Estudo Bíblico na 9ª Semana Comum ano B 2024


Comunidade Católica Paz e Bem

SEGUNDA FEIRA

Marcos 12,1-12

ENTREGAR OS FRUTOS RESPONSAVELMENTE.

“Mandou um criado a pedir aos trabalhadores a parte da colheita”

Novamente Jesus toma a palavra e desta vez o faz por meio de uma parábola bastante conhecida: a dos lavradores malvados. Jesus apresenta o personagem central da parábola: “Um homem” e provável-mente dono de extensões de terra.

Descreve-nos, a continuação, muito bem, a atividade deste homem que “plantou um vinhedo, preparou um lugar onde fazer o vinho e levantou uma torre para vigiá-lo”. Vemos um homem ocupado em preparar sua vinha e muito seguramente pensando já nos frutos que lhe possa dar.

Este homem devia partir; então arrenda a vinha a uns vinhateiros e se foi confiando no bom trabalho e nos frutos que daria a vinha, pois havia sido bem semeada.

Passa o tempo e o homem, calculando que já era o tempo dos frutos manda sucessivas missivas a recolher a parte que lhe corresponde. Porém a coisa não era tão fácil. Já os arrendatários, por assim dizer, haviam se apossado da vinha e por conseguinte de seus frutos.

As agressões feitas aos mensageiros enviados aumentam:

  • Ao primeiro o golpeiam e o mandam com as mãos vazias. (v. 3)                                                      
  • Ao segundo feriram na cabeça e o insultam. (v.4)                                                                
  • Ao terceiro o matam. (v.5)

As tentativas do dono da vinha por receber seus frutos são vãs. E um a um de seus servos recebem o atropelo dos lavradores malvados. Porém o homem não se rende. Ainda lhe resta outra oportunidade. Tem seu amado filho. Pensa que precisamente por ser seu filho o respeitarão e enviarão com ele a parte que lhe corresponde.

Porém não pensavam assim esses lavradores. A todo custo querem apossar-se de tudo e que ocasião mais propicia podiam encontrar? Esse era nada menos que o Filho, o herdeiro. Se o tirassem do caminho eles seriam os herdeiros. E assim o fizeram. O matarão.

A este ponto, Jesus, lança uma pergunta como querendo questionar a seus interlocutores: “E que crêem vocês que fará o dono da vinha?” (v.9).

E sem deixar espaço à resposta ele mesmo acrescenta: “Pois virá e destruirá os lavradores e entregará o vinha a outros” (v.9). É uma conclusão obvia. Se não se encontra resposta por parte deles, o farão outros que respondam melhor.

Esta parábola nos traz elementos que podemos identificar claramente confrontando com a realidade de Israel e com nossa própria realidade. Deus Pai é o dono da Vinha, que a tem preparado e a entrega nas melhores condições, assim nos apresenta João em seu evangelho: “Meu Pai é o agricultor” (15,1).

A vinha é o povo de Israel. Essa vinha Deus tem entregado a uns lavradores. Os chefes que um a um tem passado e a tem governado. Alguns responsavelmente, a outros aproveitando ‘o quarto de hora’.

Porém ainda há um personagem que diríamos central: o Filho amado enviado pelo Pai e que, desafortunadamente, não acorreu com boa sorte.

Esse Filho é Jesus, enviado pelo Pai para nossa salvação. Para receber os frutos ao seu tempo e converte-los em certeza de salvação eterna.

Cultivemos a semente da Palavra no coração

A parábola que Jesus narra apresenta os seguintes personagens. Identifique-os de acordo à realidade do povo de Deus. (Vinha, dono da vinha, criados, lavradores malvados, filho,)

  1. Que nos quer dizer Jesus a través da Parábola dos vinhateiros malvados?

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  • Em que momentos da vida podemos estar agindo como eles?

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  • Como posso fazer vida a Palavra que Deus me oferece hoje?

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TERÇA-FEIRA

Marcos 12,13-17

OS CONFLITOS QUE ENFRENTA JESUS (I): A IMPARCIALIDADE DE UM CORAÇÃO CENTRADO EM DEUS

“O de César, devolve a César, e o de Deus, a Deus”

Jesus está em Jerusalém, na explanada do Templo, onde propõe seu ensinamento (Mc 11,27). Precisa-mente nesta cidade, Jesus se move no meio de um campo conflitivo, de fortes tensões entre pessoas que tentam o poder, e gente orgulhosa. 

Frente a Jesus passam diversos grupos de pressão política e religiosa. Os interesses de cada um dos grupos se vão fazendo sentir:

  • as autoridades (11,27),
  • a coalizão religiosa política dos fariseus e os herodianos (12,13),
  • os saduceus (12,18)
  • e os mestres da Lei (12,28).

No vai e vem da praça do Templo se falam também dos interesses da potencia dominadora romana, das fricções com a autoridade judia, do estado de ânimo do povo.  

O povo toma partido por alguns destes grupos ou correntes que inclusive estão dispostos a usar a violência para defender ou promover seus interesses. O ambiente conflitivo envolve a Jesus (12,13). Com uma pergunta tratam de pegá-lo (12,14b). Porém frente a todos eles Jesus se apresenta como determinado somente por Deus, ao dizer: “O de César, devolve a César, e o de Deus a Deus” (12,17). 

  1. A estima que os adversários tem de Jesus e a pergunta (12,13-15) 

Os “fariseus e herodianos” já haviam sido apresentados no começo do evangelho como os inimigos de Jesus: “Os fariseus combinaram com os herodianos contra ele para ver como eliminar-lhe” (3,6). E em uma ocasião, Jesus pediu a seus discípulos que não imitassem o comportamento deles (8,15). 

Quando se disse que estes vieram “para pegar-lhe em alguma palavra” (12,13a), sabemos que pretendem prender-lhe “para eliminar-lhe” (3,6). A intenção é violenta. Os adversários afirmam inesperadamente, porém corretamente que Jesus é “veraz”, que não olha “a condição das pessoas”, mas que ensina “com franqueza o caminho de Deus” (12,15a).

É como se lhe dissesse, em outras palavras: “Tu não estás preocupado pela aparência e poder dos homens, mas que te fixas unicamente à verdade; tu ensinas o caminho reto de Deus seja que agrade ou não aos poderosos e sem olhar as conseqüências que possa ter para ti; a vontade de Deus está acima de tua segurança, comodidade e tranquilidade”. Reconhece-se assim a imparcialidade de Jesus. 

Pela primeira vez os inimigos de Jesus dizem o contrário do que sempre tem afirmado sobre Ele (2,17.16; 3,22; 7,5; e a acusação final 14,64). Porém é claro que se trata de uma adulação, não de uma convicção, que arrasta para a armadilha. 

Jesus é colocado em meio dos poderes em conflito: Se, se pronuncia a favor do imposto de vassalagem, ganha a inimizade do povo. Se, se pronuncia contra, dá pretexto para que o acusem ante o império romano e o eliminem.     

  • Uma resposta brilhante que causa admiração (12,15-17) 

Jesus havia traçado antes uma pergunta embaraçosa (11,30), agora devolve uma similar. Porém,  diferente da anterior, Jesus suscita admiração com sua resposta: “E se maravilhavam” (12,17b). 

Jesus se comporta exatamente como o tem descrito: não trata de ganhar o favor de ninguém. E o melhor: tão pouco cai na armadilha. 

  • Percebe e desvela a hipocrisia (12,15a).
  • Pede que lhe tragam um “denário” (moeda equivalente a um dia de salário) é lhes pergunta pela identidade da figura que aparece impressa –que devia ser a do imperador Tibério- e a inscrição – que devia dizer “Tibério César, Augusto filho de deus Augusto”- (12,15b-16a).
  • Frente à resposta evidente, faz uma declaração que deixa a todos em silencio (12,16b-17a). 

Analisemos bem este procedimento:

  • Jesus eleva a pergunta a outro nível: não contrapõe a Deus com o imperador, visto que o político e o religioso tem seu próprio âmbito de competência. Em outras palavras: a fidelidade a Deus não se demonstra com a rejeição do pagamento do tributo ao imperador.
  • Jesus usa o mesmo comportamento dos que o interrogam e lhes exige coerência entre ensinamento e vida. Se eles tem a moeda e identificam nela o imperador, é porque se tem estado servindo dele, na prática vivem sob seu senhorio; portanto, se usam sua moeda cotidianamente, por que não a querem usar para o pagamento do tributo?  Se isso era um problema, por que não começaram por ai? Há uma incoerência entre a pergunta e o comportamento pessoal. 

Quando Jesus disse “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (12,17a) quer dizer:

  • Por uma parte, que a fidelidade a Deus, a quem Ele conhece e anuncia, não exclui o tributo a Cesar.            A responsabilidade com Deus não descarta a responsabilidade política cidadã. 
  • Por outra, e nisto não deve haver equívocos, precisamente porque são diferentes, o que se dá a Deus não se deve dar a César: a divindade e o poder absoluto só é de Deus e de nenhum homem nem autoridade terrena. 

As exigências de Deus superam as de César. Se bem Deus respeita o âmbito das autoridades terrenas, estas últimas se relativizam, visto que nunca devem pretender para si os atributos de Deus: “Daí a Deus o que é de Deus!”.

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

  1. Que nos quis ensinar Jesus com a expressão: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” Como é possível fazer vida no mundo de hoje?

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  • A Jesus “determinou” só a Vontade de Deus. Em minha vida diária, que me impulsiona a agir?

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  • De que tipo são minhas motivações pessoais? (humanas, sociais, políticas, de fé, etc.)

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QUARTA-FEIRA

Marcos 12,18-27

OS CONFLITOS QUE ENFRENTA JESUS (II): UMA RELAÇÃO QUE TRANSCENDE A MORTE

“Não é um Deus de mortos, mas de vivos”

Na passagem de ontem se disse Dai a Deus o que é de Deus (12,17a), porém não disse o que era  que havia de dar-lhe. Isto se esclarece no texto de amanhã, porém hoje se dão as bases: Deus é um Deus dos vivos e a relação com Ele está determinada por este aspecto.

Aproximam-se uns saduceus (12,18a). Jesus tinha silenciado os fariseus e herodianos, agora são os saduceus (12,18). Do problema político passamos ao problema jurídico-religioso. Notemos que no texto anterior Jesus respondeu com delicadeza, com a força da argumentação, desta vez disse francamente: “Não estais em um erro…?” (v 24), “Estais em um grande erro” (v 27).

1. A exposição do problema (12,18-23)

Desde o principio se disse que os Saduceus se caracterizam –entre outras coisas- porque afirmam que não há ressurreição dos mortos. Sobre este fio se desenrola a historia que contam a Jesus. Trata-se de uma mulher que se casa com sete homens, os quais por cumprimento da Lei de Moisés (Dt 25,5-6) são todos irmãos. Vem então a pergunta: em caso de que haja ressurreição dos mortos, “de qual deles será mulher? (12,23).

A hipótese do matrimonio com todos –sete maridos contemporaneamente- soa ridícula, a quem, então, lhe pertence o direito? É verdade que o exemplo que põem é exagerado. Porém a finalidade desta historia é mostrar que a ressurreição dos mortos gera situações absurdas e, portanto haveria que rejeitar por não ser razoável.

  • A resposta de Jesus (12,24-27)

De novo se vê a habilidade dos adversários de Jesus: um problema jurídico complicado para quem eles vêem como um inculto profeta galileu.

A resposta de Jesus desfaz a trama dos adversários:

  • Os repreende (12,24). Em outras palavras, a pergunta está mal feita. Esta tem um pressuposto que deixa entrever a ignorância dos saduceus em matéria bíblica e de experiência de Deus.
  • Os instrui (12,25). Mostra-lhes que tem uma falsa concepção de Deus: para eles Deus é um Deus de normas legais, um Deus cujo poder parecera não poder superar os limites da vida terrena. 

Ao contrário para Jesus Deus é o Deus de Aliança:

  • É o Deus cujo poder criador traspassa os limites da morte: por isso a ressurreição não é simples prolongação do estado terreno atual, mas nova criação (“serão como anjos no céu”);
  • É o Deus das relações pessoais e não simplesmente jurídicas. A relação com Ele é determinada por sua benevolência: Ele se ocupa do homem, o guia, e cumpre suas promessas. Por isso a relação com Deus sempre está vigente; a relação de Deus com os patriarcas não terminou com a morte destes: quando Moisés escuta a voz de Deus na sarça ardente (Ex 3,6) compreende que os patriarcas estão vivos e em relação com Deus: “Eu sou o Deus de Abraão…” (12,26);
  • É o Deus para quem tudo o que faz está destinado à vida, porque Ele é o Deus dos vivos (12,27). No céu Deus não está rodeado de defuntos, mas de pessoas vivas que, tendo concluído sua historia terrena, tem recebido de seu poder criador a plenitude da vida.

O poder criador de Deus é inesgotável! Jesus não fala de uma suspensão da morte terrena nem tão pouco pretende dar detalhes sobre como é a vida futura: Porém sua resposta aos saduceus se ocupa de apresentar o fundamento da vida futura: (1) Por parte de Deus: seu amor e seu poder são sempre vigentes; (2) Por parte dos homens: a compreensão correta de Deus e sua resposta de fé em seu amor e poder.

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

  1. Quem é Deus para Jesus? Quem é Deus para mim?
  2. Experimento de verdade a relação pessoal de Deus comigo? Qual minha resposta a essa relação de amor?

De que forma essa resposta tem relação com as pessoas que me rodeiam?

  • Que sinais concretos vivemos em nosso grupo, em nossa comunidade, em nossa família, que nos levem a manifestar o amor fiel de Deus?

QUINTA FEIRA

(Marcos 12,28b-34)

O evangelho de hoje traz uma conversa bonita entre Jesus e um doutor da lei. O doutor quer saber de Jesus qual o maior mandamento. Hoje também muita gente quer saber o que é o mais importante na religião. Uns dizem que é ser batizado. Outros, que é rezar. Outros dizem: ir à Missa ou participar do culto no domingo. Outros dizem: amar o próximo! Outros estão preocupados só com as aparências ou com os cargos na igreja.

*  Marcos 12,28: A pergunta do doutor da Lei.

Um doutor da lei, que tinha assistido ao debate de Jesus com os saduceus (Mc 12,23-27), gostou da resposta de Jesus, percebeu a grande inteligência dele e quis aproveitar da ocasião para fazer uma pergunta: “Qual é o maior de todos os mandamentos?” Naquele tempo, os judeus tinham uma grande quantidade de normas para regulamentar na prática a observância dos Dez Mandamentos da Lei de Deus. Alguns diziam: “Todas estas normas têm o mesmo valor, pois todas vêm de Deus. Não compete a nós introduzir distinções nas coisas de Deus”. Outros diziam: “Algumas leis são mais importantes que as outras e, por isso, obrigam mais!” O doutor quer saber a opinião de Jesus.

*  Marcos 12,29-31: A resposta de Jesus.

Jesus responde citando um trecho da Bíblia para dizer que o mandamento maior é “amar a Deus com todo o coração, com toda a alma, com todo o entendimento e com toda a força!” (Dt 6,4-5). No tempo de Jesus, os judeus piedosos fizeram deste texto do Deuteronômio uma oração e a recitavam três vezes ao dia: de manhã, ao meio dia e à noite. Era tão conhecida entre eles como entre nós, hoje, o Pai-Nosso. E Jesus acrescenta, citando novamente a Bíblia: “O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’ (Lev 19,18). Não existe outro mandamento maior do que estes dois”. Resposta breve e profunda! É o resumo de tudo que Jesus ensinou sobre Deus e sobre a vida (Mt 7,12).

*  Marcos 12,32-33: A resposta do doutor da lei.

O doutor concordou com Jesus e tirou as conclusões: “Sim, amar a Deus e amar ao próximo é muito mais importante do que todos os holocaustos e todos os sacrifícios”. Ou seja, o mandamento do amor é mais importante que os mandamentos relacionados com o culto e os sacrifícios no Templo. Esta afirmação já vinha desde os profetas do Antigo Testamento (Os 6,6; Sl 40,6-8; Sl 51,16-17). Hoje diríamos que a prática do amor é mais importante que novenas, promessas, missas, rezas e procissões.

*  Marcos 12,34: O resumo do Reino.

Jesus confirma a conclusão do doutor e diz: “Você não está longe do Reino!” De fato, o Reino de Deus consiste em reconhecer que o amor a Deus é igual ao amor ao próximo. Pois se Deus é Pai, nós todos somos irmãos e irmãs e temos que mostrar isto na prática, vivendo em comunidade. “Destes dois mandamento dependem toda a lei e os profetas!” (Mt 22,4) Os discípulos e as discípulas devem fixar na memória, na inteligência, no coração, nas mãos e nos pés esta lei maior do amor: não se chega a Deus a não ser através da doação total ao próximo!

 O primeiro mandamento. O maior e o primeiro mandamento foi e sempre será: “amar a Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo o seu entendimento e com toda a sua força” (Mc 12,30). Na medida em que o povo de Deus, ao longo dos séculos, foi aprofundando o significado e o alcance do amor a Deus, foi percebendo que o amor de Deus só será real e verdadeiro, se ele se concretizar no amor ao próximo. Por isso, o segundo mandamento que pede o amor ao próximo é semelhante ao primeiro mandamento do amor a Deus (Mt 22,39; Mc 12,31). “Se alguém disser “Amo a Deus!”, mas odeia o seu irmão, é um mentiroso” (1Jo 4,20). “Toda a lei e os profetas dependem desses dois mandamentos” (Mt 22,40).

4) Para um confronto pessoal

1) Para você, o que é o mais importante na religião e na vida? Quais as dificuldades concretas para você poder viver aquilo que considera o mais importante?

2) Jesus disse ao doutor: “Você não está longe do Reino”. Hoje, será que eu estou mais perto ou mais longe do Reino de Deus do que o doutor elogiado por Jesus?


SEXTA-FEIRA Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

EVANGELHO – Jo 19, 31-37

Leitura(Os 11,1.3-4.8c-9) / Salmo  Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R.3) / 2ª Leitura (Ef 3,8-12.14-19)

A melhor representação do Coração de Jesus é o Senhor crucificado, deixando sair do seu lado, aberto pela lança, o sangue e a água, figura dos sacramentos da Igreja, aí, nesse momento, nascida como Eva nascera do lado de Adão adormecido.

1. HOMILIA DO PAPA FRANCISCO A PARTIR DA PRIMEIRA LEITURA DE OSEIAS
[12 de junho se 2015, no Retiro Mundial dos Sacerdotes]

Na primeira Leitura penetramos na ternura de Deus: Ele narra ao seu povo quanto o ama, quanto se ocupa dele. Aquilo que Deus diz ao seu povo nesta Leitura tirada do capítulo 11 do profeta Oseias, di-lo a cada um de nós. E será bom pegar neste texto, num momento de solidão, para nos pormos na presença de Deus e ouvir: «Amei-te quando ainda eras uma criança; amei-te na tua infância; salvei-te; tirei-te da terra do Egipto, livrei-te da escravidão», da escravidão do pecado, da escravidão da autodestruição e de todas as formas de escravidão que cada um conhece, que teve e que ainda tem dentro de si. «Salvei-te! Ensinei-te a caminhar». Como é bom ouvir que Deus me ensina a caminhar! O Todo-Poderoso abaixa-se e ensina-me a caminhar. Recordo esta frase do Deuteronómio, quando Moisés diz ao seu povo: «Ouvi, vós – eles têm a cabeça tão dura! – quando vistes um deus tão perto do seu povo, como Deus está próximo de nós?». E a proximidade de Deus é esta ternura: ensinou-me a caminhar! Sem Ele eu não saberia caminhar no Espírito. «Eu segurava-te pela mão. Mas não compreendeste que Eu te guiava; pensavas que te deixaria sozinho». Esta é a história de cada um de nós. «Eu atava-te com vínculos humanos, não com leis punitivas». Com vínculos de amor, laços de amor. O amor liga, mas liga na liberdade; vincula dando-te espaço a fim de que tu respondas com amor. «Eu era para ti como aquele que aproxima uma criança do seu rosto e a beija. Eu inclinava-me e dava-te de comer». Esta é a nossa história, pelo menos é a minha história. Cada um de nós pode ler aqui a sua própria história. «Diz-me, como te posso abandonar agora? Como te posso entregar ao inimigo?». Nos momentos em que temos medo, na hora em que nos sentimos inseguros, Ele diz-nos: «Se Eu fiz tudo isto por ti, como podes pensar que te deixo sozinho, que te possa abandonar?».
No litoral da Líbia, os vinte e três mártires coptas estavam convictos de que Deus não os teria abandonado. E deixaram-se decapitar, pronunciando o nome de Jesus! Sabiam que, enquanto lhes cortavam a cabeça, Deus não os teria abandonado.
«Como te posso tratar como inimigo? O meu coração comove-se dentro de mim e inflama-se toda a minha ternura». Inflama-se a ternura de Deus, esta ternura ardente: Ele é o Único capaz de ter uma ternura ardorosa. Não darei vazão à ira pelos pecados existentes, por todas estas incompreensões, porque eles adoram ídolos. Pois Eu sou Deus, sou o Santo no meio de vós. Trata-se de uma declaração de amor de um pai ao seu filho. E a cada um de nós.
Quantas vezes penso que temos medo da ternura de Deus, e dado que tememos a ternura de Deus, impedimos a sua experiência em nós mesmos. E por isso, muitas vezes somos duros, severos, castigadores… Somos pastores sem ternura!
O que nos diz Jesus, no capítulo 15 de Lucas? Sobre aquele pastor que se deu conta de que tinha noventa e nove ovelhas e que lhe faltava uma. Deixou-as bem protegidas, fechou-as à chave e foi à procura daquela, que estava presa no meio dos arbustos… E não a espancou, nem a repreendeu: pegou nela ao colo, abraçou-a e curou-a, porque estava ferida. Quanto a vós, fazeis o mesmo com os vossos fiéis, quando vos dais conta de que falta um deles no rebanho? Ou estamos habituados a ser uma Igreja com uma única ovelha na grei, deixando que as outras noventa e nove se percam nos montes? Comove-te toda esta ternura? És um pastor de ovelhas ou tornaste-te um pastor que permanece a «pentear» a única ovelha que não se afastou? Porque só procuras a ti mesmo, esquecendo-te da ternura que te concedeu o teu Pai, como no-lo narra aqui, no capítulo 11 de Oseias. E esqueceste o modo como se concede a ternura. O Coração de Cristo é a ternura de Deus. «Como posso deixar que esmoreças? Como posso abandonar-te? Quando estás sozinho, desnorteado, perdido, vem ter comigo e Eu salvar-te-ei, consolar-te-ei!».
Hoje, peço-vos que sejais pastores com a ternura de Deus, que deixeis o «chicote» pendurado na sacristia e que sejais pastores com ternura, inclusive para com aqueles que vos criam problemas. É uma graça! É uma graça divina! Não cremos num Deus etéreo, mas num Deus que se fez carne, que tem um Coração e que este Coração nos fala assim: «Vinde a mim, se estiverdes cansados e oprimidos, e Eu aliviar-vos-ei. Mas tratai os mais pequeninos com ternura, com a mesma ternura com a qual Eu os trato!». É isto que nos diz hoje o Coração de Jesus Cristo, e é isto que peço nesta Missa, tanto para vós como para mim mesmo.


SÁBADO – Imaculado Coração da Virgem Santa Maria

Sábado a seguir ao segundo Domingo depois do Pentecostes

A devoção ao Imaculado Coração de Maria é conhecida desde o século XVII, juntamente com a devoção ao Coração de Jesus. Depois das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, teve grande incremento. Os dois Corações, de Jesus e de Maria, são inseparáveis: onde está Um também está o Outro. Jesus é o Redentor da Humanidade e Maria, a Mãe Corredentora. No dia 13 de Outubro de 1942, em plena Segunda Guerra mundial, o papa Pio XII, correspondendo ao desejo da Senhora manifestado em Fátima, consagrou o mundo ao seu Imaculado Coração.

Evangelho: Lucas 2, 41-51

Jesus, que vem de Deus, deve ocupar-se das coisas do seu Pai. A sua sabedoria não lhe vem dos mestres da terra, mas de Deus. É por isso que, com 12 anos apenas, pode dialogar com os doutores do seu povo, estando na casa de Deus, seu Pai verdadeiro. Os seus pais, José e Maria, procuram-no angustiados. Jesus, porém, transcende-os; deve ocupar-se das coisas do seu Pai e eles não entendem. A presença de Deus em Jesus ultrapassa todas as hipóteses de compreensão dos homens. Impunha-se uma cisão: Maria e José não são donos de Jesus. Ele tem um Pai que O chama a realizar um projeto que eles não podiam, por ora, compreender. Nascendo numa família humana, Jesus provém da profundidade do mistério de Deus e, por isso, transcende-a. Daí a dificuldade dos pais em compreender e conviver com Jesus, à medida que vai crescendo, como sugere Lucas (2, 35).

Meditemos

O Coração de Maria é o refúgio dos pecadores. Deus quis muito particularmente fazer de Maria a esperança e a salvação dos pecadores. Os Padres da Igreja não se calam sobre este privilégio de Maria. A Idade Média, muito ávida de símbolos, comparou Maria ao astro da noite, porque ilumina o pecador, que caminha na noite dos seus pecados. «O sol, criado para brilhar durante o dia, é, diz o cardeal Hugo, a figura de Jesus, cuja luz alegra os justos que vivem no grande dia da graça divina; a lua, criada para luzir durante a noite, é a figura de Maria, cuja luz ilumina os pecadores, mergulhados na noite do pecado». – «Se alguém, diz Inocêncio III, se encontra miseravelmente empenhado na noite do pecado, levante os olhos para o astro da noite, que invoque Maria!». «A divina misericórdia, diz João Eudes, reina tão perfeitamente no Coração de Maria, que lhe faz levar o nome de Rainha e de Mãe de misericórdia. Ganhou de tal modo o coração da divina misericórdia, que lhe deu as chaves de todos os seus tesouros, e tornou-a absolutamente senhora». Recusará ela a sua ajuda aos pecadores, ela que durante a sua vida ofereceu o seu divino Filho por eles, no Templo e no Calvário?

O Coração de Maria é saúde dos enfermos. Maria é só bondade e, assim pode esperar-se tudo da generosidade do seu Coração, a cura dos corpos como a das almas. Muitas vezes os seus benefícios revestem o brilho de um milagre, como acontece em Lourdes e em tantos outros santuários… Toda a história testemunha a misericórdia de Maria. Invocam-na na doença, no sofrimento, na provação, e os ex-votos dos nossos santuários dizem quando ela é prestável. “Maria, diz S. João Crisóstomo, é um oceano de misericórdia”.

O Coração de Maria é a esperança de todos os aflitos. A
divina Providência tinha reservado este papel a Maria. Foi figurada por Ester e Judite que salvaram o povo de Deus. Por toda a parte os fiéis, confiantes e reconhecidos, ergueram-lhe santuários sob os títulos graciosos de Nossa Senhora do Bom Socorro, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Maria Auxiliadora, Maria Consoladora dos aflitos. Preludiou na sua vida mortal este ministério de misericórdia, ao correr para assistir a sua prima Isabel, ao ajudar os esposos de Caná, ao assumir o encargo de prestar a S. João os seus cuidados maternais, depois da morte do Salvador. Em Caná, é a protetora das famílias. Adotando S. João, assume a tutela e o cuidado do sacerdócio e da Igreja, representados por S. João ao pé da cruz… A Igreja canta em sua honra este hino de confiança: «Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida e doçura, esperança nossa!» (Leão Dehon, OSP 3, 670s.).

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