“Não basta dizer: ‘Senhor, Senhor’…, é preciso fazer a vontade do Pai” (EFC)
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Mateus 7,21-29
“Não caiu porque estava cimentada sobre rocha”
Para ter maior claridade sobre o evangelho de hoje é bom remitir-nos ao parágrafo anterior, o qual se omitiu, por ser a festa do nascimento de João Batista. Nele Jesus define quem são os “falsos profetas”.
Hoje, ao contrário, Jesus esclarece quem são os “verdadeiros discípulos”. Jesus começa dizendo que nem todos os que o chamem com o nome de Senhor, para pedir algo, entrarão no Reino dos céus.
Somente entrarão quem a esta súplica acrescentam, de bom coração, o cumprimento da Vontade de seu Pai. E mais, Jesus nos diz que no último dia muitos dirão: “Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome e em teu nome expulsamos demônios e em teu nome fizemos muitos milagres?”(22). Em outras palavras. Contudo, isto já temos o passaporte assegurado para o Reino dos Céus. Fácil!
Jesus esclarece muito bem que isto não é suficiente para ser reconhecido como verdadeiro discípulo e que se não está na raiz buscar a Vontade do Pai Jesus mesmo naquele dia lhes dirá: “Jamais vos conheci, apartai-vos de mim agentes de iniquidade” (23).
São palavras muito duras. Não só lhes dirá que não os conhece, mas que tudo o que eles hão feito, se havia sido milagres, não tem sido outra coisa que ‘iniquidade’.
Trata-se, pois, como Jesus mesmo disse na continuação, de “ouvir suas palavras e pô-las em prática” (24). Jesus ilustra esta sentença com uma bela parábola: a casa que se constrói sobre a rocha ou sobre a areia. O verdadeiro discípulo é o que constrói sobre a rocha uma casa com suficiente cimento e este cimento é a mesma rocha. O escutar a Palavra e pô-la em prática garante a solidez da vida do verdadeiro discípulo.
Tudo o que possa vir sobre essa casa: chuva, torrentes, etc. não a afetarão. Tudo o que possa acontecer ao discípulo prudente: dificuldades, sofrimentos, calamidades, não o poderão derrubar porque a rocha na qual descansa sua vida é a Palavra.
Não é assim quem constrói sobre areia. Sobre cimentos não confiáveis. Não será capaz de sobreviver às adversidades que lhe apresenta a vida. E Jesus termina dizendo: “E foi grande sua ruína” (27).
Aprofundemos com os nossos pais na fé:
Santa Teresa de Ávila(1515-1582), carmelita, doutora da Igreja.
“Não basta dizer ‘Senhor, Senhor…’; é preciso fazer a vontade de meu Pai”
Parece muito fácil dizer que alguém entrega a sua vontade nas mãos de outro…Mas quando chega a altura, compreende-se que nada é tão difícil como conformar-se a isso de uma forma correta.
O Senhor sabe do que é capaz cada uma das Suas criaturas; e, quando encontra uma alma forte, não desiste até ter cumprido nela a Sua vontade.
Quero expor-vos ou recordar-vos qual é a Sua vontade.
Não temais que Ele vos queira dar riquezas, prazeres, honras, ou todos os outros bens da terra.
Ama-vos demasiado para fazer tal coisa e aprecia muito os vossos presentes:
é por isso que quer recompensar-vos dignamente e dar-vos o Seu reino, ainda nesta vida.
Vendo o que o Pai deu a Seu Filho, que amava acima de todas as coisas, percebeis qual é a Sua vontade.
Assim são os dons que Ele nos faz neste mundo.
A medida deles é o Seu amor por nós.
Dá mais aos que ama mais e menos aos que ama menos.
Regula-se também pela coragem que descobre em cada um de nós e pelo amor que temos por Ele.
Vê que somos capazes de sofrer muito por Ele quando O amamos muito, mas de sofrer pouco quando O amamos pouco; e estou convencida de que a força para suportar uma grande ou uma pequena cruz tem a mesma medida que o amor.
Por isso, se este amor está em vós, tereis cuidado, quando falardes a tão grande Senhor, para que as vossas palavras não sejam meros cumprimentos…
Se não abandonarmos completamente a nossa vontade nas mãos do Senhor, para que Ele próprio tome conta dos nossos interesses, Ele nunca nos deixará beber na Sua fonte de água vida.