Manual do Missionário – São Barnabé, Apóstolo (EFC)
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Mateus 10,7-13
“De graças recebestes, de graças dai”
Ao dar as instruções aos discípulos para o exercício da missão, Jesus coloca em suas mãos um verdadeiro “manual” que devem ter sempre presente.
O evangelista São Mateus anota solenemente: “A estes doze enviou Jesus, depois de dar estas instruções” (v.5a). Visto que o autor da missão, em última instância, é Jesus, tudo se realiza segundo suas indicações. O manual da missão inicia descrevendo a tarefa que compete ao apóstolo de Jesus:
Seu marco geográfico-espiritual: as “ovelhas perdidas da casa de Israel” (v.6)
O espaço é bem definido: “não tomeis o caminho dos gentios nem entreis na cidade dos samaritanos” (v.5b). Esta abertura só se dará após a morte e ressurreição de Jesus, no envio universal: “Ide, pois, fazei discípulos a todas as gentes” (28,19). Por hora, a missão, só em casa.
Seu conteúdo: a proclamação da chegada do Reino na pessoa de Jesus (10,7)
O anúncio da proximidade do Reino, com poucas palavras e muitos sinais transformadores, não é outro que o da vinda de Jesus que, com seu poder tocando o homem no fundo de sua miséria, faz presente a vontade misericordiosa de Deus que cura, perdoa e traz a paz.
O que o apóstolo tem a dizer é pouco, ao contrário das ações que são grandes. Ele deve converter cada dia de suas vidas em uma página viva do Evangelho: “Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expulsai demônios” (10,8a). Os profundos conteúdos do Reino se refletem, então, no novo estilo de vida de quem os anuncia. Vejamos cinco traços distintivos deste novo estilo de vida:
O missionário se distingue por seu coração (v.8a)
Sua ternura ativa com os enfermos, os pobres, os leprosos, os endemoninhados. Todos os milagres enumerados por Jesus supõem uma apropriação do Evangelho, impregnando-se da compaixão de Jesus com os sofredores da terra.
O missionário se distingue por viver com o estritamente essencial (vv.9-10)
Ao compartilhar a pobreza de Jesus fica claro que o que conta, do início ao fim, não são os recursos materiais para a missão, mas a pessoa em primeiro lugar. O missionário é sóbrio em seu vestir, em sua alimentação e em seus recursos econômicos. Tudo isso como expressão da opção prioritária pelo Reino.
Contudo, “tem direito a seu alimento” (v.10b)
Necessitavam de comunidades que os acolhessem e mantivessem em sua missão itinerante. (Provavelmente, havia comunidades que não queriam colaborar na manutenção dos missionários e por isso se recorda este dever fraterno).
O missionário se distingue por suas relações interpessoais (v.11)
Sabe iniciar a missão no complexo mundo urbano (se informa, saúda, é cortês, é constante;). Além de começar é capaz também de fechar bem os processos (“até que saiais”; 10,11b).
O missionário se distingue por sua disponibilidade (v.12)
Faz bem a tarefa e sem nenhuma motivação que não seja o serviço generoso. Assim como o despojamento externo, o despojamento pessoal é o indicador mais evidente de uma vida que se dá em oblação de si mesma: a gratuidade do dom (10,8b). Este é o modo concreto de ir até a raiz do mal como Jesus fez. Por isso é muito significativo que não se peça nada em troca e se esteja disposto a tudo que se possa exigir.
O missionário se distingue pela capacidade de suportar a oposição e a rejeição (vv.13-14)
O fracasso não o deprime nem as reações agressivas dos destinatários lhe roubam a paz. A missão está exposta a inconvenientes, alguns leves e outros de maior envergadura. Ele agirá com maturidade, à altura das circunstâncias, ao estilo do Mestre.
A tarefa está orientada e os requisitos para realizá-la bem já foram expostos. Com estas orientações se formará o novo povo de Deus que faz a experiência profunda do Reino. A Palavra de Jesus tem vigor para formar no mundo de hoje excelentes missionários que a façam possível.
São Barnabé

Um homem bom
O Evangelista Lucas menciona Barnabé como um “homem bom”. Ele possuía uma área de terras na ilha de Chipre. Porém, depois de sua adesão total a Jesus Cristo, vendeu tudo e entregou o dinheiro aos líderes da Igreja em Jerusalém. Por causa disso, os Apóstolos lhe deram um nome novo: Barnabé. São Lucas, em Atos 4, 36, dá o significado do nome: “Filho da Consolação ou Filho da Exortação”.
Amigo de Paulo e Apóstolo
Algumas fontes dizem que Barnabé e Paulo estudaram juntos em Chipre, na escola do grande Mestre Gamaliel. Quando Paulo voltou a Jerusalém após converter-se, foi Barnabé quem o apresentou aos Apóstolos (Atos 9, 27). Um detalhe do livro dos atos dos Apóstolos 14, 14 muitas vezes passa despercebido: Barnabé é citado antes de Paulo quando a dupla é mencionada. “Barnabé e Paulo”. Ambos são denominados Apóstolos. Esse detalhe mostra a importância de Barnabé no início do cristianismo. Além disso, Barnabé é mencionado entre os setenta e dois discípulos enviados pelo próprio Jesus a pregar pela Palestina.
Profeta e Mestre
São Barnabé é citado como um dos primeiros profetas e mestres atuando na Igreja de Antioquia (Atos 13, 1). Ele foi enviado para lá por ordem dos Apóstolos de Jerusalém, a fim de supervisionar, orientar e conduzir a comunidade cristã mais próspera da região. Porém, o trabalho era tanto, que ele foi buscar seu amigo Paulo, em Tarso, para que este o ajudasse. Os dois trabalharam juntos durante um ano e meio em Antioquia (At 11, 25-26). Depois disso, foram pra Jerusalém levando uma importante ajuda financeira dos cristãos de Antioquia para os irmãos pobres de Jerusalém (At 11, 28-30)
Missionário com São Paulo na primeira viagem missionária
Depois disso, Barnabé e Paulo foram enviados em missão pela Ásia Menor. Estiveram anunciando o Evangelho em Chipre, Panfília, Licaônia e Pisídia (At 13, 14). Em Lídia, os dois passaram por uma experiência inusitada. Por causa do dom da palavra e dos milagres, começaram a ser considerados como dois deuses gregos Hermes (Paulo) e Zeus (Barnabé). Os dois tiveram muito trabalho para convencer a população que não eram “deuses”, mas simplesmente enviados em nome do Único e Verdadeiro