-lo, mas que se dará àqueles, para quem meu Pai preparou”. Aqui parece que termina a insistência.

Os outros dez estavam escutando atentamente este original diálogo. O texto disse que estavam irritados com os dois irmãos. Seria pelo que pediam ou porque não os haviam tido em conta a todos? Jesus então lhes dá uma bela lição. Não se trata de mandar, mas de servir.

Este é o único caminho que nos pode fazer grandes. Isto disse Jesus, simplesmente porque sabe que é assim, porque, como nos disse o versículo 28, o tem experimentado em sua vida fazendo-se uma vez mais Mestre de vida.

Aprofundemos com os nossos pais na fé

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja

“Eis que subimos a Jerusalém”. É em vão que vos levantais antes da aurora” (Sl 126,2). Que quer isto dizer?… Cristo, nosso Dia, já se ergueu; é bom que nos levantemos após Cristo e não antes. Quem são os que se levantam antes de Cristo?… Os que querem ser exaltados cá em baixo, onde ele foi humilde. Que eles sejam, pois, humildes neste mundo, se querem ser exaltados onde Cristo é exaltado. De fato, Cristo disse daqueles que a ele tinham aderido pela fé, e nós estamos exatamente entre esses: “Pai, aqueles que me deste, quero que, onde eu estiver, eles estejam também comigo” (Jo 17,25). Dom magnífico, grande graça, gloriosa promessa… Quereis estar onde ele é exaltado? Sede humildes onde ele foi humilde. “O discípulo não está acima do mestre” (Mt 10,24)… Contudo, os filhos de Zebedeu, antes de ter provado a humilhação em conformidade com a Paixão do Senhor, tinham já escolhido seu lugar, um à direita, outro à esquerda. Queriam “levantar-se antes da aurora”; é por isso que caminhavam em vão. O Senhor chamou-os à humildade perguntando-lhes: “Podeis beber o cálice que eu devo beber? Eu vim para ser humilde e vós quereis ser exaltados antes de mim? Segui-me, disse ele, no caminho por onde vou. Pois se quereis ir por um caminho onde não vou, é em vão que o fazeis.

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

  1. Segundo Jesus qual é a melhor maneira de chegar a ser grandes? Que entendo por uma atitude de serviço? Como a vivo?
  2. Em meu grupo, em minha família ou comunidade me sinto mais inclinado/a a mandar ou a servir?
  3. Em que momentos específicos eu percebo

SEXTA-FEIRA

Mateus 13,18-23

ATENÇÃO AO INTERIOR: AS VICISSITUDES DA PALAVRA NA VIDA DO DISCÍPULO.

“O que ouve a Palavra e a compreende: este sim é que dá fruto e produz”

A parábola do semeador reporta-se muito bem ao que acontece na experiência de uma Palavra.

De fato, o primeiro enunciado da parábola nos fez levar em conta que Deus nos oferece o dom de sua palavra-semente sem fixar-se, inicialmente, que tipo de terreno nós somos. Está claro, desde o principio, que existe um terreno ideal, porém, acontece em cada caso.

A outro lado da moeda que nos apresenta a parábola nos confronta com a seriedade, ou não, com que o dom da semente é acolhido.

A palavra, como força de vida que é (por isso se compara com uma semente), começa a gerar processos na vida de quem a recebe. É aqui onde conta muito nossa responsabilidade: “Acontece a todo o que ouve a Palavra do Reino” (13,19ª). 

(1) O caso de quem não compreende a Palavra do Reino (13,19b) 

Mateus enfatiza o termo “compreender”, que aqui é “fincar” ou “arraigar”, quer dizer, que lhe permitiu um espaço em sua vida e se deixou confrontar por ela.

Algumas experiências de escuta não têm o espaço suficiente para que ela faça seu efeito e então se perde rapidamente ao primeiro esforço.  Há ouvintes distraídos que não se dão ao menos um espaço de oração para assimilar a Palavra ouvida (ou lida), ou, mais exatamente, para “compreendê-la”.

(2) O caso de quem não cultiva processos (13,20-21)

Acontece que as vezes se vive uma vida espiritual feita de momentos pontuais, mas não se cultivam processos. Isto não convém, e muito mais quando se trata de uma experiência da Palavra: a semente necessita de sulco, espaço.

A esta realidade se está aludindo quando se adverte que um dos fatores que provocam fracassos e desilusões é a “falta de raiz em si mesmo”, a qual está acompanhada da “inconstância”. Vive-se de emoções, de momentos luminosos e belos, dai que esta se torna passageira.

Muito mais quando se vivem momentos duros de confrontação, “uma tribulação ou perseguição por causa da Palavra” (13,21), então a pessoa “se escandaliza” porque só quer gloria e não cruz (precisamente aqui se está falando do “escândalo da cruz”, que provoca deserções).

(3) Quem não se deixa tocar profundamente pela força transformadora da Palavra (13,22)

Há pessoas que realizaram um caminho de vida espiritual serio e prolongado, porém descuidam da necessária “vigilância” espiritual.

Existem dois fatores que tem que discernir, constantemente, na vida espiritual, para que o caminho de maturidade seja sempre ascendente e proveitoso: (a) as preocupações do mundo (que é o stress; 6,24-35); (b) a sedução das riquezas (ou os apegos que distraem o coração do essencial).

Ambos os casos já foram tratados no Sermão: temos aqui um sinal claro de uma Palavra que tendo sido ouvida e aceitada com gosto, não purificou, verdadeiramente, o coração.

(4) O ouvinte ideal da Palavra (13,23)

Ao final, no perfil do ouvinte ideal da Palavra, encontramos de novo o termo “compreender”. Este conhecimento profundo, que foi assinalado em 13,14-15, supõe uma experiência vital da Palavra que, enquanto semente, germinou e está em condições de dar os frutos de vida do qual é portadora.

Às vezes nos perguntamos por que, apesar de tantos esforços, seguimos ainda no mesmo ponto, sem perceber avanços reais na vida espiritual. Hoje o evangelho nos explica por que.

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

  1. Que enfatiza a explicação de parábola do semeador?
  2. Qual dos quatro tipos de “ouvinte” se parece mais comigo?
  3. Que decisões vou tomar para fazer possível, no que a mim diz respeito, um caminho de amadurecimento na fé que seja sempre ascendente capaz de dar a minha vida a fecundidade prometida no evangelho do Reino?

Autor: Padre Fidel Oñoro, CJM

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