4º Domingo do Advento (Estudo Bíblico)

Mateus 1,18-24

Oremos a são José, Mestre de vida interior:

“José está com Maria e Maria está com o Pai. E também nós, para que Deus, enfim, possa ser acolhido já que suas obras traspassam nossa razão, para que sua luz não seja extinguida por nossa lâmpada e sua palavra pelo ruído que fazemos, para que cesse o homem e para que vosso Reino venha e se faça vossa santa vontade, para que reencontremos a origem com profundas delicias, para que se pacifique o mar e comece Maria, a que tem a melhor parte, e que, do antigo Israel, acabe a resistência: Patriarca interior, José, consegue-nos o silencio” (Paul Claudel, “Feuilles de Saints)

Introdução

Quase às portas da celebração do Natal, subimos o último degrau do itinerário do Advento. O evangelho deste domingo nos coloca frente aos acontecimentos que precedem o nascimento de Jesus, especialmente os relacionados com o anuncio que o menino gerado no ventre virginal de Maria provém de Deus.

Tenhamos presente que este é o domingo da Anunciação. Ano passado, neste domingo, havíamos lido a anunciação do anjo a Maria. Este ano lemos a revelação divina da origem de Jesus a José (versão de Mateus).

A passagem, também conhecida como “o sonho de José” (Mt 1,18-24; o v.25 está omitido na liturgia), nos ajuda a descobrir melhor a verdadeira origem em Deus da pessoa de Jesus e, dai, sua missão com relação aos homens. Sob esta luz, descobrimos também a fascinante personalidade espiritual de Maria e José. Não há uma linha no evangelho de hoje que não esteja mencionada a mãe de Jesus, ao mesmo tempo que se perfila o papel de José em meio destes grandes acontecimentos.

O contexto

Mateus se permite intitular seu relato: “A geração de Jesus Cristo foi assim” (1,18a). O termo que traduzimos por “geração” alude a um “gênesis”, a uma “origem”. O “Cristo” (=Messias), que faz sua irrupção histórica na pessoa de “Jesus”, tem, nas raízes de sua existência, um mistério particular que deve tratar de compreender. Por isso nos convida a iniciar seu evangelho remontando até às “origens”.

Tratando de ir fundo, Mateus distingue a “origem remota” e a “origem próxima” de Jesus.

  • A origem remota faz o caminho ascendente ao interior do fio histórico da árvore genealógica de Jesus, ate chegar ao “pai” do povo hebreu: Abraão (ver Mt 1,1-16). A Jesus se lhe compreende sob a luz da historia salvífica do povo do qual faz parte, ao qual redime em primeiro lugar.
  • A origem próxima, já em meio dos acontecimentos prévios ao nascimento de Jesus, nos diz explicitamente que Maria “se encontrou grávida por obra do Espírito Santo” (1,18c). Portanto a origem de Jesus não está relacionada somente com os eventos históricos, mas com a obra criadora de Deus no ventre de Maria.

A “origem próxima” de Jesus, que hoje nos ocupa, vem oferecer-nos um dado que havia ficado faltando na genealogia de Jesus. Em 1,16, Mateus havia escrito: “Jacó gerou a José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo”. Porém, como se pode ver, nesta última geração o pai terreno não toma parte. Diz-se que José é o esposo de Maria, porém, não se acrescenta que seja o pai de Jesus. Este, pois, fica somente como filho de Maria. Logo, ao dizer que a gravidez de Maria ocorre “por obra do Espírito Santo”, a lacuna de informação se completa; é claro que José não toma parte. Porém resta por explicar ainda o papel de José na geração de Jesus, o qual virá por revelação do Anjo.

Dito de outro modo trata-se de enfrentar as questões: Como veio Jesus ao mundo? Que significado tem esta vinda para a humanidade? Como é possível que Jesus seja ao mesmo tempo descendente de José e filho da Virgem?

Pois bem, o mistério com que se encerrou a árvore genealógica de Jesus é agora revelado através da magnífica narração que Mateus hoje coloca em nossos ouvidos.

O texto

O relato aprofunda o anunciado no título “A origem de Jesus Cristo foi assim…” desenrolando:

  • A nova situação ante a qual se encontra o matrimonio de Maria e José (1,18b-19)
  • A intervenção de Deus para mudar os planos de José (1,20-23), apresentando as palavras do Anjo (1,20-21) e uma pausa meditativa bíblica (1,22-23).
  • A execução do mandado por Deus (1,24).
  • A nova situação em que se encontram Maria e José (1,18b-19)

Em poucas palavras Mateus nos conta que José se encontra ante uma situação surpreendente: sua esposa está grávida de um filho que não é dele. Então reflete que fazer: Pôr fim à relação com Maria? Introduzir na família a um descendente ao qual não tem direito? Dar nome a um menino que sabe que no gerou? O texto nos diz que José pensa na primeira possibilidade, porém quer fazê-lo com a maior dignidade.

Retomemos alguns elementos da narração.

  1. Nos tempos do desposório: “Maria estava desposada com José e antes de começar a viver juntos …” (1,18b)

O fato acontece no tempo em que Maria está “desposada” com José. Nos tempos nos quais se situa esta historia os costumes judeus em matéria matrimonial respeitavam as seguintes pautas:

  • A declaração pública das intenções matrimoniais, o noivado propriamente dito (chamado ’ërûsîn), era na realidade o começo da celebração do matrimonio. Criava-se vínculo jurídico entre as partes. A noiva, portanto já pode ser chamada “esposa” (assim se diz de Maria com relação a José, é “sua mulher”; ver 1,20.24) e o noivo como “esposo” (ver 1,16.19).
  • Quando isto ocorria em geral a idade da jovem oscilava de 13 e 14 anos, e a do homem de 18 e 24.
  • A mulher continuava vivendo na casa de seus pais, devendo-lhes obediência, enquanto se preparava a futura casa (e outros detalhes) para a vida do novo casal.
  • Transcorridos um ano ou ano e meio a esposa dava o passo á casa do esposo em uma celebração matrimonial solene e extensa, iniciando com uma procissão dos contraentes na qual participavam donzelas da noiva e amigos do noivo (os evangelhos o ilustram em varias parábolas e metáforas).
  • Se a esposa neste período se portava, em matéria sexual, de forma indigna de sua condição, era considerada adúltera. Fazia-se então um processo jurídico similar ao divórcio e o procedimento chamado “repudio”.

1.2. Um acontecimento inédito: “Se encontrou grávida por obra do Espírito Santo” (1,18c)

Antes de que iniciassem a vida conjugal em comum, Maria se encontra “grávida”. O dado “por obra do Espírito Santo”, que por lo pronto só conhecem Maria, o evangelista e seus leitores, é alheio ao conhecimento de José que só vê o fato externo.

O Espírito, a força criadora de Deus, tem atuado em Maria para fazer possível a concepção de Jesus (assim também se diz em Lc 1,35: “O Espírito Santo virá sobre ti…”). Nem José, nem nenhum outro meio humano, há tido que ver com o assunto (ainda que alguns hão mostrado que ao menos na região da Judéia se lhes permitia aos “desposados” ter ao menos uma relação; porém isso não explicaria nada porque a afirmação foi clara: “obra do Espírito Santo”).

Portanto, Jesus provém de Deus.

1.3. Uma saída digna ante a desonra do marido: “resolveu repudiá-la em segredo” (1,19)

José entra em conflito. Reflete e toma, finalmente, uma decisão: deixar livre a sua esposa renunciado efetuar o “repudio” ao qual legalmente tinha direito.

A intenção de proceder “em segredo”, e não ante duas testemunhas – a forma oficial que mandava a Lei –, está unida ao qualificativo que se dá a José: “era justo”.

Por um lado, pôr “em evidencia” pública o caso, mediante uma denuncia, implicava abandonar sua própria sorte e desprezo geral da população a sua amada. O repudio da noiva a desonrava para toda a vida. Por outra a “justiça”, que o leva a calcular uma ação segundo o critério do mal menor, deixa entender que a base de sua decisão está relacionada com a busca da vontade de Deus.

O retrato interior que temos de José, ainda que em conflito, é o de um homem com uma grande sensibilidade espiritual. Nestes termos estão os fatos quando a intervenção divina dá à decisão de José uma nova direção.

2. A intervenção de Deus para mudar os planos de José (1,20-23)

Porém, o aflito José só conhece um aspecto do acontecimento. Falta escutar o outro ponto de vista: o de Deus. Acontece como em todo serio discernimento que se faça para as decisões importantes da vida: sempre há que escutar o ponto de vista de Deus.

Por meio do Anjo, Deus ilumina o acontecimento e dá instruções precisas a José. Em seguida, ainda buscando ouvir palavras que provêm do alto, agora por meio da Santa Escritura, o relato se permite uma breve pausa de reflexão para contemplar o significado do nascimento que está por vir.

Ao final o que importa não é o fato de que nasça um menino, mas que, observando como nasce, se chegue a saber sua dignidade e sua missão no mundo.

2.1. As palavras do Anjo (1,20-21)

Diferente do relato da anunciação a Maria, Deus se comunica com José por meio de um sonho. Não é a primeira vez que isto acontece na Bíblia, mais ainda com este fato, José lhe faz honra a seu xará do Antigo Testamento que em seus sonhos Deus lhe revelava como conduz os acontecimentos (“José teve um sonho e o manifestou a seus irmãos…”, Gn 37,5 e assim em outras passagens). Ao menos duas vezes mais José seguirá sendo o homem que sonha com Deus (ver 2,13.19).

O anjo se dirige a José chamando-o “Filho de Davi”. Este título nos remite às antigas promessas messiânicas conectadas com um descendente de Davi (ver Mt 1,1: Jesus é “Filho de Davi”); por isso o rei aparece em lugar destacado na genealogia (1,6.17). Através de José, Jesus será conectado com Davi (1,16). Por isso só o fato de dar-lhe este título a José, além do convite a “não temer”, é um chamado para que exerça sua responsabilidade como membro do povo eleito que aguarda ao Messias.

As cinco afirmações do Anjo

O Anjo faz cinco afirmações:

  • Não temas tomar contigo a Maria…” (1,20b);
  • PORQUE o gerado nela é do Espírito Santo” (1,20c);
  • “Dará a luz um Filho (1,21a);
  • e lhe porás por nome Jesus” (1,21b);
  • PORQUE ele salvará a seu povo de seus pecados” (1,21c).

No meio aparece destacado o nascimento do “Filho”. Logo, em torno a ele escutamos quatro afirmações: as duas primeiras sobre Maria e as outras sobre Jesus. A primeira e terceira afirmação recolhem a ordem dada a José (“tomar (esposa)” e “pôr (nome)”), a segunda e quinta sua justificação (“porque…”).

É assim que o Anjo dá a conhecer a José o que já desde o principio do relato sabíamos, que “o gerado nela (Maria) é do Espírito Santo”.

Do conhecimento desta ação de Deus, se desprendem as duas ações de José pelas quais se põe a seu serviço.

  • José com relação a Maria: “Não temas tomar contigo a Maria tua mulher” (1,20b). Quer dizer, deve acolher a Maria na comunidade doméstica e conjugal.
  • José com relação ao menino: Tu lhe porás por nome Jesus” (1,21a). Pôr o nome na cultura hebraica é uma forma de adotar, portanto José é chamado a assumir a Jesus como seu filho, inserindo-o assim na linhagem davídica que o acredita como Messias.

Em outras palavras, José não só não deve ter receio para receber a Maria, mas que é necessário que forme família com ela e lhe dê o apelido ao menino, quer dizer, que exerça a paternidade.

Porém no centro permanece Jesus: “Dará a luz um filho”. A ação primeira sobre ele é a de Deus ao gerá-lo com a ação do Espírito. Logo o termo “filho” se enriquece: se Maria o “gera” segundo a humanidade, José lhe dá o “nome” pondo de manifesto sua identidade dentro da historia salvífica de seu povo.

Um nome que diz Salvação

Imediatamente o evangelista diz que esse nome, o nome histórico do Filho, é “Jesus”. Este não é posto por casualidade, mas que é portador da missão que vai realizar como Messias, ao mesmo tempo que compromete o nome de Deus. “Jesus” é a forma abreviada “Jeshua” do nome hebraico “Jehoshua” que, como o recorda o próprio evangelista, significa “Iahweh salva” (o “Iahweh é salvação”).

Porém isto não é tudo. O termo implicado, “salvação”, em seguida é interpretado como libertação dos pecados: “Ele salvará a seu povo de seus pecados” (1,21).

Esta precisão coloca nas coordenadas precisas o ponto focal da tarefa de Jesus. Dizer “dos pecados de seu povo” é uma forma de despolitizar um messianismo que, segundo algumas expectativas populares estaria estreitamente relacionado com uma libertação de caráter político.

Jesus será diferente de um Sansão (de quem se disse: “ele começará a salvar a Israel da mão dos filisteus”, Jz 13,5) e inclusive de um Moisés (cuja tarefa era “libertar o povo da escravidão egípcia”, no dizer de Flavio Josefo). Que grande diferença!

Sua missão irá ao fundo da realidade humana para formar desde ali um povo que vive e realiza seu projeto histórico segundo o querer de Deus: o projeto novo de comunidade ao qual apontava a Lei, que pregavam os profetas e no qual educavam os sábios. Seu nome “Jesus” permanecerá e seguirá sendo um anuncio continuo da fidelidade de Deus com “seu povo”. Porque Deus não abandona seu projeto.

2.2. Uma pausa meditativa bíblica (1,22-23)

O essencial parece ter sido dito. Porém de repente, sem dar conclusão ao evento do anjo, como uma espécie de ponte entre o anuncio e a execução, intervém o evangelista captando o sublime instante para fazer uma meditação bíblica.

Detrás dele está a Igreja que contempla o mistério do Messias como realização das promessas de Deus por meio dos profetas: “Tudo isto aconteceu para que se cumprisse…” (1,22). Isto mostra que o acontecimento que foi surpresa para José, havia sido previsto desde muito tempo atrás.

Aparece assim a primeira das citadas referencias do Antigo Testamento que encontram sua explícita realização em Jesus (se bem em Mateus contamos um total de 63 referencias; tudo iremos saboreando ao longo deste ano em que lemos o evangelho de Mateus). Mateus é um evangelista que se preocupa por sublinhar-nos a fidelidade de Deus no cumprimento de suas promessas.

A primeira profecia provem de Is 7,14 (citada segundo a versão grega do AT, a “Septuaginta”). Esta contem três promessas:

  • Uma jovem que concebe e continua virgem:“Vede que a virgem conceberá e dará a luz um filho
  • O menino que nasce perpetua a linhagem e o trono de Davi (ver Is 7,12-17, sobretudo o v.17).
  • Ele é o “Emanuel”, ou seja, “Deus conosco”.

O sinal da Virgem

A profecia dirigida no início no século VII aC ao rei Acaz, como sinal de que Deus está com ele no momento em que seu reino está ameaçado pelo invasor, é relida, messianicamente, pela comunidade cristã, que vai captando, cada vez mais, a imensa grandeza de seu Senhor através das páginas da Escritura. Ali se vê Maria, não como qualquer mulher, mas, como diz a versão grega, como “Virgem”.

Um sinal de Deus que rompe as regras: “Vede que a virgem conceberá e dará a luz” (1,23a). Com este dado bíblico se confirma que Jesus é gerado pelo Espírito Santo – não por mediação humana – e compreende seu nascimento como um parto virginal.

Deus está conosco e para nós

Precisamente porque se reafirma sua origem divina, em seguida se pode falar dele enquanto “Deus”: “Lhe porão por nome Emanuel”, quer dizer, “Deus conosco” (1,23b). É tão importante este novo título que o evangelista se preocupa por traduzi-lo. O termo “Deus está conosco” nos remete tanto ao nome de Deus (que “Eu sou o que sou”, ou melhor, “o que está”; pela ambivalência do verbo “ser/estar” em hebraico), assim como a fórmula da Aliança (“Eu sou vosso Deus e vós meu povo”; ver Ez 36,28).

Com esta expressão se afirma tanto que Deus em pessoa, e com todo seu poder, está no meio de seu povo e também que este “estar”, não é passivo, mas para empenhar-se pessoalmente em função da realização plena do projeto da Aliança.

Abre-se aqui uma vereda que será explorada ao longo de todo o evangelho na contemplação da pessoa de Jesus. Logo notamos que entre esta primeira afirmação bíblica sobre Jesus e a última que ao final do evangelho se escuta de sua própria boca, se delineia um arco significativo: “Deus conosco” (1,23), “Eu estarei convosco todos os dias até o fim do mundo” (28,20). Este arco além de permitir ver como, desde já, se inicia a superar os limites de Israel e se abre o itinerário bíblico salvífico para todos que, eclesialmente, se reúnam em torno a Jesus, selando com ele eucaristicamente a “Nova Aliança”.

  1. A execução do mandado por Deus (1,24)

Finalmente vemos como José desperta do sonho e atua realizando de forma pontual, ao pé da letra, o que Deus lhe pede:

  • O Anjo: “Não temas tomar contigo a Maria tua mulher” (1,20b)

 José: “Tomou consigo a sua mulher” (1,24)

  • O Anjo: “Lhe porás por nome Jesus” (1,21b)

 José: “E lhe pôs por nome Jesus” (1,25)

Este fato sublinha a obediência de José assim como o fato de que a Palavra de Deus é realizável.

O relato nos havia falado da sensibilidade espiritual de José. Agora é quando atuando em conformidade com as instruções com maior razão se mostra que é “justo”, quer dizer, que é capaz de aderir com fé à Palavra e obrar em sintonia com o coração de Deus.

Isto dá a ocasião para que nos perguntemos neste último domingo de Advento, já quase às portas do Natal, quem são estas três pessoas que próxima vez encontraremos unidas em torno ao nascimento:

Jesus: Está na mira do relato. Dele se diz que:

  • Deve sua própria existência ao poder criador de Deus.
  • Por provir de Deus está em capacidade de libertar ao povo de seus pecados, por isso se chama “Jesus”.
  • Porque é capaz de tirar o povo de sua situação de separação de Deus e introduzi-lo na comunhão com Deus da Aliança, por isso é “Emanuel”.

Maria: Está em função de Jesus. Dela, a esposa de José, não nos diz que faz, pensa ou sente neste relato, porém sabemos três dados fundamentais:

  • Ela é Mãe por obra do Espírito Santo;
  • Ela é a Mãe do Salvador e do Emanuel;
  • Ela está sob a proteção e os cuidados de José.

José: O protagonista do relato de hoje: escuta a Deus e está em função de Jesus e Maria. Do relato se desprende que:

  • Não é o pai biológico de Jesus, porém desempenha um papel importante frente a Jesus e a Maria enquanto pai e esposo que acolhe na casa e dá o nome ao menino. Ele lhe oferece um espaço de proteção no qual Maria poderá levar a cumprimento sua tarefa e Jesus poderá crescer como um verdadeiro homem em função de sua obra.
  • Também ele, como Maria e como Jesus, é posto a serviço dos planos de Deus. Ele o compreende graças a sua sensibilidade espiritual e a sua disposição para ter em conta dentro de seu discernimento o ponto de vista de Deus. Ser esposo e pai é um chamado de Deus.
  • Por meio de José, Jesus é inserto, não em sentido carnal, mas legal, na genealogia que vai desde Abraão até José. Graças a José, Jesus entra na historia de seu povo.

Deus: No fundo de todo está o mesmíssimo Deus: de maneira diferente está vinculado com cada um dos personagens. De muitas formas hoje se nos fala do amor de Deus por nós:

  • Seu desejo é libertar-nos da ruína do pecado e dar-nos a plenitude da vida.
  • Para realizar isto nos manda seu Filho, o “Salvador” e “Emanuel”.
  • Porém para que seja possível a vinda de seu Filho ele chama a Maria e José a seu serviço. Maria e José se convertem frente a Jesus, e, portanto frente a toda a humanidade, em um casal em serviço.

Enfim… Muito temos por descobrir dentro da maravilhosa passagem que a liturgia nos propõe este domingo culminante do Advento.O certo é que dentro do conjunto dos relatos do natal talvez este seja um dos que – sem perder de vista os demais personagens – mais enfoca a figura de José.Hoje vimos como José se permite aproximar-se de forma muito humana ao mistério do Deus que dá a salvação e a vida à humanidade. Com José aprendemos que ser “pai” é muito mais que gerar um filho. Digamos então que a paternidade humana é tão necessária que nem o próprio Deus foi eximido dela.

Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

  1. Qual é o origem remota e a origem próxima que nos apresenta Mateus no texto que lemos hoje? Por que é importante conhecer a origem de Jesus?
  2. Que aspectos de diferença ou semelhança podemos estabelecer entre os costumes judeus acerca do matrimonio e o que acontece na sociedade atual? Que podemos imaginar que Deus está pedindo a nossa sociedade? Que pede a nós?
  3. A decisão que José toma respeito a Maria de repudiá-la em segredo está relacionada com a busca da vontade de Deus. Como busco a vontade de Deus? Nesta busca estou disposto a salvar as pessoas ainda que estas estejam acusadas gravemente? Como família, comunidade ou grupo, a que pessoas concretas temos tratado de salvar?
  4. José pôde decidir porque escutou o ponto de vista de Deus. Frequentemente decido baseando-me só em “meu” ponto de vista ou contando só com o ponto de vista das pessoas que estão comigo? De que forma vou propor-me escutar e pedir a Deus seu ponto de vista?
  5. Que condicionamentos, pessoal ou comunitário, nos impedem decidir segundo a vontade de Deus? Que vamos fazer para que este natal que se aproxima não fique só em festas e celebrações sociais, mas que nos ajude a entrar em um caminho de busca e obediência da vontade de Deus?

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